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A próxima fronteira dos CRMs de vendas B2B

*Ricardo Corrêa
Na última década, observamos a evolução das áreas comerciais B2B, que passaram a potencializar suas vendas ao adotar processos e métodos padronizados. Durante o período, essa cultura foi bastante apoiada por softwares de gestão como o Customer Relationship Management, conhecidos popularmente como CRMs, que têm como principal objetivo gerenciar, organizar e acompanhar o pipeline de vendas de um setor ou de uma empresa inteira.
Com um viés de controle e gerenciamento, a maioria dos CRMs foi concebida para auxiliar a gestão no controle das atividades do time comercial, sendo um reflexo da antiga cultura da área – bastante voltada para processos e métodos. Porém, com a era da informação, a cultura de vendas tem evoluído para algo mais digital e focada no lado humano e consultivo, e hoje há muito espaço para esses sistemas desenvolverem novas tecnologias que auxiliem diretamente na melhora do desempenho dos vendedores. E são essas tecnologias que vão determinar a próxima fronteira desse mercado.
Isso quer dizer que os CRMs devem passar a focar menos no controle de processos e, em contrapartida, ajudar os profissionais de venda a resolverem as suas principais demandas, que normalmente são a geração de leads, o agendamento das reuniões e a eficiência na conexão/conversão dos leads – nesta ordem de importância.
Essa evolução se faz ainda necessária porque já se nota um certo cansaço dos vendedores sobre o uso de tecnologias baseadas em volume de tarefas e scripts padrões. Como seu papel é cada vez mais consultivo e menos focado em atividades, um bom CRM deve ser concebido pensando na jornada do profissional de vendas e na evolução do comportamento do cliente.
É inegável que os sistemas de CRM foram uma solução eficiente para “desembocar” os leads e organizá-los em um processo comercial, mas eles foram desenvolvidos até então com base na era “linha de produção”, que presume a área de vendas como sendo uma “máquina” (daí o termo “máquina de vendas”). Todos os avanços conquistados até aqui foram capazes de auxiliar o ecossistema a crescer, mas é hora de dar o próximo passo e ir além da implementação da visão de kanban, que hoje é um pré-requisito em qualquer ferramenta.
O momento é propício para os softwares se modernizarem e contemplarem outros princípios ágeis aptos a transformar o desempenho e refletir a nova cultura de vendas. Felizmente, hoje já existem empresas e equipes de tecnologias que estão comprometidas em ajudar o ecossistema a dar este próximo passo, trazendo sistemas capazes de entregar qualidade e inteligência para a jornada dos vendedores. A nova fronteira dos CRMs de vendas B2B está só começando.
*Ricardo Corrêa – Sócio-fundador e CEO da Ramper,
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5 ensinamentos de gamers para profissionais de marketing

Pensar em produção de conteúdo e ignorar o universo dos jogos é impensável no ramo do marketing. Primeiramente, esse é o segmento mais popular de plataformas do porte de YouTube e Twitch. Além disso, os streamers e jogos têm penetração também razoável nas comunicações por Instagram, TikTok, X…
Mas, muito mais do que a pesquisa de tendências temáticas, gamers têm ensinamentos úteis para apresentar a profissionais de marketing.
Personalidade como persuasão
Confiança é fundamental para persuasão – na vida em geral e na venda de produtos. Uma marca de VPN de jogos venderá facilmente seu serviço para proteger jogadores assim que se fizer entender como fundamental para a segurança e confiável. Porém, nem todos anúncios conseguem ter o mesmo apelo e urgência. Pior ainda, a maioria sequer consegue atrair a atenção dos consumidores.
Uma peculiaridade do mundo dos jogos é a fronteira que se borra entre anúncios e entretenimento. Frequentemente, a melhor maneira de apelar à atenção de jogadores é por meio da personalidade individual de outro jogador numa rede social.
Útil para o marketing de influenciadores e afiliados, encontrar personalidades fortes e “calibradas” com o consumidor fará consumidores esquecerem que alguém tenta vender algo a eles. Em vez disso, o foco ficará na utilidade, na descontração e na identificação com a mensagem ou interação.
O poder monumental de vídeos concisos
As plataformas digitais de vídeos são os atuais canais de preferência do público e a distribuição de conteúdo nelas é cada vez mais imediata e breve. O paradoxo aparente do mundo dos jogos é a coexistência de bem-sucedidos vídeos com horas de duração de gameplay com fragmentos de poucos segundos de TikTok e Instagram.
De fato, os streamers de jogos vêm aperfeiçoando, com pioneirismo, a maneira de explorar os vídeos curtos como uma maneira de veicular os destaques de longas sessões gravadas. A capacidade de entender os atributos fundamentais para cada canal (com ênfase breve ou longa) e saber entregar somente o essencial para cativar uma audiência é uma fonte de aprendizados indubitável.
Inspiração para storytelling original
As possibilidades interativas abrangentes de videogames já foram longamente discutidas por artistas e acadêmicos. A discussão sobre jogos como forma de arte é uma que ensaia sumir de vista, mas por vezes retorna à atenção pública.
Qualquer que seja o juízo sobre essa questão, a imersividade das plataformas e as muitas formas de se situar numa narrativa nelas deveriam ser fonte de inspiração para profissionais de marketing. Os ambientes virtuais são cada vez mais presentes e complexos para além do universos dos jogos, sercindo à comunicação diária e à fruição de experiências. Como resultado, abrem-se portas para campanhas mais complexas e interessantes do ponto de vista da elaboração de narrativas.
Comunidade poderosa de consumidores
A capacidade de mobilização de certas comunidades de jogadores certamente não tem precedentes no mundo. De milhares a milhões de pessoas se comunicando e fazendo exigências em tempo real com uma intensidade de dar inveja, por exemplo, a muitos regimes com democracia participativa.
Marcas dispõem do gerente de comunidades, que ajuda a captar as necessidades e interesses de consumidores, representando-os de certa forma… Porém, raramente com a capacidade gerar um feedback tão poderoso, ágil e definitivo quanto o das comunidades jogadoras. Foi por causa dessa potência que grandes empresas conseguiram transformar o cerne de seu negócio de “jogo como produto” a “jogo como serviço”.
É claro que não existe uma fórmula para alcançar essa capacidade de sintonia e articulação. Mas é invejável e há muito a aprender na maneira como grandes franquias de jogos são capazes de adequar o desenho de personagens, NFTs, itens de jogo, loot boxes e outros elementos de seus principais títulos às demandas coletivas de consumidores.
Meio de conexão abrangente
Já foi comentado neste artigo sobre o entrelaçamento de persuasão publicitária e entretenimento. Certos conteúdos propiciam vendas de maneira não apenas natural e útil, mas também divertida.
Essa capacidade de entreter e envolver comunidades de consumidores conectam a marca a quem as consome. É uma comunicação da proposta de valor que dá certo.
Jogos frequentemente têm a capacidade diferencial de gerar não apenas a conexão entre marca e consumidor, mas de facilitar uma comunicação entre consumidor e outro consumidor. A representação virtual e as possibilidades de mundos de fantasia abrem portas para uma conectividade universal difícil de emular naturalmente na publicidade – ou em qualquer área do mundo real, francamente.
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Mobilidade no automotivo: inovação, diálogo e cultura

*Everton Santos
Cada vez mais o novo se conecta com consumidores e profissionais do ramo da mobilidade. A mudança dos tempos e as formas de absorver informações e novidades impulsionam este movimento, afinal, está atrelado a um entendimento dessa evolução e do que o consumidor e o mercado realmente desejam.
E isto impacta também o mercado de eventos, é claro. O modelo ‘Salão do Automóvel’, por exemplo, como nos acostumamos a ver, está oficialmente ultrapassado. Um evento de lançamentos já não faz sentido, uma vez que na realidade das redes sociais a velocidade com que as inovações chegam ao público é outra.
Por que então as montadoras ainda investem alto em montagem e logística para ter um engajamento que não se paga?
De Frankfurt para Munique, em 2021, o IAA Mobility passou a questionar formatos e criou dois momentos distintos para o modelo. O primeiro, B2B, em espaço restrito, afastado do centro da cidade, que responde ao lado dos negócios, mais tradicional e com tecnologia e inovação em um alto patamar de importância. A abertura de diálogo se fez presente: não bastava falar de carros, mas de mobilidade e integração. Até aí, à parte do conteúdo e da presença massiva das marcas chinesas, nada muito revolucionário.
Já no segundo momento, quando o assunto é experiência, tudo muda: um evento aberto, ocupando o espaço público, integrando ruas, praças e locais históricos, atendendo todos os públicos de maneira orgânica. Cidades inteligentes, transporte público, micromobilidade, sustentabilidade e, é claro, a integração entre todas estas formas de se locomover. E, por meio destes conceitos, apresentar soluções como empresas. Independentemente do tamanho do negócio e a sua história, inovar é preciso, e isso traz o jogo da competitividade para um novo nível.
Uma cidade respirando um evento, que fala e demonstra os caminhos do futuro. O uso do patinete elétrico, circulando em meio às bicicletas, do sistema público de transporte e do transfer, não fazendo mais sentido alugar um carro.
As diversas formas de locomoção fazendo parte deste ambiente automotivo por essência, pensando acima de tudo nas pessoas, em um evento aberto ao público e no centro da cidade. Isso mesmo, gratuito, inclusive para qualquer test drive e atividade. Aí está o grande game changer, não adianta em nada o evento ter um discurso democrático e construir muros e barreiras diante do público: tem que fazer sentido.
Água, suco, pontos de hidratação gratuitos, espaços de convivência, interações tecnológicas, sinalizações por toda a cidade e inclusão para pessoas com deficiências visuais e de locomoção reduzida. Seguindo pela cidade, guiados por um APP, visitando espaços, agendando experiências que depois seriam avisadas pelo celular e aproveitando o dia.
O analógico e o digital em constante harmonia: de uma partida de pebolim a uma viagem em realidade virtual, fazendo grandes caminhadas e contemplando a cidade e as instalações, ou assistindo a uma projeção 3D.
Um encontro, de fato, democrático, onde não existem espaços VIPs ou preferências de públicos na hora de vivenciar uma experiência, com estruturas bem abertas e, nos locais fechados, as sinalizações de entrada livre. Para expandir essa ideia, públicos de todas as idades e até os pets bem-vindos, com atividades pensadas exclusivamente para eles.
Invado o terreno do óbvio ao falar que, na Europa, e mais em específico na Alemanha, o carro 100% elétrico já é uma realidade. Mas se falamos em sistema integrado, ressalto a possibilidade de, no Brasil, mesmo com carros híbridos, sermos mais sustentáveis do que no Velho Continente.
Que experiência transformadora aprender sobre o futuro do segmento e poder entrar e interagir com automóveis e tecnologias que vão transformar o mercado! A integração de recursos e de uma consciência ESG desde a sua essência deve considerar a matriz energética que alimenta a circulação destes veículos também. É sobre inovação, diálogo e cultura. É sobre pessoas.
*Everton Santana – Head de cenografia da agência Netza