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Quais são as tendências do marketing digital para 2021?
O ano da retomada pós-pandemia é de análise para diversos setores do mercado, em especial o varejista. Estamos percebendo com mais clareza, agora, algumas ferramentas e tecnologias com potencial de serem protagonistas em 2021; entre elas a inteligência artificial (IA), realidade aumentada, reconhecimento facial e assistentes de voz, sempre com base no forte uso de dados.
Essas tendências já vêm sendo debatidas desde o início de 2020. Foram, inclusive, pauta da NRF, a maior feira mundial do varejo, da qual pude participar em Nova Iorque no mês de janeiro. Falou-se muito sobre IA na tomada de decisões de negócio.
Um exemplo é a análise de características de um novo cliente e das equipes internas, para que então seja feita a união entre clientes e equipes que melhor combinam. Também dá para se pensar na oferta mais estratégica de produtos a partir disso.
A aplicação da IA exige um uso intenso e controlado de dados, algo que já cresce todos os anos naturalmente. Por isso, a área requer atenção para que esse volume continue sendo filtrado e utilizado corretamente.
A tecnologia está ficando cada vez mais prática para processar esses dados e transformá-los em poder de decisão. Com isso, eu espero ver também estratégias e segmentações de clientes mais bem elaboradas. As técnicas mais básicas devem ficar para trás.
A integração de dados on e offline é outro ponto relevante. É possível saber, por exemplo, quando um consumidor acessou o site de determinada marca e, posteriormente, foi até o estabelecimento conferir os produtos fisicamente, ou o caminho inverso. Mesmo a disponibilização de Wi-Fi grátis nas lojas serve como coleta de dados para aplicação no marketing digital.
Algumas tecnologias são novidades apenas na chegada ao mercado brasileiro, pois estão se consolidando há um tempo no exterior. O reconhecimento facial, mesmo, já é usado até em supermercados de algumas cidades chinesas como forma de pagamento, para se ter uma ideia de como foi rápida essa implementação.
A realidade aumentada, por outro lado, já vem sendo observada no Brasil com mais facilidade. O segmento de Casa e Decoração é o que mais aproveita essa tecnologia, que possibilita ao cliente a visão prévia de novos objetos em sua casa e até de reformas antes que elas sejam feitas.
Os assistentes de voz são outra aposta que eu faço para 2021. Existem pesquisas que afirmam que, no futuro próximo, nós teremos mais assistentes de voz do que há pessoas atualmente no mundo. Com isso estou falando da Alexa, do Google Assistente, da Siri. Todos eles auxiliam na realização de compras por voz e acredito que vão se intensificar.
Novos hábitos
Além das tecnologias em si, há duas tendências que não podem ser esquecidas, para as quais o mercado está se encaminhando cada vez mais: padronização e personalização. A primeira diz respeito à unificação da linguagem de marca, ou seja, a mesma comunicação em diferentes canais como as redes sociais, atendimento, site etc.
Já a personalização tem a ver com a entrega para cada pessoa. Se a empresa sabe do que eu gosto e sabe também, por exemplo, que eu uso muito o WhatsApp, então ela tem uma estratégia específica para me entregar o que eu quero no canal que eu mais utilizo.
Não dá para fugir do óbvio: 2020 foi um ano atípico e, por isso, o surgimento de tecnologias disruptivas não ocorreu na velocidade esperada. Ainda assim, a transformação digital foi imensa, em inúmeros setores.
Portanto, tenho segurança em esperar que 2021 traga suas novidades em um ritmo ainda mais acelerado.
Lucas Palhares é Diretor de Negócios da agência de marketing digital Raccoon
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O futuro do marketing não é performance vs branding: é autenticidade com resultado

*Ali Maurente
Por muito tempo, executivos e agências trataram performance e branding como lados opostos de uma mesma estratégia. De um lado, métricas como cliques, CPL e CAC. Do outro, narrativas aspiracionais que constroem reputação no longo prazo. O resultado dessa visão fragmentada foi a criação de uma falsa dicotomia, responsável por desperdício de energia e orçamentos divididos.
O futuro do marketing não será definido por “mais branding” ou “mais performance”. Ele já está sendo construído em torno de algo mais simples e, ao mesmo tempo, mais desafiador: autenticidade com resultado. Autenticidade porque consumidores, clientes e colaboradores aprenderam a identificar quando uma campanha não passa de fórmula. Não há algoritmo capaz de sustentar o que não é genuíno. Resultado porque, em última instância, conselhos e acionistas continuam cobrando ROI, crescimento e previsibilidade.
O incômodo cresce à medida que o mercado revela uma nova realidade: estamos diante de profissionais de marketing que muitas vezes não entendem de negócio. Há quem fale apenas de postagens, curtidas e seguidores, esquecendo o que realmente importa — receita e marca. Um marketing que olha só para receita morre, assim como aquele que olha apenas para marca. Uma marca sem receita é vaidade. Uma receita sem marca é commodity.
Marketing não é apenas branding. Também não é apenas performance. É o processo de criar, capturar, converter e expandir demanda, fortalecendo a marca ao mesmo tempo em que gera resultados concretos. Isso exige um entendimento profundo do negócio, e quem não souber traduzir essa equação perde espaço rapidamente. O profissional que restringe seus KPIs a seguidores perde relevância. Quem ignora receita se torna apenas mais um criador de conteúdo passageiro.
Esse desafio também não é exclusivo da área de marketing. Ele envolve o alinhamento de todas as áreas, do ICP à conversão. A marca abre portas. A receita mantém as luzes acesas. O alinhamento entre marketing e negócio sustenta o crescimento verdadeiro.
É por isso que CMOs e conselhos precisam abandonar a disputa entre awareness e conversão, entre conteúdo e CTR. O jogo atual é outro: transformar cada KPI em reflexo de uma narrativa verdadeira, capaz de construir comunidade e, ao mesmo tempo, entregar crescimento.
Autenticidade com resultado não é uma tendência. É questão de sobrevivência. Marcas que não compreenderem essa equação continuarão presas à armadilha da vaidade ou da comoditização. E profissionais que não souberem traduzi-la para o negócio perderão espaço para aqueles que entendem que marketing sempre será o motor que une significado e crescimento.
Ali Maurente – Chief Marketing Officer na PSA – Profissionais S.A.
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O quanto a inteligência artificial pode impulsionar o ROI das empre

*José Fleury
A inteligência artificial (IA) já transforma modelos de negócios, operações internas e estratégias de relacionamento com clientes. Um dos efeitos mais tangíveis dessa revolução tecnológica aparece no retorno sobre investimento (ROI). Todos desejam, mas poucos estão dispostos a fazer o que é exigido. Porque o retorno real não vem da ferramenta, e sim da forma como a empresa decide usar. E isso muda tudo.
Na prática esse o uso de IA pode representar, em média de 20% a 25% de aumento no lucro líquido, quando comparadas a concorrentes que ainda operam com processos tradicionais (dados da McKinsey).
O ROI, nesse contexto, não se limita à geração direta de receita. Ele também considera reduções significativas de custos operacionais, ganhos de eficiência, melhor alocação de recursos e decisões baseadas em dados. A IA impacta todos esses pontos de forma mensurável. O uso de IA para segmentação de audiência, personalização de campanhas e automação de mídia programática tem aumentado drasticamente o ROI em marketing digital. A Salesforce afirma que 80% das empresas que usam IA no CRM relatam aumento significativo na conversão de leads. A consultoria Boston Consulting Group apontou que campanhas personalizadas com IA chegam a gerar até 200% mais ROI que campanhas tradicionais.
Além disso, chatbots e assistentes virtuais reduzem custos com call centers e aumentam a satisfação do cliente. O Gartner estima que, em 2025, 95% das interações com clientes serão gerenciadas por IA, com redução média de 30% nos custos operacionais.
Empresas como a Amazon usam IA para otimizar rotas de entrega, prever demanda e gerenciar estoques. A McKinsey calcula que essas aplicações podem reduzir em até 50% os custos da cadeia de suprimentos.
Bancos e seguradoras utilizam IA para detecção de fraudes, avaliação de crédito e automação de relatórios. Um estudo do Bank of America mostra que o uso de IA para análise preditiva aumentou em 40% a precisão na concessão de crédito, reduzindo a inadimplência e otimizando o capital de giro.
Apesar dos benefícios, nem todas as empresas conseguem extrair ROI positivo imediatamente com IA. A maturidade digital, cultura organizacional e qualidade dos dados são fatores críticos para o sucesso.
Segundo o relatório AI Index 2024 da Universidade de Stanford, apenas 14% das organizações globais estão em estágio avançado de adoção de IA. Essas empresas são justamente as que colhem os maiores retornos, com aumentos de receita até cinco vezes maiores em relação às que estão apenas começando.
A consultoria Accenture aponta que empresas com maior maturidade digital conseguem acelerar o tempo de retorno dos investimentos em IA de 3 anos para menos de 12 meses. Isso ocorre porque essas organizações já possuem infraestrutura tecnológica adequada, governança de dados e equipes capacitadas para operar com machine learning e automação.
No entanto, medir o ROI da inteligência artificial exige mais do que simplesmente observar o lucro obtido com um projeto. É fundamental considerar uma série de indicadores complementares que ajudam a revelar o impacto real da tecnologia nos resultados da empresa.
Assim, um dos principais é o tempo de retorno do investimento (payback), que indica em quanto tempo o valor investido é recuperado a partir dos ganhos gerados pela solução de IA. Também se mede o ganho em produtividade, verificando quanto tempo ou esforço humano foi economizado com a automação de tarefas ou melhoria de processos.
De acordo com um relatório do MIT Sloan Management Review, as empresas que acompanham esses indicadores com regularidade têm 50% mais chances de obter ROI positivo em seus projetos de IA, justamente por alinharem tecnologia com metas de negócio de forma estruturada.
Entre os setores que mais se beneficiam com a aplicação da IA, o varejo e o e-commerce se destacam com a personalização de ofertas, previsão de demanda e atendimento automatizado.
Na saúde, a tecnologia contribui com diagnósticos mais precisos por imagem, otimização de agendamentos e redução de custos hospitalares. A manufatura aplica IA na manutenção preditiva de máquinas, controle automatizado de qualidade e robótica.
No setor de educação, surgem sistemas adaptativos de ensino e plataformas que personalizam conteúdos conforme o desempenho dos alunos. Já na agropecuária, a IA ajuda a prever safras, analisar o solo com precisão e automatizar processos no campo, otimizando a produção agrícola.
Desse modo, a expectativa é que, com a evolução dos modelos generativos (como GPT, Claude e Gemini), o ROI da IA se torne ainda mais visível, especialmente em áreas criativas, atendimento ao cliente, desenvolvimento de software e análise de dados em larga escala. Segundo a Deloitte, 70% dos executivos esperam que o retorno sobre investimentos em IA generativa supere os métodos tradicionais até 2026.
Portanto, empresas que integrarem IA de forma estratégica e mensurável sairão na frente em eficiência, competitividade e inovação. A IA não é um custo. É um investimento e, quando bem implementada, um dos que oferecem o maior retorno possível na economia digital.
*José Fleury – CFO da Fintalk
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