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Dilma Souza Campos

Sua marca está preparada para lidar com o poder do consumidor?

Publicado

em

Por Dilma Campos

Os consumidores estão cada vez mais exigentes em relação às empresas e as decisões de compra hoje vão muito além de preço e qualidade. Um estudo global da Accenture, que ouviu mais de 25 mil consumidores em 22 países, mapeou 5 novos fatores decisivos para a compra e entre eles encontra-se a confiança e a reputação da marca.

No Brasil, outro estudo da consultoria revelou que 77% dos consumidores afirmam que suas decisões de compra são impulsionadas por valores éticos e autenticidade das empresas. Além disso, 87% desejam maior transparência sobre a origem dos produtos, condições de trabalho seguras e uma posição clara em relação a questões como testes em animais.

A confiança e a reputação são construídas com base em transparência e ética. Em um mundo hiperconectado, onde as pessoas passaram a ter acesso sem precedentes à informação, as marcas precisam efetivamente praticar aquilo que elas dizem ser.

As redes sociais que informam são também palco para a manifestação dos consumidores, legitimando a luta por causas que antes eram escamoteadas na sociedade. No estudo da Accenture realizado com consumidores brasileiros, 79% acreditam que ações individuais de protesto, como boicote a empresas ou desabafos nas redes sociais podem influenciar o comportamento das empresas.

As práticas de responsabilidade ambiental, social e de governança nas organizações estão norteando os negócios do futuro, não só devido à maior conscientização dos consumidores, como também dos investidores, que procuram mitigar os riscos e danos à imagem da marca, preferindo investir em empresas com práticas ESG. A mudança atinge ainda os colaboradores das organizações: 44% dos participantes do estudo Workmonitor 2023 Randstad, que ouviu mais de 35 mil pessoas em 34 países, disseram que não aceitariam trabalhar em uma empresa se ela não estivesse agindo proativamente para melhorar suas práticas de diversidade e equidade.

O empoderamento do cliente, que passa a exigir uma postura ambientalmente e socialmente responsável, mostra as transformações da sociedade, que preza cada vez mais por relações éticas e humanas.

Cuca, um exemplo emblemático

A recente demissão do técnico do Corinthians Cuca, condenado por estupro de uma menina de 13 anos, é um exemplo emblemático do novo poder desse consumidor. Primeiro porque o crime aconteceu há mais de 30 anos e não impediu que o técnico fizesse carreira em outros times como Atlético Mineiro, Palmeiras e Santos anteriormente. Segundo porque sua demissão aconteceu após uma vitória do time que garantiu a classificação do Corinthians às oitavas de final da Copa do Brasil, ou seja, sua reputação está acima dos resultados entregues por ele.

O que mudou então agora?

Em primeiro lugar, as transformações da sociedade em relação à equidade de gênero e ao empoderamento da mulher, que não permitem mais que casos graves como esse sejam relativizados. Aliás, foi a torcida feminina a principal responsável pela campanha contra a nomeação do técnico. Hoje, as mulheres já são maioria entre os torcedores Corinthianos, representando 53% do total.

Mas não foram só as torcedoras que protestaram contra a contratação. As redes sociais viraram palco de um manifesto sem precedentes, acelerando a pressão pela saída do técnico após apenas dois jogos à frente do time.

Antes de encerrar, deixo aqui algumas reflexões: em um mundo onde a verdade hoje está a um clique de ser exposta, sua marca está preparada para lidar com o novo poder do consumidor? A organização já pensa estrategicamente seu negócio com premissas e práticas ESG? A governança corporativa está fazendo o check-list de toda a cadeia de fornecedores para verificar se eles adotam práticas ambiental e socialmente responsáveis? A hora é agora e sua marca tem que estar mais do que nunca preparada para esse novo momento.

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Dilma Souza Campos

Seis motivos para aumentar a representatividade de líderes negros nas empresas

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Por Dilma Campos

Os negros representam 56,1% da população brasileira (IBGE), mas ocupam apenas 4,7% dos cargos executivos nas 500 maiores empresas do país, segundo levantamento do Instituto Ethos. No recorte de gênero, as mulheres negras representam apenas 0,4% dessas posições.

Basta uma rápida olhada nestes números para constatar que, apesar do avanço nas discussões sobre práticas ESG e D&I (Diversidade e Inclusão) nas organizações, há ainda um longo caminho a ser percorrido. O diretor-presidente do Instituto Ethos, Caio Magri, estima que “se o avanço da representatividade continuar nesse ritmo, só teremos a equidade demográfica em todos os níveis hierárquicos daqui a 100 anos”.

Uma fala que nos choca e impulsiona a ter intenção e ação para mudar esse cenário.

No mês da Consciência Negra, resolvi reunir seis motivos que demonstram a importância de aumentar a representatividade de líderes pretos nas organizações.

Em primeiro lugar, para que outros profissionais que estejam em funções hierárquicas mais baixas tenham uma referência que mostre que é possível chegar lá. Parece algo simples, mas só quem é negro sabe a importância disso na carreira.

Antes de empreender e ser CEO da Nossa Praia, cheguei à posição de diretora executiva de um grande grupo de comunicação, mas era a única líder preta nessa função.

O segundo motivo é permitir uma inclusão real de pessoas negras na empresa. Não adianta criar vagas afirmativas e aumentar o número de colaboradores pretos na organização se no dia a dia vieses inconscientes os excluem das oportunidades e do lugar de fala, bem como das promoções e oportunidades de crescimento que surgem. Infelizmente, situações de constrangimento e preconceito ainda são uma realidade em muitas empresas. A presença de executivos negros ajuda a combater preconceitos e estereótipos raciais na cultura organizacional e amplia as oportunidades de outras pessoas pretas.

O terceiro motivo é financeiro. O relatório “Why diversity matters”, da McKinsey, mostra que, para cada 10% de aumento na diversidade racial e étnica dos executivos seniores, o Ebitda da organizações aumenta 0,8%. Isso se explica, em parte, pelo quarto motivo que vem a seguir.

Lideranças diversas contribuem para o bem-estar e a felicidade no trabalho: 64% dos colaboradores indicam que estão felizes na empresa, em comparação com apenas 31% das empresas que não são comprometidas com a diversidade! Funcionários de empresas comprometidas com a diversidade têm 152% maior probabilidade de propor novas ideias e tentar novas formas de fazer as coisas, e probabilidade 73% maior de relatar uma cultura de liderança em prol do trabalho em equipe, o que afeta positivamente a forma como as pessoas se comportam. Impacto positivo na sensação de pertencimento e na produtividade da equipe resumem essa equação.

Motivo número 5: Diversidade e inovação caminham lado a lado. O estudo da McKinsey aponta que os funcionários de empresas percebidas como comprometidas com a diversidade são 66% mais propensos a relatar que seus líderes promovem a inovação. Aliás, a relação entre inovação e diversidade já foi tema de um outro artigo que escrevi aqui na Revista Live Marketing.

Múltiplos olhares para as necessidades do consumidor em um mundo globalizado e dinâmico é o sexto motivo para ter líderes diversos no quadro executivo das empresas. A velocidade das mudanças e o impacto da tecnologia exigem times que enxerguem várias possibilidades e cenários, além de soluções para os desafios que surgem. Para simplificar: enquanto times homogêneos enxergam um problema por apenas um ângulo, equipes heterogêneas e diversas têm uma visão ampliada por diferentes pontos de vista, o que facilita a solução criativa.

Deixo aqui uma reflexão final: diante de tantas vantagens, faz sentido continuar perpetuando o mesmo modelo de liderança do passado? Ou sua empresa está pronta para abraçar todas essas oportunidades que a diversidade no quadro de liderança proporciona?

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Dilma Souza Campos

Hackeamos o Canvas! Incluímos ESG no Business Model Canvas

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Por Dilma Campos

Se alguém me dissesse há 10 anos que eu estaria no palco do Rio Innovation Week no mesmo dia da palestra prática de Alex Osterwalder, o inventor do Business Model Canva, apresentando um modelo hackeado dessa ferramenta de gestão que o mundo inteiro utiliza para ampliar a ferramenta com o olhar do ESG, eu provavelmente não acreditaria.

Quando eu olho para a foto do Alex nos parabenizando por essa inovação, percebo que de fato a economia regenerativa se apresenta como o caminho mais viável para a sobrevivência dos negócios e do planeta e que a conscientização dessa necessidade evoluiu muito nesses 10 anos. Mas ainda há muito a fazer!

Por isso, para ajudar as empresas nessa jornada de transformação, lançamos no dia 5 de outubro o Business Model (Re)Generation Canvas (BMREG), releitura do Modelo Canvas, em um dos maiores eventos de inovação e tecnologia da América Latina, que recebe mais de 100 mil pessoas no Píer Mauá, Rio de Janeiro.

O BMREG foi desenvolvido de forma colaborativa pela comunidade de prática #ESGpraJÁ, da qual faço parte. Somos um Grupo de Estudos Avançados em ESG e Estratégia Criativa com o objetivo de impulsionar as práticas ambientais e sociais dos negócios e marcas. Nosso objetivo é buscar soluções concretas e práticas para trazer o ESG para a realidade das empresas.

Para operacionalizar essa ideia, entendemos que era necessária uma ferramenta que ajudasse a desenvolver novos modelos de negócio com base nessas premissas sustentáveis. Recorremos então à grande referência mundial, o Business Model Canvas de Osterwalder, apresentado no best-seller Business Model Generation, livro que já foi traduzido para mais de 30 idiomas e é uma das ferramentas mais usadas do mundo.

Com uma referência tão consolidada globalmente, não fazia sentido desenvolver outra do zero. Decidimos então hackear a ferramenta e acelerar um reframing do Canvas com a proposta de tornar os negócios lucrativos e regenerativos ao mesmo tempo.

Quadrantes do Canvas e Economia Regenerativa

O que o BMREG faz é propor uma adequação dos 9 quadrantes do Canvas original às novas necessidades de negócio dos tempos atuais.

Vamos entender como isso funciona na prática: quando o Canvas se refere ao quadrante de Segmento de Clientes, ele propõe uma investigação criativa das dores dos clientes que estão no foco do negócio. No BMREG, o escopo é ampliado para todos os stakeholders: além dos clientes, é preciso ampliar a visão e pensar nas dores dos fornecedores, colaboradores, acionistas, da sociedade e do planeta.

O mesmo exercício se aplica ao quadrante Proposta de Valor do Canvas tradicional, que é a resposta da empresa – em forma de produtos, serviços ou experiências – para as dores e desejos dos clientes. No BMREG, devemos pensar no Propósito de Valor do negócio, que é muito mais abrangente. O propósito de valor mescla o propósito do negócio – motivo pelo qual aquele negócio existe e porque seria bom para todos os seus stakeholders que ele continuasse existindo – ao valor que pode ser gerado para todos os stakeholders.

Em Relacionamento com clientes, a proposta do BMREG é de que esse quadrante fale de Relacionamentos Regenerativos. A construção relacional é um capítulo super estratégico para a experiência do cliente como um todo e para o sucesso do negócio. Ou seja, o relacionamento com todos os stakeholders deve ser baseado em práticas saudáveis, transparentes e de impacto positivo. Saúde mental dos colaboradores e marketing regenerativo são propostas aplicáveis deste quadrante.

Dessa forma, os 9 quadrantes do Canvas foram repensados para refletir a abrangência e a complexidade dos negócios em uma época que precisamos encontrar soluções práticas para os desafios ambientais e sociais do planeta.

De uma forma simplificada, como podemos saber se uma marca ou empresa está plenamente alinhada com os novos tempos? A resposta é que ela precisa ser lucrativa e regenerativa ao mesmo tempo.

Essa é uma jornada de transformação gradual e contínua, que começa com uma simples decisão. A decisão de querer fazer parte da construção de um mundo sustentável para todos os que habitam nele: todos os stakeholders do negócio, o meio ambiente e a sociedade.

O BMREG é nossa contribuição colaborativa e open source (gratuita), disponível para todas as pessoas e empresas que decidiram fazer parte desse novo mundo. Junte-se a nós na missão de tornar nosso planeta um lugar mais sustentável!

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