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Alexis Pagliarini

ESG 2.0: Eventos mais conscientes, estratégicos e alinhados com o futuro

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Por Alexis Pagliarini

Muito se fala em ESG no mundo corporativo, e cada vez mais também no setor de eventos. Mas, no atual momento de amadurecimento do tema, não basta mais dizer que se preocupa com sustentabilidade ou que fez uma ação pontual de responsabilidade social. A nova fase, que chamamos de ESG 2.0, exige que esses princípios estejam incorporados ao próprio DNA do evento — desde o planejamento até a desmontagem.

ESG 2.0 aplicado a eventos: o que muda na prática

A diferença entre ESG 1.0 e 2.0 é essencialmente a profundidade e a intencionalidade. Se na fase inicial falávamos em “ações ESG”, agora falamos em eventos pensados com lógica ESG desde a origem. Isso envolve:

1. Meio Ambiente: da pegada de carbono ao fim do resíduo

Pegada de CO₂: Compensar emissões, sim, mas eventos ESG 2.0 vão além: avaliam o impacto da mobilidade de participantes e fornecedores desde o início, buscando reduzir o impacto antes de compensar.
Cenografia e estandes: A busca agora é por uma solução com o mínimo de resíduo possível. Avalia-se também o ciclo de vida dos materiais usados. Há um movimento para reutilização de estruturas, uso de materiais recicláveis e desmontagem responsável.
Gestão de resíduos: Planejamento prévio para minimizar lixo, com ações concretas para reciclagem, compostagem e logística reversa. Eliminar embalagens de uso único, como garrafas de água em plástico descartável.

2. Social: inclusão real, dentro e fora dos palcos

Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I): A presença de diversidade nos palcos, nos painéis e na comunicação já é esperada. No ESG 2.0, espera-se também diversidade na equipe de produção, nos fornecedores e no atendimento ao público.
Acessibilidade: Mais do que rampas ou tradução em libras, trata-se de desenhar o evento com uma visão universal, respeitosa e empática. Eventos precisam ser realmente inclusivos para PCDs, desde o site de inscrição até os banheiros do local.
Impacto social local: Considerar formas de gerar renda ou valor social para a comunidade local, seja por contratação de mão de obra, inclusão de empreendedores locais ou parcerias com ONGs.

3. Governança: respeito, contratos e transparência

Relações formalizadas: ESG 2.0 exige ética nas relações comerciais, com contratos claros e práticas justas com fornecedores, artistas, prestadores de serviço e patrocinadores.
Compliance e prestação de contas: A governança nos eventos inclui desde seleção ética de fornecedores até a transparência com patrocinadores e respeito aos compromissos firmados com o público.
Segurança e bem-estar: Governança também é cuidar da integridade física, emocional e psicológica de todos os envolvidos.

Do evento ao legado

Eventos são, por natureza, efêmeros. Mas um evento bem planejado com critérios ESG 2.0 deixa um legado duradouro. Seja por gerar impacto positivo na comunidade, inspirar mudanças em marcas participantes ou educar o público, o evento torna-se um agente de transformação.

Conclusão

Incorporar ESG 2.0 à organização de eventos não é mais uma questão de escolha, mas de atualização e responsabilidade. Empresas, marcas e organizadores que realmente desejam se destacar e se manter relevantes precisam ir além do discurso. Precisam integrar o ESG à espinha dorsal de cada evento, entendendo que fazer o certo não é apenas ético — é estratégico.

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Alexis Pagliarini

Equilíbrio entre high tech e high touch

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Por Alexis Pagliarini

No mês passado, estive mais uma vez na minha querida Bahia, onde atuei como curador e palestrante no ENAPRO – Encontro das Agências de Propaganda. O evento, organizado pelo Sinapro Bahia, atraiu mais de 300 participantes para dois dias de conteúdo intenso, embaixo do guarda-chuva temático De Humanos para Humanos. A mim coube, além da curadoria do evento, realizar a palestra de abertura – O Fator Humano – e uma apresentação sobre o Cannes Lions Festival 2025 tendências, insights e cases vencedores. Como não poderia deixar de ser, a IA esteve presente em diversas palestras. Mas, como contraponto, o conteúdo esteve recheado de valores humanos também.

Quero então dividir com vocês minhas impressões pós-evento. Antes de mais nada, impressiona a velocidade com que as agências e as empresas, em geral, estão se alinhando à IA, para otimizar sua operação. Enquanto as big techs e os mega players internacionais apostam uma corrida desenfreada para liderar o processo, as empresas vão adotando o que já existe com rapidez e eficácia. Vimos apresentações impressionantes de Eco Moliterno e Lucas Reis, demonstrando a aplicação da IA das mais diferentes formas. Apresentações com um conteúdo de nos deixar boquiabertos com a evolução da IA em tão pouco tempo.

Por outro lado, vimos apresentações igualmente ricas fazendo o contraponto do fator humano no processo. Nina Campos nos emociona com sua humana e divertida apresentação, Ju Monte também fez uma rica apresentação nesse sentido, além de Lucas Freire, com sua sensacional apresentação musical. E para fechar o evento, Hugo Rodrigues colocou no seu caldeirão todos esses ingredientes, nos passando sua visão madura e experiente sobre o papel de cada um de nós no meio disso tudo.

Tenho certeza de que o evento – e seu rico conteúdo – ficará na memória dos publicitários e players da indústria criativa presentes. No meio daquele ambiente high tech, tivemos momentos high touch, com emocionantes apresentações de corais ligados a instituições beneficentes da Bahia. Um deles, envolvendo jovens da comunidade da Paz, de Salvador, me levou às lágrimas. Ver a performance de jovens carentes com tanta qualidade é realmente tocante. E é isso que quero destacar neste meu texto: a importância do fator humano nessa panaceia que se tornou a IA. Máquinas não se emocionam. Máquinas não são intuitivas, não têm o tal sexto sentido. Elas só fazem o que comandamos. E a IA trouxe um nível de agilidade e precisão nessa elaboração de textos, imagens, vídeos, fórmulas, processos e gestão de informação como nunca tivemos. É ridículo resistir a esse tsunami tecnológico. Assim como outras ferramentas que surgiram ao longo do tempo, devemos entende-las e usá-las da melhor maneira possível, sob o risco de perder produtividade para concorrentes que já o fazem.

Dias depois da Bahia, fui para Natal/ RN, para outro evento: o Midia Talks, organizado pela MidiaCom RN e o Sinapro RN. E, além das principais emissoras de televisão e rádio, Rapha Borges, founder da Tiger.ai, e eu compusemos o conteúdo do evento, voltado ao trade de comunicação do RN. Eu apresentei o Cannes Lions Roadshow e Raphaconduziu a apresentação CrIAtividade para Humanos. Ops! Olha os humanos aí outra vez. E o Rapha deu um banho de conhecimento sobre o uso da criatividade em tempos de IA. A sua recém criada Tiger tem uma proposta de uso de IA absolutamente disruptiva, com o uso de agentes em todas as etapas do processo de desenvolvimento de campanhas e ações de comunicação.

Impressionante! Mas lá estava o fator humano! Rapha minimiza o poder da IA. “É apenas mais uma ferramenta”, diz. Uma ferramenta poderosa e disruptiva, sim. Mas à disposição de humanos. Humanos que atuam como curadores de todo o processo criativo. Deixando a máquina fazer o trabalho pesado da execução. Não devemos temer essa evolução, mas tirar o máximo proveito dela, sem perder o nosso lado humano.

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Alexis Pagliarini

O mundo VUCA do live marketing e eventos

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Por Alexis Pagliarini

O conceito de VUCA — que descreve a Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade do mundo atual — ganhou notória relevância no cenário político e econômico global. Se, em um contexto macro, ele orienta a resiliência estratégica de empresas frente a instabilidades, no mercado de Live Marketing e Eventos, o VUCA se manifesta de forma visceral, especialmente ao observarmos as rápidas e radicais mudanças nos formatos de entrega.

A pandemia de COVID-19 serviu como um acelerador brutal de tendências, introduzindo e massificando os eventos virtuais e, posteriormente, os híbridos. Vimos a criação acelerada de plataformas e o boom de empresas de tecnologia dedicadas a esse novo formato. Contudo, em um movimento que capta perfeitamente a essência da Volatilidade e da Incerteza do VUCA, a retomada do “normal” desvendou um apego inegável e a maior relevância dos encontros presenciais.

Essa dinâmica reflete os componentes do acrônimo:

Volatilidade (V) na Escolha do Formato: A migração quase total para o virtual durante a crise e o retorno contundente ao presencial mostram a velocidade e a natureza inesperada das mudanças no mercado. O que era solução de sobrevivência se tornou, em muitos casos, um nicho mais restrito a eventos técnicos, provando que o mercado de experiências ao vivo exige uma agilidade de adaptação constante.
Incerteza (U) no Retorno da Experiência: Por um período, a indústria questionou se o presencial voltaria com a mesma força. Essa incerteza reforça a necessidade de transparência e de uma boa governança na gestão de expectativas de stakeholders. No Live Marketing, isso se traduz em planos de contingência robustos e comunicação clara sobre a segurança e o valor da experiência oferecida.
Complexidade (C) da Integração Híbrida: O formato híbrido, que parecia ser a solução definitiva para unir alcance e experiência, trouxe consigo a complexidade de gerenciar a entrega de valor simultânea para o público físico e virtual. Trata-se de uma interconexão intrincada de variáveis (tecnologia, conteúdo, engajamento) onde uma falha afeta todo o sistema. Sem falar no custo adicional de se estabelecer uma plataforma virtual, além da organização presencial.
Ambiguidade (A) no Valor Percebido: A percepção de valor entre o evento virtual e o presencial se mantém ambígua. Enquanto a tecnologia democratiza o acesso e reduz custos logísticos, a experiência sensorial e o networking do evento presencial continuam sendo um diferencial competitivo insubstituível. As organizações precisam adotar princípios que transcendam políticas locais ou modismos, focando em princípios de valor duradouros.

A Bússola do Pragmatismo e Visão de Longo Prazo

Para navegar neste cenário VUCA do Live Marketing, as empresas de eventos e agências de comunicação devem adotar uma abordagem pragmática e de visão de longo prazo, buscando a Resiliência Estratégica e a Inovação Sustentável:

1. Resiliência no Planejamento: É fundamental que as agências se preparem para operar em diferentes cenários de formato (presencial, híbrido, virtual). Isso significa manter planos de ação flexíveis, que possam ser implementados rapidamente a depender das circunstâncias.
2. Inovação Adaptativa: A aposta deve ser em soluções que promovam experiências singulares em qualquer formato. A tecnologia não deve ser um substituto, mas um potencializador da experiência.
3. Foco no Core Value: O valor fundamental do Live Marketing é criar conexões humanas e experiências memoráveis. É preciso engajar clientes e investidores, mostrando os benefícios — reputacionais e de conexão — de um evento bem executado, independentemente de ser online ou offline.

No mundo VUCA, o sucesso no mercado de eventos reside na capacidade de aceitar que a única constante é a mudança. Sobreviver e crescer exigirá não apenas ética e foco no cliente, mas também uma agilidade contínua para pivotar entre formatos, garantindo que o evento continue sendo uma ferramenta estratégica poderosa e um campo vasto para a geração de novos negócios.

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