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Black Friday e a logística reversa

*Roberto Pansonato
A Black Friday está chegando e, é claro, cria um ambiente propício para ir às compras, principalmente pela internet. O comércio eletrônico, também conhecido como e-commerce, tem-se apresentado como uma modalidade de compras poderosa, conquistando de vez o gosto do consumidor brasileiro.
Segundo o site ecommercebrasil, o volume de vendas na modalidade comércio eletrônico fechou o primeiro semestre de 2022 com R$ 118,6 bilhões, 6% a mais em relação ao mesmo período de 2021. Números robustos apontam para um crescimento expressivo nas vendas durante a Black Friday deste ano. Levantamento da Nuvemshop mostra que quase a metade dos empreendedores entrevistados espera um aumento de 30% no faturamento de novembro se comparado com outubro.
Até aí, tudo bem, no entanto, há de se considerar uma variável importante: qual é a quantidade referente aos produtos vendidos que deverão, por algum motivo, retornar ao ponto de origem? Será que a nossa logística reversa está preparada para esse aumento de demanda?
A logística reversa, no caso específico do pós-venda, refere-se ao caminho inverso de um produto entregue ao consumidor, mas que precisou, por algum motivo, retornar a origem, geralmente sob responsabilidade da loja virtual. O Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 49, garante ao cliente o direito de arrependimento pela compra, podendo pedir a troca ou a devolução da mercadoria em sete dias, sem justificar os motivos nem sofrer penalidade. Em períodos como a Black Friday, aumenta a responsabilidade do comércio eletrônico, quando o volume de vendas cresce exponencialmente.
Diferentemente da logística tradicional, na qual se tem uma certa previsibilidade dos destinos das encomendas e em que os processos são desenvolvidos para entregar o produto correto, no local correto e no tempo correto, na logística reversa, isso não acontece. Como prever quantos consumidores irão devolver suas encomendas, quais tipos de produtos serão majoritariamente devolvidos ou quais fornecedores terão seus produtos rejeitados?
Embora, o histórico de devoluções possa direcionar para algum ponto, o nível de previsibilidade é muito baixo. Pesquisa da Ebit|Nielsen aponta que quase 30% das compras on-line são devolvidas ou trocadas. Ao se comparar a porcentagem de devolução com a expectativa de vendas para a Black Friday de 2022, é evidente que o volume de produtos que será devolvido pela logística reversa se torna muito grande.
É recomendado às empresas que investiguem os motivos de devolução e criem processos para a logística reversa, utilizando-se da tecnologia disponível e de procedimentos definidos entre o lojista virtual e o consumidor. Cerca de 70% dos consumidores verificam a página de trocas e devoluções antes de efetuarem as compras e querem política de devolução e troca livre de complicações.
É evidente que o lojista virtual, como todo empreendedor, quer reduzir seus custos, e nesse caso, atender à logística reversa sem custo vai no caminho oposto, entretanto é necessário analisar esse contexto do ponto de vista da experiência do consumidor. O valor monetário empregado na logística reversa pode se transformar em valor agregado para o cliente, melhorando a imagem da empresa e o nível de confiança do consumidor.
A Black Friday está se aproximando, as plataformas de vendas já estão preparadas, e os fornecedores e a logística de entrega trabalham no sentido de que o consumidor não precise devolver a sua mercadoria. Quando isso não acontece, é necessária uma logística reversa da mais alta qualidade para proporcionar um nível de excelência na experiência de compras do consumidor. A sua logística reversa está preparada?
*Roberto Pansonato – Designer de produto, com atuação em Gestão de Engenharia de Processos e Produção. É professor do Centro Universitário Internacional Uninter, onde atua na tutoria dos cursos de Logística e Gestão do E-Commerce e Sistemas Logísticos.
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A publicidade do varejo Q4: agilidade e controle em tempo real são imperativos

*Francisco Larraín
O quarto trimestre do ano (Q4) é, indiscutivelmente, uma temporada mais intensa e decisiva para o varejo. Entre a euforia da Black Friday, a corrida pelas compras de fim de ano e o lançamento de novos produtos, poucas semanas se transformam em uma verdadeira maratona estratégica, onde cada decisão pode definir o sucesso ou o fracasso. Tradicionalmente, os profissionais de marketing apostam no modelo clássico de compra direta de anúncios, o conhecido direct buy, como base dessa jornada.
Entretanto, este é um modelo obsoleto e ultrapassado que gera desperdício de verba diante de um mercado cada vez mais dinâmico. O principal problema é a rigidez, que impõe prazos apertados, estabelece uma flexibilidade limitada e gera pouca visibilidade sobre a performance após a implementação. Em um trimestre onde o cenário pode mudar em poucas horas – seja por uma reação da concorrência, uma nova tendência de consumo ou uma mudança de algoritmo –, ficar preso a um plano imutável é o mesmo que dirigir olhando apenas pelo retrovisor: arriscado e pouco eficaz.
O modelo tradicional aplicado pelo direct buy trata o anúncio como um custo fixo. Em um ambiente volátil, a falta de dados em tempo real sobre o retorno do investimento (ROI) impede a otimização e pode resultar em um desperdício significativo de verba nas semanas mais caras do ano. A ausência de controle transforma o investimento em uma “caixa preta” de execução.
O contexto é desafiador, mas é também um convite irrecusável à uma virada estratégica. Uma mudança inteligente e criativa de rota, que nos leva por um caminho em que não se trata mais de investir. Trata-se de aplicar recursos em uma estratégia mais efetiva e inovadora. Essa quebra de paradigma exige apostas mais assertivas em plataformas que ofereçam controle total e a capacidade de otimização em tempo real. E é aí que o foco recai sobre soluções como as Redes de Mídia para o Varejo, ou o Retail Media Networks, que tomam as rédeas da situação entregando visibilidade imediata, operações dinâmicas e agilidade competitiva. Um combo perfeito para dominar a maratona do Q4.
Com essa tríade, as empresas e marcas acompanham o desempenho de cada centavo investido no momento exato em que ele é aplicado, o que permite ajustes em minutos, caso a campanha não esteja performando.
Além disso, elas têm ainda a liberdade de otimizar custos, realocando o orçamento rapidamente em campanhas que estão gerando receita – transformando o orçamento publicitário em uma alavanca de performance, e não em um compromisso fixo. Não podemos deixar de mencionar a capacidade de ajustar a estratégia sob demanda se torna o elemento-chave. Ou seja, com Retail Media Networks o planejamento do Q4 deixa de ser um mero documento e se torna um sistema vivo, capaz de reagir e capitalizar instantaneamente sobre a demanda gerada pela maratona de fim de ano. Aos líderes do varejo, esta sensação de controle e liberdade de ação é o imperativo competitivo que distingue quem apenas participa do Q4 de quem o domina.
Estamos às vésperas dessa alta temporada e a hora de repensar a estratégia de publicidade do Q4 é agora! Confiar em métodos ultrapassados é aceitar um teto baixo para o potencial de receita. Assegurar um Retorno sobre o Investimento (ROI) superior e consolidar uma posição de liderança, é a chave que abre as portas de um planejamento de mídia que é data-driven, flexível e centrado na otimização contínua.
A revolução do Q4 está em andamento. Aqueles que adotarem o controle em tempo real não apenas sobreviverão à maratona, mas a vencerão com uma margem clara!
*Francisco Larraín – Cofundador e CTO da Topsort, uma plataforma de retail media que está redefinindo a forma como os marketplaces do mundo monetizam por meio de publicidade baseada em leilão.
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Estamos preparados para 2027? 3 sinais de que sua empresa está atrasada na corrida da IA

*Por Anselmo Albuquerque
Recentemente, mergulhei no projeto AI-2027 (https://ai-2027.com), uma simulação detalhada do futuro da inteligência artificial nos próximos meses. O estudo foi elaborado por Daniel Kokotajlo, pesquisador da Open Philanthropy especializado em cenários de longo prazo e riscos existenciais ligados à IA, e conta com uma introdução escrita por Scott Alexander, autor do blog Astral Codex Ten e uma das vozes mais influentes na análise crítica de tendências tecnológicas e filosóficas contemporâneas, não é um exercício de ficção. É um alerta racional e estratégico.
Trata-se de uma narrativa construída mês a mês, com projeções realistas sobre como a IA pode evoluir, colidir com estruturas sociais e impactar decisões políticas, econômicas e até existenciais. Mas o ponto que mais me chamou atenção não foi o “quando”. Foi o “como”.
Três sinais que merecem nossa atenção agora
1. IA criando IA: o gatilho da aceleração cognitiva
Quando uma IA for capaz de desenvolver ou melhorar outras IAs, entraremos num novo ciclo evolutivo, onde a velocidade do avanço tecnológico deixará qualquer modelo de planejamento humano obsoleto. Esse é o ponto de virada. O que era linear se torna exponencial.
2. Cibersegurança como novo campo de batalha
As primeiras aplicações geopolíticas da superinteligência podem surgir no subsolo invisível dos ataques cibernéticos. Países, empresas e organizações estarão vulneráveis não a tanques, mas a códigos. Quem não entender isso, vai continuar investindo em estratégias do século XX para enfrentar desafios do XXI.
3. Linguagem opaca entre máquinas: o risco do neuralese*
Imagine duas IAs conversando em uma linguagem que nem os engenheiros que as criaram conseguem entender. Sem transparência, perdemos o alinhamento. E sem alinhamento, entregamos poder a uma caixa-preta que decide por nós sem sabermos como ou por quê.
2027 pode parecer longe. Mas em termos de desenvolvimento de IA, é quase amanhã. Só para você ter uma ideia, a OpenAI já realizou mais de 20 atualizações significativas no ChatGPT desde 2022. Isso inclui novos modelos (como GPT-4 e GPT-4-turbo), capacidades multimodais (voz, visão, código), uma loja de GPTs personalizados e interfaces mais integradas ao cotidiano das empresas e pessoas.
E aqui vem o ponto-chave: diferente de outras “transformações digitais” pelas quais empresas passaram nos últimos anos, muitas das quais sequer mudaram o chip da alta liderança, a IA exige uma mudança estrutural de visão, de linguagem e de prioridade.
Estamos falando de algo muito mais estratégico do que trocar um sistema de ERP. Quantas empresas passaram anos decidindo qual ERP implantar, levaram outros tantos para implementar, e hoje usam menos de 10 por cento da sua capacidade? Com a IA, essa abordagem incremental simplesmente não vai funcionar.
A pergunta real é: você está na prática compreendendo que isso vai muito além de um ChatGPT? Você já colocou esse tema entre as 3 prioridades estratégicas da sua empresa para os próximos 24 meses?
Se você é líder, empreendedor ou profissional de marketing ou comunicação, este é o momento de pensar e agir com uma velocidade e profundidade que talvez você nunca tenha considerado antes. Pensar como arquiteto do futuro, com os pés no presente, mas os olhos firmes na linha de colisão entre humanos e inteligências artificiais.
Referências:
AI 2027: https://ai-2027.com
OpenAI ChatGPT Updates: https://openai.com/blog/
chatgpt-updates
*Neuralese é um termo usado no cenário AI-2027 para descrever uma linguagem interna que IAs podem desenvolver ao se comunicarem entre si, potencialmente indecifrável para humanos. Essa opacidade pode dificultar a supervisão e o alinhamento com valores humanos, tornando a IA uma caixa-preta.
*Anselmo Albuquerque – CEO da Lean Agency, publicitário com mais de 20 anos de experiência no mercado de comunicação. Reconhecido como referência no tema de Inteligência Artificial.








