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Protagonismo e causas

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No ano passado escrevi um artigo sobre a importância das causas e do protagonismo nas ações de Live Marketing, para a Revista Live Marketing. Nele, abordei e apresentei exemplos de duas tendências crescentes nas experiências de marca: as pessoasvalorizarem iniciativas que abraçam causas sociais relevantes e também as oportunidades de serem protagonistas das ações. Como são características que, quando usadas de forma correta, ajudam a criar uma conexão mais poderosa entre as marcas e as pessoas, resolvi voltar ao tema, aprofundando a análise.

Começando pelas experiências ligadas a causas, é recomendável que as marcas tomem alguns cuidados, para não correrem o risco de serem vistas como oportunistas. Em primeiro lugar, a causa tem que ser verdadeira, alinhada aos valores e ao posicionamento da marca: de nada adianta abraçar uma causa importante para as pessoas se ela não fizer parte das práticas e do dia a dia da empresa. Por exemplo, por melhor que seja a intenção, não faz o menor sentido uma marca de cigarros fazer uma ação voltada para saúde e bem estar.

Em seguida, apoie causas que sejam relevantes para o público da sua marca e, especialmente, para aqueles para quem a experiência será oferecida: conheça bem quem serão as pessoas que poderão participar da ação e veja se o tema tem aderência a esse público. Adoção de animais e combate ao trabalho infantil são duas causas muito importantes, mas podem ter um apelo maior ou menor para diferentes grupos de pessoas.

Pense também de que maneira a iniciativa pode proporcionar resultados concretos e, se possível, imediatos. Despertar a atenção e promover debates sobre a importância do verde e meio ambiente é importante, mas convidar o público para oficinas para aprender a cuidar das plantas e para mutirões de plantio de árvores, garante resultados imediatos e concretos na vida das pessoas e das cidades.

Isso tem relação direta com o outro ponto que merece destaque: qual é o legado que a ação vai deixar? Em outras palavras, depois que a ação terminar e a marca não estiver mais no local, o que fica de bom para a sociedade? Podem ser as árvores plantadas nos mutirões de plantio, podem ser pessoas capacitadas em cursos de empreendedorismo, conhecimento para replicar ações semelhantes, uma praça ou uma quadra que são recuperadas… 

Fazendo parte da Experiência

A outra tendência está ligada ao protagonismo do público: um interesse cada vez maior das pessoas em fazerem parte das experiências e, simultaneamente, das marcas em oferecer cada vez mais experiências que permitem – e incentivam – a participação do público.

Assistir a um show ao vivo pode ser uma boa experiência, mas o público é mero expectador, é o polo passivo da ação – ele recebe o que está sendo oferecido. Em teoria, a ação independe do público para acontecer: o artista pode fazer sua apresentação sem a presença das pessoas. Só que existem experiências que se tornam ainda mais ricas – ou que só acontecem – com a participação efetiva das pessoas, que passam a construir a ação em conjunto com a marca. E isso pode ser dar em diferentes níveis.

Em um lado da escala, estão ações que permitem a participação das pessoas. É o que acontece, por exemplo, com a Arte na Rua, iniciativa da Rede Globo na Grande São Paulo que leva apresentações artísticas para espaços públicos como ruas, praças e estações de trem e metrô. Os artistas tocam no chão, no mesmo nível do público (o que, por si só, já cria uma proximidade) e muitas pessoas, de forma espontânea ou estimulada, acabam – literalmente – entrando na dança e interagindo com as atrações.

No outro extremo, temos o formato mais poderoso para gerar engajamento: colocar as pessoas como personagens principais da narrativa, fazendo com que a experiência só aconteça com elas e por causa delas. É o que temos visto em exposições interativas: de maneira diferente dos museus tradicionais, onde a experiência é contemplativa, nesses espaços o público é convidado a tocar, sentir, fazer parte das cenas e, principalmente capturar esses momentos em fotos e vídeos, que acabarão sendo compartilhados nas redes sociais. Exemplos recentes são a Casa do ChesterCheetahe a Funcast, ambas com vários ambientes para as pessoas serem protagonistas das cenas.

Outra iniciativa da Rede Globo que aproveita esse potencial é a Sabor Paulista: as oficinas gratuitas de culinária são mais que aulas com chefs de diferentes culturas. Nelas, o público participa efetivamente do preparo das receitas, ou seja, se tornam atores fundamentais da história. A refeição é preparada em conjunto pelo chef (que representa a marca) e pelo público.

Fato é que as pessoas querem sair do papel de meros espectadores para fazerem parte da história, que deixa de ser só contada pela marca para ser construída coletivamente, com a participação de cada um. Isso também faz com que as pessoas possam permanecer mais tempo na ação, estabelecendo um diálogo mais longo com a marca que está proporcionando a experiência.

Protagonismo e causas

Mas, como citei em meu artigo de 2018, o maior potencial de engajamento está na união desses dois pontos: oferecer experiências que consigam unir o protagonismo do público com o desejo das pessoas de abraçarem causas relevantes.

Um exemplo muito consistente, de mais uma ação da Rede Globo, é o Verdejando, que tem alcançado resultados expressivos tanto em protagonismo quanto em ajudar a cidades a ficarem mais verdes. Nesses seis anos de iniciativa, além de tratar a causa do verde e do meio ambiente com reportagens, seminários, palestras e workshops, temos também as ações práticas com presença maciça de pessoas, como as oficinas e os mutirões de plantio.

A mudança que vem sendo incentivada pelo Verdejando só acontece por causa da participação efetiva do público: são as pessoas que literalmente colocam as mãos na terra e plantam as árvores. A  Globo, como marca, tem o papel de colaborar com esse movimento ao mobilizar a sociedade civil e o poder público para que se engajem nessa causa.

Em síntese, essas são duas ferramentas poderosas de Live Marketing. Ao usar cada uma de forma isolada ou, principalmente, em conjunto, podemos criar relações mais fortes, consistentes e duradouras entre as marcas e seus públicos.

* – para saber mais sobre as iniciativas da Globo em São Paulo, como Arte na Rua, Sabor Paulista e Verdejando, visite sp.globo.com

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Com metaverso e retomada dos eventos presenciais: um “novo mundo” para a indústria de entretenimento está nascendo

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Por Natasha de Caiado Castro*

Meu avô fazendeiro falava que oportunidade era um cavalo que passava selado. Quem enxergava, pulava em cima. E assim vejo Metaverso para a indústria de entretenimento, tão tão tão sofrida nesta pandemia: temos um mundo de realidade virtual nascendo. E ele já surge com fãs e haters. Se artistas nos palcos terão avatares dentro da sua casa, aproximando-os da sua base de público – o que com certeza será amplamente explorado pelos influencers – ou se haverá novos modelos de arte e entretenimento também sendo criados “as we go” ainda são incógnitas.

De fato tudo isso é tão novo que ainda não conseguimos ter a imagem clara nem a curto, muito menos a longo prazo, mas temos que levar em conta que esse ecossistema de artistas, técnicos e serviços está sendo desenhado agora e quem está antenado vai ajudar a formatar esse “novo mundo”. Resumindo, quem sair do quadro de “senta-e-chora” , passa a ser protagonista da história.

Foi assim quando o cinema chegou e quebrou o paradigma do circo-ópera-teatro, sendo absolutamente criticado pela sociedade da época. Passou pelo mudo no processo de amadurecimento e temos aí uma das artes mais sólidas e fortes hoje. E foi o ícone da música eletrônica Jean Michel Jarre que me contou seu ponto de vista e mudou minha opinião que também estava fixada no Mark Zuckerberg brincando com seu avatar.

Aqui cabe ainda lembrar que o poeta Oswald de Andrade, a pintora Tarsila do Amaral e todas da patota modernista foram chamados de bagunceiros e revolucionaram a literatura e as artes. E como esquecer  a geração perdida com Ernest Hemingway e a chegada do Jazz? Tudo incomodou bastante, mas veio para ficar!

Agora, o bacana mesmo e que fez cair um cisco nos olhos foi ver no palco da edição 2021 do Web Summit, realizado neste início de mês em Lisboa, os centenas de produtores, técnicos e voluntários, todos os personagens de eventos, se abraçando orgulhosos por terem colocado os 42.751 pessoas dentro da cidade montada para receber após dois anos palestrantes e audiência presencialmente. Sabe aqueles momentos que arrepiam, que a emoção é tão grande que transborda e atinge até quem está na plateia? Galera de garra que apostou alto, certamente ouviu muita bobagem desanimadora  e não se deixou abater.

O Summit foi lindo e seguro, uma delícia. Assim como uma semana antes foi o Utopiales, em Nates (França), maior festival de ficção científica do mundo e onde fui buscar inspiração para projetos de experiências corporativas.  Por lá estiveram 50 mil pessoas, seguindo todos os protocolos de cuidado com máscaras e carteiras de vacinação, para aproveitar os dias de muito intercâmbio intelectual (me vi discutindo Durkheim e universo digital com filósofos, escritores e antropólogos durante o jantar).

O mundo está abrindo com um monte de oportunidades. E o copo pode estar meio cheio ou meio vazio… Qual é a sua tribo?

 

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A volta à vida no Vale do Silício

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A volta à vida no Vale do Silício

Estamos em julho de 2021, Califórnia, Estados Unidos. Nas próximas linhas, pretendo fazer uma prévia sobre o que deve acontecer com o mundo nos próximos meses. Espero estar certa nessa radiografia.

No Vale do Silício, mais de 80% da população já está vacinada contra a covid-19. Ainda há quem seja contra a vacinação – algo em torno de 25% – mas a boa notícia é que já atingimos a imunidade de rebanho. Com isso, não é mais obrigatório o uso de máscaras e nem fazer distanciamento.

Na região, o mundo está voltando ao normal, porém um normal diferente, mais intenso, no qual as pequenas coisas estão supervalorizadas. Pessoas que nunca se viram se cumprimentam, sorriem umas para as outras, se parabenizam pelas pequenas vitórias e ficam emocionadas com facilidade.

A piscina pública que eu frequentava abre as portas na próxima semana. Isso significa o retorno da prática de exercícios físicos após 18 meses sem treinar. Nadar sem máscaras – claro! – e dividindo as raias. Eu odiava ter que dividir a minha, mas agora estou na contagem regressiva para isso acontecer.

Será que era preciso a chegada de um vírus mortal para aterrorizar nossas vidas e nos fazer acordar para valorizar o que sempre teve valor? Mas não é por esse ponto que eu escrevo esse artigo. Quero contar mais sobre a retomada das atividades no Vale do Silício, como é um dia normal no cotidiano dessa região.

No café é que brotam as ideias

Oito da manhã. Sentada em um café para participar da primeira reunião com o Felipe, sócio de uma das empresas de educação mais disruptivas atualmente no Brasil e que é nossa parceira. Que orgulho dessa moçada que veio para “quebrar tudo”, tanto no Vale quanto no Brasil. Por aqui é costume fazermos esses encontros nos cafés. Após vários goles da minha bebida quentinha, embalada pela narrativa de retomada das atividades, fico sabendo que eles logo estarão na mídia no Brasil. Já me deixou muito feliz!

Na sequência, passada rápida ao supermercado para comprar algumas coisas que estão faltando, um pulo na Universidade de Stanford e depois almoço com duas grandes figuras do Vale. Laura, que é uma das líderes responsáveis pela área educacional das escolas públicas da Bay Area, e Sherry, advogada que atuava em Davos e prefeita de uma das cidades mais charmosas da região.

Na pauta de nossa conversa, a abertura da Europa para as nossas próximas viagens de estudo. Nós fazemos parte de uma associação de arqueologia e estamos  desesperados para voltar aos sítios arqueológicos. Porém, as fronteiras ainda estão fechadas.

No entanto, o que nos deixa animados é que já temos como pensar em datas e perspectivas concretas sobre esse retorno, o que é muito mais do que tínhamos há 18 meses. Acho que sou a única do grupo que não é aposentada. Muitos deles aproveitaram o momento e penduraram as chuteiras da vida profissional para se dedicar à sua paixão por arqueologia.

Na parte da tarde, seis mulheres que integram um grupo de investidores e de startups brasileiros, que não se encontrava desde o início da pandemia, elegeu a mesa de um restaurante para retomar seu “tricot” sobre as novidades. Na pauta, além de maquiagens, o assunto mais importante: como os nossos negócios lidaram com a covid.

Todas estão se mexendo para surfar essa retomada. A Debora e a Heloísa estão prestes a revolucionar a indústria da moda com a BePop, uma startup que desenvolveu uma plataforma que usa tecnologia para transformar desenhos dos filhos em roupas lindas. Já a Mirelly está bombando com a Verbena – a Daslu das flores, disruptiva na entrega, no charme e no escopo do negócio – agora com presença em São Paulo e no Rio de Janeiro. Já a Lona fundou a Education Journey, uma startup de educação que nasceu durante a pandemia, recebendo investimentos de todos os lados e está revolucionando o ensino corporativo.

A Ellen percebeu, durante a conversa, uma oportunidade de fazer o “landing”  de produtos nos Estados Unidos. Todas deram palpites no negócio de cada uma e voltamos para casa com ideias trocadas, testadas e prototipadas. Um business plan, que normalmente demora um ano para ser feito, no Vale é desenvolvido em um guardanapo durante a conversa em um café e passa para a próxima fase em poucos dias. Essa é a pegada de funcionamento do Vale.

Reaquecendo os motores

Na Wish International, estamos neste momento saindo gradualmente do estado de hibernação. Uma empresa que faz eventos internacionais e tem clientes brasileiros como maioria esteve no lugar errado na hora errada durante a Covid. Mas nunca deixamos de acreditar na demanda reprimida. Por isso, não demitimos ninguém e nem desplugamos parceiros que trabalham em nossos quatro escritórios instalados em três continentes.

O Vale do Silício sofreu bastante com a pandemia. Muitos parceiros deixaram a região, mas foram semear disrupção e inovação pelo mundo. E vejo novas pessoas e empresas chegando, com novas ideias pulsando nas veias. Se elas tiverem a mente aberta e a alma generosa, o “novo” Vale do Silício deve abraçar, inspirar e “vitaminar” essas ideias. E eu estou muito curiosa para acompanhar os próximos capítulos desse cenário.

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