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Alexis Pagliarini

A avalanche IA

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É sempre assim: toda inovação disruptiva tem um primeiro momento de ceticismo ou uma reserva cuidadosa. Será que é pra valer mesmo? Lembra-se do metaverso? Ou antes mesmo: a Second Life. Lembra? Parecia que iríamos viver mais num universo paralelo, virtual, do que na nossa vida real, cheia de desafios.

O tempo passou e hoje mal falamos de metaverso, muito menos de Second Life. Embora seus recursos estejam sendo aplicados aqui e ali. E aí veio a tal da Inteligência Artificial. Parecia mais um roteiro de ficção: bilhões/ trilhões de dados sendo manipulados para gerar outros dados, a serviço de quem os comandam. Que louco! Será que vai pegar? Antes mesmo de terminar a pergunta, vemos uma avalanche de utilizações baseadas em inteligência artificial. E não para: todos os dias vemos novas e surpreendentes utilizações. Outro dia, numa reunião online, os primeiros a entrar foram assistentes virtuais, que acompanham a reunião para dar um suporte posterior aos usuários de carne e osso, lembrando os principais pontos discutidos, fornecendo alternativas de follow-up.

Eu passei a usar a IA Generativa para pesquisas, textos e imagens e às vezes me sinto meio que “roubando no jogo”. Posso considerar que um texto gerado por mim com o auxilio da IA é mesmo de minha autoria? Sim, é! Primeiro, porque sem um prompt muito bem formatado, não sai coisa boa. Segundo, porque a ideia do tema, o julgamento e a responsabilidade do material gerado são meus. Por via das dúvidas, tenho acrescentado a informação de que houve auxílio de ferramenta de IA para o material gerado (seja texto ou imagem). Uma coisa é certa: IA veio para ficar e vem mudando drasticamente estruturas dentro de empresas early adopters.

Com essa constatação, dois grandes pontos afloram de forma inescapável: 1- Isso tudo será bom ou ruim para as pessoas? Quando digo pessoas, penso nas pessoas físicas, naqueles que perderão seu emprego, substituídos por máquinas. 2- A questão ética. Os dados e as imagens não são gerados do nada, eles são fruto de uma manipulação de bilhões de outros dados, coletados de diversas fontes, muitas vezes sem autorização. Não à toa, os grandes veículos de comunicação estão reivindicando remuneração pelo uso de suas matérias, arduamente desenvolvidas para um fim específico de informar pessoas com credibilidade.

Responder à primeira pergunta não é fácil, mas podemos resgatar a história e constatar que os empregos perdidos pela inovação são substituídos por outros decorrentes da própria inovação. Assim, é previsível que tenhamos novas funções, tais como CPO (Chief Prompt Officer), especializados na formatação de prompts. Ou estrategistas de IA, que identificam oportunidades de uso de IA para diversas soluções. Ou ainda o analista de conteúdo IA, que deverá checar a pertinência e a veracidade das informações geradas por IA. Ouvi uma vez, de um palestrante no Cannes Lions: “Você não será substituído por uma máquina, mas por alguém que saiba lidar com elas melhor do que você”. É isso!

Já a resposta para a segunda pergunta é mais complicada. A IA não gera resultados totalmente idênticos aos coletados. Ela leva em conta os dados, mesclando-os de forma inteligente para formatar novas respostas. Sendo assim, é difícil identificar quais dados foram utilizados na geração de um novo conteúdo ou uma nova solução. Daí a dificuldade de se questionar a autoria da nova informação gerada. De qualquer maneira, o que esperamos é que a IA seja utilizada para o bem e melhore a vida das pessoas.

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Alexis Pagliarini

Sem o “G” não há ESG

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Nos últimos anos, tornou-se comum ver empresas declarando adesão aos princípios ESG. Sustentabilidade passou a fazer parte da narrativa institucional e muitos executivos citam a sigla com frequência em painéis, relatórios e apresentações corporativas. Mas, para além do discurso, é na prática cotidiana que se revela o verdadeiro compromisso — ou a sua ausência.

E entre os três pilares do ESG, é justamente o “G” de Governança que costuma receber menos atenção. Enquanto a pauta ambiental (E) e as ações sociais (S) ganham mais visibilidade, a governança — que diz respeito à ética, transparência, conformidade e responsabilidade nas relações — ainda é tratada por muitos como um item técnico ou burocrático. Isso é um erro estratégico e moral.

Governança é a base. Sem ela, os compromissos ambientais e sociais se tornam frágeis, oportunistas ou incoerentes. Um exemplo claro disso está na forma como algumas empresas, mesmo se dizendo “sustentáveis”, tratam seus fornecedores. É comum a imposição de prazos abusivos de pagamento — 120, 150 dias — que comprometem o fluxo de caixa de pequenos negócios e colocam em risco a sustentabilidade da cadeia produtiva. Essas práticas revelam uma lógica de curto prazo e lucro a qualquer custo, que vai na contramão dos princípios do Capitalismo Consciente, segundo o qual todos os stakeholders devem se beneficiar da atividade econômica, não apenas o contratante.

No setor de eventos, esse desafio se intensifica. A informalidade ainda predomina em muitos bastidores, com profissionais contratados sem registro formal, pagamentos por fora, jornadas exaustivas e ausência de condições mínimas de trabalho. Há, infelizmente, casos que se aproximam de regimes análogos à escravidão, especialmente na montagem e desmontagem de estruturas. A busca por redução de custos não pode ser usada como justificativa para negligência ética.

Além disso, vemos frequentemente práticas de concorrência desleal, favorecimento em processos de seleção de fornecedores, e, em casos mais graves, corrupção institucionalizada nos bastidores de grandes eventos. Não se trata apenas de “dar um jeitinho”. Trata-se de práticas que violam os fundamentos do ESG e perpetuam um modelo empresarial excludente, opressor e insustentável.

A verdadeira Governança exige:

Transparência nas relações comerciais;
Conformidade com as leis trabalhistas e fiscais;
Respeito aos direitos humanos e aos limites da dignidade no trabalho;
Processos concorrenciais justos e auditáveis;
Compromisso com a integridade, mesmo nos detalhes invisíveis ao público.

Sem isso, qualquer ação “verde” ou “social” perde força. ESG não é um rótulo, é um sistema de valores que se traduz em decisões cotidianas — inclusive (e sobretudo) nas que ninguém está vendo.

É hora de o setor de eventos — e o meio empresarial como um todo — amadurecer sua compreensão sobre o “G”. Não avançaremos na construção de uma nova economia se continuarmos aceitando o velho modo de fazer negócios: informal, desigual e, muitas vezes, imoral.

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Alexis Pagliarini

ESG em Eventos: Uma pesquisa

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Nos dias 4 e 5 de junho deste ano aconteceu mais uma Feira EBS e o Congresso MICE Brasil. E eu estive lá mais uma vez, participando do conteúdo do congresso. O evento se propõe a fazer um update do setor conhecido pela sigla MICE (Meetings, Incentive, Conferences & Exhibitions). A nós, da ESG4, coube realizar uma pesquisa junto a hotéis e provedores de serviços de eventos para entender o nível de maturidade dos critérios ESG neste importante setor. A pesquisa foi realizada com o apoio do Grupo R1 e da EBS.

Feita a pesquisa previamente, aproveitamos o próprio evento para apresentar e discutir resultados num painel, moderado por mim, que contou com a presença de líderes do setor: Raffaelle Cecere, CEO do Grupo R1 e membro do conselho do SPC&VB; Paulo Ventura, Diretor do Expo Center Norte e presidente da UBRAFE; e Leandro Pimenta, CEO da tg.mob e host do podcast Narrativa Cast. Divido então com você os resultados da pesquisa, tendo como foco o setor de eventos.

Antes de mais nada, procurei traçar a evolução geral de ESG e identifico 3 estágios bem claros. O primeiro deles é o que eu chamo de Fase Inicial. Apesar do conceito ESG não ser tão novo, ele pegou tração há uns 5 anos, quando o setor financeiro e a sociedade, de uma maneira geral, começaram a cobrar uma atitude mais responsável e transparente por parte das empresas, em relação ao respeito socioambiental e a governança ética. Nesta fase inicial, que ainda é realidade para muitas empresas, vimos a sigla ganhar grande visibilidade e ter o seu momento hype, principalmente nos últimos 3 anos. Houve uma busca de entendimento dos princípios e critérios ESG, uma atitude reativa às demandaspontuais, ações sociais isoladas e uma curiosidade geral, com o despertar de umaatenção aos riscos de imagem.

Passada esta primeira fase, percebemos um momento de Transição. Esta fase de transição é marcada por uma movimentação das empresas mais conscientes na realização de diagnóstico para entender seu nível de engajamento e os gaps existentes. Nesta fase, os colaboradores são envolvidos, gerando discussões internas sobre possíveis ações concretas. São aplicadas ações pontuais de uso racional de água e energia e as empresas buscam uma primeira visão de DE&I (diversidade, equidade e inclusão) na sua estrutura de pessoal. E, finalmente, estamos alcançando uma fase mais madura, que eu chamo de ESG 2.0. Repito a ressalva de que esta fase de maior maturidade não é observada de uma maneira ampla entre as empresas, mas já é presente naquelas corporações mais suscetíveis ao escrutínio social e que precisam se apresentar ao mercado de forma mais consciente e responsável.  ESG 2.0 é fase que marca a incorporação dos critérios ESG na gestão estratégica das empresas. É quando a empresa se preocupa em identificar o impacto nos ODS em todas as suas ações. É quando há gestão e monitoramento de água, energia, resíduos e CO2.

Nesta fase, busca-se a interação e engajamento de stakeholders para melhoria. Adotam-se programas de ações afirmativas para DE&I, procurando espelhar na empresa a diversidade presente no perfil Brasil. É quando começa a acontecer a adoção de métricas e a busca por certificações. E o que a pesquisa demonstrou é que, apesar do ruído gerado pelo governo dos EUA, desdenhando ESG, as empresas atribuem grande valor à aplicação dos seus critérios. Analisando a pesquisa, vemos que, para a maioria, o tema ESG já é fundamental e faz parte da estratégia. Para mais de 86% dos entrevistados do setor de eventos, é sensível o aumento de preocupação com ESG na organização de eventos. Os resultados da pesquisa nos fazem acreditar numa fase mais sólida e consistente das práticas ESG também nos eventos.

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