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Metaverso vai, Metaverso vem: como podemos nos adaptar às nuances e inconstâncias da tecnologia?

*Cristovão Wanderley
Quando comecei a escrever este artigo, estava preparado para trazer minha reflexão em cima da notícia de que a Meta tirou o foco do Metaverso para investir em Inteligência Artificial. Seria esse o movimento que colocaria a tecnologia precursora em segundo plano? E o objetivo de ser um divisor de águas na maneira como usamos a internet?
Porém, fomos pegos de surpresa mais uma vez pela inconstância da inovação. Adivinha quem está de volta? Surpresa! O Metaverso, mas com outro nome e um pouco diferente.
No dia 5 de junho deste ano, a Apple lançou o Apple Vision Pro, que, segundo Tim Cook durante o WWDC, principal evento anual da empresa para desenvolvedores, “é o maior lançamento da história da companhia”. O CEO da marca até mesmo usou uma frase icônica de Steve Jobs em seu discurso: “um novo tipo de computador que combina perfeitamente o mundo real e o mundo digital”.
O que aprendemos com isso? Quando se trata de inovação e tecnologia, nada é para sempre.
As mudanças desse segmento são rápidas e inconstantes. Não é porque uma invenção não explodiu no seu lançamento que ela tenha dado errado, precise ser descartada e começada do zero. A ideia pode ser boa, mas muitas vezes nós não temos a estrutura para desenvolvê-la e a maturidade para absorvê-la naquele momento.
Diante desse desafio, é melhor ter paciência e esperar a hora certa. Um bom planejamento estratégico pode fazer toda diferença.
O que o filme “Avatar” tem a ver com tudo isso?
O roteirista e produtor de Hollywood, James Cameron, é um case de sucesso nessa área.
Nem todo mundo sabe, mas ele começou a desenvolver “Avatar” em 1994, quando escreveu o rascunho do primeiro roteiro, com aproximadamente 80 páginas. Como a tecnologia necessária para desenvolver o longa ainda não existia, o roteirista esperou até 2005 para retomar os planos e lançar “Avatar” em 2009, que arrecadou US$ 2,7 bilhões nos cinemas do mundo todo. Foi o primeiro filme de Cameron depois de “Titanic”, que também fez um enorme sucesso.
Ou seja, “Avatar” já era uma boa ideia, porém ainda não havia estrutura para executá-la. E em vez de se adaptar à época, Cameron preferiu esperar e revolucionar o cinema.
Por que o Metaverso tem tudo para dar certo?
O público conhece a proposta da tecnologia. De acordo com o estudo “Make way for the metaverse”, realizado pela McKinsey, 77% das pessoas sabem que essa nova realidade é um mundo virtual e podem descrevê-la com uma ou várias características.
A mesma pesquisa mostra a tendência de os mais jovens aderirem a essa tecnologia no dia a dia. O levantamento revelou que a expectativa é de que, em 5 anos, as pessoas da Geração Z e os Millennials dediquem cerca de 4,7 horas por dia ao Metaverso. Entre a Geração X e os Baby Boomers, a média fica em aproximadamente 3,7 horas/dia.
Outro estudo, desta vez publicado pela plataforma Think With Google, apontou que as experiências virtuais de marca são uma tendência e devem crescer cada vez mais nos próximos anos. Nike, Vans, Havaianas e McDonald’s já se aventuraram em outras plataformas similares ao Metaverso, só que no mundo dos games.
Além das empresas, artistas renomados no Brasil e no mundo todo, como Emicida, Justin Bieber e Ariana Grande, fizeram shows dentro de plataformas como Roblox, Fortnite e FreeFire. Em outras palavras, a apenas um passo do Metaverso.
Tudo pode mudar em um estalar de dedos
Se olharmos para os últimos 20 anos, é perceptível como a tecnologia tem evoluído cada vez mais de forma exponencial. Isso significa que, assim como o Metaverso, nenhuma ideia é descartável.
Pode haver desafios de implementação, processos e outras adversidades. Diante disso, as empresas que se posicionam como inovadoras precisam de um Plano B para que suas soluções sejam implementadas no futuro. Adaptar, ajustar, pivotar e entender o que dá para aproveitar da tecnologia é fundamental para obter sucesso na sua estratégia.
Por exemplo, a Netflix era uma empresa de entrega e aluguel de DVDs, a Amazon começou como uma livraria on-line e a IBM trabalhou muito tempo exclusivamente na fabricação de computadores. Todas se reinventaram e buscaram seu espaço no mercado. E com as novas tecnologias não deve ser diferente.
Independentemente da ideia, o melhor caminho para obter sucesso é um bom planejamento. Dessa forma, é possível prever o que precisa de forma direta e eficiente, além de acompanhar as mudanças da tecnologia. E você, continua fazendo a mesma coisa todos os dias? É importante se adaptar, pois até a publicação deste artigo muita coisa pode ter mudado.
*Cristovão Wanderley – Sócio-diretor da Stratlab Inteligência Digital
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Distritos de mídia: o pulsar vibrante das cidades e a transformação urbana inspirado pela Teoria da Janela Quebrada

*Fabi Soriano
Imagine uma cidade que pulsa, que respira modernidade e que convida as pessoas a viverem sua melhor versão. Assim são os distritos de mídia espalhados pelo mundo: Times Square, Piccadilly Circus, Shibuya Crossing, a Free Zone em Seul – verdadeiros ícones urbanos que não apenas refletem a essência da publicidade exterior, mas também revitalizam e redefinem o que é viver em um centro urbano moderno.
Esses espaços são mais do que aglomerações de painéis luminosos. São corações pulsantes das cidades, pontos de encontro entre criatividade, tecnologia e cultura. E, se você olhar com atenção, eles contam uma história poderosa sobre transformação.
Segundo a Teoria da Janela Quebrada, ambientes que demonstram cuidado e organização desencadeiam comportamentos positivos. Quando uma janela quebrada é consertada rapidamente, passe a mensagem daquele espaço importante – e, com isso, crie um ambiente onde as pessoas se sintam seguras, respeitadas e parte de algo maior.
Agora, pense nos distritos de mídia! Antes de Times Square se tornaria o epicentro da energia nova-iorquina, era um lugar degradado, com ruas que muitos evitavam. Com planejamento, criatividade e investimentos em OOH (out of home), ela se tornou um ícone global. Hoje, a Times Square recebe milhões de turistas por ano e gera uma economia bilionária para a cidade. Isso não é magia; é a força de como um ambiente visualmente impactante pode transformar um local.
A publicidade exterior, em seus formatos mais tecnológicos e criativos, é muito mais do que uma ferramenta para marcas. Ela é uma conversa do progresso das cidades. Cidades que valorizam o OOH entendem que ele é, ao mesmo tempo, um espelho e uma vitrine. Ele reflete a inovação, o dinamismo e a pulsação da vida urbana. E, ao mesmo tempo, é uma vitrine que conecta as pessoas com o que há de mais novo e relevante – desde grandes marcas até manifestações artísticas.
Piccadilly Circus, em Londres, é um exemplo claro disso. Os cruzamentos, com seus painéis que dialogam com o público em tempo real, é muito mais do que uma área de publicidade: é uma plataforma que projeta Londres como uma capital criativa, diversa e inovadora.
Já em Shibuya, Tóquio, a convergência de luzes, sons e movimento é uma celebração da vida urbana. É um lembrete de que a publicidade OOH não é invasiva – ela é a trilha sonora visual das cidades que não dormem, que sonham alto e que inspiram o mundo.
Agora, o Brasil entra no jogo com a criação dos distritos de mídia em Belo Horizonte, Curitiba e Niterói. Projetos ousados que prometem transformar quadras centrais em uma espécie de Times Square brasileira. Esses espaços serão muito mais do que centros de publicidade: serão palcos para o talento brasileiro, um ponto de convergência entre marcas, cultura e inovação.
A criação de um espaço vibrante e atraente como um distrito de mídia pode trazer benefícios que se espalham como ondas: mais turismo, mais movimento econômico, mais orgulho para os moradores e mais segurança natural pela ocupação positiva do espaço público. Esse movimento também já começa a ecoar em outras cidades: em Belo Horizonte, a revitalização da Praça Sete, símbolo do Hipercentro, avanço para transformar a região; o mesmo ocorre em Niterói (RJ), com a modernização da Avenida Ernani Amaral Peixoto, outro polo urbano com potencial para se tornar referência em comunicação e urbanismo inteligente.
Quando olhamos para os grandes distritos da mídia do mundo, percebemos que eles não são apenas alguns pedaços de cidade iluminados por LEDs. São símbolos de progresso, criatividade e do poder que as cidades têm de se reinventar.
Belo Horizonte, Curitiba e Niterói agora têm a oportunidade de dar esse salto. De criar um espaço que inspire, que atraia pessoas, que conecte marcas às histórias que queremos contar. Porque, no fim, distritos de mídia não são apenas sobre publicidade. São sobre imaginar o futuro e ter confiança de construí-lo.
E você, está pronto para enxergar nossas cidades brilhando com todo o seu potencial?
*Fabi Soriano – Diretora executiva da Central de Outdoor
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Autenticidade vs. Artificialidade no branding: o desafio das marcas na era da IA

*Amanda Paribello Mantovani
Você sente que está falando com marcas ou com máquinas? Em 2025, essa dúvida tornou-se rotina para consumidores cada vez mais atentos — e impacientes. No universo saturado por mensagens automatizadas, a autenticidade deixou de ser um diferencial e passou a ser uma questão de sobrevivência para as marcas.
A popularização da inteligência artificial no marketing trouxe ganhos evidentes: eficiência operacional, personalização em escala e agilidade na produção de conteúdo. Segundo dados da Salesforce, 68% dos líderes de marketing globais já utilizam IA generativa em suas campanhas. No entanto, apenas pouco mais da metade acredita que está usando essa tecnologia de forma realmente criativa e autêntica. O resultado disso é um aumento de campanhas genéricas, diálogos frios e experiências impessoais, que acabam distanciando as marcas de seus públicos.
O público, cada vez mais consciente e crítico, reconhece rapidamente discursos vazios ou desalinhados com a prática. De acordo com o Edelman Trust Barometer 2024, 71% dos consumidores abandonam marcas que soam artificiais ou descoladas da realidade. A confiança, hoje, não nasce de promessas, mas da coerência entre o que a marca diz e o que ela realmente entrega. E não há algoritmo capaz de sustentar essa consistência sem propósito.
É nesse cenário que ganha força o conceito de branding híbrido, no qual a tecnologia é usada como aliada — e não como substituta — do toque humano. A IA pode ser poderosa para gerar insights, antecipar comportamentos e personalizar jornadas, mas o conteúdo precisa continuar sendo construído com emoção, empatia e senso de comunidade. A tecnologia deve liberar tempo das equipes para que elas pensem estrategicamente e criem com mais profundidade, e não apenas acelerar a produção de mensagens automáticas.
Para manter a autenticidade em tempos digitais, algumas práticas têm se mostrado eficazes. A primeira delas é a transparência: consumidores querem saber quando estão interagindo com uma máquina e quando existe envolvimento humano real. A clareza nesse processo aumenta a confiança e fortalece o vínculo com a marca. Outra prática essencial é manter consistência no tom de voz. A identidade precisa ser preservada em todos os pontos de contato, mesmo com o uso de ferramentas automatizadas. Além disso, é cada vez mais relevante incluir o consumidor como parte ativa da narrativa, escutando suas opiniões e cocriando experiências em tempo real.
O mercado também começa a priorizar parcerias com influenciadores autênticos e comunidades reais. Em vez de apostar apenas em grandes celebridades, marcas têm investido em microinfluenciadores que possuem forte identificação com nichos específicos. A lógica é simples: confiança e relevância pesam mais do que alcance bruto. A personalização, nesse novo cenário, só faz sentido quando está a serviço de experiências que gerem pertencimento e conexão genuína.
A era da inteligência artificial não representa o fim da autenticidade — ao contrário, ela a coloca à prova. Marcas que conseguirem equilibrar eficiência tecnológica com humanidade verdadeira vão liderar o movimento de reconexão com as pessoas. Porque, no fim das contas, o público não quer perfeição. Quer verdade.
*Amanda Paribello Mantovani – Especialista em marketing e eventos, atua no desenvolvimento de estratégias criativas para fortalecer marcas, engajar públicos e potencializar resultados.