Naty Sanches
“Comecei quando tudo era mato”. A sua empresa está pronta para começar enquanto tudo é mato?
Por Naty Sanches
Na última semana tive o prazer de participar da primeira turma de um curso chamado Tangibl3. Organizado e produzido pela Deboo, uma startup que desenvolve projetos em web3, ao longo de cinco dias peguei minha cabeça fritando em torno de temas como Cripto & DeFi, DAO’S & Communities, NFT e Metaverso. Mas, engana-se quem pensa que o desafio é (apenas) entender o que está por trás de cada conceito. O que me fez perder o sono depois dos encontros com a galera foi pensar como encontrar espaço dentro do dia a dia das empresas para aplicar essas inovações – que hoje são tendência e amanhã serão as regras do jogo.
Em um dos painéis com especialistas, uma colocação fez a minha cabeça gritar “precisamos de um megafone para fazer o mercado ouvir”! Inaiara Florêncio, diretora de conteúdo do Mercado Bitcoin (e, coincidentemente, minha colega de turma na faculdade de jornalismo), deu voz ao desafio que é fazer uma empresa se abrir para testar o novo, mesmo com a possibilidade de errar.
Alguém, no passado, se abriu para testar, errar e pivotar seu negócio para a Internet. O mesmo se repetiu com tantas e tantas transformações. E foi assim também na grande bola da vez das marcas – a economia dos criadores de conteúdo, que hoje movimenta mais de R$ 70 bilhões de acordo com a CB Insights.
Bianca Rosa, que começou na internet compartilhando no YouTube dicas e truques para uma boa maquiagem sem gastar uma fortuna em produtos, tornou-se hoje empresária do grupo Boca Rosa, com unidades de operação de maquiagem e cabelo, e cujo faturamento girou em torno de R$ 160 milhões em 2022. Em mais de uma entrevista é possível ver a frase que repete: “eu comecei quando tudo era mato”.
Com a Web3 não é diferente! Hoje, é tudo mato. Enquanto ele está alto, ainda é possível testar (e errar) porque o efeito negativo não é tão visível assim! (Bem, isso se você não fizer como o empreendedor chamado Sina Estavi que investiu US$ 2,9 milhões para comprar o NFT do primeiro tweet da história, o que agora vale cerca de US$ 10 mil.)
Ao mesmo tempo, imediatistas que somos, se você testar e acertar, a chance de vitrine sob a ótica dos meios de comunicação no curto prazo é enorme – ainda que seja uma ação experimental ou que gera apenas hype.
Porém, é no longo prazo que quero mirar! Enquanto você, gestor, pergunta “mas, cadê o bench do que deu certo pra eu poder avaliar?, eu te respondo: eles estão em construção. E se você perder a chance agora, você vai levar ainda mais tempo para construir o seu case e a sua história.
Apostar, investir e testar faz com que a empresa saia da inércia, coloque a mão na massa e aprenda. Sabe por qual motivo isso é importante? Porque quem está fazendo isso hoje vai ganhar o game amanhã.
Enquanto sua marca está mapeando criadores de conteúdo para tentar se conectar com a audiência que você deseja, tem gente como o Grupo Boticário desbravando o Discord para criar uma comunidade em torno dos games e da inserção das mulheres nesse cenário. O propósito é conectar mulheres para trocar experiências e conversas sobre o universo e a carreira no cenário competitivo dos eSports. Tudo a ver com o seu posicionamento de lugar de mulher é onde ela quiser!
A campanha Heroínas do Game engloba diversas ações, incluindo um campeonato feminino com premiação de R$14 mil em dinheiro, e é uma maneira que a marca de cosméticos encontrou para testar com segurança e aprender a aplicação dos novos conceitos que a web3 carrega consigo principalmente no que tange a comunicação e as relações.
A partir do surgimento da web2 as marcas passaram a ter novos desafios de comunicação. Isso porque, se na web1 o protagonismo é delas em uma comunicação unilateral em websites frios, na web2 elas passam a ficar “reféns” de cada um de nós – que com as redes sociais ganhamos voz para dizer o que pensamos e o que sentimos, funcionando como nossos próprios meios de comunicação. Agora, a web3 privilegia a coletividade, o senso de comunidade e de pertencimento.
Com isso, a tendência é que a solução dada para a web2 – pagar por conteúdo com influenciadores digitais, por exemplo, esfrie um pouco – e dê lugar para estratégias em que as marcas terão que “perguntar” se podem fazer parte daquele grupo (ou comunidade). É por isso que nunca foi tão urgente começar a despertar para começar enquanto tudo ainda é mato!
Você pode até me dizer que as comunidades já existem por aí, em torno daquele criador de conteúdo super engajado ou no quase finado Facebook. E é verdade, em partes. Todas elas estão formadas no “terreno do vizinho”. Grande parte do que elas consomem é ditado pelo algoritmo (e pelo seu investimento). E a qualquer momento, as regras do jogo podem mudar. Pense comigo, se hoje o Instagram fosse comprado pelo Elon Musk e deixasse de existir, em uma escala de 0 a 10, quanto sobreviveria do seu relacionamento com o seu público?
Pense nisso para não tornar a sua marca à prova de futuro. Arrisque enquanto há por onde arriscar. Busque ser parte de uma comunidade enquanto elas ainda se organizam. Escolha ser o piloto que guia o caminho ao invés do passageiro que só escolhe a trilha sonora do destino.
Naty Sanches
Quando os fãs se tornam criadores: a ascensão do Fandom na cocriação de conteúdo para marcas
Por Naty Sanches
Nos últimos anos, o relacionamento entre marcas e consumidores evoluiu de maneira inédita, trazendo uma dinâmica de colaboração que redefine o papel dos fãs no universo do marketing. Hoje, os admiradores não apenas recebem passivamente as mensagens das marcas, mas também criam e participam das narrativas, ajudando a construir uma imagem coletiva. Em uma era em que as redes sociais dão voz a todos, o fandom — o universo dedicado de tietes de uma marca, tema ou produto — assume o papel de protagonista, e as empresas estão reconhecendo o valor dessa parceria.
Essa cocriação tem gerado resultados interessantes. Estudos mostram que marcas que envolvem seus fãs no processo de criação têm 2,6 vezes mais chances de estabelecer conexões duradouras com seu público, segundo pesquisa da plataforma HubSpot. O impacto se traduz em campanhas que geram, em média, 28% mais interações que campanhas tradicionais, como revela a consultoria Sprout Social. No Brasil, um mercado conectado e engajado, a maioria dos consumidores (67%) interage com as marcas pelas redes sociais, onde se sentem empoderados para expressar sua paixão e participar da construção de conteúdo. Esse cenário cria um ecossistema dinâmico, onde o fandom atua como um verdadeiro embaixador, espalhando a marca para novas audiências e agregando valor com uma autenticidade difícil de reproduzir em estratégias de marketing convencionais.
Acredito que o principal benefício dessa relação é a autenticidade. Conteúdos criados por fãs trazem uma visão pessoal, o que tende a gerar uma conexão de confiança com outros consumidores, que veem a marca pelos olhos de quem realmente a admira. Esse conteúdo espontâneo também ajuda a ampliar o alcance de forma orgânica, atingindo públicos que muitas vezes não seriam impactados por campanhas tradicionais. A criatividade é mais uma vantagem: os fãs conhecem intimamente o produto ou serviço e, com frequência, criam abordagens únicas e inspiradoras que oferecem novas ideias às equipes de comunicação. Quem nunca viu um admirador ferrenho nas redes sociais?
Contudo, o caminho da cocriação nem sempre é simples. Fãs dedicados são naturalmente apaixonados, mas também exigentes e críticos, especialmente se perceberem que estão sendo usados sem reconhecimento. Para evitar conflitos, é importante que a marca incentive a criação genuína, sem distorcer a visão dos fãs ou tentar moldá-los a qualquer custo. Limites claros sobre o tipo de conteúdo que será promovido ajudam a manter a coerência da marca sem tolher a liberdade criativa dos fãs. Além disso, é necessário reconhecer o esforço desses cocriadores, que dedicam muitas vezes horas de trabalho a criações com uma qualidade surpreendente. Recompensá-los, seja com visibilidade ou benefício especial, fortalece o relacionamento e solidifica essa parceria.
Outro ponto importante é proteger a propriedade intelectual sem desestimular a cocriação. Respeitar o equilíbrio entre incentivar os fãs e manter a identidade da marca assegura um ambiente seguro e colaborativo. Assim, a relação com o fandom pode ser cultivada de forma saudável e com respeito mútuo, garantindo que os conteúdos criados por fãs fortaleçam a imagem da marca e agreguem valor.
Ao abrir espaço para a colaboração, as marcas ganham mais do que uma boa campanha. Elas ganham comunidades vivas e interativas, formadas por consumidores apaixonados que querem fazer parte de sua jornada. Na comunicação, entender esse fenômeno significa não apenas se manter relevante, mas também construir uma marca que respira autenticidade. No fim, quem abraça o fandom como parceiro cocriador tem mais do que clientes; tem uma rede de apoio e criatividade que torna a marca única.
Naty Sanches
Compartilhando experiências
por Naty Sanches
Em tempos em que a comunicação evolui de forma veloz e as mensagens precisam ser transmitidas com precisão e estratégia, o trabalho da assessoria de imprensa se torna mais relevante do que nunca. Recentemente, tive a oportunidade de compartilhar um pouco dessa experiência com uma turma de Relações Públicas no Centro Universitário Belas Artes, e a conversa foi muito além das técnicas tradicionais. Foi um momento para refletir sobre o que move essa profissão e como podemos impactar as próximas gerações de comunicadores.
Cheguei um pouco depois do início da aula, acompanhada de duas analistas da equipe. Comecei contando o que considero ainda mais essencial do que qualquer técnica: o amor pelo que fazemos. Em um campo como o nosso, é preciso mais do que habilidades – é necessário paixão e felicidade na escolha da carreira.
Após essa introdução mais pessoal, me apresentei e compartilhei um pouco da minha trajetória. Momentos como esse são importantes, não apenas para quem ouve, mas também para quem fala. Contar sua história te faz revisitar conquistas, desafios e aprendizados. Além disso, é uma grande satisfação perceber que jovens estão interessados em ouvir e se inspirar. Saber que sua experiência pode contribuir para o caminho profissional de alguém é uma das maiores recompensas dessa troca.
Durante a conversa, compartilhei cases e histórias reais do dia a dia da assessoria de imprensa, e abrimos o espaço para perguntas. Uma das questões que surgiu foi sobre o relacionamento interno da equipe: “Vocês se ajudam? Conhecem todos os clientes que atendem?” Esse tipo de pergunta revela o interesse em entender também sobre a cultura organizacional. Deixei as analistas responderem, e elas destacaram um ponto essencial: nossa equipe trabalha de forma colaborativa.
Não apenas sabemos quem são todos os clientes, mas também compartilhamos ideias, sugestões e soluções. A troca constante faz parte do nosso DNA. Isso, sem dúvida, é um dos diferenciais da nossa atuação. Elas também tiveram a oportunidade de compartilhar suas experiências. Ouvir como cada uma lida com as atividades e celebram as próprias conquistas em suas respectivas funções, o que adicionou uma dimensão prática à nossa conversa.
Certamente, no trabalho de assessoria de imprensa, assim como em qualquer outra área, os resultados são fundamentais. Trabalhamos com construção de imagem e precisamos apresentar números consistentes mês a mês. No entanto, defendo que mais do que números, o verdadeiro valor está em um resultado construído com estratégia, em que cada palavra e cada ação foram cuidadosamente planejadas para alcançar o efeito desejado. Isso é o que realmente faz a diferença.
Durante o papo, discutimos também o papel do assessor de imprensa e as estratégias que utilizamos no dia a dia. Um dos meus mantras na agência é que manter um bom relacionamento com jornalistas é essencial, assim como personalizar as pautas e conhecer profundamente o trabalho das editorias para as quais sugerimos nossos materiais. Não adianta enviar releases genéricos, é preciso construir algo que ressoe com o veículo e seu público.
Além dessa experiência na Belas Artes, quero destacar também outro momento, que para quem trabalha com assessoria de imprensa foi importante. Recentemente, a equipe participou do Summit Press Officer, um evento voltado para o dia a dia de quem trabalha na área. Entre os tópicos discutidos no evento, destacaram-se a construção de relações de confiança e credibilidade com jornalistas e a importância de criar pautas diferenciadas, que tenham dados, relevância. Dicas para elaboração dos conteúdos, que realmente capturem a atenção da mídia e agreguem valor tanto para os veículos quanto para os clientes.
Além das lições aprendidas no evento e em sala de aula, enxergo nosso trabalho como uma jornada contínua de aprendizado. Não há fórmulas mágicas para o sucesso. O verdadeiro diferencial está em quem se dedica a aprender constantemente, em quem se mantém atento às mudanças e às novas tendências do mercado.