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Ações personalizadas tiram o marketing do senso comum nas datas comemorativas

*Silvana Torres
Está claro que datas comemorativas como essa são ótimas oportunidades de ativação junto ao cliente. Porém, para as marcas realmente serem efetivas nessas ações, é preciso conhecer o público com profundidade e saber quais são os seus desejos. Isso significa que uma maior personalização da ação tende a gerar um maior impacto no mercado. Caso contrário, as empresas podem cair no famoso “mais do mesmo” e não alcançar os resultados esperados.
Dentro desse espectro, ganha força o conceito de Clientocentrismo, que, como o próprio nome diz, significa colocar o cliente no centro de qualquer ação. Essa prática vem sendo adotada já há algum tempo por parceiros de comunicação mais atentos, embasados na maioria das vezes por estratégias data-driven, em que dados relacionados a preferências, necessidades e hábitos de consumo são interpretados e traduzidos em ações individuais mais efetivas, por fazerem muito mais sentido para determinado perfil de cliente.
O consumidor tem buscado experiências inesquecíveis e tangíveis no momento de adquirir um produto ou serviço, o que fez com que as marcas pensem em soluções disruptivas e personalizadas. E, nessa tarefa específica, elas contam com o expertise dos especialistas, que são seus parceiros de comunicação, o que pede uma atuação e um olhar mais amplo desses parceiros, considerando a estratégia de negócios como um todo, nos moldes de uma consultoria.
Nesse sentido, observar atentamente os movimentos do consumidor e avaliar de que forma tornar o portfólio das empresas mais relevantes para eles, muitas vezes, representa o fator de sucesso mais relevante para uma determinada estratégia ou ação de comunicação. E claro, propor soluções exequíveis, construídas junto com os clientes. Eis a fórmula que, de mágica, não tem nada, mas tem muito de trabalho, confiança e inteligência de negócios.
Em outras palavras, é preciso utilizar estrategicamente dados de mercado para realizar um trabalho a quatro mãos com o cliente, de modo a pensar em ideias que ultrapassam o limite do briefing. Muito mais que atender, entender para então, proceder.
É levar para as marcas o entendimento completo do seu público e das suas necessidades, compreendendo não só a estrutura da campanha que deseja exatamente fazer, mas também a adequar o seu produto ou serviço às últimas tendências do mercado, se sobressaindo à concorrência.
Não à toa, o marketing de incentivo se sobressai diante desse escopo, seja no sentido de estimular a equipe de vendas das marcas, seja no momento de resgate de prêmios, que pode ser feito em plataformas digitais, permitindo aproveitar inúmeras promoções. E ainda, dentro dessa disciplina, podemos destacar as viagens de incentivo. Comprovadamente, são consideradas soluções de reconhecimento inigualáveis em termos de memória residual, muito mais efetivas do que itens habituais, como dinheiro ou pagamento de contas, de aspecto bastante efêmero.
As lembranças das viagens ficam por anos e anos. E claro, de quem proporcionou essa viagem ao premiado, também! Melhor ainda quando essa experiência pode ser atrelada a ganchos como datas sazonais, por exemplo a Copa do Mundo.
Portanto, ações personalizadas trazem oportunidades claras de gerar negócios repletos de valor, indo além de ideias básicas de descontos e preços reduzidos; são chances das empresas estabelecerem uma forte interação com os clientes, culminando na tão desejada fidelização do público. Para isso, o marketing sazonal abre portas de atendimentos, serviços e produtos mais individualizados e direcionados, que fogem do senso comum.
*Silvana Torres é presidente e fundadora da Mark Up.
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“Branding de legado: o que Alfred Nobel ainda ensina sobre reputação e propósito”

*David V. Bydlowski
Quando falamos em branding pessoal ou reputação de marca, a história de Alfred Nobel continua sendo um dos exemplos mais potentes, e talvez mais incômodos, de como memória e legado são construídos. O químico sueco, celebrado hoje como patrono do Prêmio Nobel, foi também o inventor da dinamite, descoberta que o tornou milionário no século XIX. Porém com a fortuna veio a culpa e a reputação sobre uma descoberta cujo impacto se estendeu a cenários de guerra.
O ponto de virada aconteceu por acidente. Após a morte de seu irmão, um jornal francês publicou, por engano, o obituário de Alfred Nobel. O título era devastador: “O mercador da morte está morto”. Naquele instante, Nobel teve um choque de reputação: percebeu que seria lembrado não como um cientista brilhante, mas como alguém associado à destruição.
Esse episódio ecoa fortemente no presente, pois foi com essa manchete que Nobel decidiu transformar o significado do seu nome, criando a nobre instituição pela qual hoje é lembrado. Trazendo ao universo digital dos dias atuais, percebe-se que não é mais apenas a imprensa que molda a narrativa, mas milhares de interações diárias. Se você não cuida da sua história, o público a escreve por você e nem sempre da maneira mais justa.
O obituário digital
Vivemos em um tempo em que a reputação não é construída apenas por campanhas sofisticadas ou slogans bem pensados, mas por rastros cotidianos: curtidas, posts, vídeos, comentários soltos, tweets deletados. Cada fragmento é uma peça que compõe o que se poderia chamar de “obituário digital”. Uma biografia coletiva e permanente, formada por aquilo que o mercado, os consumidores e os algoritmos interpretam e guardam sobre você ou sua marca.
A lição de Alfred Nobel é clara: branding não é só imagem. É herança. Reposicionar é mais que comunicar
Em vez de tentar apagar a associação com a destruição, Nobel escolheu outra estratégia: destinou 94% de sua fortuna à criação do Prêmio Nobel, uma instituição dedicada a reconhecer avanços da humanidade. Nem usou sua fortuna para tentar pagar jornalistas para escrever sobre sua história sob outra ótica. Criou propósito.
Esse gesto é um paralelo direto com as empresas que, hoje, ultrapassam o território do marketing de produto e constroem reputações ancoradas em ESG, impacto social e coerência narrativa de longo prazo. Não se trata de cosmética, mas de estrutura.
Para quem trabalha com comunicação, a reflexão é inevitável: SEO, redes sociais, vídeos e campanhas não são apenas ferramentas de performance. São instrumentos de memória. O que se publica hoje pode aparecer amanhã em um pitch, em uma negociação de M&A ou na decisão final de um consumidor.
O que a publicidade tem a ver com isso?
Tudo. Muitas marcas ainda operam sob a lógica do branding de ocasião, a resposta rápida à tendência, à crise ou ao algoritmo. Mas branding de oportunidade não sustenta branding de legado. E a consequência é clara: As empresas que constroem com intencionalidade, colhem os frutos por gerações.
Alfred Nobel nos lembra que reputação é menos sobre o que você vende e mais sobre o que você deixa. Cabe às marcas e às pessoas decidir se sua história será esquecível ou transformadora.
Em tempo: Nobel morreu em 10 de dezembro de 1896, em San Remo, na Itália. E hoje poucas pessoas sabem que ele foi também o criador da dinamite.
*David V. Bydlowski – Fundador e principal executivo da Rosh Digital, agência com foco em inovação digital e inteligência artificial.
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O que os “CEOs vendedores” podem ensinar às startups?

Claudio Santos*
Daniel Rosa*
Por muito tempo, o papel do CEO esteve restrito aos bastidores. Ele era o estrategista, o líder de equipe, o responsável por fazer a engrenagem girar, mas raramente aparecia para o público. Essa função, até poucos anos atrás, ficava com artistas, atletas ou influenciadores pagos para representar uma marca. Hoje, o jogo virou. O resultado? Em muitos casos, crescimento expressivo nas vendas e fortalecimento da imagem institucional.
Quando Elon Musk fala da Tesla ou para citar exemplos como Guilherme Benchimol, da XP, João Adibe Marques, da Cimed ou Luiza Trajano, do Magalu. Essa última criou até a Lu, imagem e semelhança da presidente do grupo que figura em praticamente todas as comunicações da marca. Todos esses exemplos mostram que não se trata apenas de marketing, é um convite para o consumidor participar da cultura da empresa.
Esse movimento também transformou a relação entre marcas e performance. Quando o fundador ou executivo assume a linha de frente, a confiança tende a crescer, e com ela, as vendas. Um estudo da Sprout Social mostra que 70% dos consumidores se sentem mais conectados com empresas em que os executivos são ativos nas redes, um dos motivos destacados entre as pessoas consultadas pela pesquisa é que sentem que a presença do CEO, há pessoas reais por trás da marca. E esse efeito é ainda mais forte em startups, onde a história pessoal do fundador se mistura com a identidade da empresa.
No universo das startups, no entanto, a exposição do CEO nem sempre acompanha o ritmo do crescimento. Muitas recebem grandes aportes, ampliam operações, mas falham em construir uma narrativa sólida. A falta de uma estratégia de marketing clara, que poderia ser sustentada pela presença e voz do fundador, faz com que percam relevância logo após o pico de capitalização. Ter um bom produto ou tecnologia já não basta, o público quer uma história, uma visão, alguém em quem acreditar.
O sucesso de marcas que apostaram em líderes carismáticos como rosto público mostra que essa é uma tendência que veio para ficar. CEOs deixaram de ser apenas
administradores e se tornaram influenciadores corporativos, peças-chave para traduzir a cultura e o propósito da empresa. No fim das contas, vender deixou de ser apenas sobre o que se entrega, e passou a ser, também, sobre quem entrega.
*Claudio Santos é presidente do Next Group, holding de 10 empresas com atuação no Brasil e em outros países como Portugal e Emirados Árabes. Também é especialista em estratégias de internacionalização e desenvolvimento de mercados globais.
*Daniel Rosa é CEO do Digitalks Indie Summit e especialista em mídia online e marketing estratégico. Foi sócio e consultor de mídia da Dainet Multimídia e atendeu grandes contas como Bayer, Kroton, C&A, Ypê e Bunge. Fundou em 2000 o portal ADNEWS e, mais recentemente, criou a SalesRush (2020), aceleradora de vendas B2B especializada no mercado publicitário.








