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Inteligência artificial e desafios logísticos moldam o setor de eventos

O setor de eventos experimentou uma transformação significativa nos últimos anos, impulsionado pela pandemia global. A transição para o digital durante aquele período foi uma realidade, mas a expectativa de que o pós-pandemia seria predominantemente híbrido não se concretizou. Os eventos presenciais ganharam força e a BPool – plataforma EGM que conecta empresas com os melhores parceiros de marketing e live marketing do mercado, por meio de curadoria, inteligência de dados e um algoritmo proprietário – geriu somente em 2023, R$ 25 milhões em projetos no segmento.
“Apostar no storytelling com a criação de conteúdos que acompanhem as tecnologias emergentes cada vez mais presentes nos eventos é algo que deve ser mantido para 2024, mas a grande evolução será a inclusão da inteligência artificial na criação e gestão, desde a produção de imagens de cenografia até a geração de conteúdos e performances em tempo real”, explica Nuno D’eça sócio e especialista de live marketing da BPool.
Nuno se uniu a Pedro Rodrigues, Diretor Geral da Desafio Global Eventos, empresa baseada em Portugal, para listar os principais desafios e tendências que devem movimentar o mercado em 2024.
Eventos presenciais e o valor da experiência
Em 2023, os eventos presenciais e especialmente a retomada dos grandes shows e festivais marcaram o reencontro e a celebração da vida, focando na união das pessoas após anos de restrições. Experiências únicas, memoráveis e compartilháveis deram o tom, tanto dos eventos como das ativações das marcas.
Não podemos deixar de mencionar a The Sphere – arena futurista inaugurada em Las Vegas esse ano e que é um marco na história do live marketing.
Uso de IA e novas tecnologias
A tecnologia está perpassando a produção dos eventos de ponta a ponta. De um lado, vemos a utilização de robôs, provenientes da área industrial, com a capacidade de movimentarem, com uma precisão milimétrica, cargas pesadas tais como objetos, ecrãs ou mesmo pessoas. Na outra ponta, a inteligência artificial generativa cria um universo de possibilidades de criação, ampliando e agilizando o potencial inovador dos eventos e gerando tanto insights de ativações como imagens e vídeos para cenografia.
Tudo isso pode se combinar a outras tecnologias como assentos imersivos, experiências sensoriais, realidade aumentada e equipamentos de led de altíssima resolução, elevando as possibilidades de entretenimento a outro patamar.
Cadeia de fornecedores e a emergência da questão climática
“Os fornecedores, desfalcados de recursos e em muitos casos, com mudanças de atuação, não conseguiram acompanhar a demanda pós-pandemia, dificultando a logística e qualidade dos eventos”, comenta Pedro Rodrigues, da Desafio Global Eventos em conversa com Nuno D’eça, sócio e especialista de live marketing da BPool.
Porém, os desafios continuam. A falta de prazos adequados para a produção de eventos e a interface com áreas de compras geram obstáculos que podem comprometer o sucesso dos eventos em 2024.
Outro desafio a ser gerido pela cadeia de eventos são as questões climáticas: em 2023 fomos de tempestades à temperaturas extremas e a cadeia como um todo precisa compreender com profundidade essa mudança e prover soluções que garantam segurança e conforto.
Otimização de recursos
Para 2024, tanto para os grandes eventos como em eventos menores, no âmbito corporativo, as empresas irão buscar maximizar a qualidade dos porta-vozes, mantendo os custos controlados. Locais inovadores, alinhamento com valores de marca, sustentabilidade e inclusão são prioridades presentes na agenda.
“Para o próximo ano, é preciso que o live marketing gere experiência ao clientes para processos mais eficientes na organização de eventos, visando evitar prazos inadequados que impactam na qualidade e na disponibilidade de locais”, finaliza Pedro.
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Pré-Black Friday: Novembro já registrou 15 milhões de compras online e mais de 117 mil tentativas de fraude evitadas até quinta-feira, segundo Serasa Experian

A Black Friday, que antes se concentrava na última sexta-feira de novembro, hoje movimenta o varejo ao longo de todo o mês. Entre 1º e 26 de novembro, a Serasa Experian, primeira e maior datatech do Brasil, detectou 15.057.286 pedidos realizados no e-commerce brasileiro, que somaram R$ 8,5 bilhões em transações. Deste total, 117.968 foram identificados como tentativas de golpes, barradas tecnologias antifraude da companhia. Se efetivadas, poderiam ter causado perdas de até R$ 104.329.618,28 para lojistas e consumidores. O levantamento reforça a importância de estratégias robustas de autenticação e segurança.
Segundo dados da datatech, na semana da Black Friday de 2024 foi registrado um aumento de 260% na criação de páginas de phishing em comparação às demais semanas do mês. O método é um tipo de golpe digital em que criminosos simulam sites ou comunicações oficiais de empresas para enganar os usuários e capturar dados sensíveis, como senhas e informações de pagamento. Diante da expectativa de movimentação intensa no e-commerce em 2025, o alerta permanece: este é o momento em que o consumidor deve redobrar os cuidados com a segurança online.
Dicas para empresas:
• Estabeleça políticas internas de segurança da informação e oriente colaboradores sobre boas práticas, como o uso de senhas fortes e a participação em treinamentos de conscientização.
• Adote criptografia na transmissão de dados para proteger informações sensíveis de clientes e da empresa contra interceptações.
• Implemente soluções antifraude para minimizar riscos financeiros e reputacionais. Contar com especialistas e tecnologias dedicadas torna sua empresa mais preparada para lidar com golpes sofisticados.
• Utilize a prevenção em camadas como estratégia central. Ferramentas combinadas atuam em diferentes pontos da jornada digital e são essenciais diante da evolução constante das fraudes.
• Invista em soluções que se atualizem continuamente, garantindo a veracidade dos dados e maior resiliência contra novas ameaças.
• Conheça o comportamento do seu usuário e reduza fricções na jornada digital, sem comprometer a segurança.
• Trate a prevenção à fraude como fator de competitividade: soluções bem orquestradas aumentam a segurança, reduzem perdas e melhoram a experiência de compra.
O levantamento realizado considera somente as transações realizadas entre 1 e 26/11/2025 analisadas pela Serasa Experian.
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Tirania da média na Black Friday: Por que métricas agregadas escondem prejuízos reais

A Black Friday é um dos poucos consensos do e-commerce brasileiro: todos fazem, os consumidores esperam e as metas do último trimestre dependem disso. Por isso, mais do que decidir participar, o desafio está em estruturar ações que gerem volume sem cair na perigosa ‘Tirania da Média’ — campanhas que geram vendas imediatas a um custo médio aceitável, mas comprometem a rentabilidade futura ao mascarar o desempenho individual de cada canal.
“O cenário está posto. Consumidores condicionados a esperar descontos, concorrência acirrada e todas as marcas disputando atenção ao mesmo tempo”, afirma Caio Motta, cofundador da Elementar Digital, agência de marketing especializada em performance orientada por dados. “Marcas que não participam perdem relevância e market share. O desafio real é jogar bem esse jogo de maneira analítica – e isso começa muito antes do desconto chegar no site.”
Nesse contexto, um dos principais equívocos ainda é analisar o período apenas por métricas agregadas, como CAC (Custo de Aquisição de Cliente) médio, ROAS (Retorno sobre o Gasto com Anúncios) geral ou faturamento total. Segundo Motta, essa leitura consolida demais a performance e esconde o que realmente funciona.
“Um Custo de Aquisição de Cliente (CAC) médio de R$ 80,00 pode parecer aceitável. No entanto, ao analisar os dados por grupos específicos de clientes (cohorts), você pode descobrir que clientes atraídos na Black Friday por um canal em particular têm um CAC de R$ 60, mas nunca mais compram. Por outro lado, clientes com um CAC de R$ 100 podem fazer novas compras em 45 a 60 dias”, detalha Felix Bohn, sócio da agência. Fica claro, então, que é essa análise detalhada e segmentada que diferencia uma Black Friday que apenas desperdiça dinheiro de outra que realmente forma uma base de clientes sólida.”
A partir desse entendimento, a mídia de performance passa a ser uma alavanca estratégica, não apenas tática. “Muitas marcas aumentam budget de forma linear em todos os canais esperando retorno proporcional. Não funciona assim”, comenta Motta. Ele reforça que a alocação deve ser guiada por dados históricos – quais canais, públicos e formatos trouxeram clientes de maior valor e maior lift de vendas. Além disso, a estrutura de funil precisa ser respeitada: campanhas de awareness não podem ser medidas com o mesmo ROAS de campanhas de conversão direta. Como resume Bohn, “é preciso ter paciência no topo do funil e ser cirúrgico no fundo.”
Entretanto, mesmo a estratégia de mídia mais sólida não se sustenta se a operação não acompanha. Atrasos na entrega, rupturas de estoque e instabilidades no site se transformam rapidamente em detratores, e esse custo, segundo os especialistas, é muito maior do que uma venda perdida. “A gente vê isso todo ano: marcas que explodem em vendas na sexta-feira e, na segunda, já estão apagando incêndio no SAC”, comenta Motta. Testes de carga, estoques planejados com margem de segurança e logística dimensionada para cenários extremos são, portanto, medidas essenciais para proteger margem e reputação.
A visão de curto prazo também impede que as marcas enxerguem o verdadeiro impacto da Black Friday. Para os profissionais, o sucesso do período não se mede em novembro, mas em março, junho e até o próximo novembro. “Todo mundo comemora quando bate a meta de faturamento, mas o jogo real acontece depois”, diz Bohn. Ele explica que é preciso monitorar quantos clientes adquiridos na Black Friday recompram no ano seguinte, qual foi o LTV (Lifetime Value) desse cohort comparado ao de períodos normais e qual a taxa de churn (perda de clientes ou receita) em seis meses. Essa disciplina é o que diferencia marcas que tratam a data como liquidação daquelas que a utilizam como aquisição estratégica.
Quando essa visão orientada por dados se consolida, aliada a mídia inteligente, operação preparada e promessas que a marca consegue cumprir, a Black Friday deixa de ser apenas um pico de vendas e passa a funcionar como alavanca real de crescimento. “A diferença está em trocar o imediatismo por visão de longo prazo”, resume Bohn. “Quando você estrutura a estratégia pensando no contexto de longo prazo, não em transações isoladas, equilibra volume com qualidade de cliente. E aí sim a Black Friday vira o que deveria ser: um acelerador do negócio”, conclui.








