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Dilma Souza Campos

Invisibilidade trans: como sua marca vai se posicionar?

Publicado

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Por Dilma Souza Campos

Você sabia que pessoas transgênero ou não binárias já representam quase 2% da população brasileira, ou seja, cerca de 4 milhões de pessoas? Como não existem dados oficiais, os números, inéditos, foram revelados por um estudo de 2021, conduzido pela Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Essa é uma população que ainda sofre com diversos estigmas e preconceitos e, o pior, extrema violência da sociedade. Afinal, o Brasil lidera o ranking de país com mais mortes de pessoas trans ou travestis no mundo, há 14 anos consecutivos!

A discriminação vem muitas vezes a reboque do desconhecimento. Por isso, 29 de janeiro foi definido como o Dia Nacional da Visibilidade Trans, que procura dar reconhecimento às pautas de inclusão e respeito de transexuais e travestis, por meio da visibilidade de pessoas trans em diversas ações presenciais e campanhas on e offline. A data foi escolhida pois, neste dia, em 2004, pessoas trans foram à Brasília, no Congresso Nacional, em ato organizado para lançar a campanha “Travesti e Respeito”.

Apesar do aumento da importância da pauta de inclusão e diversidade nas empresas, a população trans continua praticamente invisível para as marcas. A Lola Cosmetics foi a pioneira a romper essa barreira em 2015, ao trazer como garota-propaganda de seus produtos uma mulher trans, Maria Clara Araújo. A coleção Oh!Maria, lançada pela marca, tinha como objetivo oferecer produtos para todos os públicos e mostrar a outras meninas trans que elas podem ser quem são e encontrar oportunidades no mercado.

Além da Lola, fui buscar outros exemplos de marcas que abraçaram a causa trans nos últimos anos e se posicionaram, não só por meio de campanhas, mas com ações específicas para esse público.

Mercado Livre Brasil

Foi com o vídeo “Passos para a Visibilidade” que o marketplace se posicionou no Dia da Visibilidade Trans do ano passado. Inspirado em um manifesto coletivo assinado pela primeira roteirista negra e trans do país, Luh Maza, o vídeo exibe palavras-símbolo para representar a luta dessa comunidade. Liberdade, cidadania, união, coragem e igualdade são as palavras exibidas na tela enquanto pessoas trans dançam o estilo voguing no vídeo.

A comunidade LGBTQIA+ é um dos focos principais da área de Diversidade e Inclusão do Mercado Livre na América Latina. Além de patrocinar a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo desde 2017, a empresa faz doações para instituições que trabalham junto à comunidade, por meio do Mercado Livre Solidário, e cria campanhas de engajamento interno e externo para este público. “Passos para a Visibilidade” já foi visto por mais de 55 mil pessoas no YouTube.

Avon

Em 2021, a marca lançou o Mês Violeta em outubro, para incluir a população trans na pauta de saúde. Atualmente, a mulher tem o Outubro Rosa e o homem o Novembro Azul, mas a comunidade trans até então não se via representada por essas campanhas. O Mês Violeta teve um filme estrelado pela cantora funk Pepita, além de outras pessoas trans, e já foi visto por mais de 500 mil pessoas.

A Avon já havia inovado em 2015, ao contratar a cantora Candy Mel para representar as mulheres no Outubro Rosa da marca. Candy também estrelou a campanha Supreme Oil, com MC Carol e Bruna Linzmeyer. O objetivo dessa ação era abraçar a diversidade e mostrar a representatividade de mulheres negras, lésbicas, transsexuais e gordas na mídia.

Além das campanhas, a Avon investiu em atendimento de saúde para 2 mil pessoas trans, por meio de uma parceria com a AVUS, plataforma de saúde. A comunidade cadastrada no programa teve direito a oito consultas por um ano com profissionais de diversas especialidades, como psicologia, cardiologia, ginecologia e outros com valores mais acessíveis.

L´Oreal Brasil

Patrocinadora do Camarote Pride na Parada do Orgulho LGBTQ+ de São Paulo, a L´Oreal Brasil também inovou ao escolher a modelo trans Valentina Sampaio como garota-propaganda da marca no Dia Internacional da Mulher, em 2016. O vídeo mostra a preparação de Valentina para tirar a foto que usará no RG com seu nome de mulher. A L´Óreal também criou a campanha global Stand Up, que alerta e se posiciona contra o assédio sexual sobre as mulheres.

Apesar de poucas, as marcas que já abraçaram a visibilidade trans ganharam grande aceitação dessa comunidade, não só como potenciais consumidores do produto, como também divulgadores da empresa, impactando positivamente o awareness da marca em todo o público LGBTQIA+.  Importante ressaltar que estamos falando de cerca de 20 milhões de brasileiros que hoje se identificam como pessoas LGBTQIA+, de acordo com a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT).

Outro aspecto importante é que as ações em direção a um determinado público, como o de pessoas trans, não podem ser feitas apenas com uma atitude isolada, como por exemplo uma campanha única no Dia da Visibilidade Trans. É preciso que a diversidade seja um valor real da marca, com ações consistentes e contínuas, que se complementam à publicitária, como vimos nos exemplos acima.

E então? Preparado para sair da zona de conforto e promover a diversidade trans em sua marca?

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Dilma Souza Campos

Seis motivos para aumentar a representatividade de líderes negros nas empresas

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Por Dilma Campos

Os negros representam 56,1% da população brasileira (IBGE), mas ocupam apenas 4,7% dos cargos executivos nas 500 maiores empresas do país, segundo levantamento do Instituto Ethos. No recorte de gênero, as mulheres negras representam apenas 0,4% dessas posições.

Basta uma rápida olhada nestes números para constatar que, apesar do avanço nas discussões sobre práticas ESG e D&I (Diversidade e Inclusão) nas organizações, há ainda um longo caminho a ser percorrido. O diretor-presidente do Instituto Ethos, Caio Magri, estima que “se o avanço da representatividade continuar nesse ritmo, só teremos a equidade demográfica em todos os níveis hierárquicos daqui a 100 anos”.

Uma fala que nos choca e impulsiona a ter intenção e ação para mudar esse cenário.

No mês da Consciência Negra, resolvi reunir seis motivos que demonstram a importância de aumentar a representatividade de líderes pretos nas organizações.

Em primeiro lugar, para que outros profissionais que estejam em funções hierárquicas mais baixas tenham uma referência que mostre que é possível chegar lá. Parece algo simples, mas só quem é negro sabe a importância disso na carreira.

Antes de empreender e ser CEO da Nossa Praia, cheguei à posição de diretora executiva de um grande grupo de comunicação, mas era a única líder preta nessa função.

O segundo motivo é permitir uma inclusão real de pessoas negras na empresa. Não adianta criar vagas afirmativas e aumentar o número de colaboradores pretos na organização se no dia a dia vieses inconscientes os excluem das oportunidades e do lugar de fala, bem como das promoções e oportunidades de crescimento que surgem. Infelizmente, situações de constrangimento e preconceito ainda são uma realidade em muitas empresas. A presença de executivos negros ajuda a combater preconceitos e estereótipos raciais na cultura organizacional e amplia as oportunidades de outras pessoas pretas.

O terceiro motivo é financeiro. O relatório “Why diversity matters”, da McKinsey, mostra que, para cada 10% de aumento na diversidade racial e étnica dos executivos seniores, o Ebitda da organizações aumenta 0,8%. Isso se explica, em parte, pelo quarto motivo que vem a seguir.

Lideranças diversas contribuem para o bem-estar e a felicidade no trabalho: 64% dos colaboradores indicam que estão felizes na empresa, em comparação com apenas 31% das empresas que não são comprometidas com a diversidade! Funcionários de empresas comprometidas com a diversidade têm 152% maior probabilidade de propor novas ideias e tentar novas formas de fazer as coisas, e probabilidade 73% maior de relatar uma cultura de liderança em prol do trabalho em equipe, o que afeta positivamente a forma como as pessoas se comportam. Impacto positivo na sensação de pertencimento e na produtividade da equipe resumem essa equação.

Motivo número 5: Diversidade e inovação caminham lado a lado. O estudo da McKinsey aponta que os funcionários de empresas percebidas como comprometidas com a diversidade são 66% mais propensos a relatar que seus líderes promovem a inovação. Aliás, a relação entre inovação e diversidade já foi tema de um outro artigo que escrevi aqui na Revista Live Marketing.

Múltiplos olhares para as necessidades do consumidor em um mundo globalizado e dinâmico é o sexto motivo para ter líderes diversos no quadro executivo das empresas. A velocidade das mudanças e o impacto da tecnologia exigem times que enxerguem várias possibilidades e cenários, além de soluções para os desafios que surgem. Para simplificar: enquanto times homogêneos enxergam um problema por apenas um ângulo, equipes heterogêneas e diversas têm uma visão ampliada por diferentes pontos de vista, o que facilita a solução criativa.

Deixo aqui uma reflexão final: diante de tantas vantagens, faz sentido continuar perpetuando o mesmo modelo de liderança do passado? Ou sua empresa está pronta para abraçar todas essas oportunidades que a diversidade no quadro de liderança proporciona?

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Dilma Souza Campos

Hackeamos o Canvas! Incluímos ESG no Business Model Canvas

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Por Dilma Campos

Se alguém me dissesse há 10 anos que eu estaria no palco do Rio Innovation Week no mesmo dia da palestra prática de Alex Osterwalder, o inventor do Business Model Canva, apresentando um modelo hackeado dessa ferramenta de gestão que o mundo inteiro utiliza para ampliar a ferramenta com o olhar do ESG, eu provavelmente não acreditaria.

Quando eu olho para a foto do Alex nos parabenizando por essa inovação, percebo que de fato a economia regenerativa se apresenta como o caminho mais viável para a sobrevivência dos negócios e do planeta e que a conscientização dessa necessidade evoluiu muito nesses 10 anos. Mas ainda há muito a fazer!

Por isso, para ajudar as empresas nessa jornada de transformação, lançamos no dia 5 de outubro o Business Model (Re)Generation Canvas (BMREG), releitura do Modelo Canvas, em um dos maiores eventos de inovação e tecnologia da América Latina, que recebe mais de 100 mil pessoas no Píer Mauá, Rio de Janeiro.

O BMREG foi desenvolvido de forma colaborativa pela comunidade de prática #ESGpraJÁ, da qual faço parte. Somos um Grupo de Estudos Avançados em ESG e Estratégia Criativa com o objetivo de impulsionar as práticas ambientais e sociais dos negócios e marcas. Nosso objetivo é buscar soluções concretas e práticas para trazer o ESG para a realidade das empresas.

Para operacionalizar essa ideia, entendemos que era necessária uma ferramenta que ajudasse a desenvolver novos modelos de negócio com base nessas premissas sustentáveis. Recorremos então à grande referência mundial, o Business Model Canvas de Osterwalder, apresentado no best-seller Business Model Generation, livro que já foi traduzido para mais de 30 idiomas e é uma das ferramentas mais usadas do mundo.

Com uma referência tão consolidada globalmente, não fazia sentido desenvolver outra do zero. Decidimos então hackear a ferramenta e acelerar um reframing do Canvas com a proposta de tornar os negócios lucrativos e regenerativos ao mesmo tempo.

Quadrantes do Canvas e Economia Regenerativa

O que o BMREG faz é propor uma adequação dos 9 quadrantes do Canvas original às novas necessidades de negócio dos tempos atuais.

Vamos entender como isso funciona na prática: quando o Canvas se refere ao quadrante de Segmento de Clientes, ele propõe uma investigação criativa das dores dos clientes que estão no foco do negócio. No BMREG, o escopo é ampliado para todos os stakeholders: além dos clientes, é preciso ampliar a visão e pensar nas dores dos fornecedores, colaboradores, acionistas, da sociedade e do planeta.

O mesmo exercício se aplica ao quadrante Proposta de Valor do Canvas tradicional, que é a resposta da empresa – em forma de produtos, serviços ou experiências – para as dores e desejos dos clientes. No BMREG, devemos pensar no Propósito de Valor do negócio, que é muito mais abrangente. O propósito de valor mescla o propósito do negócio – motivo pelo qual aquele negócio existe e porque seria bom para todos os seus stakeholders que ele continuasse existindo – ao valor que pode ser gerado para todos os stakeholders.

Em Relacionamento com clientes, a proposta do BMREG é de que esse quadrante fale de Relacionamentos Regenerativos. A construção relacional é um capítulo super estratégico para a experiência do cliente como um todo e para o sucesso do negócio. Ou seja, o relacionamento com todos os stakeholders deve ser baseado em práticas saudáveis, transparentes e de impacto positivo. Saúde mental dos colaboradores e marketing regenerativo são propostas aplicáveis deste quadrante.

Dessa forma, os 9 quadrantes do Canvas foram repensados para refletir a abrangência e a complexidade dos negócios em uma época que precisamos encontrar soluções práticas para os desafios ambientais e sociais do planeta.

De uma forma simplificada, como podemos saber se uma marca ou empresa está plenamente alinhada com os novos tempos? A resposta é que ela precisa ser lucrativa e regenerativa ao mesmo tempo.

Essa é uma jornada de transformação gradual e contínua, que começa com uma simples decisão. A decisão de querer fazer parte da construção de um mundo sustentável para todos os que habitam nele: todos os stakeholders do negócio, o meio ambiente e a sociedade.

O BMREG é nossa contribuição colaborativa e open source (gratuita), disponível para todas as pessoas e empresas que decidiram fazer parte desse novo mundo. Junte-se a nós na missão de tornar nosso planeta um lugar mais sustentável!

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