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Naty Sanches

Quando os fãs se tornam criadores: a ascensão do Fandom na cocriação de conteúdo para marcas

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Por Naty Sanches

Nos últimos anos, o relacionamento entre marcas e consumidores evoluiu de maneira inédita, trazendo uma dinâmica de colaboração que redefine o papel dos fãs no universo do marketing. Hoje, os admiradores não apenas recebem passivamente as mensagens das marcas, mas também criam e participam das narrativas, ajudando a construir uma imagem coletiva. Em uma era em que as redes sociais dão voz a todos, o fandom — o universo dedicado de tietes de uma marca, tema ou produto — assume o papel de protagonista, e as empresas estão reconhecendo o valor dessa parceria.

Essa cocriação tem gerado resultados interessantes. Estudos mostram que marcas que envolvem seus fãs no processo de criação têm 2,6 vezes mais chances de estabelecer conexões duradouras com seu público, segundo pesquisa da plataforma HubSpot. O impacto se traduz em campanhas que geram, em média, 28% mais interações que campanhas tradicionais, como revela a consultoria Sprout Social. No Brasil, um mercado conectado e engajado, a maioria dos consumidores (67%) interage com as marcas pelas redes sociais, onde se sentem empoderados para expressar sua paixão e participar da construção de conteúdo. Esse cenário cria um ecossistema dinâmico, onde o fandom atua como um verdadeiro embaixador, espalhando a marca para novas audiências e agregando valor com uma autenticidade difícil de reproduzir em estratégias de marketing convencionais.

Acredito que o principal benefício dessa relação é a autenticidade. Conteúdos criados por fãs trazem uma visão pessoal, o que tende a gerar uma conexão de confiança com outros consumidores, que veem a marca pelos olhos de quem realmente a admira. Esse conteúdo espontâneo também ajuda a ampliar o alcance de forma orgânica, atingindo públicos que muitas vezes não seriam impactados por campanhas tradicionais. A criatividade é mais uma vantagem: os fãs conhecem intimamente o produto ou serviço e, com frequência, criam abordagens únicas e inspiradoras que oferecem novas ideias às equipes de comunicação. Quem nunca viu um admirador ferrenho nas redes sociais?

Contudo, o caminho da cocriação nem sempre é simples. Fãs dedicados são naturalmente apaixonados, mas também exigentes e críticos, especialmente se perceberem que estão sendo usados sem reconhecimento. Para evitar conflitos, é importante que a marca incentive a criação genuína, sem distorcer a visão dos fãs ou tentar moldá-los a qualquer custo. Limites claros sobre o tipo de conteúdo que será promovido ajudam a manter a coerência da marca sem tolher a liberdade criativa dos fãs. Além disso, é necessário reconhecer o esforço desses cocriadores, que dedicam muitas vezes horas de trabalho a criações com uma qualidade surpreendente. Recompensá-los, seja com visibilidade ou benefício especial, fortalece o relacionamento e solidifica essa parceria.

Outro ponto importante é proteger a propriedade intelectual sem desestimular a cocriação. Respeitar o equilíbrio entre incentivar os fãs e manter a identidade da marca assegura um ambiente seguro e colaborativo. Assim, a relação com o fandom pode ser cultivada de forma saudável e com respeito mútuo, garantindo que os conteúdos criados por fãs fortaleçam a imagem da marca e agreguem valor.

Ao abrir espaço para a colaboração, as marcas ganham mais do que uma boa campanha. Elas ganham comunidades vivas e interativas, formadas por consumidores apaixonados que querem fazer parte de sua jornada. Na comunicação, entender esse fenômeno significa não apenas se manter relevante, mas também construir uma marca que respira autenticidade. No fim, quem abraça o fandom como parceiro cocriador tem mais do que clientes; tem uma rede de apoio e criatividade que torna a marca única.

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Naty Sanches

Visibilidade não é confiança! Criadores UGC como estratégia digital para marcas que desejam desenvolver conversas mais sinceras

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*Por Naty Sanches

No mercado digital, números viraram fetiche. Seguidores, curtidas e visualizações são tratados como sinônimo de sucesso. Só que essa lógica já derrubou muita marca em crises de reputação ao apostar em influenciadores apenas pelo alcance e não pelo alinhamento de valores. Afinal, quando a métrica é fake, a crise é real.

A boa notícia é que existe um caminho mais sustentável e ele passa pelo UGC (User Generated Content), ou, em bom português, o Conteúdo Gerado pelo Usuário. Diferente de influenciadores que constroem suas carreiras em torno da visibilidade, criadores UGC são pessoas comuns que produzem resenhas, reviews e experiências espontâneas sobre marcas e produtos. Essa simplicidade é justamente o que gera confiança.

De acordo com a Influencer Marketing Factory, 79% dos consumidores afirmam que criadores UGC impactam mais suas decisões de compra do que postagens de grandes influenciadores. Outros 84% consideram esse tipo de conteúdo “extremamente útil” para decidir o que comprar. Em um cenário saturado por campanhas ensaiadas e cortes virais, a autenticidade virou o ativo mais raro e mais valorizado.

Não à toa, marcas como a GoPro e a Sallve já fazem disso pilar estratégico. A primeira incentiva clientes a produzirem vídeos com suas câmeras, transformando consumidores em promotores. A segunda construiu sua base digital a partir de depoimentos reais de usuários sobre produtos. Nos dois casos, o UGC não apenas gerou engajamento: fortaleceu uma comunidade e consolidou reputação.

Esse movimento vai além das gigantes. A ferramenta TikTok Shop se tornou terreno fértil para pequenos e médios negócios crescerem com apoio de criadores UGC. Segundo pesquisa do portal Whop em 2024, 60% dos consumidores percebem esse formato como mais autêntico que qualquer outro. O resultado? 83% se dizem mais propensos a comprar de marcas que apostam em UGC, e 72% seguem ativamente empresas que utilizam essa estratégia.

Enquanto influenciadores de grande porte ainda são importantes para visibilidade, os criadores UGC oferecem algo que, no longo prazo, é ainda mais valioso: credibilidade. E é essa combinação que constrói campanhas robustas, capazes de gerar alcance sem abrir mão da confiança.

Porque no fim do dia, reputação é mais difícil de comprar do que cliques. A lógica do “quanto mais seguidores, melhor” já provou suas falhas: pode render resultados imediatos, mas também coloca marcas na mira de crises que custam caro em imagem e confiança. O UGC surge como contrapeso, lembrando que marketing não é só sobre falar mais alto, mas sobre ser ouvido com atenção e autenticidade.

Aplicar essa visão na prática exige um olhar mais cuidadoso para a escolha dos criadores: não basta analisar alcance, é preciso avaliar se os valores deles se alinham à identidade da marca. Também é essencial incentivar que os conteúdos produzidos mantenham a naturalidade e a espontaneidade características desse formato, em vez de engessá-los em roteiros publicitários. E, sobretudo, é estratégico combinar forças, usar grandes influenciadores para dar visibilidade e criadores UGC para gerar proximidade. Assim, a marca constrói narrativas complementares, capazes de engajar diferentes públicos e fortalecer sua reputação.

Investir nessa experiência do usuário não significa apenas “ter mais gente falando da marca”. Significa estimular uma comunidade engajada que valida, compartilha e multiplica experiências reais, gerando maior identificação com a audiência. Nesse movimento, a prioridade deixa de ser o número de seguidores, que é o que leva muitas marcas a caírem no erro ao escolher um embaixador ou influenciador, e passa a ser o relacionamento com o consumidor.

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Naty Sanches

Microcomunidades e comunicação personalizada: o futuro do engajamento está nos nichos

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por Naty Sanches

Nos tempos da comunicação de massa, bastava um bom comercial no horário nobre para alcançar milhões de pessoas. Historicamente, poucas mídias detinham o poder de alcançar multidões, criando um cenário de baixa concorrência pela atenção do público. No entanto, a chegada de diversos recursos tecnológicos e o surgimento de inúmeros canais online fragmentaram drasticamente a mídia e pulverizaram a audiência.

Isso significa que, para conquistar espaço (e relevância), não basta mais falar com todo mundo. É preciso falar diretamente com determinados grupos e se tornar parte do assunto dessas pessoas.

A atenção do público está agora dividida em uma infinidade de plataformas, desde redes sociais e blogs até podcasts e o conteúdo é compartilhado de maneiras muitas vezes imprevisíveis, por influenciadores, amigos e familiares. Além disso, o panorama ainda conta com o avanço dos algoritmos de personalização. Essa dinâmica exige que os profissionais de comunicação lancem uma rede mais ampla para alcançar as pessoas certas, adaptando-se a um ambiente onde o consumidor está em constante movimento, interagindo com múltiplos meios simultaneamente.

Essa fragmentação da atenção é a causa direta da ineficácia e do desperdício inerentes ao marketing de massa. Investir milhões em propaganda genérica e esperar um retorno significativo não se mostra mais como a melhor estratégia na sociedade da mídia fragmentada. O custo-benefício despenca à medida que o alcance se dilui em inúmeros pontos de contato. Assim, as marcas precisam reorientar seus investimentos na busca por um alcance massivo para a precisão e relevância segmentada. O sucesso não reside mais no volume de pessoas atingidas, mas na capacidade de se conectar autenticamente com grupos específicos.

Não se trata apenas de adaptar uma linguagem, mas de mergulhar no universo de cada comunidade, entender seus códigos, hábitos, paixões e dores. É nesse vácuo que as microcomunidades emergem como espaços vitais de conexão profunda.

Um bom exemplo desse movimento é a presença da Philips Walita no São Paulo Coffee Festival, evento que reúne especialistas e amantes do universo do café. Com sua presença no local, a marca conseguiu direcionar a divulgação das cafeteiras Superautomática LatteGo para um público que está verdadeiramente imerso e interessado no tema. Com isso, se aproximou do nicho e conseguiu desenvolver diálogos mais empáticos com uma comunidade apaixonada e fluente na linguagem do café.

Outro exemplo de marca que faz esse tipo de comunicação é a Red Bull, que desde o início tem uma grande parcela de sua comunicação voltada para os públicos que praticam, admiram e se interessam por esportes radicais. Baseada em seu propósito, a marca investe em co-branding com atletas, eventos e ativações de experiências que se comunicam diretamente com a comunidade esportista. Ela não apenas vende um energético. Ela transfere atributos simbólicos de performance, superação e liberdade ao conectar sua narrativa aos valores e desafios vividos por essas comunidades, promovendo um território seguro e que traz identificação para quem faz parte do movimento, potencializando seu branding.

Já o Spotify aposta em dados para criar segmentações cada vez mais personalizadas aos usuários. Com campanhas como o “Spotify Wrapped”, que celebra os hábitos musicais de cada usuário, a marca incentiva a identificação com públicos que gostam de gêneros musicais específicos: do funk ao K-pop, do forró ao death metal. Nesse modelo, cada ouvinte sente que faz parte de algo e esse senso de pertencimento é o que fortalece a lealdade à marca e até mesmo sua recomendação. A campanha deu tão certo que algumas plataformas concorrentes começaram a entregar análises individuais aos seus assinantes alguns anos depois e já virou tradição anual receber um resumo do consumo musical.

Outro aspecto central nessa nova lógica de comunicação é o uso estratégico de dados comportamentais e insights de consumo cultural. Mais do que dados demográficos, marcas precisam entender padrões de comportamento, vocabulário comum e motivações emocionais que movem determinados grupos. Ferramentas de social listening, análise semântica e mineração de comunidades digitais permitem mapear microtendências e antecipar conversas que estão nascendo dentro desses clusters. É a partir desse conhecimento profundo que é possível criar campanhas mais relevantes, experiências mais significativas e até desenvolver produtos sob demanda, com base nos desejos e hábitos reais das pessoas.

 

Além disso, o papel da escuta ativa nas redes sociais se tornou fundamental na construção de relacionamento com os nichos. Marcas que apenas falam (e não escutam) perdem a chance de entender os códigos mais sutis de cada grupo. Monitorar hashtags específicas, participar de grupos temáticos, responder dúvidas com empatia e se engajar de maneira recíproca são formas eficazes de demonstrar respeito e construir confiança.

 

Estratégias centradas em persona, mapeamento de comunidades online, ativação de influenciadores de nicho e comunicação orientada por dados são algumas das formas de entrar nesse jogo com profundidade e isso vale para marcas de todos os portes. O público quer ser visto, ouvido e representado. Ele quer que as marcas dialoguem com seus interesses específicos, em vez de replicar mensagens genéricas.

Comunidades como as de gamers, mães solo, corredores de rua, fãs de astrologia, apreciadores de vinho ou defensores da sustentabilidade são apenas alguns exemplos de onde estão as oportunidades reais de conexão. Hoje, é preciso pensar em termos de comunidades vivas e ativas, com quem é possível criar relações de confiança, gerar identificação e, claro, negócios.

E para conquistar os corações de comunidades cada vez mais segmentadas, as marcas precisam fazer o dever de casa: ouvir mais do que falar, personalizar mais do que padronizar e, principalmente, participar de verdade das conversas que importam para essas pessoas.

No futuro da comunicação — que, convenhamos, já chegou — não vence quem grita mais alto, mas quem fala na frequência certa. Microcomunidades não são pequenas demais para gerar impacto: são exatamente onde o impacto acontece de forma mais profunda.

Seja qual for o nicho, a pergunta que toda marca deveria se fazer agora é: como posso me aproximar dos meus nichos de interesse? A resposta pode ser a grande virada de chave para alcançar as metas e objetivos traçados.

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