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A pancada do COVID-19 nos profissionais de eventos
São mais de 70 dias, oficialmente, de distanciamento social. Para os otimistas, eventos adiados e para os pessimistas, eventos cancelados. Desde as primeiras semanas já se falavam das grandes perdas no setor e as demissões em massa que ocorriam nas agências só confirmavam tal prelúdio. Com toda a certeza o mercado de eventos foi o mais abalado pela pandemia do novo Coronavírus, podemos dizer que não houve somente um abalo, mas um fim, uma pausa instantânea, as luzes foram apagadas e não conseguimos ver, até então, nenhuma no fim do túnel.
Algumas campanhas de grandes líderes da área como a NÃO CANCELE, ADIE ou a JOB ENTREGUE JOB PAGO iniciaram um processo de sustentação e resistência aos impactos. São ótimas iniciativas, bem-vindas, sempre para melhorar, aquecer e fortalecer nosso mercado, mas e os profissionais, produtores, criativos, executivos? Como estão? O que estão fazendo e o que esperam do futuro?
Fomos então falar com eles, de maneira imparcial, sem interferência e da forma mais discreta possível para que as respostas fossem mais naturais e legítimas. São poucas questões, mas resumem o atual sentimento e posição que se encontram. Adianto que nosso intuito não é uma pesquisa quantitativa, cheia de números e performance, estamos em busca de qualidade para transmitir com o máximo de transparência a realidades dessas pessoas.
Falamos com profissionais de criação, planejamento, atendimento, produção executiva, produção gráfica, produtores de conteúdo, arquitetos e cenógrafos, montadores, promotores, financeiros e fornecedores em geral.
Desde o início da pandemia o maior impacto na vida desses profissionais foi a demissão. Percebemos que houve uma tentativa da manutenção dos cargos, porém a dúvida sobre o fim do distanciamento social e consequentemente a volta dos eventos levou a redução máxima no faturamento das agências, impossibilitando a continuidade dos contratos. Por volta de 30% desses profissionais ainda tem um vínculo com as agências por meio de redução de salários e jornadas, mantendo suas rotinas por meio do home-office, inclusive houve uma enorme mudança na mentalidade destes produtores, mais de 80% acreditam que é possível manter-se a distância mesmo pós crise.
Porém, nem tudo são flores, o nível de otimismo foi reduzido ao mínimo, mesmo com uma possível retomada da economia os produtores de eventos estão desmotivados e não acreditam num reaquecimento instantâneo. A consciência de que este caos continuará por muito tempo é latente e, infelizmente, há um apagão profissional, sob uma ótica de geração de renda, até o momento existe muita dificuldade no encontro de alternativas no universo digital. Aqueles que conseguiram criar reservas financeiras estão usufruindo e economizando ao máximo e para uma boa parte as assistências e auxílios governamentais foram a única solução.
Ansiedade, inquietação, preocupação excessiva são apenas alguns dos sentimentos mais visíveis, criando assim uma nova geração de profissionais, mais exigentes e preparados para o futuro. Pouquíssimos produtores chegaram ao ponto de excluir eventos de suas vidas, em sua grande maioria a volta é muito desejada, amam o que fazem, porém querem mais garantias e melhores condições de trabalho. Junto às memórias mais satisfatórias sobre os eventos entram as mais absurdas lembranças como as 20 horas trabalhadas por dia, inclusive de finais de semana, leilão de freelas que reduz o valor do profissional, concorrências sem pagamentos, assédios morais e físicos, entre outros.
Numa possível retomada das atividades o ideal é recontratar esses profissionais que foram impactados pela pandemia, evitar painéis de vagas e a redução salarial passíveis de ocorrer graças a lei de oferta e procura, estamos em um momento sensível, delicado e precisamos preparar o terreno para garantir mais resistência e estabilidade futura, valorizando e capacitando esses colaboradores.
Para finalizar, separamos alguns recados dessas pessoas para os empresários, clientes e líderes do mercado:
“Precisamos de ajuda”
Lucas – Planejamento
“Acredito que o retorno não será de imediato, pois muita gente ainda terá medo de se aproximar de outras pessoas e ter contato, é algo que ainda será evitado por não ter uma cura definitiva para o vírus.”
Anderson – Criação
“Pagamento dos frellas em no máximo 30 dias.”
Anna – Logística
“Nesta quarentena percebi que se há a possibilidade de eventos online, com ganhos em publicidade. Então, nunca deixem de apoiar os pequenos empresários, quem puder, dê suporte! Espero que o mercado melhor para todos!”
Willame – Produção Gráfica
“Sempre estivemos a total disposição para realização dos eventos, agora estamos passando por sofrimento sem trabalhar, peço que assim que for liberado novamente os eventos, não deixe de contratar profissional. Estamos precisando trabalhar.”
Vagner – Atendimento
“Protejam seus funcionários”
Elisa – Financeiro
“Pensem a longo prazo e comecem a fazer planejamento estratégico e diversificado de seus negócios.”
Andréa – Planejamento
“Que busquem canibalizar menos e evitem práticas abusivas como pagamento postergado e disputas antiéticas de preço.”
Victor – Arquitetura e Cenografia
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Com metaverso e retomada dos eventos presenciais: um “novo mundo” para a indústria de entretenimento está nascendo
Por Natasha de Caiado Castro*
Meu avô fazendeiro falava que oportunidade era um cavalo que passava selado. Quem enxergava, pulava em cima. E assim vejo Metaverso para a indústria de entretenimento, tão tão tão sofrida nesta pandemia: temos um mundo de realidade virtual nascendo. E ele já surge com fãs e haters. Se artistas nos palcos terão avatares dentro da sua casa, aproximando-os da sua base de público – o que com certeza será amplamente explorado pelos influencers – ou se haverá novos modelos de arte e entretenimento também sendo criados “as we go” ainda são incógnitas.
De fato tudo isso é tão novo que ainda não conseguimos ter a imagem clara nem a curto, muito menos a longo prazo, mas temos que levar em conta que esse ecossistema de artistas, técnicos e serviços está sendo desenhado agora e quem está antenado vai ajudar a formatar esse “novo mundo”. Resumindo, quem sair do quadro de “senta-e-chora” , passa a ser protagonista da história.
Foi assim quando o cinema chegou e quebrou o paradigma do circo-ópera-teatro, sendo absolutamente criticado pela sociedade da época. Passou pelo mudo no processo de amadurecimento e temos aí uma das artes mais sólidas e fortes hoje. E foi o ícone da música eletrônica Jean Michel Jarre que me contou seu ponto de vista e mudou minha opinião que também estava fixada no Mark Zuckerberg brincando com seu avatar.
Aqui cabe ainda lembrar que o poeta Oswald de Andrade, a pintora Tarsila do Amaral e todas da patota modernista foram chamados de bagunceiros e revolucionaram a literatura e as artes. E como esquecer a geração perdida com Ernest Hemingway e a chegada do Jazz? Tudo incomodou bastante, mas veio para ficar!
Agora, o bacana mesmo e que fez cair um cisco nos olhos foi ver no palco da edição 2021 do Web Summit, realizado neste início de mês em Lisboa, os centenas de produtores, técnicos e voluntários, todos os personagens de eventos, se abraçando orgulhosos por terem colocado os 42.751 pessoas dentro da cidade montada para receber após dois anos palestrantes e audiência presencialmente. Sabe aqueles momentos que arrepiam, que a emoção é tão grande que transborda e atinge até quem está na plateia? Galera de garra que apostou alto, certamente ouviu muita bobagem desanimadora e não se deixou abater.
O Summit foi lindo e seguro, uma delícia. Assim como uma semana antes foi o Utopiales, em Nates (França), maior festival de ficção científica do mundo e onde fui buscar inspiração para projetos de experiências corporativas. Por lá estiveram 50 mil pessoas, seguindo todos os protocolos de cuidado com máscaras e carteiras de vacinação, para aproveitar os dias de muito intercâmbio intelectual (me vi discutindo Durkheim e universo digital com filósofos, escritores e antropólogos durante o jantar).
O mundo está abrindo com um monte de oportunidades. E o copo pode estar meio cheio ou meio vazio… Qual é a sua tribo?
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A volta à vida no Vale do Silício
Estamos em julho de 2021, Califórnia, Estados Unidos. Nas próximas linhas, pretendo fazer uma prévia sobre o que deve acontecer com o mundo nos próximos meses. Espero estar certa nessa radiografia.
No Vale do Silício, mais de 80% da população já está vacinada contra a covid-19. Ainda há quem seja contra a vacinação – algo em torno de 25% – mas a boa notícia é que já atingimos a imunidade de rebanho. Com isso, não é mais obrigatório o uso de máscaras e nem fazer distanciamento.
Na região, o mundo está voltando ao normal, porém um normal diferente, mais intenso, no qual as pequenas coisas estão supervalorizadas. Pessoas que nunca se viram se cumprimentam, sorriem umas para as outras, se parabenizam pelas pequenas vitórias e ficam emocionadas com facilidade.
A piscina pública que eu frequentava abre as portas na próxima semana. Isso significa o retorno da prática de exercícios físicos após 18 meses sem treinar. Nadar sem máscaras – claro! – e dividindo as raias. Eu odiava ter que dividir a minha, mas agora estou na contagem regressiva para isso acontecer.
Será que era preciso a chegada de um vírus mortal para aterrorizar nossas vidas e nos fazer acordar para valorizar o que sempre teve valor? Mas não é por esse ponto que eu escrevo esse artigo. Quero contar mais sobre a retomada das atividades no Vale do Silício, como é um dia normal no cotidiano dessa região.
No café é que brotam as ideias
Oito da manhã. Sentada em um café para participar da primeira reunião com o Felipe, sócio de uma das empresas de educação mais disruptivas atualmente no Brasil e que é nossa parceira. Que orgulho dessa moçada que veio para “quebrar tudo”, tanto no Vale quanto no Brasil. Por aqui é costume fazermos esses encontros nos cafés. Após vários goles da minha bebida quentinha, embalada pela narrativa de retomada das atividades, fico sabendo que eles logo estarão na mídia no Brasil. Já me deixou muito feliz!
Na sequência, passada rápida ao supermercado para comprar algumas coisas que estão faltando, um pulo na Universidade de Stanford e depois almoço com duas grandes figuras do Vale. Laura, que é uma das líderes responsáveis pela área educacional das escolas públicas da Bay Area, e Sherry, advogada que atuava em Davos e prefeita de uma das cidades mais charmosas da região.
Na pauta de nossa conversa, a abertura da Europa para as nossas próximas viagens de estudo. Nós fazemos parte de uma associação de arqueologia e estamos desesperados para voltar aos sítios arqueológicos. Porém, as fronteiras ainda estão fechadas.
No entanto, o que nos deixa animados é que já temos como pensar em datas e perspectivas concretas sobre esse retorno, o que é muito mais do que tínhamos há 18 meses. Acho que sou a única do grupo que não é aposentada. Muitos deles aproveitaram o momento e penduraram as chuteiras da vida profissional para se dedicar à sua paixão por arqueologia.
Na parte da tarde, seis mulheres que integram um grupo de investidores e de startups brasileiros, que não se encontrava desde o início da pandemia, elegeu a mesa de um restaurante para retomar seu “tricot” sobre as novidades. Na pauta, além de maquiagens, o assunto mais importante: como os nossos negócios lidaram com a covid.
Todas estão se mexendo para surfar essa retomada. A Debora e a Heloísa estão prestes a revolucionar a indústria da moda com a BePop, uma startup que desenvolveu uma plataforma que usa tecnologia para transformar desenhos dos filhos em roupas lindas. Já a Mirelly está bombando com a Verbena – a Daslu das flores, disruptiva na entrega, no charme e no escopo do negócio – agora com presença em São Paulo e no Rio de Janeiro. Já a Lona fundou a Education Journey, uma startup de educação que nasceu durante a pandemia, recebendo investimentos de todos os lados e está revolucionando o ensino corporativo.
A Ellen percebeu, durante a conversa, uma oportunidade de fazer o “landing” de produtos nos Estados Unidos. Todas deram palpites no negócio de cada uma e voltamos para casa com ideias trocadas, testadas e prototipadas. Um business plan, que normalmente demora um ano para ser feito, no Vale é desenvolvido em um guardanapo durante a conversa em um café e passa para a próxima fase em poucos dias. Essa é a pegada de funcionamento do Vale.
Reaquecendo os motores
Na Wish International, estamos neste momento saindo gradualmente do estado de hibernação. Uma empresa que faz eventos internacionais e tem clientes brasileiros como maioria esteve no lugar errado na hora errada durante a Covid. Mas nunca deixamos de acreditar na demanda reprimida. Por isso, não demitimos ninguém e nem desplugamos parceiros que trabalham em nossos quatro escritórios instalados em três continentes.
O Vale do Silício sofreu bastante com a pandemia. Muitos parceiros deixaram a região, mas foram semear disrupção e inovação pelo mundo. E vejo novas pessoas e empresas chegando, com novas ideias pulsando nas veias. Se elas tiverem a mente aberta e a alma generosa, o “novo” Vale do Silício deve abraçar, inspirar e “vitaminar” essas ideias. E eu estou muito curiosa para acompanhar os próximos capítulos desse cenário.
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