Naty Sanches
Hi Barbie: você já viu a nostalgia por aí hoje?

*por Naty Sanches
Este não é mais um artigo sobre o novo filme da Barbie que, aliás, no fim de semana de estreia alcançou cifras extraordinárias para a indústria do entretenimento, que enfrenta uma crise financeira em 2023. De acordo com os dados consolidados de segunda-feira (24 de julho), a bilheteria atingiu a marca de US$162 milhões nos Estados Unidos e US$194 milhões nos demais mercados, totalizando um montante que ultrapassa os US$356 milhões (equivalente a mais de R$1,6 bilhão na taxa de câmbio atual). No Brasil, somente nos quatro primeiros dias em cartaz, a película acumulou receitas de R$84 milhões, conforme a Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex (Abraplex).
Este é, na verdade, um artigo sobre o que motiva uma legião de adultos em seus melhores looks rosa a lotar os cinemas e a gerar mais de um milhão de posts em redes sociais (de acordo com dados do Buzzmonitor Trends, ferramenta da plataforma de monitoramento e atendimento multicanal Buzzmonitor).
O fenômeno é descrito em uma única palavra: nostalgia!
De tema para mêsversário até o motivo para viralizar uma imagem de um casal de idoso fotografando a famosa caixa da boneca, os conteúdos invadiram os perfis de pessoas comuns, influenciadores e marcas com elementos nítidos que nos levam de volta para o passado.
Em 2021, a WGSN – autoridade global em previsão de tendências a partir de dados analíticos – apontou que a nostalgia surgiu como sentimento que estava guiando o comportamento de consumo e que iria modificar o perfil dos consumidores em 2023.
Na mosca! Em 2023, quando vivemos uma “segunda pandemia” velada de saúde mental, com adultos lidando com altos níveis de estresse, ansiedade e fontes de informação, a nostalgia se torna uma realidade de mercado e não apenas um sentimento. Afinal, ela serve como um canal direto para o bem-estar perdido para a dor de todo dia.
O disco de vinil da Xuxa que embalava a brincadeira com as primas, as músicas repetidas diariamente nos episódios de Castelo Rá-Tim-Bum, a trilogia de Harry Potter no lançamento, o cheiro de Ma Chérie que anunciou o início da adolescência e a escalação do Rockgol, da MTV (mais sagrada que a Seleção Brasileira, inclusive!). Lembrar das memórias e das lembranças retoma nas gerações atuais um sentimento de conforto que estimula a noção de comunidade e impulsiona o consumo que o marketing deseja.
Isso porque, entregamos para o nosso “eu” de 13 anos o cartão de crédito com o limite que o nosso “eu” de 30 anos conquistou. E ele é gasto em qualquer item que se relacione com a experiência nostálgica pretendida, o que inclui apresentar a terceiros – como nossos filhos e sobrinhos – as nossas próprias referências.
Não à toa a Warner Bros. Pictures se juntou à Mattel. Não à toa marcas como Microsoft, C&A, Riachuelo, Burger King, Melissa decidiram investir e surfar na onda do Barbiecore.
Apesar de estarmos falando de uma das maiores marcas do mundo e de uma boneca que acompanhou muitas gerações, é inegável que o saudosismo gera conexão e tem o potencial de fazer do efêmero uma janela de oportunidades.
Não à toa, O Boticário resgatou o Ma Chérie; a venda de vinil superou a de CDs pela primeira vez em décadas; a TV Cultura organizou um reencontro do Castelo Rá-Tim-Bum; o Rockgol comemorou seus 25 anos “diretamente de Birigui” com Paulo Bonfá e Marco Bianchi; o Globoplay promove o documentário sobre a vida e a carreira da Xuxa.
A nostalgia enquanto movimento de mercado vai e vem. Mas, pode ser uma estratégia perene investir no marketing da nostalgia para se comunicar com a audiência, se conectar com a sua comunidade e usar todo o poder de “lembrar é vender”.
Naty Sanches
O que esperar da comunicação e do marketing em 2025?

Por Naty Sanches
O ano de 2024 foi marcado por muitas reflexões e análises sobre os macrotemas que definem os rumores dos negócios e da comunicação das marcas. Ao longo do ano, escrevi sobre a ascensão da cocriação de conteúdo, as campanhas durante as Olimpíadas, o BBB, as movimentações do mercado, o uso estratégico da polêmica, a formulação de estratégias para marcas e como explorar diferentes cenários, sempre com o objetivo de prevenir contratempos. Também falei sobre inteligência artificial, criatividade, redes sociais e storytelling. E em 2025, não vai ser muito diferente, te explico jaja!
Tive a oportunidade de compartilhar um pouco do dia a dia da assessoria de imprensa com a turma de Relações Públicas no Centro Universitário Belas Artes. Além disso, compartilhei recomendações de conteúdos para profissionais de comunicação, com dicas de filmes e podcasts que estimulam a criatividade. A ideia foi inspirar novas perspectivas. Falando em novas perspectivas, este ano também me trouxe uma experiência incrível: fui selecionada para fazer parte do júri do AMPRO AWARDS 2024. Avaliei os projetos mais criativos e impactantes do marketing no Brasil, uma oportunidade de trocar conhecimentos, aprender com os melhores e reconhecer o que há de mais inovador no setor.
Se você gostou de acompanhar meus artigos ao longo do ano, aproveite a leitura deste, porque vou trazer as tendências de comunicação e marketing para 2025.
A Dentsu lançou o relatório “The Year of Impact”, que destaca as principais tendências de mídia esperadas para o próximo ano. Além de apresentar as cinco tendências mapeadas, quero compartilhar algumas reflexões sobre o que elas podem significar para o nosso mercado.
1) A IA passa do impacto potencial para o impacto real: a inteligência artificial está se incorporando à vida cotidiana, revolucionando o planejamento de mídia, a criação de conteúdo e a interação com os consumidores. Como equilibrar a eficiência proporcionada pela IA com a necessidade de manter a inteligência humana e a promoção nas campanhas? As marcas devem investir em capacitação e explorar ferramentas de IA de forma estratégica, sem perder de vista o papel das pessoas no processo criativo.
2) Storytelling: os interesses de nichos e os fandoms estão se tornando ativos de valor inestimável para marcas que interessam se destacar. O storytelling será a principal ferramenta para construir boas narrativas, seja em plataformas digitais ou na TV.
O storytelling não é uma novidade! Vivemos em um mundo saturado de conteúdo, onde capturar a atenção do público está se tornando cada vez mais difícil. A questão não é apenas o que contar, mas como contar de forma que ressoe com o público. Sabe aquela frase ‘’quando a história é boa, precisa ser contada!’’. É isso, contar histórias bem construídas, sejam nas plataformas digitais ou na TV, será um ativo positivo.
3) Retail mídia: a mídia de varejo, um dos assuntos mais discutidos nos últimos anos, consolidando-se como uma base nas estratégias de mídia. Isso se deve, principalmente, à expansão da capacidade de anúncios por grandes players do setor.
Essa tendência é uma oportunidade para marcas que buscam resultados mais tangíveis. Será um desafio para empresas menores que precisam encontrar maneiras criativas de competir. Personalizar a experiência de consumo será um diferencial importante nesse cenário.
4) A busca pela qualidade: à medida que os investimentos em mídia aumentam, cresce também a demanda por um envolvimento de maior qualidade. As marcas precisarão priorizar conteúdos bem desenvolvidos para conquistar a atenção do público. Produções que sejam bem planejadas, com mensagens claras e relevantes, para construir um envolvimento com o público.
5) Estratégias hiperlocalizadas: os hábitos de consumo e a adoção tecnológica variam entre diferentes regiões, as marcas precisam adotar abordagens mais específicas.
Estratégias hiperlocalizadas permitem que as campanhas sejam mais relevantes e eficazes, respeitando as particularidades culturais e comportamentais de cada público. Isso exige um planejamento cuidadoso para equilibrar consistência global e personalização local.
Essas tendências nos mostram que o futuro da comunicação e do marketing será cada vez mais dinâmico. Cabe a nós, profissionais da área, interpretarmos esses movimentos de maneira estratégica, explorando as possibilidades e nos adaptando aos desafios.
Que 2025 seja um ano de ousadia, criatividade e transformação no jeito de comunicar e conectar marcas e pessoas. E você, está pronto para encarar o que vem por aí?
Naty Sanches
Quando os fãs se tornam criadores: a ascensão do Fandom na cocriação de conteúdo para marcas

Por Naty Sanches
Nos últimos anos, o relacionamento entre marcas e consumidores evoluiu de maneira inédita, trazendo uma dinâmica de colaboração que redefine o papel dos fãs no universo do marketing. Hoje, os admiradores não apenas recebem passivamente as mensagens das marcas, mas também criam e participam das narrativas, ajudando a construir uma imagem coletiva. Em uma era em que as redes sociais dão voz a todos, o fandom — o universo dedicado de tietes de uma marca, tema ou produto — assume o papel de protagonista, e as empresas estão reconhecendo o valor dessa parceria.
Essa cocriação tem gerado resultados interessantes. Estudos mostram que marcas que envolvem seus fãs no processo de criação têm 2,6 vezes mais chances de estabelecer conexões duradouras com seu público, segundo pesquisa da plataforma HubSpot. O impacto se traduz em campanhas que geram, em média, 28% mais interações que campanhas tradicionais, como revela a consultoria Sprout Social. No Brasil, um mercado conectado e engajado, a maioria dos consumidores (67%) interage com as marcas pelas redes sociais, onde se sentem empoderados para expressar sua paixão e participar da construção de conteúdo. Esse cenário cria um ecossistema dinâmico, onde o fandom atua como um verdadeiro embaixador, espalhando a marca para novas audiências e agregando valor com uma autenticidade difícil de reproduzir em estratégias de marketing convencionais.
Acredito que o principal benefício dessa relação é a autenticidade. Conteúdos criados por fãs trazem uma visão pessoal, o que tende a gerar uma conexão de confiança com outros consumidores, que veem a marca pelos olhos de quem realmente a admira. Esse conteúdo espontâneo também ajuda a ampliar o alcance de forma orgânica, atingindo públicos que muitas vezes não seriam impactados por campanhas tradicionais. A criatividade é mais uma vantagem: os fãs conhecem intimamente o produto ou serviço e, com frequência, criam abordagens únicas e inspiradoras que oferecem novas ideias às equipes de comunicação. Quem nunca viu um admirador ferrenho nas redes sociais?
Contudo, o caminho da cocriação nem sempre é simples. Fãs dedicados são naturalmente apaixonados, mas também exigentes e críticos, especialmente se perceberem que estão sendo usados sem reconhecimento. Para evitar conflitos, é importante que a marca incentive a criação genuína, sem distorcer a visão dos fãs ou tentar moldá-los a qualquer custo. Limites claros sobre o tipo de conteúdo que será promovido ajudam a manter a coerência da marca sem tolher a liberdade criativa dos fãs. Além disso, é necessário reconhecer o esforço desses cocriadores, que dedicam muitas vezes horas de trabalho a criações com uma qualidade surpreendente. Recompensá-los, seja com visibilidade ou benefício especial, fortalece o relacionamento e solidifica essa parceria.
Outro ponto importante é proteger a propriedade intelectual sem desestimular a cocriação. Respeitar o equilíbrio entre incentivar os fãs e manter a identidade da marca assegura um ambiente seguro e colaborativo. Assim, a relação com o fandom pode ser cultivada de forma saudável e com respeito mútuo, garantindo que os conteúdos criados por fãs fortaleçam a imagem da marca e agreguem valor.
Ao abrir espaço para a colaboração, as marcas ganham mais do que uma boa campanha. Elas ganham comunidades vivas e interativas, formadas por consumidores apaixonados que querem fazer parte de sua jornada. Na comunicação, entender esse fenômeno significa não apenas se manter relevante, mas também construir uma marca que respira autenticidade. No fim, quem abraça o fandom como parceiro cocriador tem mais do que clientes; tem uma rede de apoio e criatividade que torna a marca única.