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Concorrência com objetivos claros é fundamental para marcas acertarem na escolha das agências de comunicação

*Cáh Morandi
O último trimestre do ano é um período extremamente importante para a estratégia de marketing das empresas. Trata-se do momento de definir o planejamento estratégico da área e começar a preparação dos editais de concorrências para a contratação das agências de comunicação visando os desafios do ano seguinte. Portanto, a definição do briefing – seja para ações de publicidade, PR, branded content ou qualquer outro serviço – é uma tarefa fundamental para que as marcas encontrem os parceiros ideais.
Uma maneira assertiva de começar esse processo é estabelecer claramente as metas que a empresa – seja de qual área for – pretende alcançar no mercado e alinhá-las com os objetivos de comunicação, marketing e tecnologia. Com essa clareza, as agências conseguem identificar os serviços necessários para que o desafio proposto seja possível de ser atingido.
Outra definição importante nas concorrências é o budget disponível para cada um dos serviços. Dessa maneira, é possível olhar o mercado e entender quais players possuem o perfil mais adequado para atender as demandas trazidas à mesa e, consequentemente, exercer a função no contexto atual da marca.
Se essas etapas são cumpridas corretamente logo de cara, já há como partir para o próximo passo: a validação técnica. Essa fase é concentrada em buscar e entrevistar as melhores agências aderentes ao escopo, expertise e estrutura que a companhia necessita. A recomendação básica para esse estágio do processo é chegar nos três principais nomes. Depois disso, a empresa contratante pode lançar um desafio estratégico para checar como as candidatas pretendem construir caminhos efetivos para solucionar um determinado problema, ou até mesmo produzir um raciocínio de trabalho que reflete as metas a serem alcançadas no projeto.
Ao final, também é importante avaliar entre as finalistas da concorrência, a agência que melhor consegue cumprir tecnicamente o que a proposta requer, de modo a desenvolver uma metodologia de ação coerente e factível para ser colocada em prática. Para isso, a análise das pessoas envolvidas nesta jornada é primordial, uma vez que, geralmente, são projetos de médio e longo prazo e demandam um bom entendimento de cultura, comportamento e até mesmo empatia em uma relação que haverá muitas trocas e alinhamentos.
Desafios para o mercado de agências
Nesse sentido, as agências que não investem apenas na entrega de serviços demandados pelo mercado, mas também na humanização e engajamento dos times têm se destacado no mercado. Afinal, cultura organizacional, diversidade e equidade de gênero na liderança não são temas caros somente a startups e grandes companhias.
Até por isso, já é possível notar um forte movimento entre os departamentos de marketing das marcas na procura pelas características em questão a partir do próximo ano, principalmente entre agências novas e independentes. Isso porque elas podem oferecer vieses criativos diferentes do mercado tradicional, assim como balancear as estruturas de atendimento dentro de orçamentos mais apertados.
Em relação aos serviços em si, também há sinais amplos de uma demanda para além do ciclo “comunicação, digital e mídia”. Desafios como CRM, BI e plataformas digitais (sites, e-commerces e aplicativos) têm se tornado recorrentes em briefings de grandes e médias organizações, demonstrando a atenção duplicada dada ao marketing nos dias atuais.
A verdade é que, neste final de ano, a corrida das marcas pela busca da agência de comunicação ideal deve ser bem planejada e estruturada desde o dia zero. Uma concorrência bem feita e com clareza de ideias é capaz de reduzir custos e otimizar as entregas, seja em relação a prazos ou excelência. E, convenhamos, a assertividade no processo é uma grande forma de entrar com o pé direito em 2023.
*Cáh Morandi – CEO e founder da B.done
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Tráfego pago não resolve tudo — mas mostra onde estão os gargalos

*Fabricio Macias
No cenário atual do marketing digital, o tráfego pago surge como uma poderosa ferramenta para atrair visitantes qualificados para as páginas de uma empresa. É uma estratégia de marketing digital onde as empresas investem financeiramente em anúncios online para atrair visitantes para páginas específicas, como sites ou landing pages. As plataformas de anúncios, como Google Ads e LinkedIn Ads, são escolhidas com base nas necessidades de cada tipo de negócio. Esse modelo permite que os anúncios alcancem mais usuários de forma segmentada e estratégica.
Embora qualquer empresa possa investir em tráfego pago, é importante destacar que, para que o investimento seja eficaz, o produto ou serviço precisa já ter sido validado no mercado. Empresas que ainda não têm uma base de clientes sólida ou uma demanda comprovada podem encontrar desafios ao investir sem realizar testes prévios. Sem dúvida, o tráfego pago pode ser eficiente para a maioria das empresas, mas sua eficácia depende de vários fatores, como o segmento do negócio, a estratégia adotada e o público-alvo. Empresas que compreendem bem seu mercado e seu público tendem a ter melhores resultados.
Entretanto, antes de decidir investir em tráfego pago, é essencial considerar alguns pontos fundamentais como por exemplo, a segmentação do público-alvo, o estabelecimento de metas claras e um orçamento realista, além da escolha de uma plataforma adequada para os objetivos e público definido. E para saber se está na hora de investir em tráfego pago, a empresa deve considerar a validação do produto no mercado, ter um site ou landing page otimizado para conversões, dispor de um orçamento para testar e aprender com os dados, e avaliar a demanda e a concorrência no nicho de atuação.
Geralmente, a melhor estratégia de tráfego pago envolve campanhas constantes, com otimizações periódicas e ajustes no orçamento conforme a necessidade e a performance da campanha. Para negócios como e-commerce ou serviços recorrentes, campanhas contínuas são ideais.
Já para datas sazonais, como Black Friday, as ações específicas e pontuais podem ser mais eficazes. Ou seja, é preciso saber o que se deseja com o tráfego pago: mais vendas, gerar leads ou aumentar o reconhecimento de marca?
Após essa definição, avalia-se quanto pode investir sem comprometer o caixa da empresa. Por fim, é necessário garantir que sua equipe ou operação esteja pronta para atender ao volume de potenciais clientes que o tráfego vai gerar. Além disso, é preciso acompanhar métricas como CAC (Custo de Aquisição de Clientes)e ROI (Retorno sobre Investimento) a fim de garantir que o investimento está trazendo retorno.
Existem diversas empresas especializadas em tráfego pago, mas as empresas também podem optar por gerenciar a campanha internamente, porém, devem ter conhecimento técnico e tempo para otimizar constantemente os anúncios. Caso contrário, pode haver erros significativos na segmentação ou no orçamento, prejudicando os resultados. As agências, por sua vez, oferecem expertise e estrutura para analisar campanhas de forma precisa, evitando desperdícios e contribuindo com estratégias como remarketing e campanhas omnichannel. Além disso, erros comuns incluem falta de definição clara de objetivos, segmentação incorreta do público, falta de monitoramento regular das campanhas e orçamento mal planejado.
Por isso, a empresa precisa estar adequadamente estruturada antes de investir em tráfego pago. Não adianta direcionar tráfego para um site desatualizado, uma página confusa ou um funil de vendas inexistente. O tráfego pago amplifica o que já existe, e se a operação não estiver pronta para atender o cliente ou converter as visitas, o investimento pode ser desperdiçado. Assim, a melhor estratégia é combinar o tráfego orgânico — que envolve o trabalho contínuo de construção de marca, presença digital e criação de conteúdo — com o tráfego pago. Dessa forma, as pessoas podem chegar ao seu negócio de diferentes maneiras, seja buscando por soluções específicas, seja por meio de anúncios criativos e bem segmentados.
Nesse sentido, se você está começando, o primeiro passo é procurar profissionais ou agências certificadas nas plataformas em que deseja investir, como Google Ads, LinkedIn Ads ou Meta Ads. Caso o orçamento esteja apertado, uma alternativa é usar as plataformas de forma self-service, que oferecem tutoriais e suporte. E existem também ferramentas, como o ChatGPT, que ajudarão a criar as primeiras campanhas e testar sua eficácia. E, quando se trata de tráfego pago, a melhor prática é sempre testar e analisar tudo.
Ao contrário da mídia tradicional, onde é difícil saber o retorno de cada investimento, no digital é possível rastrear o desempenho de cada clique, conversão e custo. Assim, a melhor estratégia é estruturar bem os web analytics, colocando tags no seu site para monitorar o fluxo e a origem das conversões.
Além disso, ao utilizar o tráfego pago, é essencial adotar uma cultura de testes constantes. O digital permite testar com investimentos baixos e obter resultados rápidos e visíveis, o que facilita ajustes rápidos e eficazes.
Por fim, ao iniciar no tráfego pago, é importante ter a mentalidade de testar pequenos para acertar grandes. Não acredite em milagres ou gurus da internet, mas sim, em uma abordagem de curiosidade e aprendizado contínuo. Teste suas campanhas, rastreie os resultados e, com o tempo, você verá os benefícios desse investimento estratégico. Tráfego pago não é apenas uma tendência do marketing digital, mas uma ferramenta que, quando bem usada, pode gerar resultados reais e impulsionar o crescimento do seu negócio.
*Fabricio Macias – Co-CEO da Macfor
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Loja TikTok: oportunidade ou ameaça? O novo jogo do varejo digital

*Juliene Nigro
A chegada do TikTok Shop ao Brasil não é apenas uma novidade para o marketing digital: pode representar uma mudança significativa na dinâmica do e-commerce e, por consequência, na economia digital do País. Ao permitir que criadores, marcas e consumidores negociem diretamente dentro do próprio app, o TikTok reduz barreiras entre conteúdo e consumo, acelerando a jornada de descoberta até a compra.
Isso tende a democratizar o acesso ao comércio digital. Pequenos empreendedores, influenciadores locais e marcas regionais podem encontrar no TikTok Shop uma vitrine poderosa, antes inacessível nos grandes mercados tradicionais. Essa descentralização tem o potencial de movimentar a economia criativa, gerar renda para criadores de conteúdo e estimular o empreendedorismo digital, especialmente entre os jovens.
Por outro lado, grandes players como Mercado Livre, Amazon e Shopee deverão se adaptar a uma nova concorrência mais dinâmica, baseada em entretenimento e influência, e menos em busca por preço ou frete. Enquanto esses marketplaces apostam em infraestrutura logística e grande sortimento, o TikTok Shop oferece algo mais emocional e impulsivo: a compra motivada por desejo, conexão com um criador ou tendência viral.
Além disso, a própria lógica de anúncios e desempenho muda: em vez de campanhas frias, o conteúdo com viés comercial se torna mais autêntico, orgânico e integrado à rotina do usuário. Isso pressionado marca a recompensarem sua abordagem: deixar de ser apenas vendedoras para se tornarem contadoras de histórias e geradoras de entretenimento com propósito.
Em termos econômicos, isso pode aquecer ainda mais o setor de comércio social, estimular a formalização de novos negócios digitais e redistribuir a atenção (e os gastos) dos consumidores para plataformas mais sociais.
Para as marcas, o desafio é claro: não basta vender um produto — é preciso construir relevância cultural. A comunicação se torna o principal motor de vendas. As campanhas precisam ser menos “campanhas” e mais conversas. A produção de conteúdo passa a ser tão estratégica quanto ao próprio portfólio. E os criadores, que hoje já são parceiros de negócios em muitos casos, tornam-se ainda mais fundamentais nessa jornada.
Em resumo, o TikTok Shop chega como um potencial de mudanças no e-commerce brasileiro, com impactos que além das telas: ele reorganiza o ecossistema digital, desafia os gigantes do varejo e oferece novas oportunidades para quem souber usar a criatividade como motor de vendas.
* Juliene Nigro – Vice-presidente de operações da Mootag