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Grazielle Ueno Maccoppi – O setor turístico apela: não cancele, remarque!

Em tempos incertos de trágico afastamento social e isolamento domiciliar, um dos setores econômicos que mais sofre com as medidas de prevenção e contenção do Covid-19 é o Turismo. Estamos falando de um setor responsável por cerca de 10% do Produto Interno Bruto Mundial e que de forma imediata praticamente parou. O setor passou a assumir diretamente as conseqüências do fechamento dos aeroportos e das fronteiras mundo afora. Sofre com a abrupta interrupção do seu fluxo normal, com o congelamento das vendas e com o enfrentamento dos cancelamentos generalizados em toda a sua cadeia produtiva.
Ainda é incipiente pensar em alternativas que solucionem os problemas do setor, no entanto, destaca-se em meio a tantos desafios o surgimento de um movimento de conscientização direcionada aos consumidores. Em todo o mundo existem campanhas de informação sobre a crise enfrentada pela propagação da pandemia no Turismo desde o inicio de 2020, quando surgiram os primeiros casos da doença. A Organização Mundial do Turismo (OMT) agência vinculada a Organização das Nações Unidas para o Turismo, tem disseminado campanhas de conscientização na cadeia turística em larga escala. No Brasil, iniciativas semelhantes surgiram com a Associação Brasileira das Agencias de Viagens e tem se propagado a todos os envolvidos no turismo. A proposta caminha em consonância com a OMT que tem a intenção de levar ao conhecimento do público as conseqüências negativas do cancelamento das viagens e a orientação de promover a remarcação dos serviços já adquiridos.
A idéia central é informar amplamente o consumidor sobre a importância das viagens já compradas ou planejadas para que o setor consiga superar a crise. Neste sentido, qualquer cancelamento dos serviços turísticos já adquiridos gera sérias consequências para toda a cadeia produtiva comprometendo diretamente o futuro do setor. Com esta ação, os empresários esperam sensibilizar o viajante sobre o momento crítico que o setor enfrenta e o cenário de desafios que deverá ser encarado em breve.
Mais uma vez a informação se configura como uma aliada fundamental para o enfrentamento do momento. A informação sobre a REMARCAÇÃO das viagens em detrimento ao cancelamento é um apelo a sensibilização dos turistas em ampla escala. Neste sentido, ações imediatas já foram tomadas pelas companhias aéreas com a isenção de custos para remarcação das passagens nacionais ou internacionais, outros setores trabalham na mesma orientação. Os ajustes de datas e a dilatação dos prazos de remarcação para até um ano são providenciais para que as pessoas aguardem a passagem do estado de emergência e sigam se protegendo adequadamente neste período.
Frente a tantas adversidades ainda é complicado vislumbrar ações positivas, mas elas surgem em todo o mundo. Em um momento como este, se observa como máxima a participação coletiva e o espírito solidário inerentes do ser humano e que por inúmeras razões foram sendo desprezadas ano após ano, geração após geração. Enquanto acompanhamos os esforços dos organismos sanitários e de saúde para contenção dos casos da doença, o espírito de fortalecimento comunitário tem demonstrado que a base da informação e da empatia pode gerar uma comunicação mais assertiva e solidária.
A comunidade do setor segue encorajando os empresários a enfrentar as dificuldades e buscar soluções conjuntamente. Que tenhamos serenidade para enfrentar juntos o desafio da saúde e da sobrevivência e que estejamos fortalecidos e engajados para agir na reciprocidade e no respeito amplo aos recursos do planeta e com o outro.
Autora: Grazielle Ueno Maccoppi – Coordenadora dos cursos de Gestão de Turismo e Gestão Empreendedora de Serviços do Centro Universitário Internacional Uninter.
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Marketing de Incentivo: como transformar consumidores em promotores da marca?

*Teo Leme
O que de fato atrai o consumidor?
Estratégias personalizadas, reconhecimento contínuo e experiências exclusivas são os novos pilares para impulsionar resultados e fortalecer o relacionamento com parceiros, equipes e consumidores. O marketing de incentivo evoluiu. Hoje, não basta competir por preço ou adotar uma abordagem agressiva de vendas; é essencial focar na experiência do cliente.
O formato clássico de bonificação em vendas sempre se baseou em comissões: quanto mais um vendedor fecha negócios, maior é o seu retorno. Mas será que essa é ainda a melhor forma de motivar equipes e engajar consumidores? – Empresas como Apple, Lululemon e Warby Parker mostram que não.
Essas marcas se sobressaem ao dar prioridade à vivência do cliente e à construção de uma imagem de valor consistente, ao invés de meramente recompensar transações. O resultado disso? – Um modelo de negócios mais duradouro, em que os clientes não apenas efetuam compras, mas se tornam promotores da marca.
O sistema de comissões possui uma limitação quando se tratam de vendas rápidas e imediatas, como seguros, por exemplo. Porém, em mercados onde a relação com o cliente e a experiência com a marca são fatores de destaque, o incentivo necessita ultrapassar a simples conclusão da venda.
A Teoria do Incentivo, de Burrhus F. Skinner, explica este fenômeno. Segundo ele, os comportamentos são influenciados por suas consequências. Se o único ponto recompensado é a venda, os vendedores podem priorizar o fechamento do negócio de qualquer maneira, sem garantir que o cliente tenha tido uma boa experiência. Isso pode gerar arrependimento na compra, baixa retenção e danos à imagem da marca.
Em contrapartida, quando o bom atendimento e a experiência do cliente se tornam os critérios para prêmios e bonificações, o cenário muda: os vendedores passam a se concentrar na real necessidade do cliente, e não apenas na concretização da venda. O processo de compra se torna mais consultivo e menos agressivo, fortalecendo a fidelização. O cliente percebe valor na relação com a marca, e não apenas no produto em si.
Na prática, como isso acontece?
A Apple, por exemplo, não oferece comissões diretas aos seus vendedores. A companhia estimula um atendimento consultivo, no qual os funcionários agem mais como especialistas do que como vendedores tradicionais. O foco está em entender as necessidades do cliente e indicar produtos que realmente façam sentido para ele, o que fortalece a imagem de valor da marca.
A Lululemon, referência no ramo de moda esportiva, adota um modelo parecido. Sem pressionar os vendedores para atingir metas de vendas, estimula-os a criar conexões genuínas com os clientes, promovendo um estilo de vida em sintonia com seus valores. Como resultado, a marca construiu uma base de consumidores extremamente fiéis, que compram frequentemente e ainda divulgam a marca de forma espontânea.
A Warby Parker, marca de óculos, transformou a forma de comprar, oferecendo aos clientes a chance de testar armações em casa antes de decidir. A marca prioriza a experiência do consumidor e o atendimento sob medida, visando uma jornada simples e agradável, que vai além de apenas concretizar vendas rápidas.
O triunfo dessas empresas está atrelado à confiança que estabelecem com seus consumidores. Para alcançar isso, adotam algumas bases essenciais:
– Preço claro e estável: sem ofertas chamativas ou mudanças de preços entre os meios de venda. Isso fortalece a imagem de confiança e evita que o cliente sinta que perdeu uma boa oportunidade.
– Atenção à experiência do cliente: a compra deve ser fácil, agradável e sem complicações, removendo barreiras e dúvidas.
– Qualificação para um atendimento impecável: os times são preparados para ouvir, entender e propor soluções reais, e não somente para vender produtos.
Mas como vender então sem parecer que está vendendo?
A maneira de vender se transformou. Hoje, não basta lutar por preço ou ser agressivo na venda. O que mantém um cliente fiel não é a pressão para comprar, mas o valor que ele encontra na experiência. Os vendedores que priorizam o cliente, e não só a venda, são os que se destacam no futuro. São aqueles que ouvem, criam laços verdadeiros e constroem confiança e, por isso, são mais lembrados e recomendados.
Programas de incentivo bem estruturados devem engajar, motivar e criar conexões emocionais, oferecendo recompensas que vão além do aspecto financeiro. Empresas que entenderem esse desafio se destacarão – e seus clientes as recompensarão por isso. No fim das contas, quando a experiência é marcante, a venda é apenas o resultado natural.
*Teo Leme – CEO da YBY, martech de vendas da Netza&CO
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Marketing estratégico: por que sua empresa pode estar investindo demais e recebendo de menos

*Maria Júlya Guimarães
Nos últimos anos, o marketing assumiu protagonismo na estratégia das
empresas. Com o avanço do digital, ficou mais fácil (e mais tentador) investir em
campanhas, anúncios, redes sociais e produção de conteúdo. Porém, à medida
que o volume de ações cresce, uma pergunta se torna inevitável — esse
investimento está realmente trazendo retorno?
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 60%
das empresas no Brasil não sobrevivem após 5 anos de atividade. Um dos
principais motivos é a incapacidade de gerar receita suficiente para sustentar a
operação. E, muitas vezes, isso está diretamente ligado a um marketing que
informa, mas não converte. Que aparece, mas não vende.
Um estudo da McKinsey & Company mostra que empresas com forte disciplina estratégica na construção de negócios crescem mais e têm taxas de sucesso duas vezes maiores do que aquelas sem alinhamento entre marketing e
estratégia organizacional.
A diferença entre “estar presente” e “estar posicionado”
Marcar presença no digital virou padrão. Mas presença sem posicionamento é
apenas ruído. Um estudo citado pela Harvard Business Review aponta que
empresas que estabelecem conexões emocionais com seus clientes podem
crescer até cinco vezes mais do que aquelas que não o fazem.
O consumidor de hoje não quer apenas ver a marca — ele quer reconhecê-la.
Quer saber o que ela representa, o que defende, e por que vale a pena escolhê-
la. E essa percepção não se constrói com frequência de publicações, mas com
coerência estratégica.
O marketing que dá retorno começa com estratégia
Retorno sobre investimento (ROI) não é um luxo das grandes corporações. É
uma mentalidade. É a capacidade de olhar para cada real investido e saber
onde, como e por que ele voltou — ou não voltou.
Segundo o Content Marketing Institute, empresas que monitoram indicadores
de marketing têm três vezes mais chances de gerar crescimento consistente em
vendas do que aquelas que não fazem esse acompanhamento.
Medir ROI é mais do que acompanhar curtidas ou cliques. É entender, por
exemplo:
Qual o custo de aquisição de cliente (CAC)
Qual canal tem maior taxa de conversão?
Que tipo de conteúdo gera vendas e não apenas vaidade?
Se essas perguntas não têm respostas claras, provavelmente o marketing está
operando como custo — não como investimento.
Então, por onde começar a mudar?
Reverter esse cenário não exige fórmulas prontas. Exige consciência e
consistência. Por isso, comece pelo essencial: público, posicionamento, proposta de valor. Conheça quem você quer atingir, defina claramente o que torna sua empresa única, e comunique isso de forma coerente em todos os pontos de contato. Depois, crie metas claras, acompanhe os dados, experimente com estratégia e aprenda com os resultados.
Se marketing e vendas não conversam, crie essa ponte. Se cada campanha
parece um tiro no escuro, pare e acenda a luz. Crescimento saudável não vem
da velocidade das ações, mas da intenção por trás delas.
Conclusão
Marketing eficaz não é o que grita mais alto — é o que comunica com clareza,
gera valor e entrega resultado. Não importa se sua empresa tem milhares de
seguidores se nenhum deles se torna cliente. E não adianta investir em anúncios
se você não sabe o que funciona.
Marketing estratégico não é sobre produzir mais. É sobre tomar decisões
melhores. E, no fim do mês, uma única pergunta pode colocar tudo em
perspectiva: O marketing da sua empresa está ajudando você a vender mais —
ou só a parecer mais?
*Maria Júlya Guimarães – Head de marketing da T&D Sustentável
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