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Ana Paula Andrade – Vale do Silício: uma missão para “desaprender”!

Publicado

em

*por Ana Paula Andrade

Recentemente tive a oportunidade de mergulhar em uma experiência imersiva pelo Vale do Silício, considerado o reduto de inovação contemporâneo. Em um dos últimos almoços da viagem, ao trocar figurinhas sobre o que visto por lá mais nos deixava extasiados, comentei com um amigo do grupo sobre a sensação de “desaprender” durante todo o tempo dessa imersão. Exatamente: desaprender! É uma percepção de que tudo aquilo que eu fui treinada para fazer ao longo da vida dentro dos tradicionalismos do mercado corporativo de nada vale e foi por água abaixo. Os conceitos, a postura, a capacitação, a forma de pensar. Tudo é completamente diferente por lá. E agora, o que fazer com tudo isso e como incluir essa provocação dentro de casa para fazer diferente no nosso dia a dia?

Foram cinco intensos dias de programação propositadamente com um típico grupo “tudo junto misturado”: advogados, marketeiros, engenheiros, publicitários, investidores e por aí vai! O valor disso está justamente em tentar entender um pouco mais para onde vai esse nosso mundo de inovação e nova economia. E já adianto que essa foi uma das coisas que aprendi rapidamente: se você  quer começar a pensar ou fazer as coisas diferente, ande com pessoas diferentes e conheça pessoas diferentes! As expertises e as habilidades são complementares e necessárias para as evoluções.

Do ponto de vista dos negócios, o território localizado na Califórnia, nos Estados Unidos, é nada mais, nada menos do que a quinta maior economia do mundo, passando regiões tradicionais da Europa como o Reino Unido. Grandes empresas como Intel, HP, Cisco, AirbnB e Dropbox nasceram lá e tantas outras migraram para lá! O motivo é bastante simples.

O ecossistema é baseado no compartilhamento e é composto por universidades voltadas para formar empreendedores, venture capitals e investidores institucionais, agências de apoio do governo, provedores de serviços, corporações públicas, investidores anjos, incubadoras, aceleradoras, laboratórios de pesquisa e desenvolvimento. Outra versão do “tudo junto e misturado” que faz tudo acontecer.

Ouvi por lá uma reflexão que traduz bem como esses agentes se integram e se fortalecem para o sucesso. No Brasil, quando tentamos ser empreendedores, parece que estamos tentando subir a escada rolante pelo lado contrário. Ou seja, por maior que seja o esforço, o contexto te força para baixo. Já no Vale, empreender é como estar apenas parado no sentido correto. O ecossistema é a força que te puxa para cima, te faz crescer e acontecer.

Isso suscitou em mim uma inquietação: o Vale do Silício não se trata de um lugar, mas sim de um mindset e aí é que está a grande questão. A grande inovação ou disrupção que tanto buscamos não necessariamente precisa nascer ou estar lá, mas sim em qualquer lugar onde estivermos preparados para abandonar o tradicionalismo dos nossos negócios e mergulhar nessa nova forma de enxergar negócios.

Para isso, algumas das principais características e/ou mandamentos são:

 

 

  • Diversidade é um asset!

 

Não espere ser diferente ou conseguir diversificar seus produtos ou serviços convivendo sempre com o mesmo tipo de pessoas. Afinal, os consumidores também não são todos iguais! Para destravar o discurso nesse sentido, se imagine falando sobre a sua companhia hoje, em uma mesa com 10 pessoas de nacionalidades diferentes. Agora, tente substituindo os personagens por diferentes gêneros, idades, classes sociais.

 

2 – Network é tremendamente valioso

Quando você está em São Francisco, Palo Alto ou arredores se impressiona com a quantidade de eventos, palestras e pontos de encontro gratuitos (o que custo no máximo US$5 para ajudar na pizza e na cerveja) para ouvir alguém interessante falar sobre algo ainda mais atraente. E aí você sempre conhece alguém, que conhece alguém, que conhece alguém. Quantas pessoas novas você conheceu essa semana? Já passou pra pensar nisso?

3 – Mentores e orientadores são essenciais

A sabedoria de “aprender com os erros dos outros” é algo extremamente valorizado no mindset do Vale! Se tantos já passaram pelo que estou passando agora, por que não posso encurtar caminho? E, se já aprendi com isso, por que não ajudar alguém a conduzir sua trajetória de uma forma mais fácil e juntos subirmos esse ecossistema? Essa é a ideia! Ter pessoas mais experientes por perto contribuirá para abreviar caminhos, apresentar pessoas e fazer aquelas perguntas que você não se atentou ainda sobre o seu negócio!

 

4 – Muito trabalho duro

Sabe a ideia sobre os famosos escritórios do Google e do Facebook com cara de parque de diversões, com todos trabalhando de bermuda e chinelo, comidinhas gostosas e pets correndo pelo escritório? É real! Isso significa “fun” o dia todo? Pelo contrário. A carga horária de trabalho na baía de São Francisco é simplesmente insana! Na verdade, o ecossistema é tão instigante e os modelos são tão disruptivos e diferentes que as pessoas trabalham o tempo todo, inclusive quando pensam que estão em um momento de lazer. A leitura parece cruel se você não conseguir se desprender do que estamos habituados a ter como horário de trabalho, mas estamos aqui falando de paixão, de propósito, de conexões e de experiências. Palo Alto, por exemplo, é um dos CEP´s mais caros nos EUA e muita gente mora em seu próprio carro. Juro! Mas, a vibe convida e tudo funciona. Os ambientes de co-working abraçam, acolhem, não existe muito limite entre vida pessoal e trabalho. Você ama o que faz e faz o que ama. Apesar disso, não se iluda. É muito muito trabalho duro.

 

5 e 6 – Socialize suas ideias livremente e entenda que por si só ela não vale nada

Sabe aquele monte de NDA (em português, acordo de confidencialidade) que fomos obcecados a assinar e os planos de sigilo de dados contra concorrência para não vazamento de informações ao mercado? Na verdade, é tudo ao contrário e parte do “desaprender” que comentei lá em cima. Essa mentalidade simplesmente não existe no Vale. Dividir uma ideia significa ajudar a construí-la, tomá-la mais forte, mais robusta e lapidada! Patentear uma ideia? Vendê-la? Isso é uma tremenda de uma bobagem! Se você não pode executá-la ou não tem o time certo para isso ela simplesmente não vale nada!

 

7- Trust x Distrust

Mas, da mesma forma que você pode confiar suas ideias e buscar apoio para torná-las reais, não ouse trair a confiança de um mentor ou orientador, de um empreendedor que dividiu uma ideia contigo ou ainda de quem quer seja. Isso é algo simplesmente inadmissível na região. Parte do ditado popular adaptado “não faça com os outros aquilo que você não gostaria que fizessem com seu business”.

 

8- Visão Global a partir do dia 1

Pense seu negócio global. Sempre! Sim, a partir do dia 1. Não existe outra hipótese. Não existe limite. Escala é a chave.

 

9- Grandes times

Algo que atrai fortemente o apetite dos investidores do Vale são as histórias e as experiências dos times, ou seja, não apenas do seu idealizador inicial, mas das pessoas que irão fazer parte dos empreendimentos em questão! E, se você nunca quebrou ou falhou, pode ter certeza que vai ter que comer poeira até se tornar atrativo, já que a falha e seu consequente aprendizado é valioso! Parece loucura quando fazemos um contraponto com a nossa realidade, não? Em média 90% das startups nascidas por lá vão a falência!

 

10 – Dinheiro normalmente é a última coisa que se precisa ter no Vale

Se você pensa que não tem sucesso como empreendedor somente porque não tem dinheiro está redondamente enganado! De toda esta lista que revisamos até agora, este é o último ponto. A concentração de investimento na Califórnia é surreal e o apetite em “perder dinheiro” é a grande diferença do Vale do Silício em comparação a outros lugares desenvolvidos pelo mundo.

 

Agora, diga a verdade: desaprender é ainda mais difícil do que aprender, não?

 

 

*Ana Paula Andrade é country manager da Marco Marketing no Brasil, operação brasileira da multinacional que há mais de 20 anos se dedica a planejar, gerenciar e executar estratégias de marketing de consumo no varejo e canais de distribuição em toda a América Latina.

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Por que a IA será a principal tecnologia de 2024?

Publicado

em

*Juan Pablo Ortega

A Inteligência Artificial é uma verdadeira tendência no mercado global e brasileiro, com companhias de diversos segmentos implementando-a em seus negócios e processos. Para se ter uma ideia, um estudo recente divulgado pela Microsoft e Edelman Comunicação mostra que 74% das micro, pequenas e médias empresas do Brasil já a utilizam em seus fluxos de trabalho, aumentando o investimento de 27%, em 2022, para 47%, em 2023.

Além disso, um outro levantamento, desta vez do  Instituto dos Engenheiros Eletrônicos e Eletricistas (IEEE) feito em cinco países, incluindo o Brasil, mostra que a IA será a principal tecnologia de 2024. Boa parte da razão por todo esse interesse por ela é a automação de diversas tarefas, fazendo com que times de empresas de diversos segmentos sejam mais eficientes e ágeis, com maior foco no core business.

Isso é o que mostrou um estudo feito no Brasil pela Access Partnership em parceria com a Amazon Web Services. De acordo com o levantamento, 97% de todos os empregadores do país pretendem utilizar a tecnologia até 2028, acreditando que a produtividade pode crescer 66% por meio dela. Além disso, 68% dos empregados veem a automatização de tarefas como o principal benefício.

O fato é que além dessa questão das tarefas, a Inteligência Artificial permite que empresas regionais alcancem uma atuação mais global. Isso porque a tecnologia elimina a barreira de linguagem. Então, por exemplo, um player da Colômbia que criou um negócio por lá não terá mais dificuldade em se comunicar com empresas ao redor do mundo, já que a tecnologia é capaz de se expressar em diferentes idiomas.

E um dos setores bastante beneficiados pela tecnologia é o de e-commerce. Estudo da Gartner aponta que o mercado global deve movimentar, até 2030, US$16,8 bilhões graças ao impulsionamento da Inteligência Artificial (IA) nesse setor. Aqui, vale destacar que o maior benefício se dá na parte de pagamentos, já que a ferramenta é capaz de identificar certos padrões e comportamento por usuário, como produtos usualmente adquiridos, valores das transações, localidade em que são feitas, métodos mais utilizados, etc.

Assim, a experiência do consumidor nessas plataformas tende a ser mais rica, pois a empresa consegue conhecer melhor quem está comprando seus produtos e, dessa forma, fazer ofertas mais assertivas, engajar mais clientes e converter mais vendas. Além disso, justamente por saber mais do perfil do usuário, a IA é efetiva no combate a fraudes, pois consegue detectar mais facilmente quando os padrões de transação de um certo consumidor estão fora do normal.

Contudo, uma das melhores funcionalidades da IA também pode ser seu maior desafio. Hoje em dia, as chamadas “deep fake” são uma verdadeira dor de cabeça tanto para consumidores quanto para as companhias, pois essa tecnologia consegue imitar o rosto e a voz de uma pessoa de forma muito convincente, o que acaba sendo o suficiente para um golpista se aproveitar disso para cometer os mais diversos crimes. Para se ter uma ideia, dados da consultoria Markets and Markets estimam que o investimento em soluções para detectar essas imagens fraudulentas deverá aumentar 41,6% anualmente nos próximos cinco anos. Além disso, o mesmo levantamento aponta que os custos com as ferramentas focadas neste propósito devem ir de US$ 600 milhões, em 2024, para US$ 4 bilhões até 2029.

Dessa maneira, mesmo com tamanhas vantagens, os players devem ficar atentos e pensar em soluções para mitigar esses riscos trazidos pela aplicação criminosa da Inteligência Artificial. Em relação às deep fakes, por exemplo, é importante seguir algumas dicas como conferir a qualidade do vídeo, verificar a sincronia labial com o que se está sendo dito e, em caso de desconfiança, fazer alguma pergunta específica em que somente o verdadeiro interlocutor saberia a resposta.

Além disso, claro, sempre contar com ferramentas tecnológicas capazes de aferir a identidade correta do usuário. Um bom exemplo desse tipo de solução é a tecnologia 3DS, protocolo de autenticação para transações com cartão que é constantemente atualizado pelas bandeiras. Por meio dela,  é exigido do possível comprador uma etapa adicional de verificação do via SMS ou validações via aplicativos dos bancos. Isso inibe as ações de golpistas e ainda envia um alerta para os bancos em casos muito suspeitos.

Podemos concluir que a IA é uma tecnologia que veio para ficar, representando o futuro dos negócios ao redor do mundo. Por mais que ainda tenha algumas falhas que necessitam de ajuste urgente, não é nada impossível de ser consertado ou que então invalide as outras vantagens trazidas. Precisamos ter sempre em mente que a tecnologia anda ao nosso lado, facilitando nossa vida e possibilitando que o mercado tenha melhores resultados.

*Juan Pablo Ortega – CEO e cofundador da Yuno

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IA Generativa, busca por voz e influenciadores: o que esperar do marketing de performance ?

Publicado

em

*Salomão Araújo

Estamos acompanhando grandes mudanças nas estratégias de marketing de performance e é preciso se preparar para o novo momento do mercado e das boas práticas do marketing digital. O segmento está se preparando para uma jornada transformadora, oferecendo às empresas novas oportunidades de crescimento e inovação. Estratégias baseadas em parcerias com produtores de conteúdo crescem cada vez mais, assim como a necessidade de identificar modelos de mídia mais eficazes e sinergias entre consumidores, afiliados, anunciantes e redes de mídia em setores e verticais em crescimento.

E o mercado já demonstra otimismo maior do que em 2023: levantamento realizado pela plataforma brasileira Influency.me revelou que 68% dos 300 participantes entre influenciadores, agências, assessores e marcas, pretendem aumentar o investimento em marketing de influência em 2024. Com a adoção acelerada de IA generativa, novas formas de impacto, engajamento e interatividade emergem no mercado, e a capacidade de antecipar e se adaptar a mudanças dinâmicas torna-se fundamental. Pesquisa da The Good Strategy fez um levantamento destacando alguns números importantes para o crescimento do segmento de afiliados, apontando que o valor global do mercado de afiliados foi estimado em US$ 16,2 bilhões até o terceiro trimestre de 2023 e que este mesmo mercado deverá atingir US$ 27,78 bilhões até 2027 e US$ 38,3 bilhões até 2030.

Considerando essas projeções e mudanças esperadas é preciso estar preparado para construção de estratégias assertivas para aproveitar a boa onda. Um dos pontos de atenção será a adoção acelerada de automação e integração de IA. Aplicativos como Dall-E e Chat GPT tem ganhado cada vez mais destaque e mais de 90% dos profissionais de Marketing de Afiliados nos EUA já fazem uso da IA generativa, principalmente para criação de conteúdo, copywriting e pesquisa de mercado.

A IA continuará a se integrar à gestão diária de programas de afiliados, facilitando a correspondência entre marcas e produtores de conteúdo. Os afiliados precisarão elevar seus padrões para se manter bem posicionado em rankings orgânicos, com foco em proteger seus resultados de pesquisa. Em meio a atualizações dos algoritmos em mecanismos de busca, eles aumentam as taxas de colocação e comissões para anunciantes.

Também é esperado um aumento dos buscadores por voz. Em 2021, o relatório State of Search Brasil já demonstrava que 42% dos usuários de dispositivos mobile utilizavam tanto a  pesquisa por texto como a função de busca por voz. Para se ter uma ideia, o número de celulares conectados ultrapassa o número de habitantes no Brasil, sendo 242 milhões de aparelhos, de acordo com dados da FGV. Profissionais de marketing de afiliados precisarão otimizar estratégias para consultas de voz, priorizando palavras-chave conversacionais e conteúdo localizado para comunicar aos seus públicos de interesse com maior assertividade.

Tão potente quanto a IA e os buscadores por voz será o poder das parcerias com micro e nano influenciadores, que ganharão ainda mais destaque, oferecendo autenticidade e confiança. Parcerias com criadores de conteúdo e influenciadores crescerão  impulsionando iniciativas de conscientização de marca e descoberta de produtos, com ascensão de formatos de conteúdo em vídeo e compra direta.

Com metas de crescimento ambiciosas, veremos em 2024 um ano para testar novas automações alimentadas por IA, se aproximar de novos criadores de conteúdo e nano influenciadores, experimentar formatos de vídeo e consolidar orçamentos de marketing para manter a visibilidade e a relevância no ecossistema de afiliados.  À medida que os preços dos anúncios aumentam e sua eficácia diminui, o marketing de afiliados se mantém em ascensão, e as parcerias com produtores de conteúdo podem impulsionar o crescimento de forma mais eficiente para qualquer negócio. Ao abraçar essas tendências, as chances de se obter sucesso com o marketing de performance aumenta exponencialmente.

*Salomão Araújo –  VP Comercial da Rakuten Advertising

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