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Por trás da festa: do turismo às experiências de marca, o Carnaval movimenta milhões

*Deza Abdanur
Definitivamente uma das maiores festas brasileiras, o Carnaval é uma comemoração popular com grande relevância simbólica e econômica em nossa cultura. E apesar de ser famosa no mundo todo como um acontecimento brasileiro, o evento foi trazido pelos colonizadores portugueses com características e detalhes distintos dos que presenciamos nas festividades atuais. O brasileiro se apossou da festa e a comemora com muita intensidade, considerando que a ocasião, que tem a duração de cinco dias, movimenta diversos setores da sociedade e um ecossistema de diversos negócios, englobando desde o turismo até a cenografia. Segundo um levantamento realizado pela Prefeitura do Rio de Janeiro no ano passado, a data movimenta cerca de 4 bilhões de reais só na economia da capital carioca. E para além das movimentações e transformações nas cidades, a festa consegue sacudir outras áreas de negócios.
Arquiteturas imaginárias
A cenografia dos camarotes, os carros alegóricos, trios elétricos, adereços, fantasias e decorações são criados e produzidos de formas singulares a cada ano, seguindo temas específicos como o objetivo de esperar o momento catártico da apresentação. As cores vivas, o brilho, as plumas e as penas tem o poder de exprimir a imaginação e o desejo dos amantes do Carnaval. E não à toa, marcas de diferentes nichos também se apropriaram da festa e perceberam que poderiam materializar sonhos e proporcionar experiências memoráveis para os foliões.
Projeto Camarote Salvador – Por: Studio Panda
A Brahma patrocinou por um longo período seu próprio camarote no Rio de Janeiro apenas com convidados, despertando o desejo das pessoas em fazer parte daquela vivência exclusiva. Ainda hoje a marca é muito próxima do Carnaval e fechou um acordo com a prefeitura de Salvador para que as bebidas da Ambev sejam exclusivas nos circuitos da cidade. O contrato para essa parceria girou em torno de R$27 milhões.
Mas, mesmo que tenha incorporado o live marketing, marcas e novas experiências, o Carnaval não deixa de ser o Carnaval. Nem a festa do Rio de Janeiro, nem a de Salvador perdem suas especificidades por se unirem a grandes companhias. De fato, as cidades ganham ainda mais com essa parceria.
O Carnaval do Rio de Janeiro ainda é aquele sonho que assistimos na televisão desde pequenos: os grandes carros alegóricos passando pela Marquês de Sapucaí com muita cenografia artística, figurinos e adereços e a torcida vibrando e cantando o samba enredo na arquibancada. Já o Carnaval de Salvador é uma grande festa que ocupa as ruas da cidade com seus trios elétricos que contam com shows de artistas renomados e muitos foliões dentro da corda seguindo a energia. Não é à toa que se consagrou como a maior festa de participação popular do mundo.
Diferentes carnavais
E apesar de diferentes entre si, as duas maiores festas do país disputam a atenção daqueles que gostam de sentir múltiplas experiências e até mesmo de quem quer conhecer uma nova localidade durante o feriado. Por isso, o conceito criativo e a imaginação são fundamentais para gerar potência e inovação.
Projeto ativação Uber – Por: Studio Panda
Isso já é muito bem feito com a cenografia dos camarotes, por exemplo, que transpassam uma experiência premium em todos os detalhes. Mas precisamos pensar no amanhã. O que ainda falta na grande festa brasileira é a preocupação com a agenda ESG, na prática. Apesar de a festa impactar positivamente as instâncias econômica e social, com todos os ganhos que produz, ainda falha com uma geração gigantesca de lixos e resíduos.
Já é hora de pensarmos em planos para reaproveitar suas estruturas e utilizar peças que minimizem os resíduos, incentivar o uso de lixeiras recicláveis, neutralizar carbono, oferecer catering sustentáveis, entre tantas ações que podem servir como o primeiro passo. O Carnaval é responsável por trazer grande relevância nacional, nossa identidade e o patrimônio cultural do país. É uma grande inspiração de como fazer um evento bem-sucedido ao longo dos anos.
O Carnaval do Brasil brilha com alegria e cor, mas também é importante lembrar que a diversão de hoje pode impactar o futuro. Por isso, vamos celebrar com responsabilidade e práticas sustentáveis, preservando a beleza desse patrimônio cultural para as gerações futuras. Então, que tal pensarmos o Carnaval sob a ótica ESG?
*Deza Abdanur, Arquiteta, apaixonada por design, cinema e artes transformou seu senso estético em um grande diferencial para o mercado de cenografia para eventos corporativos e virtuais, segmento em que atua há 15 anos. É sócio-fundadora do Studio Panda e sócia da Guilt.
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Tráfego pago não resolve tudo — mas mostra onde estão os gargalos

*Fabricio Macias
No cenário atual do marketing digital, o tráfego pago surge como uma poderosa ferramenta para atrair visitantes qualificados para as páginas de uma empresa. É uma estratégia de marketing digital onde as empresas investem financeiramente em anúncios online para atrair visitantes para páginas específicas, como sites ou landing pages. As plataformas de anúncios, como Google Ads e LinkedIn Ads, são escolhidas com base nas necessidades de cada tipo de negócio. Esse modelo permite que os anúncios alcancem mais usuários de forma segmentada e estratégica.
Embora qualquer empresa possa investir em tráfego pago, é importante destacar que, para que o investimento seja eficaz, o produto ou serviço precisa já ter sido validado no mercado. Empresas que ainda não têm uma base de clientes sólida ou uma demanda comprovada podem encontrar desafios ao investir sem realizar testes prévios. Sem dúvida, o tráfego pago pode ser eficiente para a maioria das empresas, mas sua eficácia depende de vários fatores, como o segmento do negócio, a estratégia adotada e o público-alvo. Empresas que compreendem bem seu mercado e seu público tendem a ter melhores resultados.
Entretanto, antes de decidir investir em tráfego pago, é essencial considerar alguns pontos fundamentais como por exemplo, a segmentação do público-alvo, o estabelecimento de metas claras e um orçamento realista, além da escolha de uma plataforma adequada para os objetivos e público definido. E para saber se está na hora de investir em tráfego pago, a empresa deve considerar a validação do produto no mercado, ter um site ou landing page otimizado para conversões, dispor de um orçamento para testar e aprender com os dados, e avaliar a demanda e a concorrência no nicho de atuação.
Geralmente, a melhor estratégia de tráfego pago envolve campanhas constantes, com otimizações periódicas e ajustes no orçamento conforme a necessidade e a performance da campanha. Para negócios como e-commerce ou serviços recorrentes, campanhas contínuas são ideais.
Já para datas sazonais, como Black Friday, as ações específicas e pontuais podem ser mais eficazes. Ou seja, é preciso saber o que se deseja com o tráfego pago: mais vendas, gerar leads ou aumentar o reconhecimento de marca?
Após essa definição, avalia-se quanto pode investir sem comprometer o caixa da empresa. Por fim, é necessário garantir que sua equipe ou operação esteja pronta para atender ao volume de potenciais clientes que o tráfego vai gerar. Além disso, é preciso acompanhar métricas como CAC (Custo de Aquisição de Clientes)e ROI (Retorno sobre Investimento) a fim de garantir que o investimento está trazendo retorno.
Existem diversas empresas especializadas em tráfego pago, mas as empresas também podem optar por gerenciar a campanha internamente, porém, devem ter conhecimento técnico e tempo para otimizar constantemente os anúncios. Caso contrário, pode haver erros significativos na segmentação ou no orçamento, prejudicando os resultados. As agências, por sua vez, oferecem expertise e estrutura para analisar campanhas de forma precisa, evitando desperdícios e contribuindo com estratégias como remarketing e campanhas omnichannel. Além disso, erros comuns incluem falta de definição clara de objetivos, segmentação incorreta do público, falta de monitoramento regular das campanhas e orçamento mal planejado.
Por isso, a empresa precisa estar adequadamente estruturada antes de investir em tráfego pago. Não adianta direcionar tráfego para um site desatualizado, uma página confusa ou um funil de vendas inexistente. O tráfego pago amplifica o que já existe, e se a operação não estiver pronta para atender o cliente ou converter as visitas, o investimento pode ser desperdiçado. Assim, a melhor estratégia é combinar o tráfego orgânico — que envolve o trabalho contínuo de construção de marca, presença digital e criação de conteúdo — com o tráfego pago. Dessa forma, as pessoas podem chegar ao seu negócio de diferentes maneiras, seja buscando por soluções específicas, seja por meio de anúncios criativos e bem segmentados.
Nesse sentido, se você está começando, o primeiro passo é procurar profissionais ou agências certificadas nas plataformas em que deseja investir, como Google Ads, LinkedIn Ads ou Meta Ads. Caso o orçamento esteja apertado, uma alternativa é usar as plataformas de forma self-service, que oferecem tutoriais e suporte. E existem também ferramentas, como o ChatGPT, que ajudarão a criar as primeiras campanhas e testar sua eficácia. E, quando se trata de tráfego pago, a melhor prática é sempre testar e analisar tudo.
Ao contrário da mídia tradicional, onde é difícil saber o retorno de cada investimento, no digital é possível rastrear o desempenho de cada clique, conversão e custo. Assim, a melhor estratégia é estruturar bem os web analytics, colocando tags no seu site para monitorar o fluxo e a origem das conversões.
Além disso, ao utilizar o tráfego pago, é essencial adotar uma cultura de testes constantes. O digital permite testar com investimentos baixos e obter resultados rápidos e visíveis, o que facilita ajustes rápidos e eficazes.
Por fim, ao iniciar no tráfego pago, é importante ter a mentalidade de testar pequenos para acertar grandes. Não acredite em milagres ou gurus da internet, mas sim, em uma abordagem de curiosidade e aprendizado contínuo. Teste suas campanhas, rastreie os resultados e, com o tempo, você verá os benefícios desse investimento estratégico. Tráfego pago não é apenas uma tendência do marketing digital, mas uma ferramenta que, quando bem usada, pode gerar resultados reais e impulsionar o crescimento do seu negócio.
*Fabricio Macias – Co-CEO da Macfor
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Loja TikTok: oportunidade ou ameaça? O novo jogo do varejo digital

*Juliene Nigro
A chegada do TikTok Shop ao Brasil não é apenas uma novidade para o marketing digital: pode representar uma mudança significativa na dinâmica do e-commerce e, por consequência, na economia digital do País. Ao permitir que criadores, marcas e consumidores negociem diretamente dentro do próprio app, o TikTok reduz barreiras entre conteúdo e consumo, acelerando a jornada de descoberta até a compra.
Isso tende a democratizar o acesso ao comércio digital. Pequenos empreendedores, influenciadores locais e marcas regionais podem encontrar no TikTok Shop uma vitrine poderosa, antes inacessível nos grandes mercados tradicionais. Essa descentralização tem o potencial de movimentar a economia criativa, gerar renda para criadores de conteúdo e estimular o empreendedorismo digital, especialmente entre os jovens.
Por outro lado, grandes players como Mercado Livre, Amazon e Shopee deverão se adaptar a uma nova concorrência mais dinâmica, baseada em entretenimento e influência, e menos em busca por preço ou frete. Enquanto esses marketplaces apostam em infraestrutura logística e grande sortimento, o TikTok Shop oferece algo mais emocional e impulsivo: a compra motivada por desejo, conexão com um criador ou tendência viral.
Além disso, a própria lógica de anúncios e desempenho muda: em vez de campanhas frias, o conteúdo com viés comercial se torna mais autêntico, orgânico e integrado à rotina do usuário. Isso pressionado marca a recompensarem sua abordagem: deixar de ser apenas vendedoras para se tornarem contadoras de histórias e geradoras de entretenimento com propósito.
Em termos econômicos, isso pode aquecer ainda mais o setor de comércio social, estimular a formalização de novos negócios digitais e redistribuir a atenção (e os gastos) dos consumidores para plataformas mais sociais.
Para as marcas, o desafio é claro: não basta vender um produto — é preciso construir relevância cultural. A comunicação se torna o principal motor de vendas. As campanhas precisam ser menos “campanhas” e mais conversas. A produção de conteúdo passa a ser tão estratégica quanto ao próprio portfólio. E os criadores, que hoje já são parceiros de negócios em muitos casos, tornam-se ainda mais fundamentais nessa jornada.
Em resumo, o TikTok Shop chega como um potencial de mudanças no e-commerce brasileiro, com impactos que além das telas: ele reorganiza o ecossistema digital, desafia os gigantes do varejo e oferece novas oportunidades para quem souber usar a criatividade como motor de vendas.
* Juliene Nigro – Vice-presidente de operações da Mootag