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O novo híbrido – Como as marcas devem pensar os próximos eventos

A indústria de Eventos evoluiu – e o conceito do híbrido, também. Nesta readaptação do mercado, não se trata simplesmente de organizar um novo evento, seja presencial, híbrido ou virtual. Marcas e agências vão precisar se concentrar em como criar experiências poderosas e significativas, por meio de uma narrativa envolvente.
Um levantamento da EventMB, de outubro de 2020, constatou que 40% dos clientes não conseguiram organizar um evento virtual de sucesso no último ano. O maior obstáculo? Envolvimento. A experiência com os eventos virtuais mostrou que o público quer fazer parte da conversa, assim como nos eventos presenciais, eles querem estar imersos no conteúdo. É preciso entregar um engajamento real do público com o que está acontecendo. É uma via de mão dupla.
Poucos se deram conta, mas o conceito híbrido, tão comentado como o futuro dos eventos pós-pandemia, já precisa ser revisto.
A ideia simplória de que um evento híbrido é aquele que combina o “ao vivo” presencial com um componente “virtual” online descreve o evento híbrido passivo, que se concentra principalmente em estender o alcance a um público online virtual, por meio de uma plataforma digital. Ao invés de passivo, o híbrido terá um papel ativo nos eventos e ativações, criando experiências que conectam os dois mundos, criando interação entre o público virtual e o público digital.
Por meio do uso inovador de tecnologia, uma narrativa envolvente e teatro sensorial, uma nova abordagem híbrida pode oferecer experiências emocionantes únicas, que vão muito além de simplesmente transmitir um evento ao vivo para uma audiência remota.
A verdadeira abordagem híbrida na indústria dos Eventos, deverá seguir, no mínimo, 3 princípios:
- Fundamental para todas as experiências é uma história poderosa e emocionante. O híbrido permite e exige uma nova atitude ativa de criação de histórias, gerando um envolvimento ativo do público;
- Para criar esta experiência dinâmica e envolvente, precisamos explorar inovações que permitam marca e público para conectar, agir e compartilhar;
- Não devemos esquecer que nossa experiência requer uma “arena” única para realizar a ação. Deve haver um senso de lugar forte e memorável para o público.
Para guiar a essa mudança no Brasil e no mundo, elencamos 8 dicas para as marcas:
Adapte – Não podemos apenas confiar em nosso entendimento estabelecido de eventos ao vivo e a mecânica que aplicamos a eles. Precisamos pensar além da tradução e reinterpretação de velhos modelos e abraçar uma nova forma híbrida de pensar sobre as experiências.
Inove Sempre – As oportunidades oferecidas pela fusão de experiências em canais analógicos e digitais criam novos desafios emocionantes. Ao olhar para AR / VR / XR / MR, sempre precisamos garantir que essas novas tecnologias adicionem substância real às nossas experiências, em vez de serem apenas truques. Inspirados pelos desenvolvimentos impressionantes em outras formas criativas baseadas em histórias – conteúdo gamificado, mundos virtuais gerados ao vivo, experiências imersivas compartilhadas – precisamos abraçar as ferramentas e plataformas CGI e AI que os conduzem, como software para criar cenários super-realistas como o Unreal Engine por exemplo.
Storydoing ao invés de Storytelling – Precisamos reavaliar como imergimos e engajamos nosso público por meio da narrativa híbrida. Narrativas devem ser fluidas, movendo-se por mundos físicos e virtuais. Precisamos promover o engajamento ativo ao invés do passivo – Storydoing ao invés de Storytelling! Experiências híbridas não contam uma história; eles são a história.
Pense nas sensações – Devemos explorar o que torna uma experiência uma sensação, garantindo que todos os pontos de contato sensoriais estejam engajados. Som e toque, bem como aroma e sabor, se tornarão ingredientes essenciais para a experiência de imersão completa.
Nova estratégia – É necessária uma nova metodologia para definir e mapear a jornada do usuário por meio de experiências híbridas em canais analógicos e digitais. Isso requer um novo pensamento estratégico, pesquisa, planejamento da experiência do usuário, tecnologia e abordagens criativas para garantir seu sucesso.
Nova plataforma – O público precisa ser considerado um, embora esteja dividido entre local físico e virtual. O enquadramento e o alojamento da ação do evento devem combinar os aspectos práticos e as funções de uma plataforma digital online com os requisitos de narrativa envolvente.
Crie uma Comunidade – As experiências existem para serem compartilhadas. O público deve ser aceito como parte de uma comunidade vibrante. A abordagem híbrida deve conectar públicos locais e globais e permitir que uma comunidade maior e mais forte cresça em torno da história da marca.
Meça o sucesso – A natureza do híbrido, combinando as ferramentas analógicas e digitais, cria oportunidades para conteúdo personalizado e conteúdo de grupo envolvente. Ao filtrar esses engajamentos por meio de lentes digitais, temos as ferramentas para medir e quantificar o sucesso.
Ricardo Bruno – Presidente da Avantgarde Brasil
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Cultura de paz: a nova estratégia para negócios relevantes

*Andrea Pitta
Hoje, quem planeja o futuro precisa estar pronto para se adaptar a um cenário em constante mudança. O cenário global passa por um “reset” acelerado, impulsionado pela
instabilidade geopolítica e pela ruptura dos velhos fluxos econômicos. Não estamos apenas diante de uma revolução industrial – vivemos uma revolução cultural, social e humana. As perguntas centrais agora são: Como construir sem destruir? Como criar prosperidade respeitando a vida, a natureza e a diversidade?
O futuro exige mudança de mentalidade. E mudança se faz por meio de educação, informação e novas referências de convivência. Grandes desafios também são grandes oportunidades. Em tempos turbulentos, equilíbrio é a maior força. E o melhor caminho para construir esse equilíbrio é expandir a atuação com base na cultura de paz.
De competição a cooperação
Durante séculos, sucesso foi sinônimo de competição extrema. Mas hoje, organizações que promovem a pluralidade, como a Natura, mostram que a inclusão, a equidade e a
visão ESG criam marcas mais fortes, times mais engajados e resultados mais sólidos. Porém, ESG sozinho não basta. É necessário trabalhar programas práticos de mudança
cultural: diálogo entre equipes, capacitação em comunicação não-violenta, gestão de conflitos, combate ao preconceito implícito.
Criar ambientes positivos, diversos e colaborativos não é mais apenas “o certo a fazer” – é estratégia de sobrevivência e crescimento.
Cultura de paz na prática
No universo dos eventos e do brand experience, cultivar essa mentalidade é essencial. Não basta criar experiências impactantes; é preciso que elas conectem pessoas de forma genuína, despertando pertencimento e propósito.
Ambientes tóxicos sabotam a inovação e a produtividade. Ambientes que praticam a cultura de paz criam times mais criativos, clientes mais leais e marcas mais relevantes.
A transformação que o mercado exige não é apenas tecnológica – é humana. E a liderança do futuro será de quem entender que crescer é, antes de tudo, cultivar.
Como dizia Einstein: “A mente que se abre a uma nova ideia jamais retorna ao seu tamanho original”. Enfim, o futuro pertence a quem planta as sementes certas agora.
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O futuro do marketing não é performance vs branding: é autenticidade com resultado

*Ali Maurente
Por muito tempo, executivos e agências trataram performance e branding como lados opostos de uma mesma estratégia. De um lado, métricas como cliques, CPL e CAC. Do outro, narrativas aspiracionais que constroem reputação no longo prazo. O resultado dessa visão fragmentada foi a criação de uma falsa dicotomia, responsável por desperdício de energia e orçamentos divididos.
O futuro do marketing não será definido por “mais branding” ou “mais performance”. Ele já está sendo construído em torno de algo mais simples e, ao mesmo tempo, mais desafiador: autenticidade com resultado. Autenticidade porque consumidores, clientes e colaboradores aprenderam a identificar quando uma campanha não passa de fórmula. Não há algoritmo capaz de sustentar o que não é genuíno. Resultado porque, em última instância, conselhos e acionistas continuam cobrando ROI, crescimento e previsibilidade.
O incômodo cresce à medida que o mercado revela uma nova realidade: estamos diante de profissionais de marketing que muitas vezes não entendem de negócio. Há quem fale apenas de postagens, curtidas e seguidores, esquecendo o que realmente importa — receita e marca. Um marketing que olha só para receita morre, assim como aquele que olha apenas para marca. Uma marca sem receita é vaidade. Uma receita sem marca é commodity.
Marketing não é apenas branding. Também não é apenas performance. É o processo de criar, capturar, converter e expandir demanda, fortalecendo a marca ao mesmo tempo em que gera resultados concretos. Isso exige um entendimento profundo do negócio, e quem não souber traduzir essa equação perde espaço rapidamente. O profissional que restringe seus KPIs a seguidores perde relevância. Quem ignora receita se torna apenas mais um criador de conteúdo passageiro.
Esse desafio também não é exclusivo da área de marketing. Ele envolve o alinhamento de todas as áreas, do ICP à conversão. A marca abre portas. A receita mantém as luzes acesas. O alinhamento entre marketing e negócio sustenta o crescimento verdadeiro.
É por isso que CMOs e conselhos precisam abandonar a disputa entre awareness e conversão, entre conteúdo e CTR. O jogo atual é outro: transformar cada KPI em reflexo de uma narrativa verdadeira, capaz de construir comunidade e, ao mesmo tempo, entregar crescimento.
Autenticidade com resultado não é uma tendência. É questão de sobrevivência. Marcas que não compreenderem essa equação continuarão presas à armadilha da vaidade ou da comoditização. E profissionais que não souberem traduzi-la para o negócio perderão espaço para aqueles que entendem que marketing sempre será o motor que une significado e crescimento.
Ali Maurente – Chief Marketing Officer na PSA – Profissionais S.A.