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Nilson Filatieri – Como utilizar o funil de vendas ao seu favor

Há certas coisas que as pessoas falam para gente e que não acreditamos. Dentre elas, está a expressão “é possível ganhar dinheiro dormindo”. A verdade é que, sim, é praticável ganhar dinheiro dormindo. Falando assim, pode soar um pouco pretensioso e difícil de acreditar, mas é plenamente alcançável. Mas para que isso comece a ser colocado em prática, é preciso entender o conceito de Funil de Vendas.
Antes de começar a introduzir esse conceito, eu consigo adiantar que ao final deste artigo, certamente a ideia de ganhar dinheiro dormindo ficará mais clara. Acredite se quiser, mas o funil de vendas é algo que rege nossas vidas. Seja online ou offline, estamos inseridos em diversos funis. Obviamente, uns são mais sutis do que outros. Explicando a questão de forma prática, o funil de vendas, também conhecido como Pipeline, é o caminho que um cliente percorre do momento que ele conhece a empresa até a finalização da compra.
Para que essa trajetória seja percorrida de forma organizada e eficiente, é dever da empresa criar um funil capaz de tirar o atrito lead/empresa. Exatamente por isso, esse funil deve ser dividido em etapas: topo, meio e fundo. Seja empresa ou fornecedor, deve-se produzir conteúdos adequados para cada etapa do funil. Um dos exemplos é oferecer materiais gratuitos para transformar visitantes em leads.
Para ajudar na compreensão do conceito de uma vez por todos, vou me utilizar de um exemplo prático e que faz parte de nosso cotidiano. Vamos supor que alguém está acometido por mau hálito, então, essa pessoa vai até o Blog do Sorriso Soluções. Lá no topo do funil, ele descobre que uma das causas do mau hálito é o tártaro. O problema foi identificado: o indivíduo tem tártaro.
Depois de identificar o problema que possui, a pessoa se cadastra na lista de e-mails desse consultório para começar a receber dicas de como eliminar o tártaro, ou seja, esse indivíduo já se tornou um lead. Nesse momento, estamos no meio de um funil. Paralelo a isso, esse mesmo lead começa a procurar no mesmo site do Sorriso Soluções métodos e técnicas para eliminar o tártaro de seu dente, afinal, ele quer acabar com o problema.
Após muitas pesquisas e tentativas de remover o problema dentário, a pessoa percebe finalmente que não conseguirá resolver a questão sozinho, ele vai precisar de uma limpeza dentária. Chegamos ao final do funil! Será preciso urgentemente marcar uma consulta com o dentista. De quem esse consumidor vai lembrar? Do consultório do Dentinho, que o auxiliou desde o começo na difícil jornada, claro.
A importância de um funil de vendas é entregar valor, independente se o cliente irá comprar o produto ou não. A partir do momento que o cliente estiver no estágio de compra, ele irá considerar quem já entregou valor para ele e demonstrou autoridade no assunto. O Funil de Vendas é algo escalável, porque o mesmo material pode atingir diferentes clientes e as ferramentas de automação de marketing fazem com que ele fique mais fácil.
O que conseguimos tirar de todas essas explicações ao final das contas? Enquanto o dentista do Sorriso Soluções dormia tranquilamente, conquistou mais um cliente sem que fosse preciso mover um dedo sequer. Criar um funil de vendas não é um bicho de sete cabeças, longe disso. Por outro lado, fazê-lo de forma eficiente pode ser uma tarefa um pouco mais complicada.
Nilson Filatieri – CEO da HeroSpark
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A COP30 e o rótulo como instrumento de política pública: O papel das marcas nessa construção

*Valmir Rodrigues
Enquanto o mundo comenta os avanços e o que poderia ter sido melhor na COP30, milhões de pequenos produtores e povos indígenas seguem invisíveis nas embalagens – e também no dinheiro que circula pelas cadeias de consumo. No fim, não são governos nem organismos internacionais que definem o ritmo de uma transição justa, mas o cidadão comum, que exerce poder diariamente por meio de suas escolhas de compra.
Quando o assunto é clima, o imaginário coletivo se volta quase sempre ao petróleo e às florestas. No entanto, quem realmente mexe o ponteiro, todos os dias, é o sistema de consumo, começando pelo alimento, responsável por cerca de um terço das emissões globais de gases de efeito estufa. Cada vez que alguém enche o carrinho no supermercado, decide não apenas o que vai comer, mas quais produtores, territórios e modelos de negócio vai financiar.
O documento final da COP30, em Belém, aponta para um mundo em transição: triplicação do financiamento para adaptação, reforço da justiça climática e maior centralidade da Amazônia no debate. É um passo relevante. Mas permanece sem resposta a pergunta essencial: como essa ambição chega ao prato do consumidor e, sobretudo, às mãos de quem produz o que está nesse prato?
No Brasil, essa questão ganha nome e endereço. Segundo o Censo Agropecuário, cerca de 3,9 milhões de estabelecimentos de agricultura familiar representam 77% de todas as propriedades agrícolas do país e respondem por grande parte da comida consumida diariamente. Ao lado deles, as Terras Indígenas ocupam aproximadamente 13% do território nacional e concentram algumas das áreas mais bem preservadas do país. As imagens de satélite mostram isso de forma inequívoca: onde há terra indígena demarcada, a floresta permanece; onde não há, a pressão avança rapidamente.
São justamente esses grupos – pequenos produtores e povos indígenas – que figuram nos discursos da COP30, mas continuam à margem das principais decisões e quase ausentes das embalagens, dos rótulos e do fluxo econômico das cadeias de consumo.
Fora das salas de negociação, as pesquisas mostram que metade ou mais dos consumidores já aceita pagar um valor maior por produtos considerados sustentáveis, e que itens com alegações ambientais e sociais crescem mais em vendas do que concorrentes “neutros” na mesma gôndola. Não falta boa vontade do consumidor; falta transparência, linguagem acessível e modelos de negócio que garantam que esse valor adicional chegue à base da cadeia – às famílias agricultoras e às comunidades indígenas que o Pacote de Belém promete proteger.
É nesse ponto que surge o grande desafio, mas também uma enorme oportunidade para a indústria de alimentos e para as marcas de forma geral: transformar o Pacote de Belém em produtos e embalagens capazes de falar a linguagem do consumidor e criar uma ponte direta com quem produz. Isso significa abandonar o “green talk” genérico e adotar informações que conectem o público ao território de origem, apresentem propriedades, cooperativas, comunidades e terras indígenas, e expliquem de maneira simples como cada escolha contribui para manter a floresta em pé ou fortalecer um pequeno produtor. Também significa incorporar indicadores claros de justiça na cadeia, mostrando de forma objetiva qual parcela
do valor pago chega ao campo e substituindo selos abstratos por transparência concreta e compreensível.
A embalagem pode se tornar, mais do que um recurso de marketing, uma ferramenta de política pública. Ela pode aproximar produção e consumo quando fizer sentido, especialmente em alimentos frescos, onde transporte e cadeia fria têm grande peso nas emissões, ajudar a reduzir desperdício ao oferecer informações claras sobre porções, conservação e uso integral, e mostrar, com números simples e histórias reais, como aquela compra financia territórios e modos de produção específicos, e não apenas uma marca
distante da realidade do campo.
Depois da COP30, a disputa não se limita ao texto de documentos internacionais, mas se estende à confiança na ponta da cadeia. As marcas que conseguirem demonstrar, com dados acessíveis e linguagem clara, que transformam a vontade do consumidor em renda e proteção para pequenos produtores e povos indígenas vão sair na frente.
Algumas já dão os primeiros passos: utilizam QR codes que mostram a fazenda, a cooperativa ou o território de origem; simplificam embalagens para contar histórias concretas em vez de slogans genéricos; e testam modelos nos quais uma parcela do preço é vinculada diretamente a projetos em comunidades rurais. A maioria, porém, ainda permanece no slide da COP, distante da gôndola.
No fim, a pergunta central não é se o Pacote de Belém foi ambicioso o suficiente. A verdadeira questão, para o Brasil e para o mundo, é outra: o pacote que o consumidor leva para casa continuará mudo sobre quem produz, quanto recebe e que impacto gera, ou finalmente passará a contar a verdade que uma transição justa exige?
*Valmir Rodrigues – Fundador da My Trusted Source (MyTS) .
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Imersão além do jargão: o que as marcas precisam entender agora

*Alexis Anastasiou
Nos últimos anos, palavras como “imersivo”, “360°” e “cenografia imersiva” se tornaram quase um clichê no mercado de brand experience. Conceitos originalmente associados a projetos de alta complexidade criativa passaram a ser usados para qualquer evento com LED ou projeção. O resultado é previsível: quando tudo é imersivo, nada realmente é.
Mas existe uma confusão central nesse debate. Imersão não é estética, é propósito.
É a capacidade de tirar o público do óbvio, deslocando percepção, criando significado e permitindo que ele experimente uma realidade que só existe naquele encontro. Sem narrativa consistente, sem transformação sensorial e sem um território simbólico claro, o que resta não passa de decoração tecnológica.
A boa notícia é que o próprio público já percebeu isso. Ele não se deixa impressionar apenas por estímulos visuais. Ele busca vivência, não vitrines. E o mercado começa a reconhecer que o rótulo “imersivo” só faz sentido quando a ideia encontra um suporte capaz de levar a história adiante.
Por isso, a discussão agora vai além do “como deixar bonito” e entra no “como criar presença”. É nesse ponto que iniciativas permanentes de produção tecnológica, como laboratórios de artes imersivas e espaços dedicados à pesquisa de formatos, vêm provocando uma mudança real no setor. Ao permitir testar, iterar e produzir storytelling com menos desperdício e mais profundidade, esses modelos deslocam o foco de um espetáculo de superfície para uma mídia que dialoga com tempo, memória e subjetividade.
Algumas experiências recentes em projetos culturais e lançamentos de marca já mostram os efeitos dessa virada: o público deixa de ser plateia para se tornar protagonista; a revelação de um produto deixa de ser um truque para virar jornada; a cenografia deixa de ser cenário e passa a ser narrativa.
Imersão, portanto, não é um efeito especial: é uma gramática.
Se o mercado estiver realmente disposto a estudá-la, deixaremos de confundir novidade com inovação e começaremos a entregar experiências que têm algo a dizer. As marcas que se anteciparem a essa maturidade terão, inevitavelmente, vantagem competitiva, porque a memória não se forma apenas pela imagem, mas pelo sentido que ela carrega.
E, no fim das contas, é isso que fica: a história. A tecnologia só importa quando ajuda a contá-la.
Alexis Anastasiou – Diretor e fundador do Visualfarm Gymnasium









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