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Naty Sanches

A era da ansiedade algorítmica e a cultura do cuidado como resposta

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em

*Por Naty Sanches

Recentemente estive em mais um evento de mercado que me despertou para críticas e reflexões tão necessárias diante de um mundo e um mercado que parece reiniciar a cada nascer do sol. No ProXXIma 2023, organizado e oferecido pelo Meio & Mensagem, os títulos das palestras são um show à parte e foi assim que fui parar na plateia da Daniela Dantas, vice-presidente da WGSN América Latina, durante sua apresentação chamada “A Era da Ansiedade Algorítmica”. 

O tema é, ao mesmo tempo, bastante multifacetado e relevante para os profissionais de comunicação e marketing em função de como a cultura e a vivência do universo digital alteram hábitos e comportamentos que impactam diretamente na dinâmica da sociedade e dos negócios.

Eu tenho uma pergunta para te fazer. Você gosta mesmo do que o algoritmo diz que você gosta ou só está cansado de escolher? Ao final de um dia cansativo de trabalho, que envolve centenas de pequenas tomadas de decisão e exposição a um turbilhão de informações, quem decide seu jantar: você, o algoritmo do iFood ou o anúncio do Instagram?

Por um lado, a paralisia decisória é um dos prismas das ansiedade algorítima. Ao mesmo tempo em que pensamos que não queremos mais desperdiçar tanto tempo nas redes sociais, nós ficamos porque o que está por trás nos ajuda a não pensar e não ver o tempo passar. Deslizar o dedo pela tela não dói o quanto dói ter que escolher entre pizza ou hambúrguer para o jantar!

Por outra ótica, a vida acontecendo cada vez mais on-line dentro das redes sociais transforma o nosso conceito de realidade. Se já passamos pelo período mais crítico da emergência de saúde, hoje vivemos uma outra epidemia chamada de infodemia – como especialistas se referem à proliferação de falsas informações em grandes volumes por meio da internet.

A familiaridade dos adolescentes atuais com a tecnologia, que faz deles nativos digitais, não os torna automaticamente habilitados para compreender, distinguir e usar de modo eficiente o conhecimento disponível na internet. Pelo contrário: o relatório “Leitores do Século 21 – Desenvolvendo Habilidades de Alfabetização em um Mundo Digital”, elaborado pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) mostra que eles são, em grande parte, incapazes de compreender nuances ou ambiguidades em textos online, localizar materiais confiáveis em buscas de internet ou em conteúdo de e-mails e redes sociais, avaliar a credibilidade de fontes de informação ou mesmo distinguir fatos de opiniões.

E engana-se quem pensa que os adultos estão livres desta realidade. Basta olharmos em retrospecto para relembrar o buzz que uma foto do Papa Francisco de jaqueta puffer causou antes de revelar-se que se tratava de uma imagem gerada por inteligência artificial.

A velocidade com que tudo acontece combinada com a transformação das redes sociais em espaços multifuncionais de lazer, aprendizado e entretenimento e com a “TikTokificação” da atenção tem impactado diretamente a saúde física e mental dos usuários, elevando cada vez mais os níveis de ansiedade da população.

Diante de tudo isso, parece que nós – profissionais de comunicação, responsáveis por estratégias que colocam as marcas nesse mapa e por gerar conteúdo que impacta milhões de pessoas – precisamos aprimorar nossos conhecimentos. Mais do que saber sobre branding, marca e influência ou sobre a tecnologia por trás dos algoritmos e inteligência de dados de performance, precisamos convencer nossas marcas clientes a investir paralelamente na cultura do cuidado com a audiência.

Essa parece ser a resposta para estratégias assertivas em pleno 2023 quando, de acordo com a WGSN, os propulsores que devem adicionar uma nova camada de complexidade à vida moderna e impactar as redes sociais são: a policrise (que torna as pessoas mais interessadas em conexões reais verdadeiras em tempos de recessão social); o medo como o “novo normal” (de se desconectar e perder conteúdo e o medo de se conectar e ter acesso a conteúdo que gera ansiedade); a fragmentação de mídia e o impulsionamento dos nichos (acelerado pelas nuances geracionais); a descentralização (em que os usuários querem reescrever as conexões on-line e a hierarquia das redes sociais); e o existencialismo (que impulsiona a busca por conexões on-line autênticas). 

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Naty Sanches

A colaboração entre IA e criatividade na comunicação

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*por Naty Sanches

No mundo acelerado dos negócios de comunicação, a Inteligência Artificial (IA) ganhou destaque. Todo dia somos impactados com notícias, dicas e opiniões sobre os avanços e aplicações dessa tecnologia em diversos setores da economia. Ela é realidade presente no dia a dia das indústrias ditas criativas, agências de publicidade e comunicação, além de marcas que se beneficiam dessa ferramenta para impulsionar a eficiência, a personalização e a eficácia das estratégias de negócios. 

E quem acompanha o burburinho do tema já percebeu que existem inúmeras possibilidades em IA para otimização de processos. Posso citar aqui alguns exemplos que experimentei, como o Google Scholar para pesquisa, ChatGPT para produzir conteúdo, Midjourney para criação de imagens e Copy.ai para copywriting. O Grammarly é útil para escrita e edição, enquanto Tactic pode facilitar as transcrições de suas reuniões. 

Chatbots como o ViraTexto podem te ajudar na transcrição de áudios, já o Canva pode ser útil no design e elaboração de  gráficos. Acredito que pelo número de exemplos aqui citados (e olha que nem listei todos rs), você pode perceber a velocidade que  a inteligência artificial caminha, não é mesmo? O ChatGPT deu as caras no final de 2022, alcançando mais de 100 milhões de usuários em apenas dois meses. E depois dele apareceram outras incontáveis ferramentas. Mas qual é ideal para seu negócio? A sua marca precisa fazer uso de todas elas? O que podemos deixar de ganhar caso não estejamos por dentro dos reais benefícios que elas podem proporcionar?

No mundo da comunicação muitos processos vêm sendo aprimorados nos produtos/serviços ofertados pelo uso de Inteligência Artificial, por exemplo, no monitoramento de conteúdos. Mas não podemos esquecer que ao analisarmos essas realizações, é importante considerar o papel contínuo e indispensável da Inteligência Humana. Embora a IA possa executar tarefas complexas e automatizar processos, ainda há áreas em que a criatividade, intuição e compreensão humana são insubstituíveis. Será que a Inteligência Artificial pode “trocar” aquele papo para vender uma ideia de pauta ao jornalista? Entendo que a AI pode até contribuir no conteúdo do discurso, mas o tête-a-tête daquela ligação, o relacionamento com um porta-voz bacana, ainda não é capaz de  proporcionar. 

O que dizem os dados

Uma pesquisa encomendada pela IBM, com dados referentes a 2022, divulgou que 41% das empresas brasileiras já incorporam a inteligência artificial (IA) ativamente em diversos setores. Na América Latina, as empresas utilizam essa tecnologia principalmente para proteger ameaças e garantir segurança (44%), oferecer atendimento eletrônico aos clientes (44%) e apoiar atividades de marketing e vendas (30%). 

Já um estudo da Associação Brasileira das Agências de Comunicação (Abracom) constatou que 60% do setor de comunicação já utiliza tecnologia digital, incluindo a Inteligência Artificial.

O que vem sendo explorado

Um exemplo de marca que decidiu lançar mão do poder da Inteligência Artificial é a Coca-Cola e uma das mais recentes é a sua aplicação no campo do design, com a criação da tipografia da Coca-Cola Zero. Em outras ações, a multinacional lançou um novo refrigerante com o sabor co-criado por humanos com o auxílio da IA, além de  lançar um comercial inteiramente produzido com “Stable Diffusion” – a tecnologia de geração de imagens. 

Por outro lado, surgem notícias de que algumas empresas estão solicitando cláusulas mais rigorosas sobre a utilização de Inteligência Artificial nos seus contratos com agências publicitárias. Esses desdobramentos podem indicar não apenas o crescente impacto da IA nos negócios de comunicação, mas também a necessidade contínua de um diálogo ético e regulatório para garantir seu uso responsável e benéfico para todas as partes envolvidas. 

Gosto de falar que sou usuária da IA, mas também sou fã da equipe que tem a habilidade de contextualizar seu uso, interpretar, pensar em planos A, B, C, tomar decisões éticas e morais, tudo isso é fundamental em muitos cenários. Mesmo com os avanços impressionantes da tecnologia, precisamos reconhecer que ela complementa, mas não substitui, a inteligência e capacidade humanas. Nós, profissionais da comunicação, direcionamos o uso da inteligência artificial e não o contrário. 

Este equilíbrio delicado entre a tecnologia e a humanidade é o que permite aproveitar ao máximo os benefícios da IA e ter profissionais que saibam caminhar por esse tema ainda em construção é o que eu acredito que fará a diferença neste novo mundo que se abre. Por isso, sigo no caminho de estudo e experimentações. E caso queira uma dica de utilização na comunicação, pergunte-me como!

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Naty Sanches

Existe verdade nas redes sociais?

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Por Naty Sanches

Nossas interações nas redes sociais podem se assemelhar a um quebra-cabeça complexo, cujas peças nem sempre se encaixam de forma harmônica. Afinal, tudo que postamos em nossas páginas pessoais é de fato o que acontece ou o pedaço que queremos mostrar?  Por isso, na era digital, onde as plataformas on-line dominam o cenário virtual, surge a indagação: há verdade nas redes sociais? Tal pergunta não só desafia nossa concepção da realidade, como também evidencia a necessidade imperativa de entender e estruturar cuidadosamente nossa presença na web.

Ao mergulhar nesse universo, descobrimos quão importante é estar presente nas redes sociais, mas também estar ciente da necessidade de entender seu funcionamento e as pessoas por trás delas. Em um mundo onde os influenciadores digitais, empresas e marcas desempenham papéis significativos na sociedade, a capacidade de navegar por esse cenário com autenticidade, discernimento e cuidado torna-se essencial.

Muitas notícias recentes têm destacado os desafios e perigos que podem surgir quando a presença on-line não é cuidadosamente planejada e executada, tanto para nós, simples mortais, quanto para grandes corporações. Casos de influenciadores que se viram em situações delicadas devido a parcerias controversas ou empresas que se pautam apenas no número de seguidores de uma personalidade para negociar o famoso “publi” alertam para os riscos inerentes à falta de compreensão das dinâmicas das redes sociais. 

Quem não se lembra do recente caso de Renato Cariani, influenciador fitness, que foi alvo de operação da Polícia Federal contra o tráfico de drogas? Ou de um grupo de criadores que se envolveram num escândalo por divulgar uma plataforma digital de jogos de apostas denunciada por realizar serviços considerados ilegais no país?  A chamada creator economy chama atenção, pois os próprios personagens fazem questão de divulgar suas vidas repletas de luxo, festas e alegria. Mas por trás das câmeras de um celular, a vida é essa mesmo?

Em 2022, a bolha da internet presenciou um caso que virou fenômeno e é exemplo de como as redes sociais podem ser, de fato, perigosas. Kat Torres, uma influenciadora digital com milhões de seguidores, foi acusada de tráfico de pessoas e segue presa no Rio de Janeiro. A história, inacreditável, foi narrada  por Chico Felitti, no podcast “A Coach”. Nele, o jornalista conta toda a trajetória da então influenciadora e modelo internacional, e como ela usava as redes sociais para criar seus personagens e enganar mulheres. 

Porém, associar uma marca a um criador de conteúdo pode parecer uma maneira confiável de impulsionar as vendas de um produto ou divulgar uma empresa, uma vez que os potenciais compradores estão concentrados na audiência do influenciador. Em outras palavras, é uma escolha estratégica e, tem potencial para, economicamente ser mais vantajosa do que anunciar em meios de comunicação tradicionais. No entanto, se o influenciador escolhido se envolver em alguma controvérsia, os danos podem ser significativos, afetando também a reputação da empresa.

E o inverso também é verdadeiro. Se a empresa estiver envolvida em notícias negativas, o influenciador representando a marca pode ser cancelado por seus seguidores. Isso pode resultar na redução de outros contratos comerciais.

Mas qual pode ser a alternativa?

Apesar dos exemplos negativos, nem tudo são tempestades. Há exemplos brilhantes de sucesso onde o planejamento meticuloso foi o diferencial. Um caso que merece destaque é o da parceria recente entre a farmacêutica Cimed e Larissa Manoela e Maisa Silva, que em apenas 20 minutos venderam mais de R$ 40 milhões em protetores labiais em uma live na internet.  Aqui, o conhecimento profundo das necessidades do público-alvo, aliado a uma compreensão clara dos objetivos da marca, resultou em uma colaboração autêntica e bem-sucedida, impulsionando a visibilidade (e o lucro rs) tanto da marca quanto de Larissa e Maisa.

Outro exemplo de conexão entre marca, criadores e narrativas de valor é a série Origens, publicada pelo UOL, em que empresas de mapeamento genético, como o meuDNA, dão condições para que grandes personalidades pretas do nosso País descubram mais sobre a sua ancestralidade, histórias que são narradas em diferentes episódios e que estimulam que o serviço se torne uma trend nas redes sociais. Este é um grande exemplo de como usar o marketing de influência para diminuir o investimento em tráfego pago ao abrir caminho para o alto volume de conteúdo gerado pelo usuário (User-generated content), que é assunto para outro dia!

Analisando casos de sucesso é possível perceber que tudo precisa ser planejado. Uma agência dedicada ao gerenciamento de presença on-line não é apenas uma equipe de especialistas em mídia social; é um parceiro estratégico que entende a intrincada teia de conexões e influências que moldam esse universo. Esses profissionais não apenas planejam campanhas, mas também realizam análises detalhadas de dados e perfis identificando tendências, segmentando públicos-alvo e criando conteúdo autêntico e impactante.

 

Portanto, o ponto central não é se há verdade ou não nas redes sociais (até porque sabemos que nem tudo são flores), mas sim como podemos cultivar uma presença on-line legítima e eficaz em meio a um cenário digital em constante evolução. Isso requer não apenas estar ciente das armadilhas e desafios, mas também aproveitar as oportunidades oferecidas por uma compreensão profunda e um planejamento estratégico. É somente através desse compromisso com a autenticidade e a inteligência estratégica que podemos navegar com sucesso pelas complexidades das redes sociais e encontrar um efetivo valor em nossa presença on-line.

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