Ricardo Amorim
Da era da informação para a era da inteligência

Por Ricardo Amorim
Nas últimas décadas, vivemos a Era da Informação, com a internet tornando o acesso a informações quase que ilimitado e instantâneo. O desenvolvimento dos modelos de inteligência artificial generativa está rapidamente levando a humanidade para uma nova era: a Era da Inteligência. Aliás, é muito provável que as transformações causadas pela IA generativa em nossa forma de viver e trabalhar sejam ainda maiores do que as provocadas pelos computadores e smartphones, ficando atrás apenas da adoção da energia elétrica.
Ao contrário do que muitos temem, a inteligência artificial (IA) não vai acabar com todos os empregos, pelo menos não tão cedo. Mas ela certamente vai acabar com o emprego de quase todos que não a adotem. A IA preditiva já era capaz de automatizar tarefas repetitivas e rotineiras. Mas, com a IA generativa, que pode criar textos, imagens, sons e até programar, entramos em um novo patamar. Agora, a inteligência artificial não se limita a executar o que foi previamente programado; ela cria, inova e gera conteúdo original.
Esse avanço muda completamente o jogo. Antes, só as tarefas manuais e operacionais poderiam ser executadas por ela. Agora, também atividades intelectuais e criativas — consideradas por muito tempo como “inabaláveis” — estão sendo completamente transformadas. A IA generativa escreve artigos, cria designs, compõe músicas, programa códigos e muito mais.
E nós humanos, como ficamos? A chave aqui é preparação e atitude. Temos de aprender a usar bem as novas tecnologias, mas também precisamos desenvolver competências humanas essenciais, como pensamento crítico, criatividade e inteligência emocional. Essas habilidades serão cada vez mais valorizadas. Se, por um lado, a IA generativa elimina certas funções, por outro, ela também abre um universo de novas oportunidades. Profissionais que souberem como usar a IA para amplificar sua produtividade e criatividade serão altamente demandados. Programadores que utilizam IA para gerar código, designers que aproveitam a IA para criar novos conceitos e gestores que usam a IA para análise de dados estão na linha de frente dessa nova era.
Além disso, áreas como saúde, educação e entretenimento estão sendo transformadas pela IA, criando novas funções. O segredo para manter-se competitivo no mercado de trabalho atual é aprender constantemente, saber usar a IA para potencializar o que somos capazes de fazer e se diferenciar daquilo que a IA pode fazer.
O futuro não é de quem teme a IA, mas de quem a compreende, a abraça e trabalha com ela e além dela.
Ricardo Amorim
O futuro da conversa não é só digital… É também artificial

As IAs já estão entre nós. Elas não andam, não são visíveis, mas pensam e argumentam. E melhor do que a grande maioria dos humanos. Recentemente, um grupo de pesquisadores suíços fez um experimento que parece saído de um filme de espionagem. Eles invadiram um fórum do Reddit — famoso por discussões intensas e desafiadoras — com contas automatizadas de inteligência artificial. O objetivo? Descobrir se essas IAs seriam capazes de passar despercebidas e convencer pessoas reais a
mudarem de opinião.
O resultado foi impactante, para não dizer alarmante: não só ninguém desconfiou que estava discutindo com bots, mas os bots foram 6 vezes mais eficazes que humanos em fazer outros humanos mudarem de opinião.
No experimento, foram testados três tipos de bots:
Genéricos, que respondiam com base apenas no conteúdo do post.
Personalizados, que sabiam localização, tendências políticas e estilo do autor original.
Alinhados com a comunidade, que imitavam o “jeito de falar” mais aceito pelo grupo.
Os resultados foram impressionantes.
Os bots genéricos convenceram 17% das pessoas a mudarem de ideia.
Os personalizados, 18%.
Os que imitavam a comunidade, 9%.
A média dos humanos? Apenas 3%.
Esses bots ficaram 4 meses no ar e ninguém percebeu. Todos os bots foram bem mais convincentes do que os humanos. O menos convincentes entre eles foi o que “imitava” o jeito dos humanos. Um dos bots chegou ao top 1% dos usuários mais influentes do Reddit.
Se um grupo de pós-graduandos, com orçamento limitado, conseguiu esse nível de influência usando IA… imagine o que empresas, governos e organizações com milhões, bilhões e, em alguns casos, até trilhões de
orçamento já estão fazendo ou podem fazer nas redes sociais para influenciar suas decisões políticas ou de consumo, por exemplo.
Com eleições se aproximando em várias partes do mundo, inclusive no Brasil, é mais importante do que nunca estarmos atentos para possíveis manipulações.
Mas aí vem um ponto chave: esses bots não usaram nenhuma fake news para convencer ninguém. Não houve nenhuma mentira, nem nenhum apelo emocional barato. Eles convenceram com lógica, dados e argumentos melhores. A vitória da razão.
Aí é que está a grande oportunidade. Se bots conseguiram tanto sucesso com bons argumentos, se a IA for bem usada, ela tem o potencial de melhorar a qualidade da discussão, ao contrário do que muitos temem. Em resumo, é hora de você aliar, de forma ética:
Inteligência Artificial + Inteligência Humana
Tecnologia + Estratégia
Informação + Intenção
Se precisar de inspiração e de exemplos práticos de como fazer isso, não deixe de assinar meu canal de YouTube e conferir cada um dos episódios do metamorfoseZ, o programa que criei para mostrar, na prática, como isso já está sendo feito.
Se quiser ir ainda mais fundo, na sua empresa, com seus clientes, colaboradores e parceiros, fale com a minha equipe para levar minha palestra sobre como a IA pode potencializar seu negócio para seu evento.
Ricardo Amorim
Trump: make Brazil great again

O segundo mandato de Donald Trump começou como um terremoto político,
que está causando vários tsunamis econômicos. Neste início de mandato,
vimos confrontos internos e externos com potencial de redesenhar não só a
economia americana, mas toda a ordem geopolítica global. Elon Musk virou
símbolo dessa nova era, ao liderar, por apenas alguns meses, o “Departamento
de Eficiência Governamental”, fechando agências inteiras com uma
“motosserra” metafórica.
Na campanha eleitoral, Trump prometeu elevar substancialmente as tarifas de
importação para proteger a economia. Inicialmente, cumpriu a promessa, mas
voltou atrás diversas vezes, após uma reação muito negativa dos mercados
financeiros americanos, preocupados com grandes impactos inflacionários que
as tarifas teriam.
Prometeu também zerar a dívida pública americana, Até agora, o efeito foi
inverso, apesar dos esforços de Musk em cortar substancialmente os gastos
públicos. Os impactos negativos das medidas de Trump sobre o crescimento
econômico americano reduziram o crescimento das receitas, enquanto os
gastos públicos com programas de governo e juros da dívida público continuam
batendo recordes, fazendo a dívida pública americana crescer mais do que
nunca, com exceção do período da pandemia, no primeiro mandato do próprio
Trump. Ele disse também que acabaria com a guerra entre Rússia e Ucrânia
em um dia. Ainda não conseguiu, mas inegavelmente está reorganizando toda
a geopolítica global.
A política de alianças com parceiros militares liderados pelos EUA, foi
substituída por um “cada um por si”. Em resposta, países europeus, liderados
pela Alemanha, anunciaram, para os próximos 10 anos, os maiores aumentos
dos gastos militares da História. Isso vai gerar mais crescimento econômico,
fragilizar as contas públicas e elevar a inflação na Europa, nos próximos anos.
A relação mais conflituosa com a Europa, tanto no aspecto militar – incluindo
declarações de que os EUA querem ficar com a Groenlândia, que pertence à
Dinamarca – quanto no tarifário, pode, inclusive, criar condições para que o Acordo de Livre Comércio entre Mercosul e União Europeia seja finalmente
aprovado pelos europeus, beneficiando o Brasil, e em particular, nosso
agronegócio. Com instabilidade geopolítica, escassez de alimentos e medo
inflacionário, os países querem segurança alimentar. E apenas os EUA, visto
agora como um parceiro pouco confiável, têm a combinação que o Brasil
oferece: terra, água, clima e capacidade produtiva.
O agronegócio brasileiro já está se beneficiando muito dos conflitos tarifários.
Com as tarifas impostas pela China aos EUA, o agro brasileiro exportará
maiores quantidade e a preços mais elevados para a China, o que, aliás,
também aconteceu no primeiro mandato de Trump.
O impacto da guerra tarifária na indústria brasileira é menos uniforme. Em
alguns subsetores da indústria, principalmente, no curto prazo, o impacto na
produção brasileira pode ser negativo; às vezes, até fortemente negativo.
Produtos chineses que seriam exportados para os EUA podem ser desovados
no Brasil. Isto deprimiria a produção nacional. Por outro lado, isso ajudaria a
conter a inflação por aqui.
Em outros subsetores da indústria, o impacto será exatamente o oposto:
produtos antes produzidos na China e no Vietnã para serem exportados para
os EUA, por exemplo, passarão a ser produzidos no Brasil, uma vez que a
alíquota de exportações daqui para lá é bem mais baixa, e produzir nos EUA
seria bem mais caro. Eu mesmo fui procurado por uma empresa de calçados e
uma de motocicletas que já estão fazendo isso.
Com tarifas americanas pressionando México, China e Canadá, o Brasil pode
assumir o papel de nova “maquila” latino-americana — montando produtos
localmente para exportar aos EUA. Também temos a chance de fortalecer
nossa posição como fornecedor global de energia, que ganha ainda mais
relevância estratégica em tempos de conflitos crescentes entre países.
Por fim, as idas e vindas de Trump reduziram brutalmente a previsibilidade na
economia americana, tornando-a mais parecida com a de um país emergente,
como o Brasil. Isso fez os EUA perder, de vez, a classificação de risco AAA e
reduziu a confiança no país, em sua moeda – o dólar – e nos títulos do tesouro
americano. No auge da crise de confiança causada pela guerra tarifária, o dinheiro saiu dos EUA, em busca de segurança, e foi para Alemanha, Suíça e
Japão. Isso nunca havia acontecido antes. Em todas as crises financeiras
anteriores, a busca por segurança levou investidores a levarem dinheiro para
os EUA, nunca a tirar dinheiro de lá. Isso sinaliza um dólar mais fraco daqui
para frente. Dólar em queda costuma causar alta de preços das commodities,
uma vez um dólar mais fraco barateia as commodities em moedas locais,
elevando seu consumo, em todo o mundo. Se isso se concretizar, o Brasil vai
se beneficiar ainda mais, com menos inflação – por conta do barateamento das
importações com a queda dólar – e mais receitas de exportações – por conta do
da elevação do preço das commodities.
Um resumo, até agora, Trump está fracassando em sua promessa de tornar os
EUA grandes novamente, mas está criando as melhores condições para
tornarmos o Brasil grande novamente. Cabe a nós não desperdiçarmos essa
oportunidade, como já desperdiçamos tantas outras.