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Dilma Souza Campos

Como impulsionar a liderança feminina nas agências e grupos de comunicação?

Publicado

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Por Dilma Campos

Recentemente, assumi a posição de Head de ESG na B&Partners.co. Nesta função, iniciei um planejamento para definir os projetos prioritários que levarão o grupo para o patamar de boas práticas nos pilares ambiental, social e de governança que queremos atingir nos próximos cinco anos.

De maneira análoga, e inspirada no mês das mulheres, me propus a fazer a mesma reflexão sobre a inclusão e equidade de gênero nas organizações. Se temos como objetivo ampliar a presença da liderança feminina nas empresas, o que devemos começar hoje para atingir este resultado nos próximos anos?

Conversei com três importantes executivos – Albano Neto, VP de Estratégia do Score Group; Enricco Benetti, CEO da BFerraz; e Igor Tobias, Managing Director do MCI Group – para entender que programas eles já colocaram em ação para mudar essa realidade em suas organizações. Afinal, enquanto as mulheres representam hoje 51% da população brasileira, apenas 3,5% das companhias de grande porte no Brasil têm CEOs mulheres, 16% em cargos de diretoria, segundo levantamento da BR Rating de 2022.

Igor me contou que, devido a uma série de questões de nossa sociedade, as mulheres normalmente não são levadas a acreditar que podem ser CEOs ou representantes C-level de uma empresa. Desta forma, elas não costumam procurar a qualificação necessária para assumir esta função, realidade que a MCI quer mudar ao criar um fundo que irá investir na formação acadêmica das lideranças femininas que foram selecionadas pela organização para assumir cargos C-Level como trajetória de carreira. No Grupo, apesar de as mulheres serem maioria na gestão de BUs (Business Units ou Unidades de Negócio), a representatividade em cargos C-Level deixa ainda a desejar.

Na BFerraz, Enricco compartilhou comigo que está revendo toda a distribuição salarial para implantar uma política de equidade em salários e cargos para homens e mulheres. Esse é um processo que iniciou em meados de 2022 e está sendo concluído agora. Além disso, a agência está investindo em construir um ambiente mais diverso e mais aberto, emocional e socialmente seguro, onde todos se sintam incluídos e à vontade para participar.

Albano Neto me confidenciou que acredita que é responsabilidade da empresa o letramento dos líderes e de toda a equipe. Na Score Group, todas as sextas, acontece o Friday´s Talks, com a participação de palestrantes especialistas que tratam temas associados à pauta ESG, como: Felicidade Corporativa; Aterrissando pautas ESG com ajuda do radar antifragilidade; e Como incluir, manter e promover a diversidade numa empresa. Albano também promove um programa de escuta ativa que acontece por meio de um papo reto mensal entre os líderes e as equipes, incentivando conversas com profissionais que ainda não entendem ou não oferecem o espaço necessário para o crescimento das mulheres em seus times.

Os resultados dessas ações já podem ser mensurados. Na BFerraz, agência do grupo B&Partners.co, a equidade é um objetivo a seguir e o equilíbrio 50%/50% entre os gêneros é acompanhado de perto em cada área ou setor da companhia. Enricco está inclusive pensando em levar essa máxima ao cargo de CEO; hoje são dois homens na liderança da agência, quando o ideal seria haver uma mulher e um homem na posição.  No Score Group, 46% das vagas de liderança já são ocupadas por mulheres e até 2024 a meta é atingir 51%. No programa Business with Love da Score, que premia colaboradores que mais se destacaram dentro dos princípios e valores da empresa, 58% são do sexo feminino. Na MCI a empresa, que antes procurava incluir pessoas diversas em seus processos de seleção, vai agora criar vagas afirmativas específicas para “ter, em um futuro próximo, a mesma proporcionalidade da diversidade brasileira na organização”.

Para finalizar, elenco aqui algumas ações adicionais apontadas por esses executivos para impulsionar ainda mais a inclusão de gênero no mercado de live marketing: promover ambientes com menos violência verbal e atitudinal em todas as esferas e relações; respeito às leis e aos formatos de contratação que deem amparo principalmente para as mães e gestantes; e a punição exemplar de comportamentos inadequados, que reforcem a cultura patriarcal e machista.

Que tal se espelhar em alguns destes maravilhosos exemplos e iniciar agora essa jornada que será essencial para as empresas e grupos de comunicação de sucesso do futuro?

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Dilma Souza Campos

Seis motivos para aumentar a representatividade de líderes negros nas empresas

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Por Dilma Campos

Os negros representam 56,1% da população brasileira (IBGE), mas ocupam apenas 4,7% dos cargos executivos nas 500 maiores empresas do país, segundo levantamento do Instituto Ethos. No recorte de gênero, as mulheres negras representam apenas 0,4% dessas posições.

Basta uma rápida olhada nestes números para constatar que, apesar do avanço nas discussões sobre práticas ESG e D&I (Diversidade e Inclusão) nas organizações, há ainda um longo caminho a ser percorrido. O diretor-presidente do Instituto Ethos, Caio Magri, estima que “se o avanço da representatividade continuar nesse ritmo, só teremos a equidade demográfica em todos os níveis hierárquicos daqui a 100 anos”.

Uma fala que nos choca e impulsiona a ter intenção e ação para mudar esse cenário.

No mês da Consciência Negra, resolvi reunir seis motivos que demonstram a importância de aumentar a representatividade de líderes pretos nas organizações.

Em primeiro lugar, para que outros profissionais que estejam em funções hierárquicas mais baixas tenham uma referência que mostre que é possível chegar lá. Parece algo simples, mas só quem é negro sabe a importância disso na carreira.

Antes de empreender e ser CEO da Nossa Praia, cheguei à posição de diretora executiva de um grande grupo de comunicação, mas era a única líder preta nessa função.

O segundo motivo é permitir uma inclusão real de pessoas negras na empresa. Não adianta criar vagas afirmativas e aumentar o número de colaboradores pretos na organização se no dia a dia vieses inconscientes os excluem das oportunidades e do lugar de fala, bem como das promoções e oportunidades de crescimento que surgem. Infelizmente, situações de constrangimento e preconceito ainda são uma realidade em muitas empresas. A presença de executivos negros ajuda a combater preconceitos e estereótipos raciais na cultura organizacional e amplia as oportunidades de outras pessoas pretas.

O terceiro motivo é financeiro. O relatório “Why diversity matters”, da McKinsey, mostra que, para cada 10% de aumento na diversidade racial e étnica dos executivos seniores, o Ebitda da organizações aumenta 0,8%. Isso se explica, em parte, pelo quarto motivo que vem a seguir.

Lideranças diversas contribuem para o bem-estar e a felicidade no trabalho: 64% dos colaboradores indicam que estão felizes na empresa, em comparação com apenas 31% das empresas que não são comprometidas com a diversidade! Funcionários de empresas comprometidas com a diversidade têm 152% maior probabilidade de propor novas ideias e tentar novas formas de fazer as coisas, e probabilidade 73% maior de relatar uma cultura de liderança em prol do trabalho em equipe, o que afeta positivamente a forma como as pessoas se comportam. Impacto positivo na sensação de pertencimento e na produtividade da equipe resumem essa equação.

Motivo número 5: Diversidade e inovação caminham lado a lado. O estudo da McKinsey aponta que os funcionários de empresas percebidas como comprometidas com a diversidade são 66% mais propensos a relatar que seus líderes promovem a inovação. Aliás, a relação entre inovação e diversidade já foi tema de um outro artigo que escrevi aqui na Revista Live Marketing.

Múltiplos olhares para as necessidades do consumidor em um mundo globalizado e dinâmico é o sexto motivo para ter líderes diversos no quadro executivo das empresas. A velocidade das mudanças e o impacto da tecnologia exigem times que enxerguem várias possibilidades e cenários, além de soluções para os desafios que surgem. Para simplificar: enquanto times homogêneos enxergam um problema por apenas um ângulo, equipes heterogêneas e diversas têm uma visão ampliada por diferentes pontos de vista, o que facilita a solução criativa.

Deixo aqui uma reflexão final: diante de tantas vantagens, faz sentido continuar perpetuando o mesmo modelo de liderança do passado? Ou sua empresa está pronta para abraçar todas essas oportunidades que a diversidade no quadro de liderança proporciona?

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Dilma Souza Campos

Hackeamos o Canvas! Incluímos ESG no Business Model Canvas

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Por Dilma Campos

Se alguém me dissesse há 10 anos que eu estaria no palco do Rio Innovation Week no mesmo dia da palestra prática de Alex Osterwalder, o inventor do Business Model Canva, apresentando um modelo hackeado dessa ferramenta de gestão que o mundo inteiro utiliza para ampliar a ferramenta com o olhar do ESG, eu provavelmente não acreditaria.

Quando eu olho para a foto do Alex nos parabenizando por essa inovação, percebo que de fato a economia regenerativa se apresenta como o caminho mais viável para a sobrevivência dos negócios e do planeta e que a conscientização dessa necessidade evoluiu muito nesses 10 anos. Mas ainda há muito a fazer!

Por isso, para ajudar as empresas nessa jornada de transformação, lançamos no dia 5 de outubro o Business Model (Re)Generation Canvas (BMREG), releitura do Modelo Canvas, em um dos maiores eventos de inovação e tecnologia da América Latina, que recebe mais de 100 mil pessoas no Píer Mauá, Rio de Janeiro.

O BMREG foi desenvolvido de forma colaborativa pela comunidade de prática #ESGpraJÁ, da qual faço parte. Somos um Grupo de Estudos Avançados em ESG e Estratégia Criativa com o objetivo de impulsionar as práticas ambientais e sociais dos negócios e marcas. Nosso objetivo é buscar soluções concretas e práticas para trazer o ESG para a realidade das empresas.

Para operacionalizar essa ideia, entendemos que era necessária uma ferramenta que ajudasse a desenvolver novos modelos de negócio com base nessas premissas sustentáveis. Recorremos então à grande referência mundial, o Business Model Canvas de Osterwalder, apresentado no best-seller Business Model Generation, livro que já foi traduzido para mais de 30 idiomas e é uma das ferramentas mais usadas do mundo.

Com uma referência tão consolidada globalmente, não fazia sentido desenvolver outra do zero. Decidimos então hackear a ferramenta e acelerar um reframing do Canvas com a proposta de tornar os negócios lucrativos e regenerativos ao mesmo tempo.

Quadrantes do Canvas e Economia Regenerativa

O que o BMREG faz é propor uma adequação dos 9 quadrantes do Canvas original às novas necessidades de negócio dos tempos atuais.

Vamos entender como isso funciona na prática: quando o Canvas se refere ao quadrante de Segmento de Clientes, ele propõe uma investigação criativa das dores dos clientes que estão no foco do negócio. No BMREG, o escopo é ampliado para todos os stakeholders: além dos clientes, é preciso ampliar a visão e pensar nas dores dos fornecedores, colaboradores, acionistas, da sociedade e do planeta.

O mesmo exercício se aplica ao quadrante Proposta de Valor do Canvas tradicional, que é a resposta da empresa – em forma de produtos, serviços ou experiências – para as dores e desejos dos clientes. No BMREG, devemos pensar no Propósito de Valor do negócio, que é muito mais abrangente. O propósito de valor mescla o propósito do negócio – motivo pelo qual aquele negócio existe e porque seria bom para todos os seus stakeholders que ele continuasse existindo – ao valor que pode ser gerado para todos os stakeholders.

Em Relacionamento com clientes, a proposta do BMREG é de que esse quadrante fale de Relacionamentos Regenerativos. A construção relacional é um capítulo super estratégico para a experiência do cliente como um todo e para o sucesso do negócio. Ou seja, o relacionamento com todos os stakeholders deve ser baseado em práticas saudáveis, transparentes e de impacto positivo. Saúde mental dos colaboradores e marketing regenerativo são propostas aplicáveis deste quadrante.

Dessa forma, os 9 quadrantes do Canvas foram repensados para refletir a abrangência e a complexidade dos negócios em uma época que precisamos encontrar soluções práticas para os desafios ambientais e sociais do planeta.

De uma forma simplificada, como podemos saber se uma marca ou empresa está plenamente alinhada com os novos tempos? A resposta é que ela precisa ser lucrativa e regenerativa ao mesmo tempo.

Essa é uma jornada de transformação gradual e contínua, que começa com uma simples decisão. A decisão de querer fazer parte da construção de um mundo sustentável para todos os que habitam nele: todos os stakeholders do negócio, o meio ambiente e a sociedade.

O BMREG é nossa contribuição colaborativa e open source (gratuita), disponível para todas as pessoas e empresas que decidiram fazer parte desse novo mundo. Junte-se a nós na missão de tornar nosso planeta um lugar mais sustentável!

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