Artigos
Luiz Felipe Grossi – A importância do marketing digital em tempos de pandemia

* Por Luiz Felipe Grossi
Oito meses. Este é o período que o Brasil e diversos países ao redor do mundo encontram-se em distanciamento social por conta da pandemia do novo coronavírus. E, por mais que as coisas pareçam estar se normalizando e a flexibilização da quarentena já seja uma realidade, é inegável que os impactos e as mudanças decorrentes do Covid-19 nas relações sociais e econômicas se estenderão por um bom tempo ainda e, quem sabe, sejam até mesmo irreversíveis a médio e longo prazo.
Um bom exemplo disso é a transformação digital, que antes desse cenário estava engatinhando no país, e hoje caminha a passos largos. A resposta é bem óbvia: com pessoas mais tempo dentro de casa para evitar o contágio e o contato com o vírus, empreendedores que ainda não estavam levando muito a sério a necessidade de investir em soluções online tiveram – e ainda têm! – de se adequar rapidamente para não ficar para trás e atender às demandas do período.
É neste momento que o marketing digital passou a ser um pré-requisito básico para atravessar a crise e se manter relevante para o público e mercado. Muito mais do que alavancar vendas e fazer propagandas, o marketing digital cumpre um papel fundamental de agregar valor às marcas e reforçar seus respectivos posicionamentos, conquistando e fidelizando novos clientes.
Um case bacana de uma estratégia bem-sucedida foi a campanha de Natal antecipada que o Burger King realizou em julho. Com direito a uma nova identidade visual e até mesmo um jingle natalino, a rede de fast food realizou uma ação extremamente positiva nas redes aproveitando a onda de memes pedindo para que o ano de 2020 acabasse mais rápido e, quem sabe, o Covid-19 fosse “embora”. O sucesso foi tanto que até mesmo a sede da marca nos Estados Unidos decidiu aderir à iniciativa.
Contudo, engana-se quem pensa que apenas grandes marcas (e com muito dinheiro!) conseguem impulsionar seus negócios via internet. Isso porque as próprias redes sociais são ambientes muito democráticos, exigindo muito mais criatividade do que um grande orçamento em si. E, para quem ainda está perdido e não sabe como criar canais de vendas e estreitar seu relacionamento com o público-alvo, gostaria de apresentar, aqui, a base de qualquer planejamento de marketing: os 4 P’s.
– Produto: este pilar, como próprio nome diz, refere-se ao produto (ou serviço) que sua empresa está disponibilizando ao mercado. Hoje mais do que pensar em produto é importante entender a transformação que você gera. Portanto, é aqui que você precisa entender as necessidades de seu público, os seus diferenciais e se ele é realmente atrativo aos consumidores;
– Preço: aqui falamos sobre quanto o cliente vai pagar pelo produto. O “pulo do gato” é que esta fase não se limita ao valor que potenciais consumidores podem pagar pelos seus serviços, mas, sim, a percepção que eles têm da sua marca. Por isso, você sempre deve mostrar o valor do seu produto antes de mostrar o seu preço;
– Praça: do inglês placement, essa etapa diz respeito ao local que os consumidores te encontram. É aqui que temos grande divisor de águas, pois é nesta etapa que devemos, muito mais que mapear lugares físicos, buscar canais como e-commerce, televendas e, por que não, marketplaces. Logo, é aqui que falamos em acessibilidade do seu negócio;
– Promoção: ao contrário do que se pensa, neste caso, a promoção nada tem a ver com liquidação, mas com as soluções adotadas para promover sua marca. É agora que o marketing digital ganha os holofotes. Aqui, vale a promessa perfeita e onde ela deve estar presente para impactar o seu público, como em landing pages, no seu blog, na criação de conteúdos relevantes e posts em redes sociais, por exemplo.
Para auxiliar empreendedores nesta jornada, hoje já é possível encontrar no mercado diversos cursos e mentorias com profissionais especializados no setor. Por isso, caro leitor, nada de deixar para amanhã o investimento em ferramentas digitais, principalmente no marketing digital. Pode parecer clichê, mas, o futuro já começou!
*Luiz Felipe Grossi é CEO e cofundador do Instituto Brasileiro de Presença Digital , plataforma que tem como objetivo ajudar negócios de todos os portes e segmentos a abrirem um canal de vendas digital
Artigos
A COP30 e o rótulo como instrumento de política pública: O papel das marcas nessa construção

*Valmir Rodrigues
Enquanto o mundo comenta os avanços e o que poderia ter sido melhor na COP30, milhões de pequenos produtores e povos indígenas seguem invisíveis nas embalagens – e também no dinheiro que circula pelas cadeias de consumo. No fim, não são governos nem organismos internacionais que definem o ritmo de uma transição justa, mas o cidadão comum, que exerce poder diariamente por meio de suas escolhas de compra.
Quando o assunto é clima, o imaginário coletivo se volta quase sempre ao petróleo e às florestas. No entanto, quem realmente mexe o ponteiro, todos os dias, é o sistema de consumo, começando pelo alimento, responsável por cerca de um terço das emissões globais de gases de efeito estufa. Cada vez que alguém enche o carrinho no supermercado, decide não apenas o que vai comer, mas quais produtores, territórios e modelos de negócio vai financiar.
O documento final da COP30, em Belém, aponta para um mundo em transição: triplicação do financiamento para adaptação, reforço da justiça climática e maior centralidade da Amazônia no debate. É um passo relevante. Mas permanece sem resposta a pergunta essencial: como essa ambição chega ao prato do consumidor e, sobretudo, às mãos de quem produz o que está nesse prato?
No Brasil, essa questão ganha nome e endereço. Segundo o Censo Agropecuário, cerca de 3,9 milhões de estabelecimentos de agricultura familiar representam 77% de todas as propriedades agrícolas do país e respondem por grande parte da comida consumida diariamente. Ao lado deles, as Terras Indígenas ocupam aproximadamente 13% do território nacional e concentram algumas das áreas mais bem preservadas do país. As imagens de satélite mostram isso de forma inequívoca: onde há terra indígena demarcada, a floresta permanece; onde não há, a pressão avança rapidamente.
São justamente esses grupos – pequenos produtores e povos indígenas – que figuram nos discursos da COP30, mas continuam à margem das principais decisões e quase ausentes das embalagens, dos rótulos e do fluxo econômico das cadeias de consumo.
Fora das salas de negociação, as pesquisas mostram que metade ou mais dos consumidores já aceita pagar um valor maior por produtos considerados sustentáveis, e que itens com alegações ambientais e sociais crescem mais em vendas do que concorrentes “neutros” na mesma gôndola. Não falta boa vontade do consumidor; falta transparência, linguagem acessível e modelos de negócio que garantam que esse valor adicional chegue à base da cadeia – às famílias agricultoras e às comunidades indígenas que o Pacote de Belém promete proteger.
É nesse ponto que surge o grande desafio, mas também uma enorme oportunidade para a indústria de alimentos e para as marcas de forma geral: transformar o Pacote de Belém em produtos e embalagens capazes de falar a linguagem do consumidor e criar uma ponte direta com quem produz. Isso significa abandonar o “green talk” genérico e adotar informações que conectem o público ao território de origem, apresentem propriedades, cooperativas, comunidades e terras indígenas, e expliquem de maneira simples como cada escolha contribui para manter a floresta em pé ou fortalecer um pequeno produtor. Também significa incorporar indicadores claros de justiça na cadeia, mostrando de forma objetiva qual parcela
do valor pago chega ao campo e substituindo selos abstratos por transparência concreta e compreensível.
A embalagem pode se tornar, mais do que um recurso de marketing, uma ferramenta de política pública. Ela pode aproximar produção e consumo quando fizer sentido, especialmente em alimentos frescos, onde transporte e cadeia fria têm grande peso nas emissões, ajudar a reduzir desperdício ao oferecer informações claras sobre porções, conservação e uso integral, e mostrar, com números simples e histórias reais, como aquela compra financia territórios e modos de produção específicos, e não apenas uma marca
distante da realidade do campo.
Depois da COP30, a disputa não se limita ao texto de documentos internacionais, mas se estende à confiança na ponta da cadeia. As marcas que conseguirem demonstrar, com dados acessíveis e linguagem clara, que transformam a vontade do consumidor em renda e proteção para pequenos produtores e povos indígenas vão sair na frente.
Algumas já dão os primeiros passos: utilizam QR codes que mostram a fazenda, a cooperativa ou o território de origem; simplificam embalagens para contar histórias concretas em vez de slogans genéricos; e testam modelos nos quais uma parcela do preço é vinculada diretamente a projetos em comunidades rurais. A maioria, porém, ainda permanece no slide da COP, distante da gôndola.
No fim, a pergunta central não é se o Pacote de Belém foi ambicioso o suficiente. A verdadeira questão, para o Brasil e para o mundo, é outra: o pacote que o consumidor leva para casa continuará mudo sobre quem produz, quanto recebe e que impacto gera, ou finalmente passará a contar a verdade que uma transição justa exige?
*Valmir Rodrigues – Fundador da My Trusted Source (MyTS) .
Artigos
Imersão além do jargão: o que as marcas precisam entender agora

*Alexis Anastasiou
Nos últimos anos, palavras como “imersivo”, “360°” e “cenografia imersiva” se tornaram quase um clichê no mercado de brand experience. Conceitos originalmente associados a projetos de alta complexidade criativa passaram a ser usados para qualquer evento com LED ou projeção. O resultado é previsível: quando tudo é imersivo, nada realmente é.
Mas existe uma confusão central nesse debate. Imersão não é estética, é propósito.
É a capacidade de tirar o público do óbvio, deslocando percepção, criando significado e permitindo que ele experimente uma realidade que só existe naquele encontro. Sem narrativa consistente, sem transformação sensorial e sem um território simbólico claro, o que resta não passa de decoração tecnológica.
A boa notícia é que o próprio público já percebeu isso. Ele não se deixa impressionar apenas por estímulos visuais. Ele busca vivência, não vitrines. E o mercado começa a reconhecer que o rótulo “imersivo” só faz sentido quando a ideia encontra um suporte capaz de levar a história adiante.
Por isso, a discussão agora vai além do “como deixar bonito” e entra no “como criar presença”. É nesse ponto que iniciativas permanentes de produção tecnológica, como laboratórios de artes imersivas e espaços dedicados à pesquisa de formatos, vêm provocando uma mudança real no setor. Ao permitir testar, iterar e produzir storytelling com menos desperdício e mais profundidade, esses modelos deslocam o foco de um espetáculo de superfície para uma mídia que dialoga com tempo, memória e subjetividade.
Algumas experiências recentes em projetos culturais e lançamentos de marca já mostram os efeitos dessa virada: o público deixa de ser plateia para se tornar protagonista; a revelação de um produto deixa de ser um truque para virar jornada; a cenografia deixa de ser cenário e passa a ser narrativa.
Imersão, portanto, não é um efeito especial: é uma gramática.
Se o mercado estiver realmente disposto a estudá-la, deixaremos de confundir novidade com inovação e começaremos a entregar experiências que têm algo a dizer. As marcas que se anteciparem a essa maturidade terão, inevitavelmente, vantagem competitiva, porque a memória não se forma apenas pela imagem, mas pelo sentido que ela carrega.
E, no fim das contas, é isso que fica: a história. A tecnologia só importa quando ajuda a contá-la.
Alexis Anastasiou – Diretor e fundador do Visualfarm Gymnasium









You must be logged in to post a comment Login