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Ti Bernardes – Live Marketing: como ficará o setor pós-crise?

Por Ti Bernardes
O que vai ficar quando a quarentena acabar? Como estará o mercado? O que teremos aprendido com tudo isso? Empresários de vários setores, certamente se deparam com essa pergunta com muito mais frequência do que gostariam. Em um momento em que muito se fala de incertezas e de um futuro desconhecido, é hora de pensar no que virá no pós pandemia. Afinal, o que nos espera quando tudo isso passar? Como estará o mercado depois de um longo período de isolamento social?
Como empresário no setor de live marketing e presente no mercado há anos, posso afirmar que essa é a primeira crise que mexe com a nossa categoria de forma global. Eventos foram cancelados nos cinco continentes. Não se trata de algo regional, mas mundial. Talvez isso, torne um pouco menos penosa a situação como um todo. O Covid-19 veio como um efeito dominó que deixou muita gente sem chão. Pelo fato de estarmos todos passando pelo mesmo momento, observo que há um movimento maior de cooperação até mesmo entre os concorrentes e, principalmente entre os artistas que estão produzindo lives e mantendo o seu público por perto, assim como grandes marcas que estão ajudando os setores mais afetados.
Especialmente no mercado de live marketing, essa é a vez e a hora de usarmos a nossa criatividade. Elemento, aliás, fundamental no nosso nicho. É o momento de reaprender e, usando a expressão mais clichê da atualidade, é hora de nos “reinventarmos”.
O mercado de live marketing pós-Coronavírus certamente terá sido afetado. E cabe a nós, aqueles que vivem dele e fazem ele acontecer, decidir se para o bem ou para o mal. Por uma ótica otimista e, ao mesmo tempo racional, vejo um público sedento por eventos de todo tipo assim que o isolamento acabar. E nisso, vejo a oportunidade de apostarmos em grandes eventos e ativações, com pessoas animadas e felizes, prontas para curtir tudo o que ficou guardado nesse tempo, assim como marcas mais otimistas em investir nessas ações. Vejo empresas querendo retomar de perto o contato com os seus consumidores, com novas abordagens e com vontade de fazer acontecer.
E, enquanto isso, utilizaremos o tempo, tão escasso na correria do nosso dia a dia, para planejar. É hora de criar novos conceitos, ações, eventos, feiras e ativações e, principalmente, de buscar entender a fundo o que enche os olhos desse novo público com mudança de hábitos, que será formado pós-crise.
Ti Bernardes – Diretor geral da Agência MAK
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O futuro falou alto no Digitalks 2025 e as marcas precisam ouvir

*Claudio Santos e Daniel Rosa
O Digitalks 2025 deixou claro que o mercado de comunicação vive um momento decisivo. Entre tecnologia, cultura pop, criatividade e profundos ajustes no comportamento do consumidor, algumas tendências se destacaram pela força com que estão moldando e acelerando a transformação do setor. Cinco tendências, um mesmo recado.
De IA a Sonic Branding, passando pela força da Globo, pela reinvenção criativa do SBT e pelas colaborações culturais do porte de Stranger Things.
1. IA como infraestrutura, não mais como ferramenta
O painel de Pyr Marcondes foi categórico: a inteligência artificial deixou de ser acessório e passou a ser o motor central dos novos modelos de negócio.
Segundo ele, startups e empresas que não forem AI-first se tornarão obsoletas em meses, não em anos. A visão é incômoda, mas necessária: enquanto as Big Techs continuam investindo pesado em grandes modelos de linguagem, a verdadeira revolução está acontecendo nas aplicações específicas, nas microtarefas que resolvem dores reais e aceleram produtividade. O Digitalks mostrou que IA já não é diferencial competitivo. É requisito básico para existir no mercado.
2. Sonic Signature: o som como identidade de marca
A apresentação da Mastercard trouxe um conceito que ainda é pouco explorado no Brasil: a força das marcas sonoras. Em um ambiente saturado de informação visual, a Sonic Signature, um conjunto de sete notas que representa a marca globalmente e reforça uma tendência: criar vínculos emocionais usando estímulos que fogem do óbvio.
O funil de compra deixou de ser linear; o contato com a marca é fragmentado e disperso. Nesse contexto, símbolos auditivos tornam-se âncoras de memória. A era do Quantum Marketing aposta menos em dados brutos e mais em conexões sensoriais. A Mastercard entendeu isso antes da maioria e essa tendência deixou claro que outras marcas precisam seguir o exemplo.
3. Globo: a força de um ecossistema crossmedia e transgeracional
A fala de Gabriela Sicito, da GloboAds, reforçou um ponto que muitos players digitais tentam ignorar: a Globo ainda é e continuará sendo o maior ecossistema de comunicação do país. Com alcance de 98% da população brasileira, o grupo combina TV aberta, streaming e plataformas digitais com uma naturalidade que poucas empresas no mundo conseguem replicar.
A TV Globo mantém enorme força entre o público 40+, enquanto o Globoplay reúne jovens abaixo dos 30. Publicidade segmentada por cidade ou estado, ações de performance local e indicadores robustos completam a equação. Se há uma tendência consolidada, é esta: o futuro não será apenas digital; será crossmedia, transgeracional e guiado por dados.
4. SBT e o retorno da criatividade que prende e não apenas que atrai
No painel do SBT, uma ideia simples ressoou com força: mesmerization captura o olhar; criatividade mantém a atenção. Não basta gerar cliques, é preciso gerar conversa.
O resgate das câmeras escondidas exemplifica essa tese. O case global da Menina Fantasma, que ultrapassou 300 milhões de views, mostrou que formatos clássicos podem renascer quando reinterpretados para novas gerações. Hoje, versões imersivas aparecem em eventos como a CCXP, mostrando que entretenimento bem construído continua sendo uma das linguagens mais eficientes para marcas.A tendência é clara: o conteúdo que vence é o que combina engenharia do olhar com inteligência narrativa.
5. Stranger Things + Valda: nostalgia como estratégia de marca
O painel sobre marcas e entretenimento apresentou um dos cases mais simbólicos do evento: a collab Valda + Stranger Things. A força da ação não veio apenas da visibilidade, mas da conexão genuína. Ambos os universos carregam estética e memória afetiva dos anos 80 e foi exatamente essa sintonia que gerou relevância.
Mas o debate trouxe também um alerta importante: viralizar é fácil; manter relevância é difícil. A verdadeira tendência aqui não é a nostalgia em si, mas a capacidade de transformá-la em continuidade de narrativa, algo que poucas marcas conseguem sustentar.
O futuro da comunicação será híbrido, sensorial, inteligente e profundamente cultural. E, se o Digitalks antecipou alguma coisa, é que quem não acompanhar esse movimento ficará para trás — mais rápido do que imagina.
*Claudio Santos – Presidente do Next Group
*Daniel Rosa – CEO do Digitalks Indie Summit
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O produto virou ferramenta, o valor está no símbolo

*Vinicius Martinez
Durante anos, o mercado girou em torno do produto. O mundo mudou, e o consumidor mudou com ele. Hoje, o que define o desejo não é mais o que você vende, mas o que você representa, com quem você é conectado. O produto sozinho perdeu força e espaço para o símbolo, o que ele comunica, a comunidade que ele cria e o sentimento de pertencimento que ele desperta.
Agora é a conexão dos 4Cs: consumidor, custo, conveniência e comunicação. O poder saiu da prateleira e foi para o feed. O produto deixou de ser o fim e se tornou o meio de diálogo, de status, de identidade.
Campanhas social first cresceram justamente porque falam de gente, não de coisas. Elas criam comunidade, convidam o público para dentro e transformam consumidores em porta-vozes culturais. E quando a audiência vive a marca, o consumo acontece naturalmente. A nova influência é viva, espontânea e criativa.
A geração Z e os millennials não querem mais assistir a anúncios. Eles querem fazer parte da história. Os creators viraram marcas e as marcas viraram plataformas. Hoje o desafio diário é buscar profundidade de comunidade, posicionando narrativa e transmitindo propósito.
O mercado de comunicação vive uma fase de evolução e aprendizados diários. As fronteiras entre agência, consultoria, house e creator estão desaparecendo, integrando e tornando mais colaborativo o conteúdo final das entregas. Os players de mercado que entenderam isso estão se fundindo, se reestruturando e criando modelos híbridos, capazes de entregar estratégia, cultura e negócio na mesma mesa.
Não é sobre ser “de trade”, “digital” ou “publicidade”. É sobre resolver o problema real do cliente, com criatividade como ferramenta, dados como base e alinhamento estratégico de dentro para fora. O desafio está justamente em entregar campanhas de sucesso para um cenário 360 com o consumidor final.
O Brasil como laboratório cultural – O Brasil entende essa virada como poucos. Aqui, um drop vira conversa, um lançamento vira meme, uma collab bem feita vira comportamento social. Da febre do Labubu ao lifestyle de On, Lululemon e Yalo, o público busca símbolos que traduzam quem ele é ou quem gostaria de ser. O consumo automaticamente se adapta para uma forma de expressão, um reflexo de identidade. Por isso, não vendemos mais produto, vendemos símbolos que conectam pessoas e criam cultura.
Enfim, o produto é só o passaporte. O que vale é o que vem depois: a conversa, a experiência, o pertencimento. E quando o produto deixa de ser mercadoria e vira símbolo, ele ultrapassa o mercado e entra na vida das pessoas. A nova economia é movida por cultura, não por catálogo.
*Vinicius Martinez – Sócio-diretor da influência, agência do Grupo HÜK









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