Ricardo Amorim
Brasil: O País onde a empresa paga muito e o trabalhador ganha pouco
Por Ricardo Amorim
No Brasil, vivemos uma contradição gritante: enquanto o trabalhador ganha pouco, as empresas pagam muito. Mas como isso é possível? A resposta está em um sistema que, embora batizado de “direitos trabalhistas”, esconde uma série de custos que acabam não indo para o bolso do trabalhador. Quem, então, se beneficia de todo esse dinheiro? O governo.
Esse sistema, que teoricamente deveria proteger o trabalhador, acaba desviando uma parte considerável do seu merecido pagamento. Na prática, a empresa paga um valor elevado, mas o trabalhador vê apenas uma fração disso em sua conta. O restante vai para impostos, taxas e encargos que acabam nas mãos do governo. É um ciclo vicioso, no qual os recursos gerados pelo esforço de quem realmente trabalha são absorvidos pela máquina pública.
Hoje, os encargos trabalhistas representam mais da metade do custo total que uma empresa tem com um funcionário. Em outras palavras, para cada R$2,00 que a empresa paga por funcionário, o trabalhador fica com menos de R$1,00. Isso levanta uma questão fundamental: faz sentido chamar isso de “direitos trabalhistas”? Ou seria mais apropriado chamá-los de “direitos dos políticos”?
A verdade é que esse dinheiro, que deveria recompensar o esforço e o talento do trabalhador, acaba sendo administrado pelos políticos, e não raramente, mal utilizado. É uma situação em que quem merece não recebe diretamente e quem acaba decidindo o destino desses recursos não é o próprio trabalhador. E, em muitos casos, esses recursos são mal alocados ou até apropriados indevidamente.
Está mais do que na hora de modificarmos esse sistema. Precisamos de um modelo no qual o valor gerado por quem trabalha vá, de fato, para o bolso de quem merece: o trabalhador.
O principal direito trabalhista, o de receber uma remuneração compatível pelo seu trabalho é usurpado, no Brasil, exatamente pelos políticos que dizem proteger o trabalhador. Isso tem de mudar imediatamente.
Ricardo Amorim
Déficit crescendo, mesmo com arrecadação nas alturas?!
Por Ricardo Amorim
A arrecadação do governo federal bateu um recorde histórico em junho, o que, a
princípio, parece ser uma boa notícia. No entanto, mesmo com essa arrecadação impressionante, a projeção de déficit fiscal para este ano foi revisada para cima.
Recentemente, o ministro Fernando Haddad implementou um corte de gastos de R$
15 bilhões e contingenciou um total de gastos que se aproxima de R$50 bilhões. Ainda assim, os gastos do governo continuam a crescer mais depressa do que a arrecadação. Isso significa que cada vez menos dinheiro permanece no bolso do brasileiro, enquanto cada vez mais dinheiro vai para os cofres do governo.
E são os governantes, não os cidadãos que trabalharam para gerar essa riqueza, que
decidem onde esse dinheiro será alocado. Isso faz sentido? Na minha opinião,
absolutamente nenhum.
Para piorar, como o governo gasta mais do que arrecada, ele precisa financiar essa
diferença se endividando. Essa é a única maneira de fechar as contas, semelhante ao
que acontece com qualquer família ou empresa. Se você quer gastar mais do que
possui, você inevitavelmente terá que se endividar. Essa dinâmica causa um círculo
vicioso: a dívida do governo não para de crescer, e o pagamento dos juros dessa dívida também aumenta constantemente.
Por que os gastos públicos crescem tanto? Aumento de gastos com aposentadorias do setor público e INSS, aumento de salários e benefícios de funcionários públicos,
contratação de mais funcionários públicos – em plena era de ganhos de eficiência com inteligência artificial – e aumento dos gastos com programas sociais mal geridos são as principais razões.
E quais as consequências negativas, para a população, do aumento dos gastos públicos e da necessidade de financiamento do governo? A primeira é um aumento de impostos, deixando menos dinheiro no bolso dos cidadãos. Além disso, o governo poderia se sentir tentado a se financiar através da impressão de mais dinheiro pelo Banco Central para poder pagar suas dívidas. Necessariamente, isso levaria a uma alta da inflação, corroendo o poder de compra das famílias, empobrecendo a todos, especialmente os que já são mais pobres.
Quanto mais a dívida aumenta, maior fica a parcela do orçamento destinada ao
pagamento de juros, reduzindo os recursos disponíveis para investimento em áreas
críticas, como saúde, educação e infraestrutura, resultando em serviços públicos cada vez piores.
O Brasil precisa urgentemente cortar gastos públicos de forma inteligente. Continuar a aumentar impostos e gastos públicos não é sustentável.
É necessário implementar reformas que promovam a eficiência do gasto público e
incentivem a responsabilidade fiscal. Criar um ambiente favorável ao crescimento
econômico, reduzindo a burocracia e incentivando o empreendedorismo, é crucial.
Precisamos interromper esse ciclo de endividamento e desperdício de recursos
públicos para construir um Brasil mais próspero e justo. A hora de agir é agora.
Curtiu esse artigo? Compartilhe suas opiniões e vamos continuar essa discussão
importante sobre a economia do nosso país.
Ricardo Amorim
30 anos de Plano Real: A lição não aprendida
Por Ricardo Amorim
Em muitos debates sobre economia, um ponto essencial é ignorado com frequência: o
real impacto dos gastos governamentais descontrolados nos bolsos dos muitos
brasileiros. Trinta anos depois da implantação do Plano Real, muitos acreditam que
aumentar os gastos públicos seria a forma de cuidar dos mais pobres. Infelizmente, por
isso, ainda não ganhamos a guerra contra a pobreza, mesmo 30 anos depois de
havermos acabado com a hiperinflação.
Vamos voltar no tempo para entender melhor. A inflação acumulada no Brasil, medida
pelo IPCA, desde o início dos anos 80 até 1994, quando implementamos o Plano Real,
atingiu mais de 13 trilhões por cento. Quando a inflação é elevada, os efeitos para diferentes classes sociais são drasticamente diferentes.
Os mais pobres têm pouco dinheiro e gastam tudo o que ganham. São os mais
negativamente afetados. 10% de alta nos preços pode ser a diferença entre poder
comprar carne ou não.
Os mais ricos consomem menos do que ganham. Com o que poupam, conseguem
juntar alguns ativos e investir. Quando os preços sobem no mercado, o valor dos seus
imóveis e aplicações financeiras também sobe, reduzindo o impacto negativo da
inflação para eles.
Além disso, eles continuam consumindo os mesmos produtos. Portanto, a inflação não é neutra. Ela penaliza os mais pobres. Não por acaso, logo na sequência da implementação do Plano Real, com a queda brutal da inflação, tivemos a maior redução de miséria, pobreza e desigualdade de renda da história brasileira.
A questão é que a chave do problema inflacionário no Brasil é simples: os gastos do
governo não param de crescer. E quando os gastos públicos crescem, uma ou mais de
três coisas tem de acontecer:
1. a inflação se acelera, fechando o desequilíbrio das contas públicas, já que a alta da
inflação aumenta a arrecadação de impostos;
2. o governo aumenta impostos para bancar gastos maiores, tirando dos bolsos dos
cidadãos dinheiro que poderia ser gasto por eles com produtos e serviços da sua
escolha. Isso machuca ainda mais o mais pobre, que já não tinha nenhum recurso
sobrando;
3. o governo financia os gastos maiores do que a receita endividando-se cada vez mais.
Como muita gente sabe – aliás, todos deveriam saber – que ninguém (governo,
empresa ou família) pode se endividar cada vez mais porque vai acabar quebrando, empresas e pessoas começam a tirar dinheiro do país, o que enfraquece a moeda
local. A alta do dólar encarece produtos importados, o que faz a inflação subir,
machucando mais exatamente o mais pobre.
Paradoxalmente, diferentes governos que tivemos nos últimos 30 anos, incluindo o
atual, continuam justificando gastos públicos cada vez maiores como visando cuidar
dos pobres. Na realidade, gastando demais, eles ampliam a pobreza. Já está mais do
que na hora que nosso país aprenda essa lição.