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A era dos creators: entenda os motivos que levam as marcas a investirem na estratégia
*Giselle Freire
Em um passado não tão distante, o melhor caminho para as marcas alcançarem seus consumidores era a publicidade convencional – mídias externas ou anúncios para serem veiculados em meios de comunicação –, como televisão, jornais, rádios e revistas. No entanto, a popularização da internet mudou esse panorama, abrindo espaço para uma nova gama de possíveis estratégias digitais.
Dentre essa vasta leva de opções, o marketing de influência vive uma trajetória de crescimento acelerado. Somente no ano passado, o mercado mundial de influenciadores movimentou cerca de U$ 16,4 bilhões, segundo o site especializado Influencer Marketing Hub (IMH), um aumento de 19% em relação ao ano anterior.
A magnitude desses números é explicada por uma simples razão: os creators se transformaram em uma ótima oportunidade para os anunciantes se conectarem com um público engajado de uma forma muito mais simples e orgânica. Isso acontece porque ao se comunicar com um grupo muito próximo, esses personagens conseguem despertar uma narrativa genuína acompanhada de emoções, dores e desejos muito mais legítimos e verdadeiros para a audiência.
Ou seja, como o produto ou serviço em questão é apresentado de uma maneira natural e descontraída, a mensagem aos receptores fica mais próxima e poderosa – fator que aumenta o tempo de retenção dos espectadores e permite a criação de uma espécie de ‘comunidade’.
Não é à toa que hoje mais de 40% dos brasileiros tenham declarado que já adquiriram um produto por conta da influência de criadores de conteúdo e celebridades, segundo estudo divulgado em junho pela Cadastra, empresa global em soluções de marketing e tecnologia.
Futuro do mercado
Com um mercado tão pujante, não é de se surpreender que as novas tecnologias, como a Inteligência Artificial, vão impulsionar ainda mais a ‘creators economy’. Com elas, os criadores poderão desenvolver seus trabalhos de forma mais rápida e com custo menor, o que deve ajudar a aumentar a quantidade de conteúdos e de influenciadores no cenário nacional e mundial.
Por conta dessas projeções, também já podemos observar que as marcas, daqui em diante, tendem a buscar não apenas um criador de conteúdo que promova a sua empresa, mas um parceiro de negócios, porque já sabem bem o potencial desses profissionais e de suas comunidades.
No entanto, vale sempre alertar, que a classe de criadores de conteúdo ainda é um setor desregulado, sem regras ou diretrizes totalmente claras. Portanto, é fundamental que esse acordo entre marcas e creators seja baseado num alinhamento mútuo de valores e propósitos.
Até porque, quando um anunciante se une a um influencer, o público entende que essa ligação é genuína em todos os sentidos. Isto é, a partir do momento em que um criador de conteúdo possui esse vínculo, os seus discursos e conteúdos passam a ser endossados pela marca e vice-versa, o que pode ser perigoso caso não haja um estudo prévio detalhado sobre o influencer escolhido. Portanto, esse processo de escolha é fundamental para que a parceria possa trazer resultados efetivos.
A verdade é que o marketing de influência está se tornando cada vez mais um protagonista nas estratégias de marketing. As empresas que ainda não entenderam essa realidade ou ainda não centraram esforços neste tipo de projeto tendem a perder uma valiosa oportunidade de expandir seus negócios. A hora de mudar o mindset é agora.
*Giselle Freire é CEO e diretora de contas na agência de marketing integrado DreamOne.
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As novas diretrizes da Meta e os (novos) riscos para as marcas e para a confiança nas plataformas digitais
*Leandro Navatta
No último dia 7 de janeiro, a Meta anunciou a descontinuação de seu programa de verificação de fatos, cujo objetivo era o de fornecer informações contextualizadas e combater a desinformação nas suas plataformas. Alegando defesa da liberdade de expressão, o anúncio da big tech marcou uma mudança significativa nas diretrizes da própria Meta, levantando questionamentos sobre o futuro da moderação de conteúdo na era digital. A retirada dos serviços de checagem de fatos, essenciais para filtrar notícias falsas e conteúdos ofensivos, seguramente terá repercussões graves, não “apenas” para os usuários, mas principalmente para as marcas que investem pesadamente em plataformas como Facebook, Instagram e WhatsApp.
Desde os primórdios das mídias sociais, um dos maiores desafios enfrentados pelas plataformas foi encontrar um equilíbrio entre a livre expressão e a garantia que informações falsas não se espalhassem sem controle. O programa de verificação de fatos da Meta desempenhou um papel crucial nesse processo, removendo ou sinalizando conteúdos que propagavam desinformação, discursos de ódio e teorias da conspiração. Ao descontinuar esse serviço, a big tech está essencialmente diminuindo sua responsabilidade no que diz respeito ao controle de conteúdos prejudiciais. Mais do que uma simples mudança operacional, essa decisão pode criar um ambiente altamente arriscado para os anunciantes, que se veem perante um dilema: continuar investindo em uma plataforma na qual o risco de associação com conteúdos negativos cresce a cada dia.
Uma das principais preocupações das marcas ao anunciar nas mídias sociais é o brand safety. As empresas buscam, sobretudo, garantir que seus anúncios não sejam exibidos ao lado de conteúdos que possam prejudicar sua imagem, gerando uma reação negativa do público. Com a diminuição da moderação de conteúdo, esse risco se torna ainda mais pronunciado. Em um ambiente menos controlado, os anunciantes podem se ver ligados a conteúdos potencialmente perigosos, como discursos de ódio, fake news ou informações que, embora não claramente ilegais, sejam tóxicas ou polarizadoras. A associação com esse tipo de discurso pode ser devastadora para a reputação de uma marca, que pode ver seus valores e posicionamento comprometidos por mensagens de ódio que circulam nas mesmas plataformas.
Além disso, a falta de moderação pode criar uma sensação de desconfiança entre as marcas e a Meta. Em um cenário no qual a segurança de marca é uma prioridade estratégica, a decisão de descontinuar a checagem de fatos pode sinalizar que a plataforma não está mais comprometida com a criação de um ambiente seguro para anunciantes e consumidores. As empresas, especialmente as que dependem das mídias sociais para suas campanhas de marketing, podem começar a reconsiderar seus investimentos em anúncios pagos nas plataformas da Meta, buscando alternativas mais seguras e confiáveis. Com isso, a big tech corre o risco de perder uma parte significativa de sua receita publicitária, especialmente em um momento em que suas redes já enfrentam desafios de concorrência com plataformas emergentes.
É importante destacar que, ao falar sobre liberdade de expressão, a Meta não está apenas se distanciando da moderação de conteúdos prejudiciais, mas também abrindo mão da responsabilidade sobre o impacto que a desinformação pode ter na sociedade. Embora a liberdade de expressão seja um direito fundamental, isso não significa que as empresas e plataformas digitais não tenham a obrigação de criar um ambiente saudável para seus usuários e anunciantes. A liberdade de expressão não pode ser usada como um escudo para permitir a disseminação de conteúdos prejudiciais, especialmente quando isso coloca em risco a confiança do público e a integridade das marcas.
A Meta está, portanto, diante de um dilema: proteger a liberdade de expressão, mas também garantir que suas plataformas continuem sendo um espaço confiável e seguro para anunciantes e usuários. O mercado publicitário, que já é altamente competitivo, tende a priorizar ambientes onde a transparência e a segurança são prioridades. A falta de moderação pode fazer com que a Meta se afaste dos anunciantes que buscam plataformas mais controladas e confiáveis, gerando um efeito negativo em sua receita e, consequentemente, em sua posição no mercado digital.
* Leandro Navatta – CTO da Pixel Roads
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NRF 2025 mostra que a IA e o uso de dados complexos são o futuro do varejo
*Fernando Gibotti
A NRF 2025, maior feira de varejo do mundo, abriu suas portas no dia 12 de janeiro, em Nova York, reunindo os principais players do setor. Se há um espaço com discussões ricas e a identificação das tendências mais atualizadas e importantes do mercado, é esse.
O primeiro dia de evento já chegou com o pé na porta, principalmente pelo foco em um assunto específico: todos estão falando de inteligência artificial (IA). A tecnologia dominou as discussões, especialmente no que se refere à sua aplicação nas tarefas cotidianas dos varejistas e da indústria. O desenvolvimento e o aprimoramento de novas ferramentas neste campo também foram pautas importantes nos debates.
E, como não poderia ser diferente, quando estamos falando de IA automaticamente também estamos falando de dados. Nesse sentido, os chamados “third-party data” estiveram nos centros das conversas da NRF 2025.
Essa estratégia visa ampliar o conhecimento sobre o consumidor, permitindo traçar perfis mais completos e tomar decisões mais assertivas. Ou seja, é uma esfera de atuação que trabalha com dados mais robustos, os quais consequentemente ajudam a criar campanhas mais personalizadas e ações focadas no shopper.
Tudo é para ontem!
Junto das tecnologias em si, outro ponto fundamental abordado na nova edição da NRF é a urgência. A velocidade na tomada de decisões é apontada como crucial, sendo uma unanimidade no setor a necessidade das empresas mergulharem de cabeça em projetos arrojados, que realmente transformem o cenário atual.
Em um mundo cada vez mais dinâmico, com consumidores ansiosos, a capacidade de agir com rapidez e assertividade é essencial. As empresas precisam se adaptar e agir com a rapidez que o mercado exige.
Grandes missões, como uso de dados, de CRM, de relacionamento com o cliente, todos esses temas são caminhos que não podem ser deixados para depois ou vistos como tendências que ainda virão. Eles já existem e precisam ser abraçados pelos varejistas o mais rápido possível.
O futuro do varejo começou e a estreia da NRF 2025 é a prova disso.
*Fernando Gibotti – CEO de CRM & Ciência de Consumo da Rock Encantech,