Artigos
Cássio Rosas – Blockchain Ads é a próxima fronteira do marketing digital

Por Cássio Rosas *
Falar em tendências no marketing digital é uma proposta ousada – e arriscada! A intensa evolução tecnológica nos últimos anos e a aceleração digital provocada pela pandemia de covid-19 a partir de 2020 colocaram a área em profunda metamorfose. O que serve hoje pode não servir mais amanhã e é preciso corrigir, alterar ou adequar o planejamento do negócio. Entretanto, mesmo nesse cenário de transformação contínua, algumas projeções não chegam a ser difíceis de prever. Uma delas certamente é a entrada da tecnologia blockchain nos processos da publicidade digital, oferecendo alternativas para potencializar ainda mais o relacionamento entre marcas e consumidores.
Sim, estamos falando das “correntes de blocos” que carregam informações em códigos matemáticos. Elas ficaram conhecidas pelo mundo como base das criptomoedas. Após estranhamento inicial e até receio por servirem de sustentação a algo que não tem regulação, essa proposta ganhou espaço por suas vantagens. Pouco a pouco, começou a integrar diferentes projetos, até mesmo em transações financeiras tradicionais, como as realizadas pelos grandes bancos. O blockchain se mostrou seguro, eficiente, transparente e, mais importante, prático tanto para quem disponibiliza quanto para quem recebe.
Sua principal utilidade, portanto, é carregar ativos, financeiros ou não, de um local a outro. Como essa tecnologia é encarada como a próxima revolução dentro do marketing digital? A resposta é bem mais simples do que parece: o próprio marketing está mudando seu papel no ambiente virtual. De divulgador de produtos está se tornando um propagador de relacionamento. Assim, mais do que oferecer produtos e serviços a determinado consumidor por meio de links patrocinados e posts em redes sociais, é preciso entregar valor e engajamento, oferecendo informações para que esses usuários possam conversar e se conectar às empresas que eles gostam sem nenhum intermediário por trás.
A proposta do blockchain ads, portanto, é possibilitar uma plataforma de marketing digital gamificada, ou seja, um local em que consumidores possam ser recompensados ao realizarem tarefas de suas marcas favoritas, como o compartilhamento de anúncios em suas redes sociais em troca de moedas digitais. Não é preciso mais investir pesado em links patrocinados para ter destaque nos motores de busca se é possível atingir diretamente as pessoas com uma proposta de valor. É uma medida até simples, mas que traz resultados promissores, como a redução do custo de aquisição de cliente (CAC), um dos principais indicadores do marketing, e maior engajamento e fidelização dos clientes.
Entretanto, como toda novidade, é preciso ter calma e planejamento antes de sair adotando estratégias de blockchain ads. Primeiro porque a estrutura da publicidade digital no país ainda é bastante centralizada: há muito investimento em poucos canais de relacionamento (a cada dez reais investidos em publicidade digital no país, sete são destinados a vídeo e banner em sites e redes sociais, segundo a pesquisa Digital Adspend, da IAB Brasil). Segundo porque é preciso escolher o parceiro adequado, que entende de marketing e de blockchain, bem como pode implementar as melhores estratégias de acordo com os objetivos da organização e, claro, os desejos de seu público-alvo.
Entretanto, quem der o primeiro passo antes vai sair na frente de seus concorrentes. Assim, quando essa tendência virar realidade (e ela vai virar, pode ter certeza), essas empresas estarão mais preparadas para as novas demandas que irão surgir. O mundo não é mais o mesmo nem vai voltar a ser igual ao que era antes da pandemia. Há novos hábitos, comportamentos e soluções disponíveis por aí. Portanto, centralizar as estratégias de marketing digital nos mesmos formatos logo deixará de ser algo certeiro. Em um cenário de constante transformação, a inovação é a melhor tática que as organizações devem ter no relacionamento com seus clientes.
*Cássio Rosas é head de Marketing e Estratégia da WIBOO, utility token que promove um programa de fidelização entre varejistas e consumidores por meio de moedas digitais
Artigos
Distritos de mídia: o pulsar vibrante das cidades e a transformação urbana inspirado pela Teoria da Janela Quebrada

*Fabi Soriano
Imagine uma cidade que pulsa, que respira modernidade e que convida as pessoas a viverem sua melhor versão. Assim são os distritos de mídia espalhados pelo mundo: Times Square, Piccadilly Circus, Shibuya Crossing, a Free Zone em Seul – verdadeiros ícones urbanos que não apenas refletem a essência da publicidade exterior, mas também revitalizam e redefinem o que é viver em um centro urbano moderno.
Esses espaços são mais do que aglomerações de painéis luminosos. São corações pulsantes das cidades, pontos de encontro entre criatividade, tecnologia e cultura. E, se você olhar com atenção, eles contam uma história poderosa sobre transformação.
Segundo a Teoria da Janela Quebrada, ambientes que demonstram cuidado e organização desencadeiam comportamentos positivos. Quando uma janela quebrada é consertada rapidamente, passe a mensagem daquele espaço importante – e, com isso, crie um ambiente onde as pessoas se sintam seguras, respeitadas e parte de algo maior.
Agora, pense nos distritos de mídia! Antes de Times Square se tornaria o epicentro da energia nova-iorquina, era um lugar degradado, com ruas que muitos evitavam. Com planejamento, criatividade e investimentos em OOH (out of home), ela se tornou um ícone global. Hoje, a Times Square recebe milhões de turistas por ano e gera uma economia bilionária para a cidade. Isso não é magia; é a força de como um ambiente visualmente impactante pode transformar um local.
A publicidade exterior, em seus formatos mais tecnológicos e criativos, é muito mais do que uma ferramenta para marcas. Ela é uma conversa do progresso das cidades. Cidades que valorizam o OOH entendem que ele é, ao mesmo tempo, um espelho e uma vitrine. Ele reflete a inovação, o dinamismo e a pulsação da vida urbana. E, ao mesmo tempo, é uma vitrine que conecta as pessoas com o que há de mais novo e relevante – desde grandes marcas até manifestações artísticas.
Piccadilly Circus, em Londres, é um exemplo claro disso. Os cruzamentos, com seus painéis que dialogam com o público em tempo real, é muito mais do que uma área de publicidade: é uma plataforma que projeta Londres como uma capital criativa, diversa e inovadora.
Já em Shibuya, Tóquio, a convergência de luzes, sons e movimento é uma celebração da vida urbana. É um lembrete de que a publicidade OOH não é invasiva – ela é a trilha sonora visual das cidades que não dormem, que sonham alto e que inspiram o mundo.
Agora, o Brasil entra no jogo com a criação dos distritos de mídia em Belo Horizonte, Curitiba e Niterói. Projetos ousados que prometem transformar quadras centrais em uma espécie de Times Square brasileira. Esses espaços serão muito mais do que centros de publicidade: serão palcos para o talento brasileiro, um ponto de convergência entre marcas, cultura e inovação.
A criação de um espaço vibrante e atraente como um distrito de mídia pode trazer benefícios que se espalham como ondas: mais turismo, mais movimento econômico, mais orgulho para os moradores e mais segurança natural pela ocupação positiva do espaço público. Esse movimento também já começa a ecoar em outras cidades: em Belo Horizonte, a revitalização da Praça Sete, símbolo do Hipercentro, avanço para transformar a região; o mesmo ocorre em Niterói (RJ), com a modernização da Avenida Ernani Amaral Peixoto, outro polo urbano com potencial para se tornar referência em comunicação e urbanismo inteligente.
Quando olhamos para os grandes distritos da mídia do mundo, percebemos que eles não são apenas alguns pedaços de cidade iluminados por LEDs. São símbolos de progresso, criatividade e do poder que as cidades têm de se reinventar.
Belo Horizonte, Curitiba e Niterói agora têm a oportunidade de dar esse salto. De criar um espaço que inspire, que atraia pessoas, que conecte marcas às histórias que queremos contar. Porque, no fim, distritos de mídia não são apenas sobre publicidade. São sobre imaginar o futuro e ter confiança de construí-lo.
E você, está pronto para enxergar nossas cidades brilhando com todo o seu potencial?
*Fabi Soriano – Diretora executiva da Central de Outdoor
Artigos
Autenticidade vs. Artificialidade no branding: o desafio das marcas na era da IA

*Amanda Paribello Mantovani
Você sente que está falando com marcas ou com máquinas? Em 2025, essa dúvida tornou-se rotina para consumidores cada vez mais atentos — e impacientes. No universo saturado por mensagens automatizadas, a autenticidade deixou de ser um diferencial e passou a ser uma questão de sobrevivência para as marcas.
A popularização da inteligência artificial no marketing trouxe ganhos evidentes: eficiência operacional, personalização em escala e agilidade na produção de conteúdo. Segundo dados da Salesforce, 68% dos líderes de marketing globais já utilizam IA generativa em suas campanhas. No entanto, apenas pouco mais da metade acredita que está usando essa tecnologia de forma realmente criativa e autêntica. O resultado disso é um aumento de campanhas genéricas, diálogos frios e experiências impessoais, que acabam distanciando as marcas de seus públicos.
O público, cada vez mais consciente e crítico, reconhece rapidamente discursos vazios ou desalinhados com a prática. De acordo com o Edelman Trust Barometer 2024, 71% dos consumidores abandonam marcas que soam artificiais ou descoladas da realidade. A confiança, hoje, não nasce de promessas, mas da coerência entre o que a marca diz e o que ela realmente entrega. E não há algoritmo capaz de sustentar essa consistência sem propósito.
É nesse cenário que ganha força o conceito de branding híbrido, no qual a tecnologia é usada como aliada — e não como substituta — do toque humano. A IA pode ser poderosa para gerar insights, antecipar comportamentos e personalizar jornadas, mas o conteúdo precisa continuar sendo construído com emoção, empatia e senso de comunidade. A tecnologia deve liberar tempo das equipes para que elas pensem estrategicamente e criem com mais profundidade, e não apenas acelerar a produção de mensagens automáticas.
Para manter a autenticidade em tempos digitais, algumas práticas têm se mostrado eficazes. A primeira delas é a transparência: consumidores querem saber quando estão interagindo com uma máquina e quando existe envolvimento humano real. A clareza nesse processo aumenta a confiança e fortalece o vínculo com a marca. Outra prática essencial é manter consistência no tom de voz. A identidade precisa ser preservada em todos os pontos de contato, mesmo com o uso de ferramentas automatizadas. Além disso, é cada vez mais relevante incluir o consumidor como parte ativa da narrativa, escutando suas opiniões e cocriando experiências em tempo real.
O mercado também começa a priorizar parcerias com influenciadores autênticos e comunidades reais. Em vez de apostar apenas em grandes celebridades, marcas têm investido em microinfluenciadores que possuem forte identificação com nichos específicos. A lógica é simples: confiança e relevância pesam mais do que alcance bruto. A personalização, nesse novo cenário, só faz sentido quando está a serviço de experiências que gerem pertencimento e conexão genuína.
A era da inteligência artificial não representa o fim da autenticidade — ao contrário, ela a coloca à prova. Marcas que conseguirem equilibrar eficiência tecnológica com humanidade verdadeira vão liderar o movimento de reconexão com as pessoas. Porque, no fim das contas, o público não quer perfeição. Quer verdade.
*Amanda Paribello Mantovani – Especialista em marketing e eventos, atua no desenvolvimento de estratégias criativas para fortalecer marcas, engajar públicos e potencializar resultados.