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Compliance Week: como preparar sua empresa para esse evento?

*Isadora Coimbra Diniz
A “Compliance Week” é uma semana dedicada à conscientização dos colaboradores e partes interessadas sobre a importância da conformidade com leis, Código de Conduta, políticas e padrões éticos da organização. Entenda o que é este evento e como preparar a realização na sua empresa.
A “Compliance Week” é uma semana dedicada a eventos promovidos pela área de compliance a fim de ressaltar a importância da conformidade ética, legal e regulatória na organização. Além de reforçar a cultura positiva, a Compliance Week tem como objetivo garantir que todos os envolvidos evitem comportamentos antiéticos, atuem de acordo com os padrões estabelecidos pela organização através do seu Código de Conduta, políticas e procedimentos e compreendam as obrigações legais e regulatórias às quais estão sujeitos.
Durante a Compliance Week são realizadas diversas atividades para a promoção da cultura de conformidade e ética, como palestras, treinamentos, rodas de conversa, jogos educativos, dinâmicas interativas e até refeições especiais, destacando temas importantes como conformidade financeira e transparência, combate a fraudes e corrupção, conflito de interesses, combate ao assédio, proteção de dados pessoais e responsabilidade socioambiental.
Não existe uma receita pronta para a organização da Compliance Week, tendo em vista que aspectos importantes como orçamento, datas e recursos disponíveis (salas, ambientes virtuais, auditórios, entre outros), percentual de colaboradores em atividade administrativa e operacional, atividade desempenhada pela empresa e riscos de compliance mapeados, dentre outros fatores,devem ser considerados.
No entanto, alguns pontos podem servir de guia para a organização deste evento:
1) Orçamento: a realização da Compliance Week deve estar prevista no budget da área de compliance. Devem ser estimados os custos referentes a honorários de palestrantes e empresas especializadas em gamificação e atividades lúdicas para empresas; coffee breaks; brindes; material para divulgação interna impressa (cartazes, banners, faixas); locação de espaço e equipamentos audiovisuais para os eventos (caso não haja estrutura na empresa); entre outros.
2) Público: sem prejuízo da realização de eventos abertos ao público geral da organização, é importante que o público interno seja segmentado de acordo com nível hierárquico e departamentos. Isto porque as preocupações relacionadas à conformidade variam de acordo com os cargos e funções. Além disso, é importante que a mensagem seja transmitida em linguagem acessível a cada público, sempre acompanhada de exemplos práticos.
3) Assuntos abordados: conforme indicado acima, os riscos de compliance variam de acordo com o setor e atividades desempenhadas pela empresa, no entanto, temas clássicos do compliance como conflito de interesses, defesa da concorrência, combate a fraudes e corrupção, combate ao assédio, proteção de dados pessoais e proteção de ativos não devem ficar de fora. Além disso, vale apostar em assuntos relevantes e que fazem parte da agenda ESG como respeito mútuo, diversidade e inclusão, due diligence de parceiros de negócio, transparência nas organizações, entre outros.
4) Eventos e Palestrantes: busque diversificar no formato dos eventos que vão compor a programação desta semana. Palestras para o público geral, treinamentos para públicos específicos, rodas de conversas para o público operacional, dinâmicas presenciais e virtuais, vídeos curtos. Não deixe de ousar no formato dos eventos, pois quanto mais variadas e direcionadas, mais interessantes serão as atividades! Convide profissionais internos que sejam referência nos temas abordados para discutir os impactos de cada tópico no dia a dia da organização, mas também convide referências externas para discutir como cada assunto é repercutido no mercado.
5) Comunicação: capriche na divulgação interna e externa sobre o evento! Utilize todos os recursos de comunicação disponíveis para engajar o time interno para participação no evento e para demonstrar para o público externo o comprometimento da empresa com a ética e integridade. Planeje em conjunto com o time de comunicação cartazes, posts na intranet, site, redes sociais da empresa, crie estratégias para motivar o público interno a participar do evento e ao longo dos dias crie conteúdos de comunicação sobre o evento.
6) Apoio das lideranças: o apoio das lideranças é fundamental para a Compliance Week! Faça uma reunião prévia para falar sobre a importância do comprometimento das lideranças com temas relacionados ao compliance – os famosos pilares do “toneatthe top” e “walk te talk” – discutir a relevância estratégica deste evento para a empresa e peça que compareçam, engajem seus times e reconheçam publicamente aqueles que participarem do evento.
7) Registros: faça muitos registros do evento. Lista de presenças, fotos, vídeos, tudo isso vai contar no momento em que sua empresa buscar reconhecimentos e certificações em compliance ou em eventual defesa administrativa e/ou judicial decorrente de ilegalidades envolvendo temas relacionados ao compliance.
*Isadora Coimbra Diniz – Advogada especialista da área de compliance do escritório Finocchio & Ustra, Sociedade de Advogados
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Cultura de paz: a nova estratégia para negócios relevantes

*Andrea Pitta
Hoje, quem planeja o futuro precisa estar pronto para se adaptar a um cenário em constante mudança. O cenário global passa por um “reset” acelerado, impulsionado pela
instabilidade geopolítica e pela ruptura dos velhos fluxos econômicos. Não estamos apenas diante de uma revolução industrial – vivemos uma revolução cultural, social e humana. As perguntas centrais agora são: Como construir sem destruir? Como criar prosperidade respeitando a vida, a natureza e a diversidade?
O futuro exige mudança de mentalidade. E mudança se faz por meio de educação, informação e novas referências de convivência. Grandes desafios também são grandes oportunidades. Em tempos turbulentos, equilíbrio é a maior força. E o melhor caminho para construir esse equilíbrio é expandir a atuação com base na cultura de paz.
De competição a cooperação
Durante séculos, sucesso foi sinônimo de competição extrema. Mas hoje, organizações que promovem a pluralidade, como a Natura, mostram que a inclusão, a equidade e a
visão ESG criam marcas mais fortes, times mais engajados e resultados mais sólidos. Porém, ESG sozinho não basta. É necessário trabalhar programas práticos de mudança
cultural: diálogo entre equipes, capacitação em comunicação não-violenta, gestão de conflitos, combate ao preconceito implícito.
Criar ambientes positivos, diversos e colaborativos não é mais apenas “o certo a fazer” – é estratégia de sobrevivência e crescimento.
Cultura de paz na prática
No universo dos eventos e do brand experience, cultivar essa mentalidade é essencial. Não basta criar experiências impactantes; é preciso que elas conectem pessoas de forma genuína, despertando pertencimento e propósito.
Ambientes tóxicos sabotam a inovação e a produtividade. Ambientes que praticam a cultura de paz criam times mais criativos, clientes mais leais e marcas mais relevantes.
A transformação que o mercado exige não é apenas tecnológica – é humana. E a liderança do futuro será de quem entender que crescer é, antes de tudo, cultivar.
Como dizia Einstein: “A mente que se abre a uma nova ideia jamais retorna ao seu tamanho original”. Enfim, o futuro pertence a quem planta as sementes certas agora.
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O futuro do marketing não é performance vs branding: é autenticidade com resultado

*Ali Maurente
Por muito tempo, executivos e agências trataram performance e branding como lados opostos de uma mesma estratégia. De um lado, métricas como cliques, CPL e CAC. Do outro, narrativas aspiracionais que constroem reputação no longo prazo. O resultado dessa visão fragmentada foi a criação de uma falsa dicotomia, responsável por desperdício de energia e orçamentos divididos.
O futuro do marketing não será definido por “mais branding” ou “mais performance”. Ele já está sendo construído em torno de algo mais simples e, ao mesmo tempo, mais desafiador: autenticidade com resultado. Autenticidade porque consumidores, clientes e colaboradores aprenderam a identificar quando uma campanha não passa de fórmula. Não há algoritmo capaz de sustentar o que não é genuíno. Resultado porque, em última instância, conselhos e acionistas continuam cobrando ROI, crescimento e previsibilidade.
O incômodo cresce à medida que o mercado revela uma nova realidade: estamos diante de profissionais de marketing que muitas vezes não entendem de negócio. Há quem fale apenas de postagens, curtidas e seguidores, esquecendo o que realmente importa — receita e marca. Um marketing que olha só para receita morre, assim como aquele que olha apenas para marca. Uma marca sem receita é vaidade. Uma receita sem marca é commodity.
Marketing não é apenas branding. Também não é apenas performance. É o processo de criar, capturar, converter e expandir demanda, fortalecendo a marca ao mesmo tempo em que gera resultados concretos. Isso exige um entendimento profundo do negócio, e quem não souber traduzir essa equação perde espaço rapidamente. O profissional que restringe seus KPIs a seguidores perde relevância. Quem ignora receita se torna apenas mais um criador de conteúdo passageiro.
Esse desafio também não é exclusivo da área de marketing. Ele envolve o alinhamento de todas as áreas, do ICP à conversão. A marca abre portas. A receita mantém as luzes acesas. O alinhamento entre marketing e negócio sustenta o crescimento verdadeiro.
É por isso que CMOs e conselhos precisam abandonar a disputa entre awareness e conversão, entre conteúdo e CTR. O jogo atual é outro: transformar cada KPI em reflexo de uma narrativa verdadeira, capaz de construir comunidade e, ao mesmo tempo, entregar crescimento.
Autenticidade com resultado não é uma tendência. É questão de sobrevivência. Marcas que não compreenderem essa equação continuarão presas à armadilha da vaidade ou da comoditização. E profissionais que não souberem traduzi-la para o negócio perderão espaço para aqueles que entendem que marketing sempre será o motor que une significado e crescimento.
Ali Maurente – Chief Marketing Officer na PSA – Profissionais S.A.