Naty Sanches
O que esperar da comunicação e do marketing em 2025?

Por Naty Sanches
O ano de 2024 foi marcado por muitas reflexões e análises sobre os macrotemas que definem os rumores dos negócios e da comunicação das marcas. Ao longo do ano, escrevi sobre a ascensão da cocriação de conteúdo, as campanhas durante as Olimpíadas, o BBB, as movimentações do mercado, o uso estratégico da polêmica, a formulação de estratégias para marcas e como explorar diferentes cenários, sempre com o objetivo de prevenir contratempos. Também falei sobre inteligência artificial, criatividade, redes sociais e storytelling. E em 2025, não vai ser muito diferente, te explico jaja!
Tive a oportunidade de compartilhar um pouco do dia a dia da assessoria de imprensa com a turma de Relações Públicas no Centro Universitário Belas Artes. Além disso, compartilhei recomendações de conteúdos para profissionais de comunicação, com dicas de filmes e podcasts que estimulam a criatividade. A ideia foi inspirar novas perspectivas. Falando em novas perspectivas, este ano também me trouxe uma experiência incrível: fui selecionada para fazer parte do júri do AMPRO AWARDS 2024. Avaliei os projetos mais criativos e impactantes do marketing no Brasil, uma oportunidade de trocar conhecimentos, aprender com os melhores e reconhecer o que há de mais inovador no setor.
Se você gostou de acompanhar meus artigos ao longo do ano, aproveite a leitura deste, porque vou trazer as tendências de comunicação e marketing para 2025.
A Dentsu lançou o relatório “The Year of Impact”, que destaca as principais tendências de mídia esperadas para o próximo ano. Além de apresentar as cinco tendências mapeadas, quero compartilhar algumas reflexões sobre o que elas podem significar para o nosso mercado.
1) A IA passa do impacto potencial para o impacto real: a inteligência artificial está se incorporando à vida cotidiana, revolucionando o planejamento de mídia, a criação de conteúdo e a interação com os consumidores. Como equilibrar a eficiência proporcionada pela IA com a necessidade de manter a inteligência humana e a promoção nas campanhas? As marcas devem investir em capacitação e explorar ferramentas de IA de forma estratégica, sem perder de vista o papel das pessoas no processo criativo.
2) Storytelling: os interesses de nichos e os fandoms estão se tornando ativos de valor inestimável para marcas que interessam se destacar. O storytelling será a principal ferramenta para construir boas narrativas, seja em plataformas digitais ou na TV.
O storytelling não é uma novidade! Vivemos em um mundo saturado de conteúdo, onde capturar a atenção do público está se tornando cada vez mais difícil. A questão não é apenas o que contar, mas como contar de forma que ressoe com o público. Sabe aquela frase ‘’quando a história é boa, precisa ser contada!’’. É isso, contar histórias bem construídas, sejam nas plataformas digitais ou na TV, será um ativo positivo.
3) Retail mídia: a mídia de varejo, um dos assuntos mais discutidos nos últimos anos, consolidando-se como uma base nas estratégias de mídia. Isso se deve, principalmente, à expansão da capacidade de anúncios por grandes players do setor.
Essa tendência é uma oportunidade para marcas que buscam resultados mais tangíveis. Será um desafio para empresas menores que precisam encontrar maneiras criativas de competir. Personalizar a experiência de consumo será um diferencial importante nesse cenário.
4) A busca pela qualidade: à medida que os investimentos em mídia aumentam, cresce também a demanda por um envolvimento de maior qualidade. As marcas precisarão priorizar conteúdos bem desenvolvidos para conquistar a atenção do público. Produções que sejam bem planejadas, com mensagens claras e relevantes, para construir um envolvimento com o público.
5) Estratégias hiperlocalizadas: os hábitos de consumo e a adoção tecnológica variam entre diferentes regiões, as marcas precisam adotar abordagens mais específicas.
Estratégias hiperlocalizadas permitem que as campanhas sejam mais relevantes e eficazes, respeitando as particularidades culturais e comportamentais de cada público. Isso exige um planejamento cuidadoso para equilibrar consistência global e personalização local.
Essas tendências nos mostram que o futuro da comunicação e do marketing será cada vez mais dinâmico. Cabe a nós, profissionais da área, interpretarmos esses movimentos de maneira estratégica, explorando as possibilidades e nos adaptando aos desafios.
Que 2025 seja um ano de ousadia, criatividade e transformação no jeito de comunicar e conectar marcas e pessoas. E você, está pronto para encarar o que vem por aí?
Naty Sanches
Nada se cria, tudo se copia: a Geração Z está alucinada pela nostalgia

*Naty Sanches
A Geração Z pode ter nascido na era digital, mas tem mostrado um interesse crescente por experiências analógicas. O resgate do passado manifesta-se em diversas áreas do comportamento e do consumo, impulsionado pelo desejo de reconexão com épocas marcantes. Hábito de garimpar peças em brechós, colecionar CDs e vinis, fotografar com câmeras analógicas e reviver estéticas dos anos 2000 são exemplos dessa nostalgia moderna.
Nas plataformas digitais, especialmente no TikTok, essa tendência reflete-se em desafios que recriam coreografias icônicas, filtros que simulam produções de décadas passadas e vídeos que resgatam músicas e referências culturais. Além disso, o retrofuturismo combina elementos vintage com inovações tecnológicas, criando um olhar nostálgico sobre o futuro.
Outra forte influência desse movimento é o retorno do consumo de mídia física, como livros e fitas cassete, valorizando experiências mais tangíveis. A moda Y2K continua conquistando marcas e consumidores, enquanto cresce o interesse por peças artesanais e personalizadas. Atividades analógicas, como bordado e scrapbook, também acompanham essa busca por conexões mais autênticas, mostrando que a nostalgia segue influente na forma como as pessoas se expressam e consomem cultura.
Esse fenômeno tem nome: “anemóia”. É aquele desejo nostálgico de voltar a um tempo passado, mesmo que a pessoa nem tenha vivido nele. Para a Geração Z, que cresceu em um mundo acelerado e hiperconectado, a nostalgia funciona como uma espécie de escapismo. Diferente do futuro, que é incerto e pode assustar, o passado traz conforto e previsibilidade. Mais do que isso, revisitar essas referências cria um senso de pertencimento e identidade, conectando essa geração a momentos que, mesmo não vividos diretamente, influenciam a cultura atual.
O retorno da revista Capricho ao formato impresso, após uma década exclusivamente digital, é um reflexo desse movimento. Com o conceito “Manifeste, desobedeça, seja você”, a publicação aposta na experiência tátil e no desejo da Geração Z por um equilíbrio entre o digital e o analógico. As próximas edições sairão em julho e dezembro, reforçando esse novo posicionamento.
Mesmo com a hegemonia do digital, que facilita o consumo de conteúdo de forma rápida e acessível, cresce o interesse por formatos que proporcionem uma experiência mais duradoura e desconectada das telas. O impresso passa a ter um valor especial, oferecendo sensações de pertencimento e exclusividade que explicam o sucesso desse retorno.
A primeira edição dessa nova fase da Capricho traz Bianca Andrade na capa, reforçando essa narrativa. A influenciadora tem falado bastante sobre a necessidade de desacelerar, algo que se conecta diretamente com os dilemas da Geração Z. A mensagem é clara: fazer pausas, refletir e viver o momento.
Ao mesmo tempo, observa-se um movimento curioso na comunicação: a influência do digital sobre os meios tradicionais. Figuras da internet estão migrando para a televisão, como Bruno Carneiro (Fred) no Globo Esporte e Virgínia Fonseca no SBT. Isso mostra que, em vez de uma disputa entre digital e tradicional, o que acontece é uma fusão entre os dois formatos, criando um mercado onde ambos coexistem e se impulsionam mutuamente.
As marcas também perceberam o poder da nostalgia e vêm explorando esse conceito em suas campanhas com esse público. Por exemplo, a MTV Brasil relançou programas icônicos como “Beija Sapo” com Tinder e dinâmicas reformuladas e “Luau MTV” com Corona e uma combinação de Falcão e Lenon, adaptando-os para o público atual e resgatando a estética dos anos 2000. Essas iniciativas buscam conectar-se emocionalmente com os jovens, oferecendo conteúdo que mistura o familiar com o novo.
É importante que a Geração Z também olhe para frente. Moda, arte e cultura sempre buscaram referências no passado, mas o verdadeiro desafio é transformar essas inspirações em algo novo e relevante para o presente. O futuro pode ser incerto, mas a criatividade e a reinvenção continuarão sendo peças-chave para criar novas tendências e narrativas.
Naty Sanches
O impacto das novas decisões de atualizações da Meta

Por Naty Sanches
O ano de 2025 começou com diversas atualizações significativas, e uma das mais comentadas e delicadas são as mudanças implementadas pela Meta. A adaptação dos gigantes da tecnologia às demandas de mercado e ao contexto político e social é constante, mas, quando as mudanças impactam diretamente a maneira como nos relacionamos com as informações, o efeito pode ser ainda mais profundo. Caso ainda não tenha se atualizado sobre o tema, este artigo pode ajudar a se aprofundar na questão.
1. Fim da checagem de fatos
Desde 2016, a Meta contou com a colaboração de mais de 80 organizações ao redor do mundo para checagem de fatos, cobrindo mais de 60 idiomas. Entre os parceiros estavam agências de notícias renomadas, como Reuters, France Presse e Associated Press. O trabalho era realizado por jornalistas e especialistas em cerca de 115 países, que verificavam a veracidade das informações que circulavam nas redes sociais e ofereciam contexto para os usuários.
No Brasil, a empresa mantinha parceria com cinco organizações de checagem, responsáveis por analisar conteúdos publicados no Instagram e no Facebook, incluindo vídeos, imagens, links e textos. O objetivo era combater a desinformação e fornecer dados confiáveis para os usuários.
No entanto, a Meta decidiu encerrar esse programa e, por enquanto, a mudança vale apenas para os Estados Unidos — conforme resposta da empresa a questionamentos da Advocacia-Geral da União (AGU). Ainda assim, a decisão preocupa os brasileiros, que estão entre os maiores consumidores das redes sociais da empresa.
Com o fim da checagem de fatos, a Meta passou a adotar a política das “Notas de Comunidade”. Agora, apenas usuários previamente cadastrados podem contestar informações que circulam na plataforma. A ideia da empresa é reduzir os excessos de moderação, aplicando punições mais severas, como restrições de conta, apenas em casos denunciados e analisados como graves.
A decisão foi mal recebida pela maioria dos brasileiros. Segundo uma pesquisa da Broadminded, da Sherlock Communications, divulgada pelo jornal O Globo, 41% dos brasileiros são contra essa mudança — um índice maior do que em outros países da América Latina, como Argentina (28%), México (31%), Colômbia (35%), Chile (30%) e Peru (26%).
A preocupação principal é que a retirada da checagem profissional pode facilitar a disseminação de desinformação. Antes, especialistas verificavam e contextualizavam conteúdos suspeitos. Com as “Notas de Comunidade”, esse processo fica mais restrito aos usuários, o que pode reduzir a eficácia da moderação e impactar a confiabilidade das informações que circulam nas plataformas.
2. Fim dos filtros
Filtros criados por usuários já não existem mais na plataforma. Mas calma! Ainda vai dar para usar os filtros criados pela Meta. A big tech vai derrubar apenas os filtros de Realidade Aumentada (RA) criados por terceiros.
“Ao concluir uma avaliação completa, decidimos encerrar a plataforma de ferramentas e conteúdo de terceiros do Meta Spark”, anunciou a gigante da tecnologia em um comunicado. A empresa esclareceu que os conteúdos publicados antes da mudança, incluindo Reels e Stories feitos com filtros de terceiros, não serão removidos do Instagram.
A eliminação de filtros criados por terceiros pode ser vista como uma tentativa de aumentar o controle sobre a experiência do usuário, mas também limita a criatividade e a inovação que surgem desses projetos independentes.
3. Fim dos destaques
Há rumores que os destaques também serão descontinuados. Os dos stories no Instagram passarão por mudanças. A plataforma revelou que os círculos, que antes ficavam acima da grade de fotos no perfil, serão movidos para uma aba exclusiva. Segundo o Instagram, essa nova seção terá um ícone de coração arredondado e permitirá que as pessoas acessem os stories organizados em miniaturas verticais, categorizadas por temas.
Segundo Adam Mosseri, chefe do Instagram, o objetivo é simplificar a experiência do usuário. A mudança nos destaques pode ser uma resposta à sobrecarga de informações.
Essa reorganização tem o potencial de tornar a plataforma mais acessível e eficiente, mas depende da aceitação do público. Eu, particularmente, gosto da organização atual dos destaques, é uma possibilidade de contar sobre você ou sobre a marca de uma forma mais dinâmica. Vamos acompanhar!
4. Personalização de conteúdo político
Os usuários no Brasil não poderão mudar suas configurações para ver mais conteúdo político de contas que não seguem no Instagram e no Threads durante o período eleitoral. A possibilidade de ajustar essa configuração será restaurada na conclusão desse período.
A Meta voltou a recomendar publicações políticas, o que pode intensificar as ”bolhas informacionais” e a polarização.
Com a alteração da política contra o discurso de ódio nas plataformas Meta (Instagram, Facebook e Theads), algo chocante aconteceu! Está permitindo que orientação sexual e gênero sejam associados a doenças mentais.
5. Regulamentação e responsabilidade
Com todas essas mudanças anunciadas e começando a ser praticadas, governos e organizações estão pressionando a Meta para garantir que as mudanças respeitem as leis nacionais e protejam os direitos dos usuários.
Atualmente, as redes sociais só podem ser responsabilizadas por conteúdos de terceiros mediante uma decisão judicial. No Brasil, o Projeto de Lei das Fake News, que previa uma maior responsabilização das plataformas por conteúdos prejudiciais e exigia mais transparência na moderação, continua estagnado no Congresso. O debate sobre o assunto também está sendo discutido no Supremo Tribunal Federal (STF).
É claro que, mais do que nunca, os profissionais de comunicação, marketing e direito digital terão um papel fundamental em compreender essas novas dinâmicas e auxiliar na construção de uma internet mais segura, transparente e acessível para todos. O que está em jogo não são apenas as atualizações das plataformas e sim, como a sociedade interage com as informações no ambiente digital, um tema que, sem dúvida, continuará a ser muito debatido.