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Alexis Pagliarini

Protagonismo do Brasil no G20

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Por Alexis Pagliarini

No dia 10 de setembro passado, o Brasil recebeu simbolicamente o comando do G20 para um mandato de um ano, começando a partir de dezembro deste 2023. Será mais uma oportunidade do nosso país se firmar como líder nas questões ambientais. O governo já anunciou que deverá privilegiar as pautas ambientais e também sociais. O mote da gestão brasileira do G20 deverá ser algo como “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável”. É claro que as questões sociais são super relevantes e urgentes. Não dá para convivermos com fome e pobreza absoluta no mundo.

Não à toa, os primeiros objetivos entre os 17 ODS da ONU (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) são os relacionados a estes dois temas: Pobreza e Fome. Temos ainda uma desigualdade absurda e persistente, com 50% da riqueza mundial concentrada em apenas 1% da população. São pontos prioritários e merecem toda a atenção dos países componentes do G20.

Mas a questão ambiental é a que tem o Brasil como um dos players mais importantes, senão o mais importante. A criação da Aliança Global para Biocombustíveis, liderada por Brasil, EUA e Índia, é uma das iniciativas que tem nosso país como protagonista. Protagonismo! Esta é a palavra-chave para o Brasil nesse momento de dramatização das questões climáticas no mundo.

Depois de ver temperaturas passarem de 50°C em países da Europa neste último Verão do hemisfério norte, o mundo, estupefato, entendeu a urgência de se reverter o aquecimento global. E o Brasil é o país que tem uma matriz energética única, com mais de 90% da eletricidade gerada por fontes renováveis (dados de 2022), que possui a maior cobertura vegetal do planeta, o maior volume de água doce e um biocombustível de amplo uso, como o etanol.

Tudo isso nos torna um país sem igual. Não à toa, sediaremos a COP 30, em Belém, PA, em 2025, a apenas 5 anos da data limite estabelecida no Acordo de Paris (2030). O Brasil tem à sua frente uma janela de oportunidade imensa – um verdadeiro portal de oportunidades. Temos tudo para nos tornarmos um dos países mais prósperos do mundo nas próximas décadas. Podemos ser os líderes da economia verde, da energia limpa, que virá das hidrelétricas, das placas fotovoltaicas e das turbinas eólicas, mas também dos biocombustíveis e do hidrogênio verde, que corre por fora como a energia do futuro. O que precisamos agora é de foco.

Ao governo, cabe criar um ambiente propício para a iniciativa privada surfar na onda verde brasileira. E levar adiante a política de preservação e recuperação das nossas florestas. O resto, pode deixar com a iniciativa privada.  A economia mundial, pressionada, está de olho nas opções verdes e limpas e, naturalmente, negócios bilionários surgirão na esteira dessas novas alternativas energéticas. Ao Brasil protagonista, cabe apenas matar no peito e chutar para o gol.

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Alexis Pagliarini

Os efeitos da interferência humana

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Por Alexis Pagliarini

No início de março deste ano, a comunidade científica, depois de 15 anos de análise, votou contra uma proposta para declarar uma nova época geológica chamada Antropoceno, que refletiria o impacto profundo da atividade humana no planeta. A proposta foi rejeitada pelos membros da Subcomissão de Estratigrafia Quaternária, parte da União Internacional de Ciências Geológicas. Continuamos então na era do Holoceno, época geológica que se iniciou 11,5 mil anos atrás, após a era glacial.

Foi um período de aquecimento da Terra, gerando assim, uma estabilidade ecológica com grande parte das suas fauna e flora ainda presentes nos dias atuais. Mas já há prenúncios de uma entrada iminente na temida Era do Antropoceno. Antropoceno é a junção do termo grego Anthropus, que significa Humano (ou Relacionado ao homem) e Kainos, que significa Novo. Ou seja, é a interferência definitiva do homem na vida do planeta. A decisão científica de ainda não caracterizar uma nova era se deve ao perfil do grupo de avaliação, formado basicamente por cientistas ligados à geologia.

Mas, sob uma visão mais ampla da Antropologia, não há dúvida de que já estamos numa nova era. Após o início da revolução industrial, a interferência do homem na Terra se dá numa velocidade espantosa. Segunda a revista Nature, a massa construída pelo homem sobre a Terra já supera a de todos os humanos. A emissão de GEE (Gases de Efeito Estufa) provoca um aquecimento da Terra que pode superar o perigoso limite estabelecido no Acordo de Paris, assinado por aproximadamente 150 países, em 2015, de 1,5°C, em relação à era pré-industrial.

Na verdade, em diversas ocasiões, esse nível de aquecimento já foi superado. Se não conseguirmos reverter esse processo, poderemos atingir um ponto de não retorno, que pode ser catastrófico para as futuras gerações. Os fenômenos climáticos extremos já nos mostram com clareza os efeitos danosos dessa interferência humana.

Estamos todos impactados pela enchente no sul do Brasil, que causa mortes e destruição nunca vistas. Meses antes tivemos fenômenos semelhantes em outras regiões do Brasil, com muita destruição. Não dá mais para ficarmos indiferentes aos sinais de esgotamento da Terra. A catástrofe no sul do país deve, antes de mais nada, nos mobilizar para ajudar nossos irmãos gaúchos na superação de tanta desgraça, mas deve também servir como um sinal de alerta inequívoco para que todos nos conscientizemos da necessidade de uma revisão radical da forma com que lidamos com os recursos da Terra. A interferência humana pode inviabilizar a vida das gerações futuras ou provocar um renascimento virtuoso, com novos hábitos e atitudes que respeitem o ambiente em que vivemos. Depende de nós!

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Alexis Pagliarini

1992 – 2024 – 2030 – 2050

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Por Alexis Pagliarini

Não, você não está perante uma mensagem secreta, em código. Se você assistiu à série 3 Body Problem (Netflix – esperando ansiosamente a 2ª temporada), sossegue: esta não é uma mensagem alienígena. São datas. Mas não são datas quaisquer. São momentos de extrema importância para o mundo e, particularmente, para o Brasil. O ano de 1992 marca a realização da primeira grande conferência das Nações Unidas com foco no Meio Ambiente. O evento foi realizado no Rio e ficou conhecido como Rio-92 ou Eco-92.

Eu morava no Rio nessa época e me lembro da grande mobilização gerada. As mensagens predominantes ainda eram um tanto quanto naive, do tipo Salvem as Baleias ou Salve o Mico Dourado. Não que o movimento para salvar uma espécie da extinção não seja importante, mas hoje nós precisamos gritar Salvemos o Planeta!  De qualquer maneira, o evento foi um marco na conscientização e mobilização em torno das armadilhas que a humanidade estava criando para si própria. Foi um evento importante, que reuniu delegações de 175 países, com relevantes tratados assinados, como as convenções da Biodiversidade, das Mudanças Climáticas e da Desertificação.

Pois bem, 1992 foi o início de um importante movimento. Porém, chegamos agora a 2024 e temos mais preocupações do que conquistas a destacar. Há, sim, uma mobilização importante, mas tudo ainda num ritmo lento, inadequado à urgência, que vem crescendo com o passar dos anos. Estamos vivendo momentos angustiantes, com as mudanças climáticas mostrando seus efeitos devastadores. Vale a pena agora trazer à luz a terceira data-chave deste artigo: 2030. Na verdade, deveríamos tê-la precedido com 2015. Foi quando foi realizada a COP 21, momento em que foi firmado o Acordo de Paris, que marcou o compromisso de 195 países em aplicar medidas para evitar um aquecimento global que supere 1,5°C, em relação ao início da era industrial. É um compromisso que tem como deadlines (um termo em inglês que ganha contornos macabros) 2030 e 2050, a última data do título deste texto. 2030 é a data-limite para uma série de metas, expressas nos 17 ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, assumidos pelos países signatários do Acordo de Paris. São objetivos que vão muito além das ameaças das mudanças climáticas. Tratam também da fome, da desigualdade e de outros temas que são fundamentais para uma sociedade mais responsável, mais inclusiva e justa. E 2050 é a data estabelecida para chegarmos à condição de Net Zero Carbon, ou seja: carbono neutro. Significa alcançarmos uma condição em que o carbono emitido pelas operações humanas seja compensado integralmente, chegando a um equilíbrio ideal.

Para que tudo isso aconteça, o mundo está numa corrida. Mas é uma corrida desigual. Para alguns países, essa corrida é de velocidade rápida, para outros, é uma maratona a passos lentos. Alguns parecem nem ter dado a largada… O fato é que o Brasil é um corredor com chance de alcançar o pódio dessa competição. Poucos países têm a condição do Brasil de bater metas nas questões ambientais. Temos a maior cobertura vegetal do planeta e uma matriz energética exemplar, chegando a quase 50% de fontes renováveis, enquanto a média internacional não supera 15%. Mas essa não é uma corrida individual, é um revezamento, e precisamos da participação de toda a sociedade, passando o bastão de mão em mão para aproveitarmos esse diferencial competitivo. Enquanto que para alguns países as datas expostas no título deste artigo (principalmente as últimas) podem ser angustiantes, para o Brasil podem ser uma oportunidade de ouro. Mas o relógio não para e a janela de oportunidade não estará aberta para sempre. É preciso uma conjunção de esforços do governo, das empresas e da sociedade para que consigamos estabelecer outras datas, que marquem uma nova era de sustentabilidade, prosperidade e justiça social no Brasil.

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