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Como a Inovação Aberta pode ajudar as agências?

Ricardo Tarza
Nestes dois anos de pandemia aliada com a incerteza da retomada em 2022, as empresas passaram pela maior transformação digital da história. Ninguém estava preparado para tamanha mudança, pois a covid-19 alterou a forma como as marcas comercializam seus produtos e se comunicam com os consumidores. Essas “dores”, mostram o quanto é preciso pensar fora da caixa para realizar uma estratégia de comunicação e marketing assertiva, que realmente engaje o público.
Nos novos tempos que se apresentam para nós, o marketing integrado tornou-se algo fundamental na essência de uma marca. Isso passa pelo desenvolvimento de ações omnichannel e percorrem etapas de relacionamentos híbridos com os clientes no incremento de formas e maneiras de se comunicar, implementando disrupções dentro do conceito. No mundo tecnológico, esse conceito tem nome e sobrenome: Open Innovation ou Inovação Aberta, em português.
Ela funciona como uma mudança de mindset a qual introduzem caminhos empresariais por meio de discursos criativos e colaborativos, que fogem do padrão das empresas tradicionais. A Inovação Aberta é aplicada há anos em startups, que oferecem soluções diferenciadas para inovar e aprimorar processos nas grandes empresas. Para termos uma ideia, de acordo com o levantamento realizado pelo Top 100 Open Startups, o número de startups que utilizam o método no Brasil, saltou de 13.092, em 2020, para 18.355, em 2021. Em relação aos grandes players que tiveram contratos com startups, o número passou de 1.968 para 3.334 – um crescimento de 69%. São índices expressivos, mas você deve estar se perguntando qual é a relação entre a Inovação Aberta, startups e agência de comunicação, certo?
Eu te respondo: as três coisas estão conectadas. Nos últimos cinco anos, as agências precisaram sair da mesmice e pensar em novas formas de comunicar, planejar e executar ações como verdadeiras startups. Muitos escritórios passaram a utilizar processos, anteriormente restritos a equipes de TI, como Design Thinking, Design Sprint, Agile ou ferramentas como Machine Learning para a elaboração de planejamentos e alinhamentos estratégicos com seus clientes. Por exemplo, no caso do Design Thinking, que é um processo progressivo e altamente voltado para o público-alvo, algumas agências usam-o na criação de novas campanhas, em estratégias de reorganização da gestão ou para resolução de problemas internos de maneira criativa.
Por conta disso, as agências se tornaram um braço da inovação dos clientes, buscando em conjunto com outras frentes da organização, criar formas de realizar um marketing por meio do trabalho colaborativo. Tudo isso passando pela utilização de métodos e filosofias, oriundas de startups. Essa movimentação promove uma chacoalhada no mercado, rechaçando aquela velha máxima de que cada área faz a sua parte.
No mundo de hoje, os processos precisam estar conectados. Se desejo comunicar a chegada de um novo produto, é muito importante que a agência esteja presente ou por dentro do desenvolvimento, participe do brainstorm de construção do case. A longo prazo, essa participação facilitará a estratégia final de comunicação voltada ao consumidor.
Por isso, a Inovação Aberta dentro da comunicação é uma ferramenta poderosa que pode ajudar empresas e instituições a encararem o momento pós-pandemia e se prepararem cada vez mais para um futuro digital. Ela é capaz de auxiliar os profissionais por meio de soluções e conceitos inovadores que otimizam o tempo e facilitam a criação de ideias e as campanhas em si. Aplicando o conceito no dia a dia, as agências aumentam consideravelmente a chance de desenvolver ativações mais engajadas e capazes de maximizar a relação entre marcas e consumidores.
Ricardo Tarza – Sócio e diretor de inovação e criatividade na DreamONE
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Cultura de paz: a nova estratégia para negócios relevantes

*Andrea Pitta
Hoje, quem planeja o futuro precisa estar pronto para se adaptar a um cenário em constante mudança. O cenário global passa por um “reset” acelerado, impulsionado pela
instabilidade geopolítica e pela ruptura dos velhos fluxos econômicos. Não estamos apenas diante de uma revolução industrial – vivemos uma revolução cultural, social e humana. As perguntas centrais agora são: Como construir sem destruir? Como criar prosperidade respeitando a vida, a natureza e a diversidade?
O futuro exige mudança de mentalidade. E mudança se faz por meio de educação, informação e novas referências de convivência. Grandes desafios também são grandes oportunidades. Em tempos turbulentos, equilíbrio é a maior força. E o melhor caminho para construir esse equilíbrio é expandir a atuação com base na cultura de paz.
De competição a cooperação
Durante séculos, sucesso foi sinônimo de competição extrema. Mas hoje, organizações que promovem a pluralidade, como a Natura, mostram que a inclusão, a equidade e a
visão ESG criam marcas mais fortes, times mais engajados e resultados mais sólidos. Porém, ESG sozinho não basta. É necessário trabalhar programas práticos de mudança
cultural: diálogo entre equipes, capacitação em comunicação não-violenta, gestão de conflitos, combate ao preconceito implícito.
Criar ambientes positivos, diversos e colaborativos não é mais apenas “o certo a fazer” – é estratégia de sobrevivência e crescimento.
Cultura de paz na prática
No universo dos eventos e do brand experience, cultivar essa mentalidade é essencial. Não basta criar experiências impactantes; é preciso que elas conectem pessoas de forma genuína, despertando pertencimento e propósito.
Ambientes tóxicos sabotam a inovação e a produtividade. Ambientes que praticam a cultura de paz criam times mais criativos, clientes mais leais e marcas mais relevantes.
A transformação que o mercado exige não é apenas tecnológica – é humana. E a liderança do futuro será de quem entender que crescer é, antes de tudo, cultivar.
Como dizia Einstein: “A mente que se abre a uma nova ideia jamais retorna ao seu tamanho original”. Enfim, o futuro pertence a quem planta as sementes certas agora.
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O futuro do marketing não é performance vs branding: é autenticidade com resultado

*Ali Maurente
Por muito tempo, executivos e agências trataram performance e branding como lados opostos de uma mesma estratégia. De um lado, métricas como cliques, CPL e CAC. Do outro, narrativas aspiracionais que constroem reputação no longo prazo. O resultado dessa visão fragmentada foi a criação de uma falsa dicotomia, responsável por desperdício de energia e orçamentos divididos.
O futuro do marketing não será definido por “mais branding” ou “mais performance”. Ele já está sendo construído em torno de algo mais simples e, ao mesmo tempo, mais desafiador: autenticidade com resultado. Autenticidade porque consumidores, clientes e colaboradores aprenderam a identificar quando uma campanha não passa de fórmula. Não há algoritmo capaz de sustentar o que não é genuíno. Resultado porque, em última instância, conselhos e acionistas continuam cobrando ROI, crescimento e previsibilidade.
O incômodo cresce à medida que o mercado revela uma nova realidade: estamos diante de profissionais de marketing que muitas vezes não entendem de negócio. Há quem fale apenas de postagens, curtidas e seguidores, esquecendo o que realmente importa — receita e marca. Um marketing que olha só para receita morre, assim como aquele que olha apenas para marca. Uma marca sem receita é vaidade. Uma receita sem marca é commodity.
Marketing não é apenas branding. Também não é apenas performance. É o processo de criar, capturar, converter e expandir demanda, fortalecendo a marca ao mesmo tempo em que gera resultados concretos. Isso exige um entendimento profundo do negócio, e quem não souber traduzir essa equação perde espaço rapidamente. O profissional que restringe seus KPIs a seguidores perde relevância. Quem ignora receita se torna apenas mais um criador de conteúdo passageiro.
Esse desafio também não é exclusivo da área de marketing. Ele envolve o alinhamento de todas as áreas, do ICP à conversão. A marca abre portas. A receita mantém as luzes acesas. O alinhamento entre marketing e negócio sustenta o crescimento verdadeiro.
É por isso que CMOs e conselhos precisam abandonar a disputa entre awareness e conversão, entre conteúdo e CTR. O jogo atual é outro: transformar cada KPI em reflexo de uma narrativa verdadeira, capaz de construir comunidade e, ao mesmo tempo, entregar crescimento.
Autenticidade com resultado não é uma tendência. É questão de sobrevivência. Marcas que não compreenderem essa equação continuarão presas à armadilha da vaidade ou da comoditização. E profissionais que não souberem traduzi-la para o negócio perderão espaço para aqueles que entendem que marketing sempre será o motor que une significado e crescimento.
Ali Maurente – Chief Marketing Officer na PSA – Profissionais S.A.