Ricardo Amorim
Programas “sociais” que aumentam a desigualdade?!

Por Ricardo Amorim
Em um país marcado por uma história de pobreza e desigualdade, é difícil ser contra políticas sociais e programas de apoio à população de baixa renda. Valendo-se desse fato, seguidos governos brasileiros vêm rotulando de “sociais” programas que não reduzem a pobreza, nem a desigualdade; pelo contrário, a ampliam, aumentando a concentração de renda.
Recentemente, tivemos um exemplo contundente desse fenômeno, com a isenção de impostos para veículos 0km de valor até R$120 mil
Para muitos, a medida soa pró-social, mas na verdade, essa medida está longe de atender às necessidades da parcela mais pobre da população. No Brasil, veículos 0km, mesmo os mais baratos entre eles, são adquiridos pelos 5% mais ricos dos brasileiros. São eles os beneficiados pela isenção fiscal.
Essa situação não é um caso isolado. Ela reflete uma tendência crônica de subsídios que, em vez de promover a igualdade, reforçam a disparidade socioeconômica. Um estudo do Banco Mundial realizado em 2015 apontou que 14 dos 15 programas sociais então existentes no Brasil beneficiavam mais a parcela dos 20% mais ricos da população do que os 20% mais pobres. Tais políticas, propagandeadas como forma a aliviar as dificuldades dos menos favorecidos, na prática, direcionam recursos para os mais abastados.
Um exemplo emblemático desse fenômeno é a chamada “universidade pública gratuita”. Ela é gratuita para quem a frequenta, mas financiada pelos impostos de todos os cidadãos, incluindo a imensa maioria que não têm a oportunidade de frequentá-la.
A grande maioria dos beneficiários desse sistema pertence às camadas mais ricas da população. Em resumo todos, incluindo os mais pobres pagam para que os mais ricos estudem de graça. Parece justo?
Falsas políticas sociais que perpetuam a concentração de renda precisam acabar imediatamente. Se isso acontecesse, poderíamos ter uma brutal redução de impostos sobre consumo, essa sim beneficiaria todos os brasileiros e desproporcionalmente mais os mais pobres, que têm toda a sua renda taxada pelos mais altos impostos sobre consumo de todo o mundo, como a proposta de criação do IVA, na Reforma Tributária está deixando claro.
Ricardo Amorim
Há 3 Anos, Brasil cresce mais do que os economistas projetam. Você sabe por quê?

Por Ricardo Amorim
Recentemente, a divulgação do PIB do segundo trimestre superou as expectativas dos economistas, crescendo três vezes mais do que a média das projeções: 0,9%.
No primeiro semestre, o Brasil teve um crescimento acumulado de 3,7%, acelerando uma trajetória sólida de expansão econômica iniciada em 2021.
Aliás, em 2021 e 2022, o Brasil também superou, com folga, as expectativas de crescimento econômico do início do ano. Em ambos os anos, o crescimento foi mais de 1,5 p.p. maior do que a maioria imaginava no início do ano. Neste ano, a diferença positiva será maior ainda.
Antes da divulgação dos dados do PIB do 2° trimestre, as projeções do relatório Focus do Banco Central, que calcula uma média das projeções de todos os economistas, apontavam para um crescimento de 2,3%. De lá para cá, a expectativa de crescimento vem subindo semana a semana e já atingiu 2,9%. Vai subir mais. O crescimento do PIB nesse ano vai superar os 3% registrados no ano passado, quando a economia brasileira cresceu tanto quanto a China pela primeira vez em mais de 50 anos.
O crescimento do PIB não tem se limitado a um único setor. A indústria liderou o crescimento no 2° trimestre; o setor de serviços vem crescendo de forma sustentada há muito tempo e a agropecuária, que registrou queda do PIB no 2° trimestre, será o setor de mais crescimento no ano, em função de um crescimento espetacular no 1° trimestre: 21,6%.
O Brasil está se beneficiando de fortes exportações de commodities e grande entrada de investimentos estrangeiros tanto na renda fixa quanto no início de novas operações no país, expansão das operações existentes e compra de empresas brasileiras por empresas estrangeiras. Além disso, a recuperação do emprego e da renda e a aceleração da oferta de crédito que ocorrerá devido à queda dos juros no final desse ano e no ano que vem, também vão impulsionar o desempenho da economia brasileira.
Esses fatores econômicos transcendem a política – já aconteciam no governo anterior e continuam a acontecer no atual – e sinalizam um futuro de crescimento mais forte do que imaginado pela maioria nesse ano e no ano que vem.
Ricardo Amorim
Além de Bolsonaro, quem mais não gostou da decisão do TSE de torná-lo inelegível? Lula

Por Ricardo Amorim
A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível por ter descredibilizado o processo eleitoral não torna menos provável uma vitória da direita nas urnas na próxima eleição. Pelo contrário, ela aumenta significativamente as chances de que Luiz Inácio Lula da Silva não seja reeleito ou eleja seu sucessor.
A exclusão de Bolsonaro da corrida eleitoral tira de Lula seu principal cabo eleitoral e abre espaço para candidatos com maior viabilidade em um eventual segundo turno contra Lula ou um candidato indicado por ele. Tomemos como exemplo a possível candidatura de Tarcísio de Freitas, atual governador de São Paulo. Todos os eleitores de Bolsonaro votarão em Tarcísio. Além deles, Tarcísio atrai eleitores que rejeitam Bolsonaro, o que torna sua chance de vitória nas eleições bem maiores do que as do próprio Bolsonaro, mesmo sem ter tanto carisma quanto ele. Isso só não seria verdade se o espaço de Bolsonaro for ocupado por um dos seus filhos ou sua esposa. Neste caso, provavelmente os eleitores serão, no máximo, os mesmos, já que a rejeição é, ao menos que não foram suficientes para que Bolsonaro ganhasse de Lula nas últimas eleições, já que a rejeição de cada um deles deve ser parecida com a de Bolsonaro.
A realidade é que Tarcísio se tornaria um candidato muito mais forte do que Bolsonaro em um possível segundo turno. Além disso, olhando adiante, podemos observar um segundo efeito dessa situação. No Brasil, existe uma tendência curiosa entre muitos eleitores: eles tendem a ver políticos condenados pela Justiça como tendo sido injustiçados, o que, consequentemente, os transforma em mártires e fortalece suas candidaturas no futuro. Isso ocorreu recentemente com Lula e pode muito bem acontecer com Bolsonaro no futuro.
Portanto, o resultado prático da inelegibilidade de Bolsonaro é que a direita e a centro-direita saem fortalecidas para o futuro. Bolsonaro, obviamente, saiu prejudicado, mas Lula perdeu pelo menos tanto quanto ele.