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Alexis Pagliarini

ESG ganha momentum

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Quando decidi criar a plataforma ESG4, de suporte ao conhecimento e aplicação de processos ESG para empresas e organizadores de eventos, há um ano, por ocasião da minha saída da presidência executiva da AMPRO, estava bastante confiante. Eu já vinha me interessante por ESG há um tempo, participando de cursos e palestras, e me parecia que o mercado estava desejoso de um suporte para acelerar seu processo de alinhamento aos princípios ESG. Mas não foi assim tão natural.

Ao apresentar a minha ESG4 ao mercado, eu obtinha uma reação bastante positiva – “Parabéns! Tem tudo a ver com você! Vai ser um sucesso!” –, mas, na sequência, vinha uma ponderação: “Porém, para nossa empresa, ainda não é hora. Quem sabe mais à frente…”. Fiquei com a sensação de que estava pegando uma onda que ainda estava em formação e talvez não conseguisse surfar nessa tendência imediatamente.

Apesar da ampla atenção dada pela mídia e da crescente importância em todos os setores da economia, a aplicação dos critérios ESG pelas empresas e organizadores de eventos no ano passado ainda era tímida e pontual. Dediquei-me então a conscientizar o mercado, realizando palestras pro-bono, criando um Think Tank ESG junto à CBIE (Câmara Brasileira da Indústria de Eventos) e me prontificando a apoiar movimentos de sensibilização do mercado. Alguns trabalhos pontuais aconteceram, mas ainda incipientes para viabilizar minha nova iniciativa empresarial.

Pois bem, com a chegada de 2023, tudo mudou. Logo no início do ano, comecei a ser procurado por empresas de diversos tipos para entender melhor como dar os primeiros passos na direção de um processo de alinhamento aos critérios ESG. O primeiro semestre ainda não terminou e tenho 6 clientes de consultoria, um curso de sucesso em andamento, 5 palestras realizadas e perspectivas bastante positivas para o segundo semestre. É um sinal inequívoco que o mercado “acordou” para a importância ESG.

Seja pela pressão das grandes empresas, que incorporaram ESG na sua estratégia e exigem que seus fornecedores também se alinhem, seja por acontecimentos preocupantes, como a denúncia de trabalho análogo à escravidão no Lollapalloza, o fato é que ESG entrou definitivamente na pauta dos negócios, gerando uma reação em cadeia bastante consistente.

Essa movimentação é alvissareira e deve ser comemorada. Não só por mim, que finalmente vejo viabilidade na minha empreitada, como por todo o mercado. Afinal, quem não quer um ambiente de negócios com mais responsabilidade ambiental, social e ética? Tem muito caminho pela frente, mas o novo momentum ESG é positivo e poderá tornar o mercado de eventos crescentemente mais justo, inclusivo e sustentável. Já era hora!

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Alexis Pagliarini

O mundo VUCA do live marketing e eventos

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Por Alexis Pagliarini

O conceito de VUCA — que descreve a Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade do mundo atual — ganhou notória relevância no cenário político e econômico global. Se, em um contexto macro, ele orienta a resiliência estratégica de empresas frente a instabilidades, no mercado de Live Marketing e Eventos, o VUCA se manifesta de forma visceral, especialmente ao observarmos as rápidas e radicais mudanças nos formatos de entrega.

A pandemia de COVID-19 serviu como um acelerador brutal de tendências, introduzindo e massificando os eventos virtuais e, posteriormente, os híbridos. Vimos a criação acelerada de plataformas e o boom de empresas de tecnologia dedicadas a esse novo formato. Contudo, em um movimento que capta perfeitamente a essência da Volatilidade e da Incerteza do VUCA, a retomada do “normal” desvendou um apego inegável e a maior relevância dos encontros presenciais.

Essa dinâmica reflete os componentes do acrônimo:

Volatilidade (V) na Escolha do Formato: A migração quase total para o virtual durante a crise e o retorno contundente ao presencial mostram a velocidade e a natureza inesperada das mudanças no mercado. O que era solução de sobrevivência se tornou, em muitos casos, um nicho mais restrito a eventos técnicos, provando que o mercado de experiências ao vivo exige uma agilidade de adaptação constante.
Incerteza (U) no Retorno da Experiência: Por um período, a indústria questionou se o presencial voltaria com a mesma força. Essa incerteza reforça a necessidade de transparência e de uma boa governança na gestão de expectativas de stakeholders. No Live Marketing, isso se traduz em planos de contingência robustos e comunicação clara sobre a segurança e o valor da experiência oferecida.
Complexidade (C) da Integração Híbrida: O formato híbrido, que parecia ser a solução definitiva para unir alcance e experiência, trouxe consigo a complexidade de gerenciar a entrega de valor simultânea para o público físico e virtual. Trata-se de uma interconexão intrincada de variáveis (tecnologia, conteúdo, engajamento) onde uma falha afeta todo o sistema. Sem falar no custo adicional de se estabelecer uma plataforma virtual, além da organização presencial.
Ambiguidade (A) no Valor Percebido: A percepção de valor entre o evento virtual e o presencial se mantém ambígua. Enquanto a tecnologia democratiza o acesso e reduz custos logísticos, a experiência sensorial e o networking do evento presencial continuam sendo um diferencial competitivo insubstituível. As organizações precisam adotar princípios que transcendam políticas locais ou modismos, focando em princípios de valor duradouros.

A Bússola do Pragmatismo e Visão de Longo Prazo

Para navegar neste cenário VUCA do Live Marketing, as empresas de eventos e agências de comunicação devem adotar uma abordagem pragmática e de visão de longo prazo, buscando a Resiliência Estratégica e a Inovação Sustentável:

1. Resiliência no Planejamento: É fundamental que as agências se preparem para operar em diferentes cenários de formato (presencial, híbrido, virtual). Isso significa manter planos de ação flexíveis, que possam ser implementados rapidamente a depender das circunstâncias.
2. Inovação Adaptativa: A aposta deve ser em soluções que promovam experiências singulares em qualquer formato. A tecnologia não deve ser um substituto, mas um potencializador da experiência.
3. Foco no Core Value: O valor fundamental do Live Marketing é criar conexões humanas e experiências memoráveis. É preciso engajar clientes e investidores, mostrando os benefícios — reputacionais e de conexão — de um evento bem executado, independentemente de ser online ou offline.

No mundo VUCA, o sucesso no mercado de eventos reside na capacidade de aceitar que a única constante é a mudança. Sobreviver e crescer exigirá não apenas ética e foco no cliente, mas também uma agilidade contínua para pivotar entre formatos, garantindo que o evento continue sendo uma ferramenta estratégica poderosa e um campo vasto para a geração de novos negócios.

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Alexis Pagliarini

Eventos corporativos em tempos de polarização: neutralidade ou posicionamento?

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Por Alexis Pagliarini

Vivemos uma era de polarização crescente. O debate público, no Brasil e em muitos outros países, tem se dividido em campos opostos, quase irreconciliáveis. E essa dinâmica não fica restrita à política. Ela invade o consumo, a cultura, a comunicação e, inevitavelmente, o universo dos eventos corporativos.

Quem organiza ou patrocina um evento sabe: não se trata apenas de logística, conteúdo ou experiência. Um evento é, acima de tudo, um espaço de representação de valores. Ele comunica — mesmo quando não pretende.

De acordo com o estudo anual Edelman Trust Barometer, as empresas seguem sendo as únicas instituições que ultrapassam o patamar de confiança de 60%. Confiamos mais nelas do que em governos, ONGs ou mídia. Mas essa confiança vem acompanhada de uma expectativa clara: não basta oferecer bons produtos ou serviços, espera-se das empresas (e, portanto, também dos seus eventos) uma postura propositiva, ética e responsável diante do mundo.

E aqui surge a encruzilhada: deve um evento corporativo manter neutralidade em temas sensíveis ou assumir posições claras?

A neutralidade pode parecer uma escolha segura. Em um ambiente polarizado, evitar discussões delicadas pode parecer a melhor forma de não gerar desconforto. No entanto, em muitos casos, a neutralidade é percebida como omissão. Participantes, principalmente os mais jovens, buscam coerência e coragem. Um evento que ignora temas urgentes — como diversidade, inclusão, sustentabilidade ou inovação social — corre o risco de parecer irrelevante.

Por outro lado, assumir posições implica riscos. Eventos que trazem para a pauta discussões sobre equidade de gênero, direitos humanos ou mudanças climáticas podem atrair críticas, boicotes ou acusações de “politização”. O movimento “anti-woke”, que cresce em diversos países, é um reflexo dessa resistência.

O caminho possível não está em escolher entre o silêncio e o ativismo desmedido, mas em construir autenticidade. Um evento precisa refletir a identidade, o propósito e a cultura da organização que o realiza. Se esses valores forem claros e consistentes, o posicionamento deixa de ser apenas um risco e passa a ser uma oportunidade de conexão genuína com o público.

Eventos coerentes com a prática das empresas que os promovem resistem melhor às críticas. Podem até perder a adesão de alguns, mas ganham legitimidade junto a quem valoriza atitudes alinhadas a princípios sólidos. E legitimidade é um ativo cada vez mais valioso em tempos de desconfiança.

No fim, a questão não é se um evento corporativo deve ou não se posicionar, mas como deve fazê-lo. A resposta está na capacidade de navegar a polarização sem abrir mão da sua bússola ética.

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