Alexis Pagliarini
A efervescência dos eventos

Por Alexis Pagliarini
Na semana em que escrevo este artigo participei de três eventos, como palestrante ou painelista. Cada um deles numa cidade diferente. O primeiro foi em Belém do Pará, para falar de Cannes Lions e de comunicação com propósito. O segundo foi no Rio, falando de ESG, no evento comemorativo aos 80 anos do Sinapro RJ. E o terceiro em São Paulo, participando de um painel/ podcast da UNESCO SOST Transcriativa no RD Summit. O que gostaria de destacar, antes de mais nada, é a boa frequência nestes eventos.
A impressão que temos é que todos estavam ansiosos pelas oportunidades de encontros presenciais e isso vem desde o ano passado, depois do término da pandemia. Mas este ano está demais! Estive no GP São Paulo de F1: recorde de público (e sem piloto brasileiro). The Town: bombado! Red Hot Chili Peppers: sold out! Roger Waters, RBD… Tudo lotado! No esporte, a mesma coisa: os jogos do Brasileirão sempre com grande público! Nos eventos corporativos, não tem sido diferente.
Ninguém está reclamando. Ao contrário, é uma redenção, uma contraposição aos piores dois anos da indústria de eventos. Mas um outro ponto que eu gostaria de destacar é o aumento da consciência em torno desses eventos. Um pouco mais, um pouco menos, mas todos buscando um alinhamento aos princípios ESG.
Vemos iniciativas nos campos ambientais, buscando eliminar embalagens plásticas descartáveis, fazer uma gestão de resíduos mais eficiente e até promover uma compensação de CO2. No campo social, é sensível a preocupação com a inclusão e a diversidade, não só na equipe de trabalho, mas também no casting de palestrantes, procurando equilibrar gêneros e incluir minorizados.
Aparentemente, o que falta ainda é maior consciência nas relações entre contratantes e contratados, procurando estabelecer condições menos leoninas, com prazos de pagamento adequados e equilíbrio nas concorrências e contratos. Mas, de uma maneira geral, é louvável a atitude dos organizadores em buscar um alinhamento aos critérios ESG. É um processo.
A cada ano, aparecem mais fornecedores com soluções mais sustentáveis, garantindo melhoria contínua. Que seja muito bem-vinda essa efervescência, mas que ela seja acompanhada de consciência e um desejo genuíno de levar em conta uma maior sustentabilidade ambiental, respeito social e ética em todas as relações.
Alexis Pagliarini
Só é bom, se é pra todos!

Por Alexis Pagliarini
O mercado de Live Marketing está bombando! Todo o represamento causado pela pandemia explode agora, com um número de eventos recorde em todas as modalidades. Os grandes festivais, como o The Town, os culturais, os eventos esportivos, os corporativos, feiras e exposições… Todos os tipos de eventos presenciais ocupam os espaços e geram grande mobilização de negócios. Uma redenção para quem passou os piores dois anos das suas vidas, durante a pandemia. Um atraso sendo tirado em larga escala.
Bom pra todos: para as agências, para os espaços, para os fornecedores, para os clientes e, principalmente, para o público, que volta a ter a emoção do presencial por inteiro. Toda essa ebulição, porém, não pode encobrir um movimento paralelo, que também cresce consistentemente: a preocupação socio-ambiental e ética em torno dos eventos.
As entidades representativas estão atentas: a AMPRO criou um Grand Prix especialmente para ESG na sua premiação AMPRO Globes, para que as agências destaquem suas iniciativas nessa área. A UBRAFE, por sua vez, conduz um profundo estudo para se alinhar ao movimento internacional para obter a condição Net Zero dos eventos. A CBIE – Câmara Brasileira da Indústria de Eventos, que reúne estas e outras entidades, tem o seu Think Tank ESG. Muito bom ver esses movimentos e participar ativamente deles. Sou jurado do AMPRO Globes, dei assessoria à Ubrafe e ajudei a criar e coordenar o Think Tank ESG – CBIE. Estou também assessorando espaços icônicos, como WTC Events Center e o Royal Palm a implementar boas práticas ESG nas suas estruturas.
O mercado só alcançará um patamar de responsabilidade se todos os players se unirem. Os clientes devem incluir a demanda ESG nos seus briefings, as agências devem se preparar para atender, os espaços devem se estruturar para oferecer as melhores condições para eventos sustentáveis, os fornecedores devem repensar métodos e uso de materiais adequados e todos devem pensar em DE&I em torno das suas atividades.
Mas, o mais importante, é a criação de relações saudáveis e éticas entre todos esses players. Não dá para posar de sustentável e continuar achacando fornecedores, pagando em prazos abusivos, com taxas leoninas. Isso também é ESG. É o “G” do acrônimo que merece uma atenção especial. Contratantes devem pensar em todos os stakeholders e não somente em si próprios. O Capitalismo Consciente por trás das práticas ESG é o capitalismo de stakeholders. Não nos esqueçamos disso! Devemos comemorar, sim, o bom momento dos negócios do mercado, mas não devemos deixar que a forte demanda mascare a luta por condições mais equilibradas entre todos os envolvidos. Só é bom mesmo, se for pra todos!
Alexis Pagliarini
Protagonismo do Brasil no G20

Por Alexis Pagliarini
No dia 10 de setembro passado, o Brasil recebeu simbolicamente o comando do G20 para um mandato de um ano, começando a partir de dezembro deste 2023. Será mais uma oportunidade do nosso país se firmar como líder nas questões ambientais. O governo já anunciou que deverá privilegiar as pautas ambientais e também sociais. O mote da gestão brasileira do G20 deverá ser algo como “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável”. É claro que as questões sociais são super relevantes e urgentes. Não dá para convivermos com fome e pobreza absoluta no mundo.
Não à toa, os primeiros objetivos entre os 17 ODS da ONU (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) são os relacionados a estes dois temas: Pobreza e Fome. Temos ainda uma desigualdade absurda e persistente, com 50% da riqueza mundial concentrada em apenas 1% da população. São pontos prioritários e merecem toda a atenção dos países componentes do G20.
Mas a questão ambiental é a que tem o Brasil como um dos players mais importantes, senão o mais importante. A criação da Aliança Global para Biocombustíveis, liderada por Brasil, EUA e Índia, é uma das iniciativas que tem nosso país como protagonista. Protagonismo! Esta é a palavra-chave para o Brasil nesse momento de dramatização das questões climáticas no mundo.
Depois de ver temperaturas passarem de 50°C em países da Europa neste último Verão do hemisfério norte, o mundo, estupefato, entendeu a urgência de se reverter o aquecimento global. E o Brasil é o país que tem uma matriz energética única, com mais de 90% da eletricidade gerada por fontes renováveis (dados de 2022), que possui a maior cobertura vegetal do planeta, o maior volume de água doce e um biocombustível de amplo uso, como o etanol.
Tudo isso nos torna um país sem igual. Não à toa, sediaremos a COP 30, em Belém, PA, em 2025, a apenas 5 anos da data limite estabelecida no Acordo de Paris (2030). O Brasil tem à sua frente uma janela de oportunidade imensa – um verdadeiro portal de oportunidades. Temos tudo para nos tornarmos um dos países mais prósperos do mundo nas próximas décadas. Podemos ser os líderes da economia verde, da energia limpa, que virá das hidrelétricas, das placas fotovoltaicas e das turbinas eólicas, mas também dos biocombustíveis e do hidrogênio verde, que corre por fora como a energia do futuro. O que precisamos agora é de foco.
Ao governo, cabe criar um ambiente propício para a iniciativa privada surfar na onda verde brasileira. E levar adiante a política de preservação e recuperação das nossas florestas. O resto, pode deixar com a iniciativa privada. A economia mundial, pressionada, está de olho nas opções verdes e limpas e, naturalmente, negócios bilionários surgirão na esteira dessas novas alternativas energéticas. Ao Brasil protagonista, cabe apenas matar no peito e chutar para o gol.