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Social Listening: o atacante que você precisa escalar para as sazonalidades deste fim de ano

*Beatriz Marques Simarro
Ao longo da vida, você já deve ter ouvido falar em muitos assuntos através de conversas despretensiosas ou comentários entre amigos. Geralmente, nessas situações é que as opiniões mais honestas são transmitidas — quando falamos o que pensamos sobre algo ou alguém sem necessariamente nos direcionar a ele.
Nas redes sociais, o mesmo acontece. E mais importante do que falarem de uma empresa ou marca é o que estão falando. Por isso, o Social Listening é parte essencial de uma estratégia completa de marketing digital.
Trata-se da famosa “escuta social”, que estabelece um canal de retroalimentação entre o cliente e a marca. A partir dela, é possível conhecer mais de perto as dores e opiniões do consumidor, bem como conseguir criar novos conteúdos ou até mesmo produtos.
Além de entender melhor o público para aprimorar os processos e técnicas, também é preciso saber de que maneira a imagem da empresa está se desenvolvendo. A percepção pública pode gerar problemas ou oportunidades, dependendo da situação.
Atenção: o Social Listening não é achismo. Ele só existe quando há dados para compreendê-lo. É uma prática que se baseia tanto numa análise quantitativa como qualitativa, tudo muito bem explicado em relatórios e outros formatos de acompanhamento, desde que a narrativa dos dados esteja visível.
Compreendido sua relevância, chegamos à segunda parte deste artigo: como usar essa estratégia durante as sazonalidades do fim de 2022, quando alguns dos eventos mais importantes do ano acontecem?
A escuta social consegue nos dar um panorama imenso de expectativas, fatos e resultados em datas sazonais. Expectativas, porque podemos começar muito antes a analisar o sentimento que as pessoas estão criando antes dos eventos. Fatos, porque podemos monitorar as redes sociais durante o evento e mudar a rota da estratégia em tempo real, dependendo das impressões colhidas. E resultados, pois, depois de cada evento, podemos refletir sobre o que deu certo e o que não deu certo, aprendendo com os erros para começarmos o próximo ano mais alinhados com o mercado.
As dicas para este ano, que nos brindará com um combo especial de sazonalidades, são as seguintes:
Black Friday
De acordo com um levantamento do UOL, feito em 2021, nove em cada dez brasileiros começam a pesquisar sobre preços e serviços antes da Black Friday — em 57% dos casos, essa antecedência chega a ser de 2 meses.
Nesse período, com a escuta social, conseguimos coletar o que as pessoas esperam ver de promoções das marcas ou, até mesmo, qual expectativa elas possuem para determinados segmentos. A partir de ferramentas e/ou coleta manual de comentários e publicações, dá para tirar insights úteis para as promoções que você quer fazer ou ideias de divulgação que são ideais para o seu tipo de público. E nada melhor que ele mesmo para te dizer como fazer isso!
Copa do Mundo
Um estudo da Meta Foresight, com entrevistas feitas pela Offerwise, mostrou que 73% dos entrevistados pretendem realizar alguma compra durante o campeonato de futebol mais popular do planeta. Sabendo disso, o Social Listening pode ser aplicado para monitorar as redes e retirar oportunidades em tempo real, de pessoas que se manifestam pelo Twitter, pelas hashtags do Instagram ou pelas trends virais do Tik Tok.
É essencial ter um calendário pronto para preparar possíveis ações com antecedência, focando nas maiores ocasiões de consumo. Os dias e horários dos jogos do Brasil, principalmente, são chances para diversos segmentos, como por exemplo de alimentos e bebidas, bem como todo o período é propício para a venda de resfriadores (como ventilador e ar condicionado), visto que pela primeira vez a Copa vai acontecer durante o verão.
Ficar de olhos abertos para realizar esse tipo de coleta quantitativa nos permite conversar diretamente com as necessidades do momento e trazer insumos reais para a estratégia.
Natal
A Copa acaba no dia 18 de Dezembro, exatamente uma semana antes do Natal, mas, segundo pesquisa do Google mencionada no episódio 29 do Podcast Commerce Connections On Air, é uma tendência dos brasileiros abandonarem o acompanhamento dos jogos se o Brasil for eliminado. É importante, portanto, as marcas já terem um plano A e um plano B, dependendo dos resultados e das movimentações nas redes sociais durante o campeonato, para as Campanhas de Natal conseguirem surfar no calendário do brasileiro.
Mais uma vez, aqui o Social Listening pode ser o seu melhor amigo, a partir dos relatórios e estudos gerados durante e pós Black Friday e Copa do Mundo. Com ele, o Natal será a cereja do bolo das sazonalidades, capaz de servir como celebração pós Copa ou mesmo a cura da ressaca do resultado negativo (que esperamos, claro, que não seja esse o caso).
Não se esqueça de que, para tirar o maior proveito da escuta social, é preciso realizá-la com objetivos claros em mente. Qual a relação que sua marca está tentando estabelecer com o público? Quais posicionamentos devem ser transmitidos? Ouvir o que os outros têm a dizer significa, também, descobrir se estão entendendo o que você tem a dizer.
O Social Listening tem potencial para tornar as estratégias de marketing digital muito mais assertivas e estamos nos aproximando de um momento crucial para aproveitá-lo ao máximo. Não deixe de fazer esse gol!
*Beatriz Marques Simarro – Analista de mídias sociais e especialista em Social Intelligence na Raccoon.Monks,
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5 ensinamentos de gamers para profissionais de marketing

Pensar em produção de conteúdo e ignorar o universo dos jogos é impensável no ramo do marketing. Primeiramente, esse é o segmento mais popular de plataformas do porte de YouTube e Twitch. Além disso, os streamers e jogos têm penetração também razoável nas comunicações por Instagram, TikTok, X…
Mas, muito mais do que a pesquisa de tendências temáticas, gamers têm ensinamentos úteis para apresentar a profissionais de marketing.
Personalidade como persuasão
Confiança é fundamental para persuasão – na vida em geral e na venda de produtos. Uma marca de VPN de jogos venderá facilmente seu serviço para proteger jogadores assim que se fizer entender como fundamental para a segurança e confiável. Porém, nem todos anúncios conseguem ter o mesmo apelo e urgência. Pior ainda, a maioria sequer consegue atrair a atenção dos consumidores.
Uma peculiaridade do mundo dos jogos é a fronteira que se borra entre anúncios e entretenimento. Frequentemente, a melhor maneira de apelar à atenção de jogadores é por meio da personalidade individual de outro jogador numa rede social.
Útil para o marketing de influenciadores e afiliados, encontrar personalidades fortes e “calibradas” com o consumidor fará consumidores esquecerem que alguém tenta vender algo a eles. Em vez disso, o foco ficará na utilidade, na descontração e na identificação com a mensagem ou interação.
O poder monumental de vídeos concisos
As plataformas digitais de vídeos são os atuais canais de preferência do público e a distribuição de conteúdo nelas é cada vez mais imediata e breve. O paradoxo aparente do mundo dos jogos é a coexistência de bem-sucedidos vídeos com horas de duração de gameplay com fragmentos de poucos segundos de TikTok e Instagram.
De fato, os streamers de jogos vêm aperfeiçoando, com pioneirismo, a maneira de explorar os vídeos curtos como uma maneira de veicular os destaques de longas sessões gravadas. A capacidade de entender os atributos fundamentais para cada canal (com ênfase breve ou longa) e saber entregar somente o essencial para cativar uma audiência é uma fonte de aprendizados indubitável.
Inspiração para storytelling original
As possibilidades interativas abrangentes de videogames já foram longamente discutidas por artistas e acadêmicos. A discussão sobre jogos como forma de arte é uma que ensaia sumir de vista, mas por vezes retorna à atenção pública.
Qualquer que seja o juízo sobre essa questão, a imersividade das plataformas e as muitas formas de se situar numa narrativa nelas deveriam ser fonte de inspiração para profissionais de marketing. Os ambientes virtuais são cada vez mais presentes e complexos para além do universos dos jogos, sercindo à comunicação diária e à fruição de experiências. Como resultado, abrem-se portas para campanhas mais complexas e interessantes do ponto de vista da elaboração de narrativas.
Comunidade poderosa de consumidores
A capacidade de mobilização de certas comunidades de jogadores certamente não tem precedentes no mundo. De milhares a milhões de pessoas se comunicando e fazendo exigências em tempo real com uma intensidade de dar inveja, por exemplo, a muitos regimes com democracia participativa.
Marcas dispõem do gerente de comunidades, que ajuda a captar as necessidades e interesses de consumidores, representando-os de certa forma… Porém, raramente com a capacidade gerar um feedback tão poderoso, ágil e definitivo quanto o das comunidades jogadoras. Foi por causa dessa potência que grandes empresas conseguiram transformar o cerne de seu negócio de “jogo como produto” a “jogo como serviço”.
É claro que não existe uma fórmula para alcançar essa capacidade de sintonia e articulação. Mas é invejável e há muito a aprender na maneira como grandes franquias de jogos são capazes de adequar o desenho de personagens, NFTs, itens de jogo, loot boxes e outros elementos de seus principais títulos às demandas coletivas de consumidores.
Meio de conexão abrangente
Já foi comentado neste artigo sobre o entrelaçamento de persuasão publicitária e entretenimento. Certos conteúdos propiciam vendas de maneira não apenas natural e útil, mas também divertida.
Essa capacidade de entreter e envolver comunidades de consumidores conectam a marca a quem as consome. É uma comunicação da proposta de valor que dá certo.
Jogos frequentemente têm a capacidade diferencial de gerar não apenas a conexão entre marca e consumidor, mas de facilitar uma comunicação entre consumidor e outro consumidor. A representação virtual e as possibilidades de mundos de fantasia abrem portas para uma conectividade universal difícil de emular naturalmente na publicidade – ou em qualquer área do mundo real, francamente.
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Mobilidade no automotivo: inovação, diálogo e cultura

*Everton Santos
Cada vez mais o novo se conecta com consumidores e profissionais do ramo da mobilidade. A mudança dos tempos e as formas de absorver informações e novidades impulsionam este movimento, afinal, está atrelado a um entendimento dessa evolução e do que o consumidor e o mercado realmente desejam.
E isto impacta também o mercado de eventos, é claro. O modelo ‘Salão do Automóvel’, por exemplo, como nos acostumamos a ver, está oficialmente ultrapassado. Um evento de lançamentos já não faz sentido, uma vez que na realidade das redes sociais a velocidade com que as inovações chegam ao público é outra.
Por que então as montadoras ainda investem alto em montagem e logística para ter um engajamento que não se paga?
De Frankfurt para Munique, em 2021, o IAA Mobility passou a questionar formatos e criou dois momentos distintos para o modelo. O primeiro, B2B, em espaço restrito, afastado do centro da cidade, que responde ao lado dos negócios, mais tradicional e com tecnologia e inovação em um alto patamar de importância. A abertura de diálogo se fez presente: não bastava falar de carros, mas de mobilidade e integração. Até aí, à parte do conteúdo e da presença massiva das marcas chinesas, nada muito revolucionário.
Já no segundo momento, quando o assunto é experiência, tudo muda: um evento aberto, ocupando o espaço público, integrando ruas, praças e locais históricos, atendendo todos os públicos de maneira orgânica. Cidades inteligentes, transporte público, micromobilidade, sustentabilidade e, é claro, a integração entre todas estas formas de se locomover. E, por meio destes conceitos, apresentar soluções como empresas. Independentemente do tamanho do negócio e a sua história, inovar é preciso, e isso traz o jogo da competitividade para um novo nível.
Uma cidade respirando um evento, que fala e demonstra os caminhos do futuro. O uso do patinete elétrico, circulando em meio às bicicletas, do sistema público de transporte e do transfer, não fazendo mais sentido alugar um carro.
As diversas formas de locomoção fazendo parte deste ambiente automotivo por essência, pensando acima de tudo nas pessoas, em um evento aberto ao público e no centro da cidade. Isso mesmo, gratuito, inclusive para qualquer test drive e atividade. Aí está o grande game changer, não adianta em nada o evento ter um discurso democrático e construir muros e barreiras diante do público: tem que fazer sentido.
Água, suco, pontos de hidratação gratuitos, espaços de convivência, interações tecnológicas, sinalizações por toda a cidade e inclusão para pessoas com deficiências visuais e de locomoção reduzida. Seguindo pela cidade, guiados por um APP, visitando espaços, agendando experiências que depois seriam avisadas pelo celular e aproveitando o dia.
O analógico e o digital em constante harmonia: de uma partida de pebolim a uma viagem em realidade virtual, fazendo grandes caminhadas e contemplando a cidade e as instalações, ou assistindo a uma projeção 3D.
Um encontro, de fato, democrático, onde não existem espaços VIPs ou preferências de públicos na hora de vivenciar uma experiência, com estruturas bem abertas e, nos locais fechados, as sinalizações de entrada livre. Para expandir essa ideia, públicos de todas as idades e até os pets bem-vindos, com atividades pensadas exclusivamente para eles.
Invado o terreno do óbvio ao falar que, na Europa, e mais em específico na Alemanha, o carro 100% elétrico já é uma realidade. Mas se falamos em sistema integrado, ressalto a possibilidade de, no Brasil, mesmo com carros híbridos, sermos mais sustentáveis do que no Velho Continente.
Que experiência transformadora aprender sobre o futuro do segmento e poder entrar e interagir com automóveis e tecnologias que vão transformar o mercado! A integração de recursos e de uma consciência ESG desde a sua essência deve considerar a matriz energética que alimenta a circulação destes veículos também. É sobre inovação, diálogo e cultura. É sobre pessoas.
*Everton Santana – Head de cenografia da agência Netza