Naty Sanches
Inteligência artificial e comunicação: o que o ChatGPT não faz pelo seu conteúdo de marca

*por Naty Sanches
Nos dias de hoje, as marcas precisam se destacar em meio a uma concorrência acirrada. E a criação de conteúdo relevante e de qualidade é fundamental para alcançar este objetivo, já que é uma peça chave na estratégia de marketing pois ajuda a construir relacionamentos com o público, aumentar a visibilidade e atrair novos clientes. Essa explicação, totalmente lógica, é o primeiro parágrafo de um texto que o ChatGPT criou para mim quando pedi que escrevesse um artigo de imprensa sobre a importância do conteúdo na estratégia de marketing das marcas.
Minha ideia com isso era a de usar a plataforma de inteligência artificial de última geração criada pela empresa americana OpenAI para escrever minha coluna de fevereiro para a Revista Live Marketing. Afinal, ela vem fazendo barulho no mundo da tecnologia e da comunicação graças à promessa de produzir textos com clareza e profundidade, de forma que só humanos conseguiam fazer até então. Porém, na prática, a experiência não vingou! E foi assim que o texto deste mês foi de “o que o ChatGPT faz pelo seu conteúdo de marca” para “o que o ChatGPT não faz pelo seu conteúdo de marca”!
Quando a ferramenta de chatbot nos diz que o conteúdo ajuda a construir relacionamento com o público, aumentar a visibilidade e atrair novos clientes para as marcas, ela deixa de complementar um ponto extremamente crucial que separa a teoria do sucesso na prática: a vivência.
O processamento de dados tem a inteligência de máquina e pode fazer um trabalho rápido considerando referências bibliográficas e perfeito do ponto de vista de normas linguísticas, por exemplo. O ChatGPT sabe que o conteúdo pode ser distribuído em diferentes canais, incluindo sites, blogs, redes sociais, e-mail marketing e muito mais; que ele precisa ser criado com o objetivo de informar, educar e entreter o público, ao invés de apenas promover os produtos ou serviços da marca; e que é uma ótima forma de ranquear nos resultados de busca do Google. E é claro que você, profissional de comunicação, pode se aproveitar dessa sua exatidão para tudo o que for mecânico, racional ou técnico.
Entretanto, o que faz um conteúdo ter valor para a audiência de uma marca é a sensibilidade. A comunicação sempre foi e sempre será feita de pessoas para pessoas – todas elas imperfeitas, moldadas pelas experiências de vida que incluem dores e desafios que permite que nos coloquemos no lugar do outro, justamente onde mora o poder da conexão.
Quer um exemplo? Bots não sorriem ao ver um bebê falando palavras difíceis. Eles não se emocionam ao sentir o cheiro de bolo quentinho saindo do forno por se lembrar das tardes na casa da avó. Sequer sabem a sensação ruim que é ter que escolher qual boleto vai ficar sem pagar porque a grana não dá para o mês todo. E têm sorte por não torcer para aquele time que sempre perde.
O conteúdo está em absolutamente tudo o que uma marca ou empresa faz para chegar no indivíduo. E quem pensa essas interações – seja no texto do site, no material que vai ser publicado pela imprensa, o post das redes sociais, o vídeo do influenciador no TikTok e, até mesmo, o design do cenário do evento – são profissionais que utilizam não apenas seu conhecimento técnico, mas toda sua bagagem de vida para chegar em formas criativas de envolver pessoas e chamar sua atenção para transformar um argumento de venda em uma experiência memorável.
Quem souber usar a Inteligência Artificial combinada com a Inteligência Natural sairá na frente em termos de criatividade. E é por isso que, hoje, eu ainda acho que a melhor forma de fazer frente aos robôs é sendo humano!
Naty Sanches
Snoop Dogg, fumaça e storytelling: o case de marketing do mês

Por Naty Sanches
O cantor norte americano Snoop Dogg, defensor e ativista pela legalização da maconha, chocou a sua comunidade ao anunciar pelo Instagram que estava parando com a fumaça. “Após muita consideração e conversas com minha família, decidi parar. Por favor, respeitem minha privacidade”, postou o rapper.
O comunicado gerou manchetes em todo o mundo dizendo que o astro havia parado de fumar. Porém, a relação que parecia ter chegado ao fim não passou de uma #publi para dar visibilidade para uma fogueira elétrica da empresa Solo Stove (chamada de “Snoop Stove”), que promete funcionar sem fazer fumaça.
Do ponto de vista de marca, tudo parte de um briefing bastante comum: uma verba para usar com algum influenciador. O caminho comum seria pegar o dinheiro, selecionar um perfil de criador de conteúdo com replique para Instagram e TikTok para postar um vídeo com chamada para o link na bio. Já o escolhido foi gerar buzz!
No post original o termo utilizado foi “stopping smoke”. A palavra smoke pode significar fumaça ou o ato de fumar. No contexto de Snoop Dogg logo foi associada à fumar e a ideia parecia tão impossível que colocou o tema nos trending topics da Internet, chegando a virar pauta na imprensa internacional. Afinal, sua defesa pela liberação da maconha já o levou à prisão e a problemas posteriores com a Justiça.
Dias depois do anúncio, em um vídeo publicado no perfil da Solo Stove, o rapper apareceu afirmando “quero acabar com a tosse e minhas roupas com um cheiro pegajoso e nojento. Vou ficar sem fumaça.” O take seguinte o mostra sentado em frente ao produto, aos risos.
O mesmo esclarecimento foi feito via comunicado de imprensa, em que Snoop repete o pronunciamento, mas dá as informações necessárias para que os fãs entendessem que tudo não passou de uma ação promocional de marca.
A dualidade do termo permitiu exercer a criatividade e a estratégia tomou um rumo interessante, mas perigoso.
Interessante porque gerou um alto nível de brand awareness, um dos principais motivos pelos quais as marcas investem no marketing de influência. A marca populou o que chamamos de topo de funil. Pessoas das mais diferentes geografias sabem agora que a Solo Stove existe e que ela tem fogareiros sem fumaça, tornando-a, inclusive, sinônimo para a categoria. Ou seja, foi o primeiro passo para entrar no radar de potenciais clientes.
Perigoso porque, neste caso, a surpresa inicial dos seguidores de Snoop sobre seu anúncio foi rapidamente substituída por admiração pela jogada de marketing inteligente. Mas, nem sempre é assim. E a pegadinha pode virar rapidamente um boicote ou um cancelamento.
Esse é um outro KPI do marketing de influência ao qual é necessário estar atento. Ele se chama sentimento de marca. Como o seu público-alvo se sente em relação à sua marca com base nos comentários e reações à sua campanha de marketing de influenciador? Embora seja difícil de medir de forma objetiva, compreender isso pode ajudar a descobrir o que você está fazendo certo e como melhorar campanhas futuras.
Se você me perguntar se a ação foi um sucesso, eu vou te dizer que depende! Depende de qual foi o objetivo que traçaram no início.
O marketing de influência tem outros tantos KPIs além dos dois já citados acima que podem ser perseguidos e que podem ser foco das campanhas. São exemplos o engajamento (curtidas, comentários, compartilhamentos, salvamentos, menções à marca — a moeda social da nova economia); as conversões (vendas, cadastros, downloads); o crescimento do público (aquele que não converte de primeira, mas que é um potencial consumidor que precisa de mais tempo e relacionamento com a marca); e o ROI (que determina se sua campanha é lucrativa ou não – quanto maior a lucratividade, mais bem-sucedida será a campanha.
Do ponto de vista do brand awareness, com certeza, a campanha da Solo Stove nos trouxe uma lição de uso do storytelling para viralizar e alcançar muito mais espaços, meios e pessoas com muito menos investimento do que um plano de mídia completo possivelmente iria requerer. Porém, há de se tomar cuidado com certas métricas de vaidade. Afinal, elas podem não representar o direcionamento ao seu público-alvo.
Naty Sanches
Por trás da Trend há conversão?

Por Naty Sanches
O que anônimos comuns, famosos como Ivete Sangalo e Luciano Huck e cidades como São Paulo e Espírito Santo têm em comum? Todos se renderam nos últimos dias a uma nova trend que parece ter transformado o Instagram todinho em personagens saídos diretamente da Disney Pixar!
Esta trend, em específico, tem promovido a experimentação de uma inteligência artificial da Microsoft que se baseia no DALL-E 3, sistema da OpenAI (a mesma dona do ChatGPT), que usa inteligência artificial para criar ilustrações. Ponto para a gigante da tecnologia, que viu seus produtos – como o não tão popular Bing – ter um aumento de mais de 400% no volume de buscas, de acordo com o Google Trends.
Quem também está pegando uma carona nisso são as marcas, que aproveitam esses conteúdos que viralizam para entrar na conversa das comunidades a partir dos seus códigos, transmitir suas mensagens, se conectar e, de quebra, hackear o algoritmo para melhorar sua taxa de entrega e aproveitar o maior alcance.
Mas, por trás disso, há conversão para as marcas? A resposta é: depende!
Se você olhar a conversão pura e simplesmente como uma taxa de cliques x venda, eu diria de bate pronto que não. Porém, se você enxergar a conversão como o destino ao qual se chega após uma etapa essencial de despertar as pessoas para a sua marca, seus propósitos e seus objetivos, a resposta muda.
Isso porque, uma trend como uma espécie de uma “onda” em que os indivíduos se sentem conectados por um mesmo assunto e, por isso, querem compartilhar entre si. Conexão essa que as marcas buscam de forma incessante. Ou seja, essa é uma maneira oportuna para, por exemplo, quebrar aquele feed minuciosamente produzido e explorar a autenticidade que as pessoas (leia-se potenciais consumidores) buscam naquilo que consomem de maneira a refletir a identificação com a sua não tão perfeita vida!
Afinal, o nome já diz: o intuito das redes sociais é socializar!
Pense comigo: você não socializa com um anúncio no ponto do ônibus ou com a placa na entrada de uma loja. Você socializa (e cria, co-cria, inspira, se inspira) com os vendedores, com os outros potenciais clientes. A trend para a marca, nada mais é, do que se colocar nesse momento de descontração e, com isso, abrir caminho para fortalecer seu branding e, consequentemente, sua oferta.