Artigos
Experiência imersiva é a tendência para o futuro da jornada phygital

*Silvana Torres
Os hábitos de consumo mudam na medida da transformação do mercado. O consumidor atual está cada vez mais exigente na escolha de produtos e serviços. Ele exige atenção, clama por ser ouvido, ter voz ativa, em muitos casos, em decisões das próprias companhias que admira. Não resta dúvidas que a maior armadilha para uma marca é não conhecer a fundo seu público-alvo.
Essa mudança aconteceu, principalmente, porque passamos a viver na chamada Era phygital (junção do físico com o digital). Hoje, os clientes têm acesso a todas as informações necessárias para o que desejam consumir e, portanto, tomam decisões de compra mais assertivas.
Com poucos cliques nos smartphones, por exemplo, é possível saber os preços dos produtos, quais deles estão inseridos em alguma promoção, avaliações de outros usuários e assim por diante. Para completar, as redes sociais também alcançaram novos patamares nos últimos anos, com o marketing de influência oferecendo uma série de possibilidades nas plataformas digitais. Aliás, vale destacar que elas trazem cada vez mais atualizações alavancadas pela IA, VR, VA e diversas outras ferramentas tecnológicas já fundamentais para o mercado.
O que isso nos mostra? Que o cliente atual não só possui muito conhecimento e recursos para buscar informações, como também interage com seus diferentes formatos. Desta forma, a sua possibilidade de escolha aumentou e elevou o seu grau de exigência em experiências de compra. Ele não quer mais se sentir apenas convencido pela marca a dar o seu dinheiro por um produto, mas deseja profundamente ser encantado por ela, fazer parte de sua história, ser protagonista, conquistado por meio de um envolvimento integrado e inovador entre os canais físicos e digitais que acessa em sua rotina.
Em última análise, basicamente é um desafio de personalização, que impõe às empresas o objetivo de aumentar a satisfação e a confiança dos consumidores, resultando na sua fidelização àquela companhia. Nesse sentido, essa meta só pode ser alcançada com uma forte aproximação entre a marca e seu público, em que as expectativas e necessidades das pessoas sejam atendidas em todas as etapas de compra. Assim, praticamente a jornada do cliente se transforma em um relacionamento duradouro com essa marca. Ponto para o omnichannel, que estende seus tentáculos pelos mais diversos touchpoints e permite “abraçar” o consumidor ao longo de toda sua jornada, seja no ambiente físico, seja no digital.
Não à toa, o relatório “The Conversational Commerce Report”, lançado pela plataforma de comunicação programável Twilio, mostra que 77% dos consumidores desejam usar mensagens conversacionais para obter ajuda na seleção de um produto ou serviço; e outros 58% afirmam que usariam canais de mensagens para realizar uma compra se tivessem essa alternativa. O documento ainda revela que 80% dos clientes gostariam que as empresas oferecessem mensagens ao estilo conversational messaging, sendo que 95% deles também disseram que confiariam mais nelas se fosse mais fácil iniciar uma conversa no processo.
Números como esses indicam que podemos confirmar que a tecnologia não é só a causa dos novos desafios do cenário phygital, e sim um meio para criar soluções. A própria IA, por exemplo, é um dos assuntos mais latentes do momento por estar ganhando funcionalidades inéditas em diversas áreas, que ajudam a prever as necessidades do consumidor e antecipam o seu comportamento e preferências. Dessa forma, é possível oferecer opções proativas de atendimento com assistentes virtuais e chatbots aprimorados.
Até mesmo a tendência omnichannel, mencionada anteriormente, também é impulsionada com as novas ferramentas tecnológicas, principalmente aquelas que trazem o uso inteligente de dados. Isso acontece com a construção de uma jornada que permita ao cliente transitar entre lojas físicas, sites, aplicativos, redes sociais sem perder informações ou interesse, além de garantir que todo o processo ocorra de uma forma segura e sem riscos de a pessoa ter a sua privacidade invadida.
Não há dúvidas de que esses desafios podem parecer bem complexos – e de fato são –, mas com uma estratégia bem planejada, a partir de um público bem definido (e compreendido), investimento em tecnologia e uma abordagem clientocêntrica, as marcas podem oferecer um atendimento altamente eficaz e estabelecer um ótimo diálogo com seus consumidores. Sair do comum e diferenciar-se no mercado passa por proporcionar uma experiência talior made para, assim, explorar todo o potencial desse novo mundo. O mundo phygital!
*Silvana Torres é presidente e fundadora da Mark Up
Artigos
O futuro do marketing não é performance vs branding: é autenticidade com resultado

*Ali Maurente
Por muito tempo, executivos e agências trataram performance e branding como lados opostos de uma mesma estratégia. De um lado, métricas como cliques, CPL e CAC. Do outro, narrativas aspiracionais que constroem reputação no longo prazo. O resultado dessa visão fragmentada foi a criação de uma falsa dicotomia, responsável por desperdício de energia e orçamentos divididos.
O futuro do marketing não será definido por “mais branding” ou “mais performance”. Ele já está sendo construído em torno de algo mais simples e, ao mesmo tempo, mais desafiador: autenticidade com resultado. Autenticidade porque consumidores, clientes e colaboradores aprenderam a identificar quando uma campanha não passa de fórmula. Não há algoritmo capaz de sustentar o que não é genuíno. Resultado porque, em última instância, conselhos e acionistas continuam cobrando ROI, crescimento e previsibilidade.
O incômodo cresce à medida que o mercado revela uma nova realidade: estamos diante de profissionais de marketing que muitas vezes não entendem de negócio. Há quem fale apenas de postagens, curtidas e seguidores, esquecendo o que realmente importa — receita e marca. Um marketing que olha só para receita morre, assim como aquele que olha apenas para marca. Uma marca sem receita é vaidade. Uma receita sem marca é commodity.
Marketing não é apenas branding. Também não é apenas performance. É o processo de criar, capturar, converter e expandir demanda, fortalecendo a marca ao mesmo tempo em que gera resultados concretos. Isso exige um entendimento profundo do negócio, e quem não souber traduzir essa equação perde espaço rapidamente. O profissional que restringe seus KPIs a seguidores perde relevância. Quem ignora receita se torna apenas mais um criador de conteúdo passageiro.
Esse desafio também não é exclusivo da área de marketing. Ele envolve o alinhamento de todas as áreas, do ICP à conversão. A marca abre portas. A receita mantém as luzes acesas. O alinhamento entre marketing e negócio sustenta o crescimento verdadeiro.
É por isso que CMOs e conselhos precisam abandonar a disputa entre awareness e conversão, entre conteúdo e CTR. O jogo atual é outro: transformar cada KPI em reflexo de uma narrativa verdadeira, capaz de construir comunidade e, ao mesmo tempo, entregar crescimento.
Autenticidade com resultado não é uma tendência. É questão de sobrevivência. Marcas que não compreenderem essa equação continuarão presas à armadilha da vaidade ou da comoditização. E profissionais que não souberem traduzi-la para o negócio perderão espaço para aqueles que entendem que marketing sempre será o motor que une significado e crescimento.
Ali Maurente – Chief Marketing Officer na PSA – Profissionais S.A.
Artigos
O quanto a inteligência artificial pode impulsionar o ROI das empre

*José Fleury
A inteligência artificial (IA) já transforma modelos de negócios, operações internas e estratégias de relacionamento com clientes. Um dos efeitos mais tangíveis dessa revolução tecnológica aparece no retorno sobre investimento (ROI). Todos desejam, mas poucos estão dispostos a fazer o que é exigido. Porque o retorno real não vem da ferramenta, e sim da forma como a empresa decide usar. E isso muda tudo.
Na prática esse o uso de IA pode representar, em média de 20% a 25% de aumento no lucro líquido, quando comparadas a concorrentes que ainda operam com processos tradicionais (dados da McKinsey).
O ROI, nesse contexto, não se limita à geração direta de receita. Ele também considera reduções significativas de custos operacionais, ganhos de eficiência, melhor alocação de recursos e decisões baseadas em dados. A IA impacta todos esses pontos de forma mensurável. O uso de IA para segmentação de audiência, personalização de campanhas e automação de mídia programática tem aumentado drasticamente o ROI em marketing digital. A Salesforce afirma que 80% das empresas que usam IA no CRM relatam aumento significativo na conversão de leads. A consultoria Boston Consulting Group apontou que campanhas personalizadas com IA chegam a gerar até 200% mais ROI que campanhas tradicionais.
Além disso, chatbots e assistentes virtuais reduzem custos com call centers e aumentam a satisfação do cliente. O Gartner estima que, em 2025, 95% das interações com clientes serão gerenciadas por IA, com redução média de 30% nos custos operacionais.
Empresas como a Amazon usam IA para otimizar rotas de entrega, prever demanda e gerenciar estoques. A McKinsey calcula que essas aplicações podem reduzir em até 50% os custos da cadeia de suprimentos.
Bancos e seguradoras utilizam IA para detecção de fraudes, avaliação de crédito e automação de relatórios. Um estudo do Bank of America mostra que o uso de IA para análise preditiva aumentou em 40% a precisão na concessão de crédito, reduzindo a inadimplência e otimizando o capital de giro.
Apesar dos benefícios, nem todas as empresas conseguem extrair ROI positivo imediatamente com IA. A maturidade digital, cultura organizacional e qualidade dos dados são fatores críticos para o sucesso.
Segundo o relatório AI Index 2024 da Universidade de Stanford, apenas 14% das organizações globais estão em estágio avançado de adoção de IA. Essas empresas são justamente as que colhem os maiores retornos, com aumentos de receita até cinco vezes maiores em relação às que estão apenas começando.
A consultoria Accenture aponta que empresas com maior maturidade digital conseguem acelerar o tempo de retorno dos investimentos em IA de 3 anos para menos de 12 meses. Isso ocorre porque essas organizações já possuem infraestrutura tecnológica adequada, governança de dados e equipes capacitadas para operar com machine learning e automação.
No entanto, medir o ROI da inteligência artificial exige mais do que simplesmente observar o lucro obtido com um projeto. É fundamental considerar uma série de indicadores complementares que ajudam a revelar o impacto real da tecnologia nos resultados da empresa.
Assim, um dos principais é o tempo de retorno do investimento (payback), que indica em quanto tempo o valor investido é recuperado a partir dos ganhos gerados pela solução de IA. Também se mede o ganho em produtividade, verificando quanto tempo ou esforço humano foi economizado com a automação de tarefas ou melhoria de processos.
De acordo com um relatório do MIT Sloan Management Review, as empresas que acompanham esses indicadores com regularidade têm 50% mais chances de obter ROI positivo em seus projetos de IA, justamente por alinharem tecnologia com metas de negócio de forma estruturada.
Entre os setores que mais se beneficiam com a aplicação da IA, o varejo e o e-commerce se destacam com a personalização de ofertas, previsão de demanda e atendimento automatizado.
Na saúde, a tecnologia contribui com diagnósticos mais precisos por imagem, otimização de agendamentos e redução de custos hospitalares. A manufatura aplica IA na manutenção preditiva de máquinas, controle automatizado de qualidade e robótica.
No setor de educação, surgem sistemas adaptativos de ensino e plataformas que personalizam conteúdos conforme o desempenho dos alunos. Já na agropecuária, a IA ajuda a prever safras, analisar o solo com precisão e automatizar processos no campo, otimizando a produção agrícola.
Desse modo, a expectativa é que, com a evolução dos modelos generativos (como GPT, Claude e Gemini), o ROI da IA se torne ainda mais visível, especialmente em áreas criativas, atendimento ao cliente, desenvolvimento de software e análise de dados em larga escala. Segundo a Deloitte, 70% dos executivos esperam que o retorno sobre investimentos em IA generativa supere os métodos tradicionais até 2026.
Portanto, empresas que integrarem IA de forma estratégica e mensurável sairão na frente em eficiência, competitividade e inovação. A IA não é um custo. É um investimento e, quando bem implementada, um dos que oferecem o maior retorno possível na economia digital.
*José Fleury – CFO da Fintalk