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ONU diz que representatividade na propaganda ainda está longe do ideal

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O cenário de polarização e a legitimação de discursos que diminuem, desvalorizam e esvaziam pautas identitárias, de raça e de gênero se refletem na publicidade. É o que mostra a 9ª onda da pesquisa TODXS, um estudo desenvolvido pela ONU Mulheres e pela Heads Propaganda, viabilizado pela Aliança Sem Estereótipos, movimento que visa conscientizar anunciantes, agências e a indústria da propaganda em geral sobre a importância de eliminar os estereótipos nas campanhas publicitárias.

Desde a primeira edição do estudo da ONU Mulheres em 2015 até agora, já foram avaliadas 22.253 inserções de comerciais de televisão e 5.769 posts no Facebook. Se havia um movimento para que essa comunicação das marcas pudesse desconstruir imagens e padrões que estimulam violências físicas, simbólicas ou morais, o momento atual é de retrocesso e estagnação.

O levantamento tradicionalmente mapeia como gênero e raça são representados pela publicidade brasileira e este ano traz dados inéditos sobre a representação de novos públicos – os LGBTQIA+, PCD (pessoas com deficiência) e maduro 60+. Em cada onda – são lançadas duas por ano – o estudo coleta comerciais de TV durante sete dias corridos nos canais de televisão aberta e fechada de maior audiência (respectivamente Globo e Megapix). A partir das marcas observadas pela ONU são coletadas publicações de Facebook no mesmo período. Os comerciais e posts analisados na 9ª onda foram extraídos entre 15 e 21 de fevereiro deste ano.

Outra novidade foi a análise de sete dias de comerciais veiculados no canal Discovery Kidsa fim de analisar o que tem sido entregue para as crianças. Na 8ª onda já havia sido feito um projeto piloto com três dias de análise do canal infantil.

No geral, hoje temos mais conteúdos que empoderam do que conteúdos que estereotipam as pessoas. Desde 2015, quando o estudo TODXS da ONU Mulheres foi apresentado pela primeira vez, a presença de pessoas negras e fora do padrão de beleza do senso comum em peças publicitárias cresceu consideravelmente, mas ainda está muito longe do ideal, alerta o estudo.

Para Joanna Monteiro, eleita uma das mulheres mais criativa do mundo pelo site de notícias americano Business Insider e chief creative officer da Heads, a publicidade tem papel fundamental na desconstrução de preconceitos. “É também a partir da forma como as pessoas são representadas em filmes e peças publicitárias que se constrói o imaginário coletivo: ele pode ser raso e cheio de estereótipos ou trazer representatividade de verdade. Essa discussão é urgente”, diz. 

Resultados TODXS (ONU Mulheres e Heads)

A presença de homens negros em situações de protagonismo na TV, por exemplo, caiu de 22% para 7%. Já a presença de mulheres negras aumentou cinco pontos percentuais em relação à onda anterior, mas continua sem ultrapassar os 25% – pico alcançado na 7ª onda do estudo (julho 2018). Segundo o estudo da ONU, as mulheres brancas ainda representam 74% das personagens protagonistasHomens e mulheres negros aparecem mais como coadjuvante e ainda assim, com uma presença muito inferior se comparada aos brancos.

Há um dado isolado, porém, discrepante com a visão geral – no Facebook, a representação de mulheres negras atingiu seu maior pico dentre todas as ondas – 35%. Segundo a coordenadora da pesquisa, Isabel Aquino, antes de celebrar o número é preciso ter cautela.  “Pode ser que as marcas se sintam mais à vontade de trabalhar castings diversos no Facebook por sentirem que ali é um ambiente menos conservador que a TV, mas é necessário observar as próximas ondas para confirmar uma real evolução”, explica.

Isabel ressalta que há um certo comodismo da indústria de comunicação, que precisa ser confrontado, sobretudo em comerciais que têm homens e mulheres protagonistas e mais pessoas envolvidas em cena – apresentando a diversidade de forma óbvia em 92% dos casos.

“Em comerciais com vários protagonistas, é mais fácil legitimar a diversidade, mas também é mais difícil trabalhar individualidade, aprofundar a personalidade. Não acho que esse tipo de representação seja necessariamente ruim, mas o fato de negros aparecerem em maior quantidade nesse tipo de peça, é sem dúvida uma sombra do racismo e da incapacidade do mercado de criar narrativas interessantes e exclusivas para personagens negros ou outros grupos minorizados”, avalia a pesquisadora.

Padrão de beleza não mudou

As mulheres que mais aparecem nas peças são brancas, jovens, magras, com curvas, cabelos lisos e castanhos. Os homens são brancos, fortes, com músculos torneados, cabelos lisos e castanhos. Essas caracterizações aparecem em mais de 60% das peças, tanto na TV quanto no Facebook e demonstram a dificuldade da indústria de comunicação em romper padrões.

Entre os dados que nos surpreendem positivamente está o crescimento da presença de cabelos cacheados e crespos, o maior desde a primeira onda. Juntos, os cacheados e crespos atingiram 29% das representações entre as mulheres protagonistas. A preferência absoluta ainda é dos lisos, mas antes os cacheados e crespos oscilavam apenas entre 11% e 17%.

Publicidade em cima do muro

Outro resultado que merece destaque é a grande quantidade de comerciais que são caracterizados como neutros, ou seja, não empoderam e nem estereotipam. Eles representam 1/3 de todo o conteúdo analisado e segundo o estudo, são oportunidades perdidas de evolução para um cenário mais igualitário.

Outros públicos: LGBTQIA, PCD e +60

Os dados coletados sobre os novos públicos são alarmantes. O público maduro atinge 12% de representatividade, mas quase sempre com pessoas brancas. “Isso fica ainda mais evidente quando procuramos nos grandes bancos de imagem por ‘mulher negra madura’ – as possibilidades são praticamente inexistentes ou, quando existem, não trazem uma visão empoderada desta mulher”, ressalta Isabel. Já os LGBTQIA são apenas 1,3%, enquanto as pessoas com deficiência encontram apenas 0,8% de representatividade.

Outro ponto sensível e que merece atenção é o tipo de conteúdo que vem sendo produzido para consumo do público infantil. Além dos dados apontarem para uma baixíssima presença de crianças negras como protagonistas (as brancas são 90%), as peças mais estereotipam do que empoderam: meninas aparecem em universos cor de rosa, querendo ser bonitas e competindo entre si, enquanto os meninos são incentivados a estudar e pensar no futuro.

“O que nós, publicitários, estamos fazendo com as crianças? Vai dar muito mais trabalho desconstruir esse imaginário racista e estereotipado no futuro do que fazer as escolhas certas agora. Não estamos prestando atenção à infância e como esses temas estão sendo apresentados a elas”, desabafa Isabel.

Matéria publicada no portal de notícias AdNews. Se quiser mais informações sobre o mundo da publicidade e do marketing acesse: https://adnews.com.br/

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Shell lança campanha que comemora a parceria de 75 anos com a Scuderia Ferrari HP

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A Shell, marca licenciada para a Raízen, celebra os 75 anos da parceria global com a Scuderia Ferrari HP, com um projeto inédito que une emoção, cultura e conexão com o público brasileiro. Criada pela iD\TBWA, a campanha foi gravada em São Paulo, no Palácio Tangará, e reúne os pilotos de Fórmula 1 Lewis Hamilton e Charles Leclerc em uma série de experiências.

O projeto ganhou vida em uma série de conteúdos originais, com participações especiais de Pedro Bial, Fred Bruno e Lázaro Ramos. Mais do que celebrar a parceria entre as marcas, a ação também reforça um dos maiores valores da Shell: a confiança. Presente no Brasil há 112 anos, a marca construiu sua reputação com base em qualidade, inovação e compromisso com o consumidor, princípios que também sustentam suas colaborações globais. Assim como nas pistas, a confiança é o combustível que impulsiona a relação da Shell com o público brasileiro, conectando performance, emoção e credibilidade.

A primeira etapa da campanha estreou na quinta-feira (06/11), com uma entrevista conduzida por Pedro Bial, em uma edição do Conversa com Bial, em parceria com a Globo. Durante a conversa, o piloto revisitou sua trajetória e celebrou a parceria de sucesso entre a Shell e a Scuderia Ferrari HP.

“A campanha traduz o que parceria entre Shell e Scuderia Ferrari HP representa: a união entre tecnologia, performance e emoção. Celebramos um legado de inovação, confiança e conexão nas pistas e nos postos, e são esses os valores que guiam a nossa relação com o consumidor brasileiro há mais de um século”, ressalta Ricardo Berni, CMO da Raízen.

A relação de Hamilton com o Brasil também ganhou um tom leve e divertido em um conteúdo apresentado por Fred Bruno, que convidou fãs a responderem: “O que não pode faltar na casa de um brasileiro?” Mais de 400 respostas renderam uma seleção de ícones da cultura nacional, de filtro de barro a prato duralex, reunidos em um “kit de brasilidade” entregue ao piloto.

Outro momento marcante foi conduzido por Lázaro Ramos, que interagiu com Hamilton e Leclerc em uma série de desafios inspirados na cultura do país, de partidas de futebol de botão a expressões populares. Entre improvisos e risadas, os pilotos mostraram que, dentro ou fora das pistas, o espírito competitivo também combina com a alegria tipicamente brasileira.

Para completar a experiência, a marca promoveu encontros-surpresa entre Hamilton e fãs brasileiros. Convidados a gravar perguntas para o piloto, os fãs acreditavam participar apenas de uma ação digital, até descobrirem que fariam suas perguntas pessoalmente, em um cenário inspirado em um posto Shell.

“Nosso desafio foi transformar uma relação icônica em uma experiência humana e cultural. Essa aproximação com o público brasileiro é fundamental para reforçar a conexão com as marcas quando elas saem das pistas e agregam valor no cotidiano. Com o afeto, o humor e o orgulho que definem a nossa cultura, vamos adicionar ainda mais emoção nesse momento”, afirma Camila Costa, CEO da iD\TBWA.

 

 

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Bradesco celebra 17 anos no Natal Luz de Gramado com ativação inédita e experiências exclusivas

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Em seu 17º ano consecutivo no Natal Luz de Gramado, o Bradesco celebra a 40ª edição do evento com uma ativação inédita e cheia de encanto. Na tradicional Praça Major Nicoletti, anexo a Rua Coberta, o banco apresenta um espaço instagramável de 15 m², concebido em formato de presente natalino e totalmente estruturado em vidro. O ambiente convida o público a registrar momentos especiais e mergulhar no clima mágico da festividade.

Quem visitar o local e compartilhar uma foto nas redes sociais marcando o perfil @bradesco será presenteado com um chocolate Trento, fruto da parceria entre o banco e a marca. Clientes Bradesco que participarem da ação ganham, além do chocolate, uma bola de Natal exclusiva e personalizada com a logo do banco. A ativação acontece de sexta a domingo, a partir das 19h, e excepcionalmente na terça-feira, 25 de dezembro, data de encerramento.

Para ampliar sua presença nas redes sociais, o Bradesco convidou a influenciadora local @ficadicacaxias, que irá produzir conteúdos exclusivos para Instagram e TikTok. Com isso, o público de todo o Brasil poderá acompanhar de perto a experiência e as ações do banco na cidade.

Com o mote “Seu Natal tem essa luz”, a comunicação do Bradesco ganha força com uma atuação estratégica integrada no uso dos veículos e mídias sociais. A campanha inclui peças Out-of-Home em pontos estratégicos de Porto Alegre, reforçando a conexão do banco com um dos eventos natalinos mais tradicionais do país.

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