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Marcas são memórias: o poder da experiência na construção de reputações

Publicado

em

*Pedro Cunha

Há uma verdade que vem ganhando força em meio ao barulho das redes, à velocidade das tendências e ao cansaço das promessas vazias: toda marca é uma experiência. E não estamos falando apenas de logotipo, produto na prateleira ou campanha bem produzida. Estamos falando de algo mais profundo: daquilo que fica.

Uma marca é tudo aquilo que nos marca. Um museu, uma banda, um restaurante, uma cidade, um professor, uma causa. Mas também um hospital público, uma prefeitura, um ministério, um governo. Sim — gestores públicos e lideranças políticas também são marcas, pois carregam símbolos, valores, discursos e atitudes que impactam diretamente na percepção e na confiança das pessoas. Ou deveriam.

O que você lembra quando pensa no seu boteco preferido? E quando pensa naquela livraria aconchegante, ou naquela praça da infância? Não é só o que oferecem, mas como nos fazem sentir. E isso vale tanto para um restaurante quanto para um projeto social, uma secretaria de educação ou um governador.

Vivemos tempos em que comunicar não basta. É preciso conectar. Não há mais espaço para relações rasas entre marcas e pessoas. Queremos ser tocados, lembrados, acolhidos. Queremos sentir que somos parte de algo maior. E é nesse ponto que o marketing de experiência deixa de ser um “plus” criativo e passa a ser uma estratégia vital.

E os números comprovam: segundo uma pesquisa da PwC, 73% das pessoas dizem que a experiência é um fator decisivo na hora de comprar ou se relacionar com uma marca. Outro dado, do estudo da Salesforce, mostra que 88% do público acredita que a experiência oferecida por uma empresa é tão importante quanto seus produtos ou serviços. E isso vale, cada vez mais, para o setor público. Cidades que entregam boas experiências geram pertencimento. Políticos que escutam e agem com empatia constroem capital simbólico e confiança. Governos que se comunicam bem e entregam políticas públicas com qualidade viram referência e reputação positiva — mesmo diante de orçamentos enxutos ou desafios estruturais.

Experiência é o que transforma um serviço em memória, uma campanha em conversa, uma presença digital em relação real. E isso vale para tudo:

Um equipamento cultural como o MASP ou o Museu de Arte do Rio não entrega apenas arte — entrega um jeito de pensar o tempo e o mundo.

Uma liderança pública não é reconhecida só por discursos, mas por como faz as pessoas se sentirem pertencentes e respeitadas.

Um espaço urbano como a Orla do Recife ou a Av. Paulista vai além da paisagem — é lugar de encontro, de vida pulsando, de história compartilhada.

Um hospital público pode construir uma marca poderosa se a experiência do usuário for marcada por dignidade, acolhimento e eficiência.

Nesse sentido, a lógica se inverte: não é a marca que entrega uma experiência. É a experiência que constrói a marca.

Isso também se reflete no mundo digital. Um perfil nas redes — seja de uma instituição, de uma influenciadora ou de um prefeito — é uma marca. Com tom, ritmo, estética, promessas. Uma marca que, todos os dias, está dizendo quem é, o que entrega e como se relaciona com o outro.

Se tudo comunica, então tudo importa. A música de fundo, o cheiro do ambiente, o tempo de resposta, a calçada acessível, o menu do site, a luz do espaço, o cuidado com as palavras. As pessoas não se lembram exatamente do que você disse, mas dificilmente esquecem como você as fez se sentir. É clichê — e é verdade.

Num mundo saturado de estímulos — segundo a Forbes, uma pessoa é impactada por cerca de 6 mil a 10 mil mensagens publicitárias por dia — a experiência virou o filtro da relevância. O que emociona, engaja. O que é verdadeiro, permanece. O que é bem vivido, é compartilhado.

Por isso, a grande pergunta que toda marca — seja de consumo, cultura, território ou gestão pública — deveria se fazer é: como estou fazendo as pessoas se sentirem? E mais do que isso: essa experiência é coerente com quem eu digo ser?

A resposta, muitas vezes, não está em grandes campanhas ou orçamentos milionários, mas em gestos simples, humanos e consistentes. Experiência é cuidado. É escuta. É entrega.

Marcar alguém — de forma positiva — é, talvez, o maior poder que uma marca pode ter.

E aí, qual é a experiência que a sua marca está deixando no mundo?

*Pedro Cunha – Jornalista com 12 anos de experiência em comunicação estratégica para governos e corporações.

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O Web Summit me fez pensar: e se o futuro já não couber mais nos palcos?

Publicado

em

*Gui Loureiro

Participo de eventos de tecnologia e inovação há tempo suficiente para saber o que esperar. Palavras como “disruptivo”, “exponencial” e “inteligência artificial” vêm e vão como mantras – recicladas, relançadas e ressignificadas ano após ano. E o Web Summit, com todo o seu brilho, confirma isso. Mas também me provocou uma inquietação mais profunda: será que ainda precisamos desses grandes encontros do jeito que eles são?

O evento é bem organizado, diverso em pautas e com boas provocações. Mas, para quem já vive o dia a dia do setor – em publicidade, tecnologia ou inovação – a sensação é de replay. As tendências apresentadas já circularam em reuniões, brainstorms ou testes A/B meses atrás.

A inteligência artificial dominou o evento. Mas o tom já não é mais de deslumbramento, e sim de aplicação real. Assistentes personalizados, automações de marketing, bots generativos, análise preditiva – tudo já está em prática. É o futuro entrando em operação no presente. Outro ponto forte foi a discussão sobre dados, ética e privacidade. A era do “dado pelo dado” está acabando, pressionada por consumidores mais conscientes e regulações mais firmes.

Curiosamente, o que mais me impactou aconteceu fora dos palcos. Como o Web Summit é gigantesco, as primeiras horas servem para se localizar. Foi nesse clima que me deparei com uma cena marcante na Food Summit, a praça de alimentação do evento: uma roda de pessoas em volta de três jovens que estendiam livros no chão.

Um deles era “Da Quebrada ao Mundo”, de Alexandre Ribeiro. Alexandre não era palestrante. Estava ali como embaixador do evento – e isso por si só já
diz muito. Sua presença, oferecendo histórias e reflexões com simplicidade e potência, foi um dos momentos mais autênticos e simbólicos do Web Summit. Ele representa um Brasil criativo, inovador, pulsante – mas ainda ausente dos espaços de decisão. Sua participação foi inspiradora, mas também um lembrete de que esses eventos ainda são para poucos.

Para quem pode pagar, para quem foi convidado, para quem fala o “idioma certo”.
E isso precisa mudar. O Web Summit segue sendo uma vitrine poderosa, mas já não entrega a mesma transformação para quem está imerso no setor. Talvez a frequência anual seja parte do problema. O ciclo de novidades encurtou tanto que uma curadoria mais espaçada e profunda faria mais sentido. Em vez de sempre mostrar o que vem por aí, o evento poderia se concentrar em como resolver o que já chegou.

Mais do que conteúdo, falta acesso. Imaginem o impacto se jovens de escolas públicas, professores da periferia, microempreendedores e estudantes tivessem acesso a esse tipo de evento. A inovação precisa ser descentralizada. O futuro não pode ser privilégio.

Eu sigo indo ao Web Summit para ouvir provocações, sentir o termômetro do mercado, conversar com gente inteligente. Mas confesso: gostaria de sair mais transformado do que validado. Porque a verdadeira disrupção talvez não esteja mais no palco – e sim nas pontas, nos corredores, ou até no chão da praça de alimentação, onde alguém estende um livro e abre um novo mundo diante dos nossos olhos.

*Gui Loureiro – Diretor de estratégia na 3mais

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Marketing de afiliados é estratégia necessária para negócios de todos os portes

Publicado

em

*Hugo Alvarenga

Por muito tempo, o marketing de afiliados foi associado como um recurso exclusivo de grandes operações digitais, com orçamentos robustos e estruturas complexas. Porém, cada vez mais está evidente que a percepção está longe de condizer com a realidade do mercado atual. A verdade é que esse modelo de publicidade baseada em performance se tornou uma das estratégias mais acessíveis, eficientes e escaláveis disponíveis para todas as empresas. Inclusive (e especialmente) para pequenos e médios negócios que buscam previsibilidade e retorno tangível sobre seus investimentos.

Na prática, o conceito hoje funciona como uma espécie de descentralização da força de vendas: marcas criam programas e convidam parceiros, os chamados afiliados, com foco em divulgar seus produtos em troca de comissões por resultado. Tal dinâmica apresenta uma vantagem clara para quem precisa crescer com orçamento controlado: o pagamento só ocorre quando há conversão, seja clique, lead ou venda. A partir dessa premissa, é uma lógica que combina com qualquer porte de negócio, desde que bem estruturada.

No caso de PMEs, o caminho mais comum, e promissor, tem sido apostar, por exemplo, em parcerias com criadores de conteúdo de nicho e micro influenciadores. Isso porque se tratam de pessoas com alto engajamento em comunidades específicas, capazes de gerar tráfego qualificado sem exigir grandes investimentos. Por outro lado, para empresas maiores, passa a ser mais comum a adoção de plataformas tecnológicas mais completas, contando com programas whitelabel e integração com sistemas de dados e CRM, possibilitando que uma infinidade de afiliados possam estar conectados e tendo a sua performance analisada de forma automatizada.

Além disso, vale destacar que o impacto social do marketing de afiliados é significativo, já que qualquer pessoa pode participar dessa modalidade desde que faça parte de uma plataforma de afiliação e tenha um celular com internet para divulgar seus links de compra. Isso contribui diretamente para a democratização do acesso à geração de renda, especialmente em um cenário econômico desafiador como o do Brasil, onde milhões de pessoas buscam alternativas para complementar seus ganhos.

Os dados do mercado também confirmam esse movimento. Em 2023, o marketing de afiliados movimentou mais de US$ 14 bilhões globalmente, segundo a Influencer Marketing Hub. Só no Brasil, já são mais de 30 milhões de pessoas cadastrados em plataformas como a Hotmart — o que nos coloca como o segundo maior país nesse segmento.

O setor aquecido é facilmente explicado. De acordo com a Business Insider, o marketing de afiliados pode contribuir com cerca de 16% da receita total gerada por meio de campanhas de marketing digital – valor expressivo considerando não apenas a conversão, mas a retenção dos clientes.  Contudo, não podemos simplificar o momento somente pela questão financeira. A crescente sofisticação das plataformas também tem ajudado. Hoje, graças ao auxílio da tecnologia, é possível segmentar campanhas, monitorar canais, comparar o desempenho de afiliados, garantir remuneração transparente e, o mais importante, otimizar toda a operação com base em dados reais. E claro, a questão social também ganha especial destaque quando falamos de economia digital.

Segundo uma pesquisa da Mediakix, 81% das marcas que investem nesse modelo afirmam ter aumentado sua base de clientes de forma significativa. Isso mostra que a estratégia vai além da conversão direta — ela também impulsiona reconhecimento de marca e visibilidade de longo prazo, algo que muitas vezes passava despercebido quando o assunto era a atuação dos afiliados. Além do mais, diferente de outras frentes de mídia, o crescimento vem acompanhado de um  controle total sobre o orçamento e previsibilidade nos resultados.

Desmistificar o marketing de afiliados como um recurso exclusivo de grandes players é essencial para democratizar o acesso a estratégias que realmente entregam resultados. Hoje, empresas de todos os segmentos e portes estão aderindo ao formato,  desde grandes varejistas online até pequenos produtores locais. Seja para vender mais, ganhar visibilidade ou até mesmo atrair novos públicos, o modelo já provou ser uma ferramenta poderosa — e, acima de tudo, adaptável a qualquer tipo de negócio.

*Hugo Alvarenga – Sócio e co-CEO da A&EIGHT e CEO da Lomadee.

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