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O futuro do live marketing: estratégias de influência, tecnologia e ações de ESG estão com tudo em 2024

*Maíra Holtz
Recentemente, o SBT, sob o comando de Patrícia Abravanel, anunciou dois grandes nomes de peso para compor a grade televisiva da emissora. Luccas Neto, o influenciador infantil com mais de 40 milhões de inscritos e 23 bilhões de views, chegou para comandar seu próprio programa. Virginia Fonseca, uma das maiores influenciadoras do país, também foi contratada e ganhará seu próprio programa.
A estratégia da emissora baseia-se não apenas em rejuvenescer sua audiência, mas também em trazer a comunidade de fãs criada pelos dois influenciadores e torná-los um público fiel da casa. Como o SBT fez, o marketing de influência será uma das grandes apostas das marcas para crescer em 2024.
A pesquisa “Dados e Insights de Influencer Marketing no Brasil para 2024”, produzida pela Influency.me, empresa brasileira especializada em marketing de influência, revela que 68% dos anunciantes entrevistados pretende aumentar o investimento nesta área, enquanto 29% planeja mantê-lo e apenas 3% afirma que irá diminuir. O levantamento entrevistou mais de 300 agências, marcas e assessores.
Outros dados exemplificam a tendência. O estudo recém-divulgado pela empresa de pesquisas e marketing PQ Media revela que os investimentos globais em marketing de influência aumentaram em 21,5% em 2022, atingindo a marca de US$ 29 bilhões. A projeção é que esses valores alcancem US$ 34 bilhões neste ano. Assim, a força dos influenciadores é tão grande perante as marcas que já estamos vendo uma tendência inversa, ou seja, eles estão saindo da internet para estrelar campanhas na TV, nas ruas e em todos os lugares onde o público está.
Ao combinarmos live marketing com o marketing de influência, os resultados podem ser incríveis. Além da marca aumentar o engajamento a partir das conexões geradas com o influenciador, ela também proporciona experiências únicas ao seu público. As pessoas que participam de ativações com influenciadores sempre irão se lembrar de quem proporcionou aquilo para elas. E, claro, eles contribuem para a conversão das vendas.
O estudo “Quem te Influencia?”, realizado pela MindMiners e pela Youpix, traz dados inéditos sobre a relação entre consumidores e marketing de influência. O estudo mostra que 6 em cada 10 seguidores já compraram produtos ou serviços recomendados por influenciadores e preferem esse formato para descoberta de produtos.
O futuro está na tecnologia
E, para uma ativação ser certeira, ela deve utilizar os dados disponíveis como aliados. Um estudo conduzido pela Accenture mostrou que mais de 80% dos usuários estão dispostos a compartilhar suas informações, desde que, em retorno, recebam experiências mais personalizadas.
A boa notícia é que a Inteligência Artificial (IA) pode nos ajudar com isso. Através dessa tecnologia, as empresas podem analisar um grande volume de dados em tempo real, possibilitando campanhas personalizadas, atrativas e certeiras para o público-alvo.
Com ativações explorando mais o ambiente virtual, a IA pode ajudar as marcas a criarem experiências imersivas em realidade virtual e aumentada. Além disso, ela auxilia no monitoramento de tendências, previsão de comportamentos do público e na otimização de processos de produção e logística.
Além do produto e do serviço
Além de ações tecnológicas e com influenciadores, é fato que as pessoas, hoje, preferem marcas que também geram valor para a sociedade, posicionando-se em pautas de ESG, acessibilidade e diversidade. De acordo com pesquisa realizada pela MindMiners, 44% dos consumidores escolhem marcas que buscam compreendê-los.
Assim, em um mercado cada vez mais disputado, o planejamento, o posicionamento e a estratégia são ações cada vez mais cobradas das marcas que desejam encantar seu público. A boa notícia é que o live marketing não para de crescer e que 2024 será um ano promissor para o setor de eventos.
Maíra Holtz – Diretora agência Estalo
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“Branding de legado: o que Alfred Nobel ainda ensina sobre reputação e propósito”

*David V. Bydlowski
Quando falamos em branding pessoal ou reputação de marca, a história de Alfred Nobel continua sendo um dos exemplos mais potentes, e talvez mais incômodos, de como memória e legado são construídos. O químico sueco, celebrado hoje como patrono do Prêmio Nobel, foi também o inventor da dinamite, descoberta que o tornou milionário no século XIX. Porém com a fortuna veio a culpa e a reputação sobre uma descoberta cujo impacto se estendeu a cenários de guerra.
O ponto de virada aconteceu por acidente. Após a morte de seu irmão, um jornal francês publicou, por engano, o obituário de Alfred Nobel. O título era devastador: “O mercador da morte está morto”. Naquele instante, Nobel teve um choque de reputação: percebeu que seria lembrado não como um cientista brilhante, mas como alguém associado à destruição.
Esse episódio ecoa fortemente no presente, pois foi com essa manchete que Nobel decidiu transformar o significado do seu nome, criando a nobre instituição pela qual hoje é lembrado. Trazendo ao universo digital dos dias atuais, percebe-se que não é mais apenas a imprensa que molda a narrativa, mas milhares de interações diárias. Se você não cuida da sua história, o público a escreve por você e nem sempre da maneira mais justa.
O obituário digital
Vivemos em um tempo em que a reputação não é construída apenas por campanhas sofisticadas ou slogans bem pensados, mas por rastros cotidianos: curtidas, posts, vídeos, comentários soltos, tweets deletados. Cada fragmento é uma peça que compõe o que se poderia chamar de “obituário digital”. Uma biografia coletiva e permanente, formada por aquilo que o mercado, os consumidores e os algoritmos interpretam e guardam sobre você ou sua marca.
A lição de Alfred Nobel é clara: branding não é só imagem. É herança. Reposicionar é mais que comunicar
Em vez de tentar apagar a associação com a destruição, Nobel escolheu outra estratégia: destinou 94% de sua fortuna à criação do Prêmio Nobel, uma instituição dedicada a reconhecer avanços da humanidade. Nem usou sua fortuna para tentar pagar jornalistas para escrever sobre sua história sob outra ótica. Criou propósito.
Esse gesto é um paralelo direto com as empresas que, hoje, ultrapassam o território do marketing de produto e constroem reputações ancoradas em ESG, impacto social e coerência narrativa de longo prazo. Não se trata de cosmética, mas de estrutura.
Para quem trabalha com comunicação, a reflexão é inevitável: SEO, redes sociais, vídeos e campanhas não são apenas ferramentas de performance. São instrumentos de memória. O que se publica hoje pode aparecer amanhã em um pitch, em uma negociação de M&A ou na decisão final de um consumidor.
O que a publicidade tem a ver com isso?
Tudo. Muitas marcas ainda operam sob a lógica do branding de ocasião, a resposta rápida à tendência, à crise ou ao algoritmo. Mas branding de oportunidade não sustenta branding de legado. E a consequência é clara: As empresas que constroem com intencionalidade, colhem os frutos por gerações.
Alfred Nobel nos lembra que reputação é menos sobre o que você vende e mais sobre o que você deixa. Cabe às marcas e às pessoas decidir se sua história será esquecível ou transformadora.
Em tempo: Nobel morreu em 10 de dezembro de 1896, em San Remo, na Itália. E hoje poucas pessoas sabem que ele foi também o criador da dinamite.
*David V. Bydlowski – Fundador e principal executivo da Rosh Digital, agência com foco em inovação digital e inteligência artificial.
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O que os “CEOs vendedores” podem ensinar às startups?

Claudio Santos*
Daniel Rosa*
Por muito tempo, o papel do CEO esteve restrito aos bastidores. Ele era o estrategista, o líder de equipe, o responsável por fazer a engrenagem girar, mas raramente aparecia para o público. Essa função, até poucos anos atrás, ficava com artistas, atletas ou influenciadores pagos para representar uma marca. Hoje, o jogo virou. O resultado? Em muitos casos, crescimento expressivo nas vendas e fortalecimento da imagem institucional.
Quando Elon Musk fala da Tesla ou para citar exemplos como Guilherme Benchimol, da XP, João Adibe Marques, da Cimed ou Luiza Trajano, do Magalu. Essa última criou até a Lu, imagem e semelhança da presidente do grupo que figura em praticamente todas as comunicações da marca. Todos esses exemplos mostram que não se trata apenas de marketing, é um convite para o consumidor participar da cultura da empresa.
Esse movimento também transformou a relação entre marcas e performance. Quando o fundador ou executivo assume a linha de frente, a confiança tende a crescer, e com ela, as vendas. Um estudo da Sprout Social mostra que 70% dos consumidores se sentem mais conectados com empresas em que os executivos são ativos nas redes, um dos motivos destacados entre as pessoas consultadas pela pesquisa é que sentem que a presença do CEO, há pessoas reais por trás da marca. E esse efeito é ainda mais forte em startups, onde a história pessoal do fundador se mistura com a identidade da empresa.
No universo das startups, no entanto, a exposição do CEO nem sempre acompanha o ritmo do crescimento. Muitas recebem grandes aportes, ampliam operações, mas falham em construir uma narrativa sólida. A falta de uma estratégia de marketing clara, que poderia ser sustentada pela presença e voz do fundador, faz com que percam relevância logo após o pico de capitalização. Ter um bom produto ou tecnologia já não basta, o público quer uma história, uma visão, alguém em quem acreditar.
O sucesso de marcas que apostaram em líderes carismáticos como rosto público mostra que essa é uma tendência que veio para ficar. CEOs deixaram de ser apenas
administradores e se tornaram influenciadores corporativos, peças-chave para traduzir a cultura e o propósito da empresa. No fim das contas, vender deixou de ser apenas sobre o que se entrega, e passou a ser, também, sobre quem entrega.
*Claudio Santos é presidente do Next Group, holding de 10 empresas com atuação no Brasil e em outros países como Portugal e Emirados Árabes. Também é especialista em estratégias de internacionalização e desenvolvimento de mercados globais.
*Daniel Rosa é CEO do Digitalks Indie Summit e especialista em mídia online e marketing estratégico. Foi sócio e consultor de mídia da Dainet Multimídia e atendeu grandes contas como Bayer, Kroton, C&A, Ypê e Bunge. Fundou em 2000 o portal ADNEWS e, mais recentemente, criou a SalesRush (2020), aceleradora de vendas B2B especializada no mercado publicitário.








