Alexis Pagliarini
O legado ESG das Olimpíadas de Paris

Por Alexis Pagliarini
Os Jogos Olímpicos de 2024, em Paris, estão se destacando não apenas pela competição esportiva, mas também pela sua abordagem exemplar em relação aos critérios ESG. A cerimônia de abertura, em particular, e o evento, como um todo, incorporaram práticas sustentáveis e inclusivas que podem servir de modelo para futuros eventos de grande porte.
Um dos pilares dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 é a sustentabilidade ambiental. A escolha de Paris como sede foi acompanhada de um compromisso firme em reduzir a pegada de carbono do evento, além do uso de materiais reciclados e recicláveis na estrutura e nos equipamentos. A inusitada cerimônia de abertura, realizada ao longo do Rio Sena, utilizou barcos para o desfile dos atletas, minimizando o uso de veículos terrestres e, consequentemente, a emissão de gases de efeito estufa. O próprio Rio Sena, em si, foi objeto de um ambicioso projeto de despoluição, de tal modo que possa receber competições aquáticas.
Além disso, a utilização de energia renovável para abastecer as instalações olímpicas e a implementação de tecnologias energeticamente eficientes, como sistemas de iluminação e som de baixo consumo, foram fundamentais. As instalações temporárias construídas para o evento serão desmontadas após os Jogos, evitando a criação de estruturas permanentes que poderiam ter um impacto ambiental duradouro.
Com relação aos aspectos de Inclusão Social e Diversidade, a cerimônia de abertura foi um exemplo notável. A presença de artistas e performers de diversas origens culturais refletiu um compromisso inequívoco com a representatividade. Este enfoque não apenas celebra a diversidade, mas também promove uma mensagem poderosa de unidade global e respeito pelas diferenças culturais.
Ainda no campo social, os organizadores trabalharam em estreita colaboração com comunidades locais e organizações sociais para garantir que todos tivessem a oportunidade de participar do evento. A acessibilidade foi uma prioridade, com medidas específicas para garantir que pessoas com deficiências pudessem assistir e participar da cerimônia sem barreiras. É certo que o acesso às áreas públicas nas imediações do trecho do desfile de barcos, às margens do Sena, foi bastante restrito, porém totalmente justificado, por questões de segurança. Os critérios de Governança e Transparência também têm sido um destaque na organização dos jogos.
A governança dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 foi marcada por um alto nível de transparência e envolvimento das partes interessadas. Desde a fase de candidatura, o comitê organizador trabalhou para garantir que todos os aspectos do evento fossem planejados e executados com responsabilidade social e ambiental. Relatórios regulares sobre o progresso das iniciativas ESG foram divulgados, permitindo que o público e outras partes interessadas acompanhassem e avaliassem as ações tomadas.
Com toda essa preocupação, os Jogos Olímpicos de Paris 2024 estabelecem um novo padrão para a realização de eventos de grande porte. Ao integrar critérios ESG de forma tão abrangente, os organizadores demonstram que é possível criar um evento de classe mundial que não apenas minimiza seu impacto ambiental, mas também promove a inclusão e a transparência. Com coragem e determinação, os Jogos Olímpicos de Paris 2024 estão estabelecendo um precedente importante para a realização de eventos de grande porte em todo o mundo. Com tal atitude, os organizadores não apenas destacam a importância dessas práticas, mas também demonstram que é possível realizar eventos espetaculares e ao mesmo tempo responsáveis. Este modelo deve servir de inspiração e guia para futuros eventos, ajudando a construir um futuro mais sustentável e inclusivo para todos.
Alexis Pagliarini
Por um 2026 mais consciente!

Por Alexis Pagliarini
Há duas semanas, fui um dos painelistas no Expo Fórum 2025, evento voltado ao setor de turismo e eventos, organizado pelo Visite São Paulo/ SPC&VB. Coube a mim contextualizar ESG nos dias de hoje, principalmente numa análise pós COP 30. Da reflexão e a interação com os demais painelistas (Helio Brito/ ESG Pulse e Fernando Beltrame/ Eccaplan) surgiu a ideia deste artigo. Falamos bastante da COP 30 e das suas resoluções, que foram contundentes, apesar da impressão reinante de um evento realizado com estrutura deficiente. Mas eu gostaria de direcionar este artigo ao Live Marketing mesmo.
Tenho sido perguntado se ESG perdeu força nos últimos meses. O questionamento é cabível, já que ESG está deixando seu momento hype, de alta visibilidade. Mas, assim como na COP, o mercado de Live Marketing deve deixar de ser falado e, sim, praticado. A nova fase do ESG é a da incorporação natural dos princípios de respeito socioambiental e de ética também no planejamento de eventos. O momento é de incluir as variáveis ESG no check-list dos eventos. Não se trata mais de produzir uma credencial com sementes ou incluir elementos “verdes” na cenografia. O que se espera agora é a incorporação desses princípios em todas as etapas do evento. É eliminar a garrafa plástica descartável de água. É adotar uma cenografia resíduo zero. É cuidar dos possíveis resíduos gerados no evento, direcionando-os para reciclagem ou compostagem. É pensar numa compensação de emissão de CO2. Adotar diversidade por inteiro, desde o staff até o line-up. Tratar todos os stakeholders – clientes, fornecedores, mídia, público presente – com a mesma atenção e respeito. Já há certificações confiáveis no mercado. O momento é de ação e comprovação. O mundo pede ação concreta e os eventos não podem se omitir. Está menos hype tratar de ESG nos eventos? Pode ser. Mas a nossa consciência deve falar mais alto.
Que você tenha um ótimo e sustentável 2026!
Alexis Pagliarini
Equilíbrio entre high tech e high touch

Por Alexis Pagliarini
No mês passado, estive mais uma vez na minha querida Bahia, onde atuei como curador e palestrante no ENAPRO – Encontro das Agências de Propaganda. O evento, organizado pelo Sinapro Bahia, atraiu mais de 300 participantes para dois dias de conteúdo intenso, embaixo do guarda-chuva temático De Humanos para Humanos. A mim coube, além da curadoria do evento, realizar a palestra de abertura – O Fator Humano – e uma apresentação sobre o Cannes Lions Festival 2025 tendências, insights e cases vencedores. Como não poderia deixar de ser, a IA esteve presente em diversas palestras. Mas, como contraponto, o conteúdo esteve recheado de valores humanos também.
Quero então dividir com vocês minhas impressões pós-evento. Antes de mais nada, impressiona a velocidade com que as agências e as empresas, em geral, estão se alinhando à IA, para otimizar sua operação. Enquanto as big techs e os mega players internacionais apostam uma corrida desenfreada para liderar o processo, as empresas vão adotando o que já existe com rapidez e eficácia. Vimos apresentações impressionantes de Eco Moliterno e Lucas Reis, demonstrando a aplicação da IA das mais diferentes formas. Apresentações com um conteúdo de nos deixar boquiabertos com a evolução da IA em tão pouco tempo.
Por outro lado, vimos apresentações igualmente ricas fazendo o contraponto do fator humano no processo. Nina Campos nos emociona com sua humana e divertida apresentação, Ju Monte também fez uma rica apresentação nesse sentido, além de Lucas Freire, com sua sensacional apresentação musical. E para fechar o evento, Hugo Rodrigues colocou no seu caldeirão todos esses ingredientes, nos passando sua visão madura e experiente sobre o papel de cada um de nós no meio disso tudo.
Tenho certeza de que o evento – e seu rico conteúdo – ficará na memória dos publicitários e players da indústria criativa presentes. No meio daquele ambiente high tech, tivemos momentos high touch, com emocionantes apresentações de corais ligados a instituições beneficentes da Bahia. Um deles, envolvendo jovens da comunidade da Paz, de Salvador, me levou às lágrimas. Ver a performance de jovens carentes com tanta qualidade é realmente tocante. E é isso que quero destacar neste meu texto: a importância do fator humano nessa panaceia que se tornou a IA. Máquinas não se emocionam. Máquinas não são intuitivas, não têm o tal sexto sentido. Elas só fazem o que comandamos. E a IA trouxe um nível de agilidade e precisão nessa elaboração de textos, imagens, vídeos, fórmulas, processos e gestão de informação como nunca tivemos. É ridículo resistir a esse tsunami tecnológico. Assim como outras ferramentas que surgiram ao longo do tempo, devemos entende-las e usá-las da melhor maneira possível, sob o risco de perder produtividade para concorrentes que já o fazem.
Dias depois da Bahia, fui para Natal/ RN, para outro evento: o Midia Talks, organizado pela MidiaCom RN e o Sinapro RN. E, além das principais emissoras de televisão e rádio, Rapha Borges, founder da Tiger.ai, e eu compusemos o conteúdo do evento, voltado ao trade de comunicação do RN. Eu apresentei o Cannes Lions Roadshow e Raphaconduziu a apresentação CrIAtividade para Humanos. Ops! Olha os humanos aí outra vez. E o Rapha deu um banho de conhecimento sobre o uso da criatividade em tempos de IA. A sua recém criada Tiger tem uma proposta de uso de IA absolutamente disruptiva, com o uso de agentes em todas as etapas do processo de desenvolvimento de campanhas e ações de comunicação.
Impressionante! Mas lá estava o fator humano! Rapha minimiza o poder da IA. “É apenas mais uma ferramenta”, diz. Uma ferramenta poderosa e disruptiva, sim. Mas à disposição de humanos. Humanos que atuam como curadores de todo o processo criativo. Deixando a máquina fazer o trabalho pesado da execução. Não devemos temer essa evolução, mas tirar o máximo proveito dela, sem perder o nosso lado humano.








