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Rafael Arruda – Omnichannel e Data Science: os rumos do marketing digital em 2021

Publicado

em

Por Rafael Arruda*

Em 2019 as projeções para 2020 no âmbito do marketing digital eram bastante positivas: crescimento do e-commerce, investimentos em novas tecnologias, novos canais, gamificação, marketing de causa e muitas outras tendências estavam previstas para engrenar ainda mais neste ano. Com a chegada da pandemia, o que tinha tudo para dar errado, acabou dando mais certo do que nunca. O isolamento social impulsionou as vendas online e iniciou uma reação em cadeia, colocando as marcas ainda mais próximas do público, em uma relação que ficou mais direta e transparente. 

De acordo com estudo da Cashback World, no terceiro trimestre de 2020, foi registrado um aumento de 20% das aquisições via e-commerce em relação ao mesmo período do ano passado. E essa movimentação não é passageira: 70% da população pretende comprar mais em sites e aplicativos do que antes, considerando todos os segmentos do comércio, de acordo com levantamento da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC). 

Mudança de rota

Os dados comprovam que a adoção dos canais digitais está mudando o jogo, acelerando ainda mais o mundo omnichannel em um novo modelo. A multicanalidade é o caminho para uma estratégia de sucesso. 

As pessoas querem poder decidir onde vão comprar, se vão começar a jornada em um canal e terminar em outro. A tendência é que o consumidor não se importe muito com qual é o canal, mas sim com a experiência vivenciada. O cliente pode fazer compras online a partir do computador ou dispositivo móvel, por telefone ou em uma loja física, e a experiência, independentemente da plataforma utilizada, precisa dialogar com ele.

Para construir uma base omnichannel sólida, pessoas e processos são tão relevantes quanto a tecnologia. É preciso compreender os níveis de serviço que os consumidores esperam e comparar as expectativas dos clientes para entrega de pedidos online com seus próprios benchmarks de entrega. Bem executado, o omnichannel pode, inclusive, auxiliar na retomada econômica. 

Em um cenário de concorrência acirrada, a prestação de serviços é uma vantagem competitiva e as empresas que oferecerem qualidade e comodidade sairão na frente. A mensagem aqui é que não vivemos a dualidade com o e-commerce de um lado e as lojas físicas do outro. Ambos fazem parte do mesmo ecossistema e precisam funcionar em simbiose.

A era dos dados

Ao lado do omnichannel, a Data Science também seguirá forte em 2021. Quando se trata de utilizar canais digitais, se está entrando em um mundo de dados. Saber como interpretá-los e aplicar o conhecimento obtido a partir disso é o que faz a diferença. 

No caso da Data Science, ela é algo mais complexo do que uma simples análise estatística de observação. Por meio de suas ferramentas, esse campo é capacitado a apontar possíveis movimentos futuros. Os insights e as percepções obtidas ajudam a preparar melhor as ações e a lidar com as preferências de consumo do público.

Para 2021, a Data Science vai requer cuidados extras, já que a privacidade e o compartilhamento de informações devem ser seguir a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais), que representa um marco legal de proteção, tratamento e uso de dados pessoais no Brasil. No âmbito da norma, considera-se “dado pessoal” qualquer tipo de informação relacionada a um indivíduo que possa, de forma isolada ou conjunta, definir sua identidade. Assim, ficam proibidas a coleta e a utilização de informações pessoais em campanhas de marketing, a menos que haja autorização do consumidor. Além disso, a lei proíbe expressamente a venda de dados para terceiros sem que exista um acordo de consentimento.

Combinação de sucesso

A união da ciência de dados com a multicanalidade vai ajudar a pavimentar o crescimento do marketing digital, das marcas e de sua relação com os consumidores. O sucesso desses dois conceitos significa refinar serviços de valor agregado para que atendam às expectativas do cliente. 

Se antes da pandemia, os modelos já apareciam como prioridade estratégica, agora, são o sopro de vida para manter o mercado em movimento. Para sair na frente, a dica é começar desde já, analisando a base de dados que a organização possui, fermentando novas formas de lidar com o público-alvo e criando maneiras de captar dados sem interferir na política de privacidade. Assim, ganham consumidores, empresas e o marketing, que espera ventos ainda melhores em 2021.

*Rafael Arruda atua como Head de Mídia, BI e SEO na GhFly

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A COP30 e o rótulo como instrumento de política pública: O papel das marcas nessa construção

Publicado

em

*Valmir Rodrigues

Enquanto o mundo comenta os avanços e o que poderia ter sido melhor na COP30, milhões de pequenos produtores e povos indígenas seguem invisíveis nas embalagens – e também no dinheiro que circula pelas cadeias de consumo. No fim, não são governos nem organismos internacionais que definem o ritmo de uma transição justa, mas o cidadão comum, que exerce poder diariamente por meio de suas escolhas de compra.

Quando o assunto é clima, o imaginário coletivo se volta quase sempre ao petróleo e às florestas. No entanto, quem realmente mexe o ponteiro, todos os dias, é o sistema de consumo, começando pelo alimento, responsável por cerca de um terço das emissões globais de gases de efeito estufa. Cada vez que alguém enche o carrinho no supermercado, decide não apenas o que vai comer, mas quais produtores, territórios e modelos de negócio vai financiar.

O documento final da COP30, em Belém, aponta para um mundo em transição: triplicação do financiamento para adaptação, reforço da justiça climática e maior centralidade da Amazônia no debate. É um passo relevante. Mas permanece sem resposta a pergunta essencial: como essa ambição chega ao prato do consumidor e, sobretudo, às mãos de quem produz o que está nesse prato?

No Brasil, essa questão ganha nome e endereço. Segundo o Censo Agropecuário, cerca de 3,9 milhões de estabelecimentos de agricultura familiar representam 77% de todas as propriedades agrícolas do país e respondem por grande parte da comida consumida diariamente. Ao lado deles, as Terras Indígenas ocupam aproximadamente 13% do território nacional e concentram algumas das áreas mais bem preservadas do país. As imagens de satélite mostram isso de forma inequívoca: onde há terra indígena demarcada, a floresta permanece; onde não há, a pressão avança rapidamente.

São justamente esses grupos – pequenos produtores e povos indígenas – que figuram nos discursos da COP30, mas continuam à margem das principais decisões e quase ausentes das embalagens, dos rótulos e do fluxo econômico das cadeias de consumo.

Fora das salas de negociação, as pesquisas mostram que metade ou mais dos consumidores já aceita pagar um valor maior por produtos considerados sustentáveis, e que itens com alegações ambientais e sociais crescem mais em vendas do que concorrentes “neutros” na mesma gôndola. Não falta boa vontade do consumidor; falta transparência, linguagem acessível e modelos de negócio que garantam que esse valor adicional chegue à base da cadeia – às famílias agricultoras e às comunidades indígenas que o Pacote de Belém promete proteger.

É nesse ponto que surge o grande desafio, mas também uma enorme oportunidade para a indústria de alimentos e para as marcas de forma geral: transformar o Pacote de Belém em produtos e embalagens capazes de falar a linguagem do consumidor e criar uma ponte direta com quem produz. Isso significa abandonar o “green talk” genérico e adotar informações que conectem o público ao território de origem, apresentem propriedades, cooperativas, comunidades e terras indígenas, e expliquem de maneira simples como cada escolha contribui para manter a floresta em pé ou fortalecer um pequeno produtor. Também significa incorporar indicadores claros de justiça na cadeia, mostrando de forma objetiva qual parcela
do valor pago chega ao campo e substituindo selos abstratos por transparência concreta e compreensível.

A embalagem pode se tornar, mais do que um recurso de marketing, uma ferramenta de política pública. Ela pode aproximar produção e consumo quando fizer sentido, especialmente em alimentos frescos, onde transporte e cadeia fria têm grande peso nas emissões, ajudar a reduzir desperdício ao oferecer informações claras sobre porções, conservação e uso integral, e mostrar, com números simples e histórias reais, como aquela compra financia territórios e modos de produção específicos, e não apenas uma marca
distante da realidade do campo.

Depois da COP30, a disputa não se limita ao texto de documentos internacionais, mas se estende à confiança na ponta da cadeia. As marcas que conseguirem demonstrar, com dados acessíveis e linguagem clara, que transformam a vontade do consumidor em renda e proteção para pequenos produtores e povos indígenas vão sair na frente.

Algumas já dão os primeiros passos: utilizam QR codes que mostram a fazenda, a cooperativa ou o território de origem; simplificam embalagens para contar histórias concretas em vez de slogans genéricos; e testam modelos nos quais uma parcela do preço é vinculada diretamente a projetos em comunidades rurais. A maioria, porém, ainda permanece no slide da COP, distante da gôndola.

No fim, a pergunta central não é se o Pacote de Belém foi ambicioso o suficiente. A verdadeira questão, para o Brasil e para o mundo, é outra: o pacote que o consumidor leva para casa continuará mudo sobre quem produz, quanto recebe e que impacto gera, ou finalmente passará a contar a verdade que uma transição justa exige?

*Valmir Rodrigues – Fundador da My Trusted Source (MyTS) .

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Imersão além do jargão: o que as marcas precisam entender agora

Publicado

em

*Alexis Anastasiou

Nos últimos anos, palavras como “imersivo”, “360°” e “cenografia imersiva” se tornaram quase um clichê no mercado de brand experience. Conceitos originalmente associados a projetos de alta complexidade criativa passaram a ser usados para qualquer evento com LED ou projeção. O resultado é previsível: quando tudo é imersivo, nada realmente é.

Mas existe uma confusão central nesse debate. Imersão não é estética, é propósito.

É a capacidade de tirar o público do óbvio, deslocando percepção, criando significado e permitindo que ele experimente uma realidade que só existe naquele encontro. Sem narrativa consistente, sem transformação sensorial e sem um território simbólico claro, o que resta não passa de decoração tecnológica.

A boa notícia é que o próprio público já percebeu isso. Ele não se deixa impressionar apenas por estímulos visuais. Ele busca vivência, não vitrines. E o mercado começa a reconhecer que o rótulo “imersivo” só faz sentido quando a ideia encontra um suporte capaz de levar a história adiante.

Por isso, a discussão agora vai além do “como deixar bonito” e entra no “como criar presença”. É nesse ponto que iniciativas permanentes de produção tecnológica, como laboratórios de artes imersivas e espaços dedicados à pesquisa de formatos, vêm provocando uma mudança real no setor. Ao permitir testar, iterar e produzir storytelling com menos desperdício e mais profundidade, esses modelos deslocam o foco de um espetáculo de superfície para uma mídia que dialoga com tempo, memória e subjetividade.

Algumas experiências recentes em projetos culturais e lançamentos de marca já mostram os efeitos dessa virada: o público deixa de ser plateia para se tornar protagonista; a revelação de um produto deixa de ser um truque para virar jornada; a cenografia deixa de ser cenário e passa a ser narrativa.

Imersão, portanto, não é um efeito especial: é uma gramática.

Se o mercado estiver realmente disposto a estudá-la, deixaremos de confundir novidade com inovação e começaremos a entregar experiências que têm algo a dizer. As marcas que se anteciparem a essa maturidade terão, inevitavelmente, vantagem competitiva, porque a memória não se forma apenas pela imagem, mas pelo sentido que ela carrega.

E, no fim das contas, é isso que fica: a história. A tecnologia só importa quando ajuda a contá-la.

Alexis Anastasiou – Diretor e fundador do Visualfarm Gymnasium

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