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O poder das comunidades para um marketing mais assertivo

*Emiliano Agazzoni
Num mundo cada vez mais digital e conectado, é um enorme desafio para as empresas capturar a atenção da audiência que querem atingir. Mas usando bem alguns conceitos e ferramentas de marketing fica muito mais fácil alcançar esse objetivo. A questão envolve definição de público-alvo, estratégias de engajamento e métricas. Importante é que existem muitas maneiras de uma marca falar diretamente com sua audiência.
É preciso lembrar que a evolução do processamento e da análise de dados, principalmente nos últimos dez anos, ajudou muito os negócios nesse quesito. Múltiplas ferramentas digitais reduzem os esforços e melhoram a assertividade na comunicação para venda de produtos. Entretanto, existe uma maneira de uma empresa se conectar diretamente com seu público de interesse, e de forma mais autêntica: por meio do marketing de comunidades. As estratégias são complementares, vale destacar. Uma não exclui a outra.
Essa jornada inclui vários passos, começando da criação de uma própria comunidade de clientes, estratégia que aumenta a retenção e promove organicamente os defensores da marca. Não por acaso, gigantes como a Microsoft e a Salesforce apostaram na aquisição de comunidades já existentes.
Além disso, o Brand 2 Consumer permite, além de uma conexão por meio de comunidade própria, interagir diretamente com comunidades parceiras de maneira estratégica, atingindo a persona certa — lembrando que o conceito de persona remete à personificação detalhada do público-alvo. Quando isso acontece, a marca cria uma conexão real com o consumidor. Que é, de fato, o que as empresas querem obter.
Outro ponto relevante: no caso das comunidades, qualidade tem mais importância que quantidade. Simplesmente porque a audiência tem mais a ideia de “massa”, de diferentes públicos. Comunidade é um grupo menor, mas com uma conexão mais firme. As comunidades, em outras palavras, são os “lugares” onde o público de interesse de uma empresa está engajado, já pronto para se conectar com a marca.
Cabe também falar um pouco do papel dos influenciadores nessa dinâmica. Eles são o último elo da cadeia do marketing digital tradicional, que foca no alcance, antes do marketing de conversão em comunidades. Com os micro influenciadores uma empresa pode chegar, com maior conversão, ao seu público-alvo.
Ainda assim, os seguidores ou inscritos nas redes sociais dos influenciadores são uma audiência que está apenas no Instagram ou no YouTube — não formam uma comunidade. Isso porque a interação da marca com essa audiência é mediada pelos algoritmos das redes — algo, portanto, que está fora da influência da empresa. Em resumo, numa rede social a marca não tem controle; na comunidade, sim. Não é por acaso que os community managers trabalham engajando grupos segmentados, criando conteúdo, constantemente trocando mensagens, sem que precisem necessariamente fazer postagens nas redes.
Quando se trata de comunidades, no fim das contas, o like não interessa: o que importa para a interação com a marca é o clique.
E como criar uma comunidade? Alguns pontos essenciais: entrevistar o público-alvo, para saber em detalhes suas dores e anseios; contratar um especialista em comunidades, que pode ser um community manager ou um mentor; pensar no longo prazo, e não em monetizar rapidamente.
No mundo de hoje, em que as mudanças são cada vez mais rápidas, não dá para ficar parado. Se uma empresa quer engajar seu público e garantir que tenha uma ligação forte com a marca, precisa montar estratégias para atender as comunidades. Elas são, afinal, o verdadeiro ativo que qualquer marca quer preservar.
*Emiliano Agazzoni – Cofundador da Community Manager School
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O futuro do marketing não é performance vs branding: é autenticidade com resultado

*Ali Maurente
Por muito tempo, executivos e agências trataram performance e branding como lados opostos de uma mesma estratégia. De um lado, métricas como cliques, CPL e CAC. Do outro, narrativas aspiracionais que constroem reputação no longo prazo. O resultado dessa visão fragmentada foi a criação de uma falsa dicotomia, responsável por desperdício de energia e orçamentos divididos.
O futuro do marketing não será definido por “mais branding” ou “mais performance”. Ele já está sendo construído em torno de algo mais simples e, ao mesmo tempo, mais desafiador: autenticidade com resultado. Autenticidade porque consumidores, clientes e colaboradores aprenderam a identificar quando uma campanha não passa de fórmula. Não há algoritmo capaz de sustentar o que não é genuíno. Resultado porque, em última instância, conselhos e acionistas continuam cobrando ROI, crescimento e previsibilidade.
O incômodo cresce à medida que o mercado revela uma nova realidade: estamos diante de profissionais de marketing que muitas vezes não entendem de negócio. Há quem fale apenas de postagens, curtidas e seguidores, esquecendo o que realmente importa — receita e marca. Um marketing que olha só para receita morre, assim como aquele que olha apenas para marca. Uma marca sem receita é vaidade. Uma receita sem marca é commodity.
Marketing não é apenas branding. Também não é apenas performance. É o processo de criar, capturar, converter e expandir demanda, fortalecendo a marca ao mesmo tempo em que gera resultados concretos. Isso exige um entendimento profundo do negócio, e quem não souber traduzir essa equação perde espaço rapidamente. O profissional que restringe seus KPIs a seguidores perde relevância. Quem ignora receita se torna apenas mais um criador de conteúdo passageiro.
Esse desafio também não é exclusivo da área de marketing. Ele envolve o alinhamento de todas as áreas, do ICP à conversão. A marca abre portas. A receita mantém as luzes acesas. O alinhamento entre marketing e negócio sustenta o crescimento verdadeiro.
É por isso que CMOs e conselhos precisam abandonar a disputa entre awareness e conversão, entre conteúdo e CTR. O jogo atual é outro: transformar cada KPI em reflexo de uma narrativa verdadeira, capaz de construir comunidade e, ao mesmo tempo, entregar crescimento.
Autenticidade com resultado não é uma tendência. É questão de sobrevivência. Marcas que não compreenderem essa equação continuarão presas à armadilha da vaidade ou da comoditização. E profissionais que não souberem traduzi-la para o negócio perderão espaço para aqueles que entendem que marketing sempre será o motor que une significado e crescimento.
Ali Maurente – Chief Marketing Officer na PSA – Profissionais S.A.
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O quanto a inteligência artificial pode impulsionar o ROI das empre

*José Fleury
A inteligência artificial (IA) já transforma modelos de negócios, operações internas e estratégias de relacionamento com clientes. Um dos efeitos mais tangíveis dessa revolução tecnológica aparece no retorno sobre investimento (ROI). Todos desejam, mas poucos estão dispostos a fazer o que é exigido. Porque o retorno real não vem da ferramenta, e sim da forma como a empresa decide usar. E isso muda tudo.
Na prática esse o uso de IA pode representar, em média de 20% a 25% de aumento no lucro líquido, quando comparadas a concorrentes que ainda operam com processos tradicionais (dados da McKinsey).
O ROI, nesse contexto, não se limita à geração direta de receita. Ele também considera reduções significativas de custos operacionais, ganhos de eficiência, melhor alocação de recursos e decisões baseadas em dados. A IA impacta todos esses pontos de forma mensurável. O uso de IA para segmentação de audiência, personalização de campanhas e automação de mídia programática tem aumentado drasticamente o ROI em marketing digital. A Salesforce afirma que 80% das empresas que usam IA no CRM relatam aumento significativo na conversão de leads. A consultoria Boston Consulting Group apontou que campanhas personalizadas com IA chegam a gerar até 200% mais ROI que campanhas tradicionais.
Além disso, chatbots e assistentes virtuais reduzem custos com call centers e aumentam a satisfação do cliente. O Gartner estima que, em 2025, 95% das interações com clientes serão gerenciadas por IA, com redução média de 30% nos custos operacionais.
Empresas como a Amazon usam IA para otimizar rotas de entrega, prever demanda e gerenciar estoques. A McKinsey calcula que essas aplicações podem reduzir em até 50% os custos da cadeia de suprimentos.
Bancos e seguradoras utilizam IA para detecção de fraudes, avaliação de crédito e automação de relatórios. Um estudo do Bank of America mostra que o uso de IA para análise preditiva aumentou em 40% a precisão na concessão de crédito, reduzindo a inadimplência e otimizando o capital de giro.
Apesar dos benefícios, nem todas as empresas conseguem extrair ROI positivo imediatamente com IA. A maturidade digital, cultura organizacional e qualidade dos dados são fatores críticos para o sucesso.
Segundo o relatório AI Index 2024 da Universidade de Stanford, apenas 14% das organizações globais estão em estágio avançado de adoção de IA. Essas empresas são justamente as que colhem os maiores retornos, com aumentos de receita até cinco vezes maiores em relação às que estão apenas começando.
A consultoria Accenture aponta que empresas com maior maturidade digital conseguem acelerar o tempo de retorno dos investimentos em IA de 3 anos para menos de 12 meses. Isso ocorre porque essas organizações já possuem infraestrutura tecnológica adequada, governança de dados e equipes capacitadas para operar com machine learning e automação.
No entanto, medir o ROI da inteligência artificial exige mais do que simplesmente observar o lucro obtido com um projeto. É fundamental considerar uma série de indicadores complementares que ajudam a revelar o impacto real da tecnologia nos resultados da empresa.
Assim, um dos principais é o tempo de retorno do investimento (payback), que indica em quanto tempo o valor investido é recuperado a partir dos ganhos gerados pela solução de IA. Também se mede o ganho em produtividade, verificando quanto tempo ou esforço humano foi economizado com a automação de tarefas ou melhoria de processos.
De acordo com um relatório do MIT Sloan Management Review, as empresas que acompanham esses indicadores com regularidade têm 50% mais chances de obter ROI positivo em seus projetos de IA, justamente por alinharem tecnologia com metas de negócio de forma estruturada.
Entre os setores que mais se beneficiam com a aplicação da IA, o varejo e o e-commerce se destacam com a personalização de ofertas, previsão de demanda e atendimento automatizado.
Na saúde, a tecnologia contribui com diagnósticos mais precisos por imagem, otimização de agendamentos e redução de custos hospitalares. A manufatura aplica IA na manutenção preditiva de máquinas, controle automatizado de qualidade e robótica.
No setor de educação, surgem sistemas adaptativos de ensino e plataformas que personalizam conteúdos conforme o desempenho dos alunos. Já na agropecuária, a IA ajuda a prever safras, analisar o solo com precisão e automatizar processos no campo, otimizando a produção agrícola.
Desse modo, a expectativa é que, com a evolução dos modelos generativos (como GPT, Claude e Gemini), o ROI da IA se torne ainda mais visível, especialmente em áreas criativas, atendimento ao cliente, desenvolvimento de software e análise de dados em larga escala. Segundo a Deloitte, 70% dos executivos esperam que o retorno sobre investimentos em IA generativa supere os métodos tradicionais até 2026.
Portanto, empresas que integrarem IA de forma estratégica e mensurável sairão na frente em eficiência, competitividade e inovação. A IA não é um custo. É um investimento e, quando bem implementada, um dos que oferecem o maior retorno possível na economia digital.
*José Fleury – CFO da Fintalk