Naty Sanches
Do passivo para o ativo: a assessoria de imprensa não morreu
Por Nathália Sanches
Verdade seja dita: em algum momento você já se questionou ou foi questionado se a assessoria de imprensa morreu. Talvez a gente possa dizer que a forma tradicional ancorada no press release até tenha feito sua passagem (exceção feita à fontes oficiais de informações, como governos e ministérios). Mas, o que não fez algum tipo de passagem nos últimos tempos de transformação digital?
O acesso às novas tecnologias não apenas permitiu, mas também exigiu a atualização de processos. E a assessoria de imprensa não ficou para trás, adaptando-se e renovando sua forma de atuação. Isso porque, seu objetivo principal não mudou. Nós, assessores de imprensa, trabalhamos incansavelmente para colocar o cliente em evidência na mídia, buscando oportunidades de divulgação espontânea com foco em gerar maior credibilidade e ampliação do alcance da marca. Já a tal da mídia nunca esteve tão mudada!
O que é a assessoria de imprensa?
A assessoria de imprensa é uma estratégia que há muito tempo se solidificou no mercado e é amplamente utilizada por grandes marcas em todo o mundo para auxiliar empresas na divulgação de seus produtos, serviços e iniciativas para diversos meios de comunicação, tais como sites, televisão, jornais impressos e outros.
Nesse contexto, o trabalho dos assessores de imprensa consiste em atrair a atenção do público-alvo por meio de divulgações nos canais de comunicação, sem que isso envolva custos diretos para a empresa, o que difere esta prática da publicidade.
Dessa maneira, à medida que a empresa conquista espaço nos veículos de mídia, ela gradualmente se estabelece como uma autoridade em sua área de atuação, conquistando uma visibilidade crescente de forma orgânica.
Portanto, é responsabilidade do assessor de imprensa estabelecer e manter um relacionamento sólido e contínuo entre a empresa e a imprensa, facilitando a divulgação eficaz de informações relevantes e contribuindo para a construção da reputação da marca.
Quais são as responsabilidades de uma assessoria de imprensa?
Se você lidera uma equipe ou gerencia uma agência de marketing e acredita que uma assessoria de imprensa não é necessária, é importante destacar que ambos os serviços desempenham funções distintas.
Um assessor de imprensa tem a tarefa de estabelecer relações sólidas com os meios de comunicação, garantindo que seu cliente esteja sempre disponível para entrevistas ou coberturas jornalísticas. Outra função crucial da assessoria de imprensa é auxiliar o cliente a interagir com a imprensa, orientando-o sobre como se comunicar, posicionar-se e lidar com possíveis críticas ou crises. O objetivo é sempre proteger e promover a melhor imagem possível da empresa.
Após a divulgação das notícias da empresa, a assessoria de imprensa também é responsável por criar um clipping que reúne tudo o que foi publicado na mídia sobre o cliente, incluindo cobertura em mídia local, regional, nacional e estadual.
Além disso, a assessoria de imprensa desempenha um papel crucial no levantamento e planejamento de tópicos que têm potencial para se tornarem notícias na mídia, assim como na estratégia de distribuição. E é exatamente neste quesito que a disciplina tem se reinventado.
Assessoria de imprensa moderna
A assessoria de imprensa ganhou ares de criatividade, inovação e tecnologia. Com a introdução de novos recursos, a disciplina adquiriu a capacidade de compreender de maneira minuciosa o perfil do público do seu cliente, obtendo um entendimento profundo das suas necessidades e das suas dores. Isso resultou em insights valiosos sobre tópicos que têm o potencial de gerar grande repercussão na mídia.
Na prática, isso significa sair do lugar passivo de como comunicar apenas o que a marca quer falar para uma atuação ativa que busca maneiras de fazer parte das conversas geradas pela comunidade que se pretende atingir para disseminar as mensagens desejadas pelo cliente.
O principal segredo para isso está em uma prática que chamamos de escuta ativa. Ou seja, cruzar informações de diferentes fontes (trending topics nas redes sociais e comportamentos que nascem daí, acontecimentos factuais e efemérides, feedbacks gerados pelos consumidores quanto à marca, produto ou serviço em questão) e analisá-los a partir de diferentes contextos e pontos de vista para encontrar formatos e espaços pouco explorados ou disputados.
É isso que faz, hoje, a assessoria de imprensa se distanciar do que já foi um dia e se aproximar do lugar estratégico da atualidade! Se você ainda acha que a assessoria de imprensa morreu, minha agenda está aberta para um café, um bate-papo e razões infinitas pelas quais precisamos parar de “matar” disciplinas para co-criar estratégias eficientes, que usam as ferramentas atuais.
Naty Sanches
Quando os fãs se tornam criadores: a ascensão do Fandom na cocriação de conteúdo para marcas
Por Naty Sanches
Nos últimos anos, o relacionamento entre marcas e consumidores evoluiu de maneira inédita, trazendo uma dinâmica de colaboração que redefine o papel dos fãs no universo do marketing. Hoje, os admiradores não apenas recebem passivamente as mensagens das marcas, mas também criam e participam das narrativas, ajudando a construir uma imagem coletiva. Em uma era em que as redes sociais dão voz a todos, o fandom — o universo dedicado de tietes de uma marca, tema ou produto — assume o papel de protagonista, e as empresas estão reconhecendo o valor dessa parceria.
Essa cocriação tem gerado resultados interessantes. Estudos mostram que marcas que envolvem seus fãs no processo de criação têm 2,6 vezes mais chances de estabelecer conexões duradouras com seu público, segundo pesquisa da plataforma HubSpot. O impacto se traduz em campanhas que geram, em média, 28% mais interações que campanhas tradicionais, como revela a consultoria Sprout Social. No Brasil, um mercado conectado e engajado, a maioria dos consumidores (67%) interage com as marcas pelas redes sociais, onde se sentem empoderados para expressar sua paixão e participar da construção de conteúdo. Esse cenário cria um ecossistema dinâmico, onde o fandom atua como um verdadeiro embaixador, espalhando a marca para novas audiências e agregando valor com uma autenticidade difícil de reproduzir em estratégias de marketing convencionais.
Acredito que o principal benefício dessa relação é a autenticidade. Conteúdos criados por fãs trazem uma visão pessoal, o que tende a gerar uma conexão de confiança com outros consumidores, que veem a marca pelos olhos de quem realmente a admira. Esse conteúdo espontâneo também ajuda a ampliar o alcance de forma orgânica, atingindo públicos que muitas vezes não seriam impactados por campanhas tradicionais. A criatividade é mais uma vantagem: os fãs conhecem intimamente o produto ou serviço e, com frequência, criam abordagens únicas e inspiradoras que oferecem novas ideias às equipes de comunicação. Quem nunca viu um admirador ferrenho nas redes sociais?
Contudo, o caminho da cocriação nem sempre é simples. Fãs dedicados são naturalmente apaixonados, mas também exigentes e críticos, especialmente se perceberem que estão sendo usados sem reconhecimento. Para evitar conflitos, é importante que a marca incentive a criação genuína, sem distorcer a visão dos fãs ou tentar moldá-los a qualquer custo. Limites claros sobre o tipo de conteúdo que será promovido ajudam a manter a coerência da marca sem tolher a liberdade criativa dos fãs. Além disso, é necessário reconhecer o esforço desses cocriadores, que dedicam muitas vezes horas de trabalho a criações com uma qualidade surpreendente. Recompensá-los, seja com visibilidade ou benefício especial, fortalece o relacionamento e solidifica essa parceria.
Outro ponto importante é proteger a propriedade intelectual sem desestimular a cocriação. Respeitar o equilíbrio entre incentivar os fãs e manter a identidade da marca assegura um ambiente seguro e colaborativo. Assim, a relação com o fandom pode ser cultivada de forma saudável e com respeito mútuo, garantindo que os conteúdos criados por fãs fortaleçam a imagem da marca e agreguem valor.
Ao abrir espaço para a colaboração, as marcas ganham mais do que uma boa campanha. Elas ganham comunidades vivas e interativas, formadas por consumidores apaixonados que querem fazer parte de sua jornada. Na comunicação, entender esse fenômeno significa não apenas se manter relevante, mas também construir uma marca que respira autenticidade. No fim, quem abraça o fandom como parceiro cocriador tem mais do que clientes; tem uma rede de apoio e criatividade que torna a marca única.
Naty Sanches
Compartilhando experiências
por Naty Sanches
Em tempos em que a comunicação evolui de forma veloz e as mensagens precisam ser transmitidas com precisão e estratégia, o trabalho da assessoria de imprensa se torna mais relevante do que nunca. Recentemente, tive a oportunidade de compartilhar um pouco dessa experiência com uma turma de Relações Públicas no Centro Universitário Belas Artes, e a conversa foi muito além das técnicas tradicionais. Foi um momento para refletir sobre o que move essa profissão e como podemos impactar as próximas gerações de comunicadores.
Cheguei um pouco depois do início da aula, acompanhada de duas analistas da equipe. Comecei contando o que considero ainda mais essencial do que qualquer técnica: o amor pelo que fazemos. Em um campo como o nosso, é preciso mais do que habilidades – é necessário paixão e felicidade na escolha da carreira.
Após essa introdução mais pessoal, me apresentei e compartilhei um pouco da minha trajetória. Momentos como esse são importantes, não apenas para quem ouve, mas também para quem fala. Contar sua história te faz revisitar conquistas, desafios e aprendizados. Além disso, é uma grande satisfação perceber que jovens estão interessados em ouvir e se inspirar. Saber que sua experiência pode contribuir para o caminho profissional de alguém é uma das maiores recompensas dessa troca.
Durante a conversa, compartilhei cases e histórias reais do dia a dia da assessoria de imprensa, e abrimos o espaço para perguntas. Uma das questões que surgiu foi sobre o relacionamento interno da equipe: “Vocês se ajudam? Conhecem todos os clientes que atendem?” Esse tipo de pergunta revela o interesse em entender também sobre a cultura organizacional. Deixei as analistas responderem, e elas destacaram um ponto essencial: nossa equipe trabalha de forma colaborativa.
Não apenas sabemos quem são todos os clientes, mas também compartilhamos ideias, sugestões e soluções. A troca constante faz parte do nosso DNA. Isso, sem dúvida, é um dos diferenciais da nossa atuação. Elas também tiveram a oportunidade de compartilhar suas experiências. Ouvir como cada uma lida com as atividades e celebram as próprias conquistas em suas respectivas funções, o que adicionou uma dimensão prática à nossa conversa.
Certamente, no trabalho de assessoria de imprensa, assim como em qualquer outra área, os resultados são fundamentais. Trabalhamos com construção de imagem e precisamos apresentar números consistentes mês a mês. No entanto, defendo que mais do que números, o verdadeiro valor está em um resultado construído com estratégia, em que cada palavra e cada ação foram cuidadosamente planejadas para alcançar o efeito desejado. Isso é o que realmente faz a diferença.
Durante o papo, discutimos também o papel do assessor de imprensa e as estratégias que utilizamos no dia a dia. Um dos meus mantras na agência é que manter um bom relacionamento com jornalistas é essencial, assim como personalizar as pautas e conhecer profundamente o trabalho das editorias para as quais sugerimos nossos materiais. Não adianta enviar releases genéricos, é preciso construir algo que ressoe com o veículo e seu público.
Além dessa experiência na Belas Artes, quero destacar também outro momento, que para quem trabalha com assessoria de imprensa foi importante. Recentemente, a equipe participou do Summit Press Officer, um evento voltado para o dia a dia de quem trabalha na área. Entre os tópicos discutidos no evento, destacaram-se a construção de relações de confiança e credibilidade com jornalistas e a importância de criar pautas diferenciadas, que tenham dados, relevância. Dicas para elaboração dos conteúdos, que realmente capturem a atenção da mídia e agreguem valor tanto para os veículos quanto para os clientes.
Além das lições aprendidas no evento e em sala de aula, enxergo nosso trabalho como uma jornada contínua de aprendizado. Não há fórmulas mágicas para o sucesso. O verdadeiro diferencial está em quem se dedica a aprender constantemente, em quem se mantém atento às mudanças e às novas tendências do mercado.