Conecte-se com a LIVE MARKETING

Ricardo Amorim

Múltiplas perspectivas tornam a visão mais completa da realidade

Publicado

em

Por Ricardo Amorim

Vivemos em um mundo onde cada um de nós acredita ter uma visão clara da realidade. No entanto, essa “realidade” é profundamente influenciada por nossas experiências pessoais, nossos contextos e, sobretudo, nossas perspectivas. Recentemente, deparei-me com uma história que iluminou essa verdade de maneira profunda, mudando minha percepção sobre um hábito que, até então, me parecia difícil de compreender: o jogo da loteria.

Era uma história de um rapaz americano contando a história da infância dele e contando que, na infância, uma das recordações muito fortes que ele tinha é que ele vinha de uma família muito pobre e que a mãe dele virava e mexia, compravam umas raspadinhas lá nos Estados Unidos, gastava U$3 toda hora por isso, e a explicação é a seguinte, eles não tinham dinheiro suficiente pra comprar comida, e com U$3 ele não ia conseguir comprar comida pra ele, não ia encher a geladeira com U$3, mas, eventualmente, com a raspadinha, ela tinha esperança. O que ela estava comprando era algum tempo de esperança de uma vida diferente.

Como aquela não foi, não era a minha realidade, eu nunca entendi isso e, para falar a verdade, eu sempre tive muita dificuldade de entender como é que as pessoas apostam tanto, gastam tanto dinheiro com loteria. Tem uma frase clássica que fala que loteria é um imposto que é cobrado sobre quem não sabe fazer conta, porque a probabilidade de ganhar é tão baixa que basicamente você está jogando o dinheiro fora. E finalmente com isso aqui eu entendi o ponto de vista de quem joga, principalmente quem joga muito em loteria, que é muita gente.

A revelação veio acompanhada de um dado surpreendente: nos Estados Unidos, o total gasto com loteria supera o investimento em indústrias como games, livros, música e shows. O que as pessoas estão realmente comprando com esse dinheiro? A possibilidade, por mais remota que seja, de transformar suas vidas.

Essa compreensão me fez refletir sobre como julgamos as escolhas dos outros sem nos colocarmos em seus lugares. Muitas vezes, criticamos ou desqualificamos decisões que não fazem sentido para nós, sem considerar as circunstâncias e motivações que levam alguém a agir de determinada maneira. Esse fenômeno não se limita a escolhas pessoais, como o jogo da loteria, mas se estende a questões mais amplas, especialmente no âmbito político.

Atualmente, a incapacidade de ouvir e considerar pontos de vista diferentes não apenas empobrece o debate público, mas também compromete a qualidade das decisões governamentais ao redor do mundo. As discussões transformaram-se em confrontos, onde a empatia e o entendimento mútuo são os grandes derrotados.

É hora de reconhecer que a diversidade de experiências e perspectivas é uma riqueza, não um obstáculo. A história da mãe que comprava raspadinhas como uma forma de manter viva a esperança de uma vida melhor é um poderoso lembrete de que nossas realidades são moldadas por nossas experiências. Ao tentarmos entender o mundo a partir da perspectiva do outro, não apenas ampliamos nossa visão, mas também cultivamos a empatia, um ingrediente essencial para uma sociedade mais coesa e compreensiva.

Em um mundo cada vez mais polarizado, a capacidade de ouvir e valorizar diferentes pontos de vista é mais importante do que nunca. Que possamos aprender com as histórias e reconhecer que, por trás de cada escolha, há uma história, uma esperança e uma perspectiva que merece ser compreendida.

Continue lendo

Ricardo Amorim

Isenção do IR: O barato que sai caro

Publicado

em

O governo mandou ao Congresso uma proposta para isentar do imposto de renda quem ganha até R$ 5 mil por mês. A princípio, parece uma boa notícia: mais dinheiro no bolso do trabalhador que ganha menos. Infelizmente, quando se analisam os detalhes da proposta com atenção, o que parece solução pode se transformar em um novo problema – e grande.

Toda vez que qualquer governo começa a perder popularidade, aumenta a tentação de adotar medidas populistas. Elas soam bem, inicialmente agradam muita gente e geram manchetes positivas. A conta salgada vem depois. É o que está acontecendo agora.

Com a queda de popularidade do governo, a estratégia tem sido simples: agradar com medidas de apelo imediato. A mais recente é a proposta de isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês. A proposta seria efetiva se fosse financiada por um corte de gastos equivalente à perda de arrecadação que vai causar – por exemplo, uma reforma administrativa ou a extinção de penduricalhos, como o auxílio-peru de Natal, pagos a parcelas do funcionalismo público.

Só que não foi isso o que foi proposto. Para cobrir a perda de arrecadação, o governo quer taxar ainda mais quem já paga imposto. A proposta é criar um novo tributo sobre a distribuição de lucros e dividendos, além de um adicional de imposto de renda para quem ganha mais de R$ 50 mil por mês.

Isso pode, inclusive, eventualmente ser considerado bitributação pela Justiça. Se isso acontecer, a expectativa de compensação de arrecadação do governo será frustrada, fragilizando ainda mais as já combalidas contas públicas. Empresários já pagam imposto de renda sobre os resultados de suas empresas. Agora, o governo quer tributá-los novamente quando esse lucro for distribuído aos sócios ou acionistas. A bitributação não para por aí: se a pessoa receber acima de R$ 50 mil por mês, pagará um adicional de imposto de renda.

Além do risco jurídico, há outro obstáculo à proposta: o próprio Congresso. Os parlamentares seriam diretamente afetados pela nova cobrança. Será que votarão contra seus próprios interesses?

Mas a questão mais grave, estrutural, é outra. Hoje, o Brasil tem 212 milhões de habitantes. Apenas 44 milhões declaram imposto de renda. Desses, só 28 milhões efetivamente pagam atualmente. Os demais já são isentos. Com a nova medida, no máximo 16 milhões de brasileiros pagarão imposto de renda para bancar gastos públicos destinados a 212 milhões de brasileiros. Em outras palavras, cada contribuinte do imposto de renda precisará bancar gastos públicos – que vêm crescendo com a expansão dos programas sociais como Bolsa Família, Pé de Meia, Auxílio Gás e outros – para 13 brasileiros.

Um regime em que cada vez menos gente paga e cada vez mais gente recebe não tem como se sustentar ao longo do tempo, pois incentiva as pessoas a deixarem de trabalhar e a saírem do grupo dos que pagam para irem ao grupo dos que recebem.

A diferença entre medidas verdadeiramente benéficas e medidas populistas está aí: nas primeiras, os benefícios se sustentam ao longo do tempo; já as últimas trazem ganhos de curto prazo, mas ao custo de perdas maiores no futuro.

Continue lendo

Ricardo Amorim

Sem alicerce, não há edifício que pare em pé

Publicado

em

Imagine tentar construir um prédio em um terreno instável, sem uma base sólida. É assim que fica a economia de um país que descuida das suas finanças públicas. Sem a segurança de que a solvência pública é uma certeza, fragiliza-se a base da economia.

Sem segurança fiscal, cria-se instabilidade econômica, tirando a confiança de
empresários e empreendedores, que deixam de investir e gerar empregos.
Quando o governo de um país sistematicamente gasta mais do que arrecada e não controla o déficit fiscal, o resultado é previsível: moeda desvalorizada, inflação subindo, juros mais altos e menos crédito disponível. Tudo isso impacta diretamente a capacidade de empreendedores financiarem e expandirem seus negócios.

Em um ambiente onde o custo do dinheiro é elevado e a previsibilidade econômica é baixa, a economia começa a entrar em marcha ré. Empresas e empreendedores ficam mais preocupadas em não perderem dinheiro do que em expandir seus negócios pequenos e médios negócios, que dependem de crédito para crescer e gerar empregos, são os primeiros a sentir o impacto de uma economia desorganizada. É como correr uma maratona com uma mochila cheia de pedras: você até pode avançar, mas o esforço será muito maior.

Além disso, contas públicas fora de controle afastam investidores, tanto nacionais quanto estrangeiros. Sem investimentos, setores cruciais para o crescimento – como infraestrutura, educação e inovação – ficam estagnados.

Empresas competem em um cenário onde faltam estradas, burocracia atrasa processos e a mão de obra carece de qualificação. O cuidado com as contas públicas não é um tema distante para os negócios e os empregos. Na verdade, é o que define se haverá recursos para investimentos produtivos, se os juros serão controlados e se a confiança econômica permitirá que empreendedores assumam riscos calculados para crescer e gerem empregos.

Quando o governo faz a lição de casa, o país cresce, as empresas têm espaço para inovar, e os brasileiros encontram novas oportunidades de trabalho e renda.

Portanto, cuidar das finanças públicas é, em última instância, cuidar do ambiente de negócios. É dar aos empreendedores a base que eles precisam para fazer o que sabem de melhor: inovar, gerar empregos e impulsionar o crescimento do país. Quando o governo age com responsabilidade fiscal, todos ganham.

Contas públicas organizadas não são um luxo, são uma necessidade. Elas não garantem o sucesso de um país, mas sem elas, o fracasso se torna a regra.

Continue lendo