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Bete Marin – A revolução das mulheres baby boomers

Publicado

em

Por Bete Marin

Para o marketing, elas são invisíveis. Estou me referindo à nova geração de mulheres baby boomers– nascidas entre 1945 e 1964 – que têm entre 55 e 74 anos, estimado em mais de 17,4 milhões no Brasil, segundo dados do IBGE. Agentes de grandes transformações econômicas e sociais no mundo, as prateadas estão conferindo um novo significado ao envelhecer. Ativas, ganham mais do que a média da população brasileira e gastam mais com elas mesmas. De acordo com a pesquisa REDS – conduzida com mulheres acima de 55 anos – 83% das entrevistadas consideram a beleza importante, 59% não se sentem representadas pela comunicação das marcas de cosméticos; somente um terço delas são impactadas positivamente pela comunicação de cosméticos. Em contrapartida, a movimentação dessas brasileiras é gigantesca. Entre as entrevistas, 80% usam cosméticos; 57% usam maquiagem; 64% usam efetivamente cosméticos específicos para a própria faixa etária; e nove em cada 10 mulheres consideram importante cosméticos específicos para a sua idade. Rosto e cabelo são as partes do corpo com as quais mais se preocupam.

Um outro mapeamento com focus grouprealizado pela Hype60+ em parceria com o Instituto Clarice Herzog, aponta que asbaby boomersvivem hoje um momento de liberdade, autoconhecimento, resgate da autoestima e dos sonhos. Elas namoram, estudam, compartilham planos e buscam novas fontes de renda; o maior sonho de consumo é viajar; moda e beleza ocupam a segunda posição em gasto pessoal; se interessam por maquiagem, roupas, cabelos e tratamento para o dia a dia; não saem de casa sem hidratar e proteger o rosto e as mãos; o kit básico de maquiagem é composto por base, batom e rímel; estão em busca de tratamentos para cabelos e pés; querem roupas e sapatos confortáveis, bonitos e modernos.

Como os dados mostram, esse é um oceano azul para indústrias de todos os setores. Entretanto, por uma conjunção de fatores que levam à falta de reação das equipes de marketing das empresas, esse enorme potencial não está sendo explorado de forma expressiva. Dados do Instituto Brasileiro de Pesquisas e Estatísticas apontam que, hoje os maduros já representam quase 20% do consumo, movimentando cerca de R$ 1,6 trilhão. O Brasil é um dos países com um envelhecimento populacional mais acelerado do mundo. Em 32 anos, o país será o sexto com maior parcela da população 60+, estando à frente de todos os países em desenvolvimento. Um avanço exponencial que tem surpreendido estatísticas como a do IBGE que apontava que o Brasil alcançaria 30 milhões de idosos apenas em 2025 – marca atingida em 2018.

O fato é que, enquanto o marketing debate a forma de lidar com a geração millennials, deixa de enxergar a revolução que a nova geração baby boomerestá realizando. No mundo, hoje há 962 milhões de pessoas com mais de 60 anos; no meio do século XXI, a população sênior passará dos 2,1 bilhões, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil de 2050, os prateados serão mais de 68,1 milhões, enquanto as crianças e adolescentes com até 14 anos serão 18,8 milhões, segundo a Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, em expectativas bastante conservadoras. Esse progresso demográfico produziu um verdadeiro telhado branco no mundo, que cresce 3% ao ano e resulta na redução da proporção de crianças e no aumento na população sênior.

Aliás, sênior é um termo usado como comparativo de superioridade, título que se confere à pessoa mais velha, com mais tempo de experiência – seja no ambiente social, seja no corporativo. Então, imagine conseguir enxergar pela lente do sênior durante o desenvolvimento e implementação das estratégias de marketing para a empresa, produto, serviço e experiência? Com certeza essa visão seria de ambientes mais amigáveis, com lojas mais acessíveis, gôndolas mais inteligentes, atendimento cordial que poderiam ser realizados pelo próprio sênior, produtos mais fáceis de usar, rótulos mais fáceis de ler, propagandas mais realistas e inclusivas e relacionamentos com mais engajamento.

É isso que acontece quando desenvolvemos estratégias sob o olhar do sênior: exercitamos o olhar crítico, o questionamento, saímos da zona de conforto, inovamos e passamos a aplicar os princípios de marketing que aprendemos e por vezes não praticamos. Não é tarefa simples, é preciso de tempo e dedicação para navegar nesse mar de aprendizagem. Uma jornada que só aumenta a minha admiração e respeito pelo sênior.

A minha jornada em busca de dar visibilidade para os prateados – sobretudo as mulheres – começou em 2015 quando criei o blog Amo Minha Idade. Esse foi o primeiro passo para colocar de pé um projeto muito antigo de oferecer informações e atividades para as pessoas mais velhas. Foram três anos de muitos aprendizados. O maior deles é que para dar certo, qualquer iniciativa para o sênior deve colocá-lo na posição de protagonista. Hoje a maioria dos editores que escreve no blog são pessoas 60+.

Em 2016, cofundei o Hype60+, uma consultoria de marketing especializada no público sênior. Nos últimos anos, temos explorado as informações disponíveis no mercado e – como não eram suficientes –, passamos a criar estudos para aprimorar o conhecimento sobre perfil, comportamento e necessidades, além de estudar tendências sobre o mercado de envelhecimento. Logo começamos a atender empresas de diversos portes e setores para desenhar e implementar estratégias de marketing para o público sênior. Foi durante o processo de descoberta de informações de mercado que nos deparamos com a invisibilidade da consumidora madura. Em um mergulho mais profundo, descobrimos uma série de questões a serem resolvidas.

Ao explorar o estilo de vida das mulheres maduras aprendemos que a idade pode influenciar hábitos e orientações, mas não é determinante para definir o perfil e estilo de vida. Como qualquer outro grupo, a geração de pessoas maduras é movida por atitudes e mentalidades complexas. Para ganhar confiança e respeito, as marcas precisam lutar por uma compreensão muito mais profunda delas e considerar sua complexidade. Hoje, a Hype60+ está um passo à frente no entendimento dessas questões e se dedica a compartilhar informações sobre a temática – e a auxiliar as empresas que querem surfar a onda do Tsunami Prateado, uma referência aos cabelos grisalhos. Esse mar de gente deve ser visto como um desafio, mas também uma força positiva para a economia e uma oportunidade social; sobretudo no Brasil, onde já temos mais avós do que netos.

Um dos reflexos desse compromisso da Hype60+ é a realização do Beleza Pura –um projeto amplo que pretende ser uma fonte de inspiração para as mulheres maduras e para as marcas que querem, genuinamente, dialogar com elas. Em 8 de março de 2019, vamos realizar um evento – na Unibes Cultural, em São Paulo – cuja proposta é engajar profissionais do mundo da beleza para ensinarem e aprenderem com essa consumidora. A Hype60+ tem investido em produzir conteúdo relevante sobre essa mulher e criar formas de combater a invisibilidade. Essa é a visão que permeia o evento e todas as ações que envolvem a iniciativa.

A curadoria do evento Beleza Purareunirá profissionais de diversas áreas – saúde, bem-estar, maquiagem, cosméticos, cabelo, moda, antropologia, marketing e trabalho – que atuam com beleza feminina e mercado de consumidores 50+. O público-alvo são as homenageadas: mulheres formadoras de opinião e influenciadoras com mais de 50 anos, além de profissionais de indústrias e serviços associados à temática. Estou determinada a tirar as mulheres prateadas de uma condição de invisibilidade social. E, convido todos a se unirem nessa jornada!

Mais informações sobre o evento Beleza Pura: http://belezapura.news/

Bete Marin | Cofundadora das empresas Hype60+, Amo Minha Idade, ED Comunicação, ED Promoção e Eventos, Bete Marin é sócia da Virada da Maturidade, Beleza Pura e parceira do Longevidade Expo+Forum 2019. Especialista em planejamento estratégico, comunicação integrada, marketing digital e eventos, Bete é graduada em Marketing, pós-graduada em comunicação pela ESPM, possui MBA pela FGV e é pós-graduanda em Gerontologia no Albert Einstein.

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Por que a IA será a principal tecnologia de 2024?

Publicado

em

*Juan Pablo Ortega

A Inteligência Artificial é uma verdadeira tendência no mercado global e brasileiro, com companhias de diversos segmentos implementando-a em seus negócios e processos. Para se ter uma ideia, um estudo recente divulgado pela Microsoft e Edelman Comunicação mostra que 74% das micro, pequenas e médias empresas do Brasil já a utilizam em seus fluxos de trabalho, aumentando o investimento de 27%, em 2022, para 47%, em 2023.

Além disso, um outro levantamento, desta vez do  Instituto dos Engenheiros Eletrônicos e Eletricistas (IEEE) feito em cinco países, incluindo o Brasil, mostra que a IA será a principal tecnologia de 2024. Boa parte da razão por todo esse interesse por ela é a automação de diversas tarefas, fazendo com que times de empresas de diversos segmentos sejam mais eficientes e ágeis, com maior foco no core business.

Isso é o que mostrou um estudo feito no Brasil pela Access Partnership em parceria com a Amazon Web Services. De acordo com o levantamento, 97% de todos os empregadores do país pretendem utilizar a tecnologia até 2028, acreditando que a produtividade pode crescer 66% por meio dela. Além disso, 68% dos empregados veem a automatização de tarefas como o principal benefício.

O fato é que além dessa questão das tarefas, a Inteligência Artificial permite que empresas regionais alcancem uma atuação mais global. Isso porque a tecnologia elimina a barreira de linguagem. Então, por exemplo, um player da Colômbia que criou um negócio por lá não terá mais dificuldade em se comunicar com empresas ao redor do mundo, já que a tecnologia é capaz de se expressar em diferentes idiomas.

E um dos setores bastante beneficiados pela tecnologia é o de e-commerce. Estudo da Gartner aponta que o mercado global deve movimentar, até 2030, US$16,8 bilhões graças ao impulsionamento da Inteligência Artificial (IA) nesse setor. Aqui, vale destacar que o maior benefício se dá na parte de pagamentos, já que a ferramenta é capaz de identificar certos padrões e comportamento por usuário, como produtos usualmente adquiridos, valores das transações, localidade em que são feitas, métodos mais utilizados, etc.

Assim, a experiência do consumidor nessas plataformas tende a ser mais rica, pois a empresa consegue conhecer melhor quem está comprando seus produtos e, dessa forma, fazer ofertas mais assertivas, engajar mais clientes e converter mais vendas. Além disso, justamente por saber mais do perfil do usuário, a IA é efetiva no combate a fraudes, pois consegue detectar mais facilmente quando os padrões de transação de um certo consumidor estão fora do normal.

Contudo, uma das melhores funcionalidades da IA também pode ser seu maior desafio. Hoje em dia, as chamadas “deep fake” são uma verdadeira dor de cabeça tanto para consumidores quanto para as companhias, pois essa tecnologia consegue imitar o rosto e a voz de uma pessoa de forma muito convincente, o que acaba sendo o suficiente para um golpista se aproveitar disso para cometer os mais diversos crimes. Para se ter uma ideia, dados da consultoria Markets and Markets estimam que o investimento em soluções para detectar essas imagens fraudulentas deverá aumentar 41,6% anualmente nos próximos cinco anos. Além disso, o mesmo levantamento aponta que os custos com as ferramentas focadas neste propósito devem ir de US$ 600 milhões, em 2024, para US$ 4 bilhões até 2029.

Dessa maneira, mesmo com tamanhas vantagens, os players devem ficar atentos e pensar em soluções para mitigar esses riscos trazidos pela aplicação criminosa da Inteligência Artificial. Em relação às deep fakes, por exemplo, é importante seguir algumas dicas como conferir a qualidade do vídeo, verificar a sincronia labial com o que se está sendo dito e, em caso de desconfiança, fazer alguma pergunta específica em que somente o verdadeiro interlocutor saberia a resposta.

Além disso, claro, sempre contar com ferramentas tecnológicas capazes de aferir a identidade correta do usuário. Um bom exemplo desse tipo de solução é a tecnologia 3DS, protocolo de autenticação para transações com cartão que é constantemente atualizado pelas bandeiras. Por meio dela,  é exigido do possível comprador uma etapa adicional de verificação do via SMS ou validações via aplicativos dos bancos. Isso inibe as ações de golpistas e ainda envia um alerta para os bancos em casos muito suspeitos.

Podemos concluir que a IA é uma tecnologia que veio para ficar, representando o futuro dos negócios ao redor do mundo. Por mais que ainda tenha algumas falhas que necessitam de ajuste urgente, não é nada impossível de ser consertado ou que então invalide as outras vantagens trazidas. Precisamos ter sempre em mente que a tecnologia anda ao nosso lado, facilitando nossa vida e possibilitando que o mercado tenha melhores resultados.

*Juan Pablo Ortega – CEO e cofundador da Yuno

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IA Generativa, busca por voz e influenciadores: o que esperar do marketing de performance ?

Publicado

em

*Salomão Araújo

Estamos acompanhando grandes mudanças nas estratégias de marketing de performance e é preciso se preparar para o novo momento do mercado e das boas práticas do marketing digital. O segmento está se preparando para uma jornada transformadora, oferecendo às empresas novas oportunidades de crescimento e inovação. Estratégias baseadas em parcerias com produtores de conteúdo crescem cada vez mais, assim como a necessidade de identificar modelos de mídia mais eficazes e sinergias entre consumidores, afiliados, anunciantes e redes de mídia em setores e verticais em crescimento.

E o mercado já demonstra otimismo maior do que em 2023: levantamento realizado pela plataforma brasileira Influency.me revelou que 68% dos 300 participantes entre influenciadores, agências, assessores e marcas, pretendem aumentar o investimento em marketing de influência em 2024. Com a adoção acelerada de IA generativa, novas formas de impacto, engajamento e interatividade emergem no mercado, e a capacidade de antecipar e se adaptar a mudanças dinâmicas torna-se fundamental. Pesquisa da The Good Strategy fez um levantamento destacando alguns números importantes para o crescimento do segmento de afiliados, apontando que o valor global do mercado de afiliados foi estimado em US$ 16,2 bilhões até o terceiro trimestre de 2023 e que este mesmo mercado deverá atingir US$ 27,78 bilhões até 2027 e US$ 38,3 bilhões até 2030.

Considerando essas projeções e mudanças esperadas é preciso estar preparado para construção de estratégias assertivas para aproveitar a boa onda. Um dos pontos de atenção será a adoção acelerada de automação e integração de IA. Aplicativos como Dall-E e Chat GPT tem ganhado cada vez mais destaque e mais de 90% dos profissionais de Marketing de Afiliados nos EUA já fazem uso da IA generativa, principalmente para criação de conteúdo, copywriting e pesquisa de mercado.

A IA continuará a se integrar à gestão diária de programas de afiliados, facilitando a correspondência entre marcas e produtores de conteúdo. Os afiliados precisarão elevar seus padrões para se manter bem posicionado em rankings orgânicos, com foco em proteger seus resultados de pesquisa. Em meio a atualizações dos algoritmos em mecanismos de busca, eles aumentam as taxas de colocação e comissões para anunciantes.

Também é esperado um aumento dos buscadores por voz. Em 2021, o relatório State of Search Brasil já demonstrava que 42% dos usuários de dispositivos mobile utilizavam tanto a  pesquisa por texto como a função de busca por voz. Para se ter uma ideia, o número de celulares conectados ultrapassa o número de habitantes no Brasil, sendo 242 milhões de aparelhos, de acordo com dados da FGV. Profissionais de marketing de afiliados precisarão otimizar estratégias para consultas de voz, priorizando palavras-chave conversacionais e conteúdo localizado para comunicar aos seus públicos de interesse com maior assertividade.

Tão potente quanto a IA e os buscadores por voz será o poder das parcerias com micro e nano influenciadores, que ganharão ainda mais destaque, oferecendo autenticidade e confiança. Parcerias com criadores de conteúdo e influenciadores crescerão  impulsionando iniciativas de conscientização de marca e descoberta de produtos, com ascensão de formatos de conteúdo em vídeo e compra direta.

Com metas de crescimento ambiciosas, veremos em 2024 um ano para testar novas automações alimentadas por IA, se aproximar de novos criadores de conteúdo e nano influenciadores, experimentar formatos de vídeo e consolidar orçamentos de marketing para manter a visibilidade e a relevância no ecossistema de afiliados.  À medida que os preços dos anúncios aumentam e sua eficácia diminui, o marketing de afiliados se mantém em ascensão, e as parcerias com produtores de conteúdo podem impulsionar o crescimento de forma mais eficiente para qualquer negócio. Ao abraçar essas tendências, as chances de se obter sucesso com o marketing de performance aumenta exponencialmente.

*Salomão Araújo –  VP Comercial da Rakuten Advertising

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