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Luiz Gustavo Borges – Será que a transformação digital vai acabar com os eventos tradicionais?

*Por Luiz Gustavo Borges
Segundo levantamento realizado pelo Sebrae, em parceria com a Associação Brasileira de Empresas de Eventos (ABEOC) e União Brasileira dos Promotores de Feiras (Ubrafe), a pandemia do coronavírus impactou 98% das empresas do setor de eventos. Em um mercado que corresponde a 4,32% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, capaz de gerar cerca de 25 milhões de empregos (diretos e indiretos), esses números chegam ser alarmantes.
Se antes o setor estava acostumado com as aglomerações e grandes festividades, atualmente se vê obrigado a encontrar alternativas para conseguir sobreviver em tempos de instabilidade econômica. Para se ter uma ideia, a pesquisa citada acima mostra ainda que 35% dos empresários disseram que tiveram que negociar crédito para adiamento dos eventos, renegociar contratos de fornecedores e reduzir ou até mesmo cortar alguns custos.
Em um primeiro momento, essas medidas são necessárias, mas acredito que um dos melhores caminho seja levar seus eventos presenciais para o mundo online. Com o crescimento da transformação digital em diversos setores, o segmento de eventos online conseguiria levar inovação e alternativas mais viáveis, economicamente falando, para continuar ativo e crescente no mercado.
Foi enxergando esse potencial que algumas empresas do setor de festas e cerimônias, principal mercado nacional e que movimenta cerca de R$ 17 bilhões ao ano no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Eventos (ABRAFESTA), levou pela primeira vez uma feira do setor para o online. Para continuar fazendo a roda da economia girar, a Expo Yes foi realizada em um ambiente digital e possibilitou que as pessoas não abandonassem o sonho de se casar. Outros exemplos são a segunda edição da 8ª premiação aos melhores fornecedores da Toyota, que contou com a participação das filiais da montadora no Brasil, Argentina e Venezuela, além de mais de 150 representantes de fornecedores, e o Congresso Internacional de Direito Constitucional – CIDC, que antes era realizado presencialmente e se transformou em uma semana online de diálogos constitucionais com a participação de mais de 30 personalidades da área do direito.
Essa transformação digital em eventos já faz parte da cultura de muitas organizações e temos visto um empenho para a melhora constante da experiência do público, palestrantes e patrocinadores. Convites, inscrições e até a forma de pagamento já podem ser realizados no ambiente online, de forma ágil, prática e segura.
Assim, com todos esses exemplos, o mercado nos aponta que a transformação digital não irá acabar com as feiras e eventos tradicionais, mas sim permitir que esses eventos ofereçam uma experiência diferenciada ao participante, criando mais um modelo de negócios complementar. A tecnologias disponíveis já possibilitam diferentes formas de interações e acompanhamos, a cada dia, o fortalecimento e sinergia entre os mundos on e offline. No final das contas, todos sairão ganhando: players do setor, palestrantes e, claro, o público final.
*Luiz Gustavo Borges é CEO da Congresse.me, plataforma de congressos online.
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O contato físico voltou a ser o ativo mais valioso do marketing

*Rodrigo Villaboim
Vivemos grudados na tela. Todos os dias, somos impactados por mais de 10 mil mensagens publicitárias, segundo a Forbes. Nesse excesso, tudo começa a parecer igual. A atenção vai embora rápido. A memória, também. É por isso que experiências presenciais voltaram a ser o que realmente diferencia uma marca. Elas fogem do padrão, criam vínculos reais e geram lembranças que duram mais que alguns segundos de scroll.
E os dados não deixam dúvidas. Um estudo da EventTrack mostra que 91% dos consumidores sentem mais empatia por marcas que oferecem experiências ao vivo. Segundo a Harris Poll, 78% preferem interagir fisicamente com produtos ou serviços antes de decidir comprar. E 85% dos CMOs afirmam que o retorno do marketing presencial supera o do digital isolado quando o objetivo é construir marca, de acordo com o Bizzabo Event Experience Report.
Mas não se trata de escolher entre um ou outro. O digital entrega escala, dados, velocidade. O presencial entrega confiança, emoção, conexão. Quando os dois se combinam, o impacto se multiplica.
Não é coincidência que eventos estejam lotados de novo, que ativações virem assunto nas redes e que as marcas fora da tela tenham conquistado uma vantagem difícil de medir com métricas tradicionais. Enquanto as taxas de clique caem para menos de 0,5% no digital, experiências presenciais seguem engajando mais de 40% do público.
Casos como o lançamento do Apple Vision Pro, em que as demonstrações físicas geraram mais repercussão que o anúncio online, ou a ativação Barbie Land, que concentram 80% do buzz digital em ações no mundo real, mostram que o físico, quando bem integrado ao digital, não só amplia o alcance, mas constrói valor.
Porque, no fim, o consumidor quer conveniência digital com experiências reais. Quer sentir, não só ver. Quer viver, não só assistir. O contato físico não é saudosismo. É estratégia. Em 2025, o que é real virou exceção. E tudo que é exceção, marca.
*Rodrigo Villaboim – Sócio-diretor da agência de Live Marketing .Be Comunica.
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Como marcas conectadas com o presente engajam leads com criatividade, agilidade e propósito

*Tati Wong
Sabe aquela função de ouvir os áudios do WhatsApp 2x mais rápido? Virou vício. A gente não quer só ouvir, a ideia é acelerar tudo. Pular enrolação, ir direto ao ponto, sentir a adrenalina da informação. Vivemos no modo turbo. O tempo encolheu, a paciência também. E nesse mundo de consumo fragmentado e escolhas instantâneas, a atenção virou moeda rara.
Não basta ser bonito ou criativo, é preciso ser rápido, autêntico e afiado. E o Instagram entendeu o recado. Ao liberar a reprodução acelerada dos Reels, ele rompeu com o charme do tempo linear e entrou de vez no clube dos que colocam o controle nas mãos do usuário. TikTok, YouTube, X (o ex-Twitter) e o Facebook já estavam lá, ditando o ritmo.
A pressa virou cultura, segundo a Deloitte Digital (2024), 63% das pessoas sentem que estão gastando minutos preciosos com conteúdos que não tocam, não somam, não dizem nada. E 72% já buscam marcas que falem com clareza, que se moldem ao compasso de suas vidas aceleradas. Mas a pergunta que me faço é: será que ainda sabemos escutar com calma?
O relatório “Digital 2024”, da Meltwater e We Are Social, traz um dado quase melancólico: o tempo médio de atenção em vídeos online caiu para 8,25 segundos. O menor já registrado. O que se pode realmente sentir em tão pouco tempo? Manter o interesse virou desafio para muitas cabeças em poucos segundos. E talvez, no fundo, o direcional seja menos sobre capturar olhares e mais sobre merecê-los.
Será que você ainda está aqui, ou já perdeu a paciência? No tempo em que até os textos disputam atenção como se fossem Reels, manter alguém lendo virou quase um ato de resistência. E nesse cenário, como marcas que vivem de gerar conexões por meio de leads, relacionamentos, fidelidade, podem reagir sem virar só mais um ruído?
Nos projetos que participo busco outro ritmo que une tecnologia, criatividade e inteligência humana em um só compasso. Nossos pilares, que passam por promoções, programas de incentivo, loyalty B2B2C e soluções com IA, não estão presos à escolha entre ser rápido ou profundo. O segredo está em ser relevante com agilidade.
A urgência, quando bem dirigida, pode ser um convite à ação, não um atropelo. Vemos isso acontecer em campanhas com resgates imediatos, interações leves, jogos simples e recompensas rápidas. Tudo isso fala a língua de quem não quer esperar, mas ainda assim quer sentir algo e fazer parte. Nos nossos programas, quizzes com resgate no mesmo dia chegaram a aumentar em 42% a conversão em comparação a jornadas longas e arrastadas.
Gamificar não é só entreter. É criar uma dança entre atenção e desejo. E, no mundo B2B2C, especialmente com públicos hiperconectados, essa dança é o que faz a diferença entre ser notado e ser ignorado.
Rápido nem sempre quer dizer que o projeto é raso. Segundo o Edelman Trust Barometer 2024, 71% das pessoas confiam mais em marcas com posicionamento claro. Quando propósito e recompensa se encontram, como permitir que pontos virem doações ou ações ambientais, o engajamento sobe, em média, 35%.
Aliado a isso, temos a IA, que não substitui a criatividade, ela turbina. Com dados e inteligência, conseguimos criar campanhas hiper personalizadas, como fizemos no setor de alimentos e bebidas, gerando 58% mais participação e 31% a mais no ticket médio.
E se os algoritmos pedem agilidade, respondemos com conteúdo real, rápido e com impacto. Vídeos curtos com parceiros e consumidores mostram resgates, missões e produtos de forma autêntica, e isso gera conexão de verdade. No fim, a pergunta é simples: sua marca fala no tempo do seu público? Construir relacionamento é urgente, e precisa começar com inteligência, propósito e afeto.
*Tati Wong – Diretora executiva da Roda Trade
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