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Vendas por apps de mensagens ditam o futuro do comércio brasileiro

*João Brognoli
Na atualidade, os aplicativos de mensagem já se tornaram ferramentas fundamentais para a sociedade como um todo. Até porque, hoje já se tornou mais do que comum mantermos a nossa base de comunicação e uma boa parcela da rotina atrelada a essas plataformas. Desejando justamente se aproveitar da importância e facilidade de uso desses canais no cotidiano que o varejo vem alavancando o chamado ‘comércio conversacional’.
Apontado como a terceira onda do setor – superando o monocanal, onde a loja imperava, e o bicanal, em que além do comércio físico também havia a necessidade do site ou app -, esse conceito permite que os usuários realizem suas compras por meio dos aplicativos de comunicação, tais como Messenger, Telegram e, principalmente, o WhatsApp.
Visando se utilizar de um contato automatizado e, ao mesmo tempo, personalizado com os clientes, as empresas utilizam desses meios para se aproximar do público consumidor, potencializando as suas vendas muito por conta dessa jornada e experiência de compra melhor desenvolvida.
Dessa forma, facilidades de navegação para escolher produtos e realizar os pedidos acabam se tornando chamarizes para elevar o número de transações. Mais do que isso, esse tipo de atendimento permite ainda que as companhias apresentem oportunidades de upsell e cross-sell, reengajem os clientes após o abandono do carrinho, além de oferecer um pós-venda detalhado e preciso para os compradores.
Para se ter uma ideia da força dos apps de mensagens, projeções de mercado apontam que as chances de conversão de vendas aumentam em 80%, quando há o uso do comércio conversacional. Tendo esse percentual em mente fica fácil entender porque o estudo da Juniper Research indicou que o gasto global via comércio de conversação chegará a US$ 135 bilhões até 2027 – hoje o montante é de US$ 39 bilhões.
Brasil apresenta enorme potencial
Como se não bastasse essas expectativas positivas, o Brasil ainda aparece como um dos mercados de maior potencial quando tratamos do comércio conversacional. Uma pesquisa realizada pela Kantar divulgada no ano passado identificou que o país está entre os mais receptivos ao uso de mensagens enviadas pelas empresas para conversar com os consumidores.
Números do estudo revelam que 82% dos usuários desejam ter a opção de falar com uma companhia por meio dos aplicativos (média global é de 71%), enquanto 70% dos brasileiros mandam, ao menos, uma mensagem para um comércio por semana (no mundo esse índice é de 66%), além de que 60% preferem comprar por mensagem do que ir a uma loja física (contra 55% no restante do planeta).
Uma das empresas que tem liderado e aproveitado esse movimento no país é o WhatsApp. Rede social preferida do brasileiro com mais de 169 milhões de usuários, ou quase 94% dos brasileiros com acesso à internet, a ferramenta vem assumindo um papel relevante no mercado ao permitir que pequenas e microempresas recebam o pagamento de suas vendas pelo próprio aplicativo, garantindo que o comprador efetue a compra sem nem precisar sair da conversa. Como resultado, números divulgados pelo app dão conta que mais de 1,75 milhão de catálogos já estão disponíveis na plataforma.
Há de se destacar ainda que o aplicativo também conta também com uma versão Business voltada exclusivamente para médias e grandes empresas. Nesse serviço, a ferramenta disponibiliza uma API (Application Programming Interface) em nuvem, integrando o WhatsApp aos próprios programas internos utilizados pela companhia. Como resultado, a corporação pode oferecer experiências personalizadas para todos os clientes, como enviar notificações de confirmações de pedidos e pagamentos, além de manter o consumidor atualizado quanto a preparação e entrega dos produtos, entre outras funções.
Alertas importantes
Apesar de existir uma demanda latente para esse nicho, o comércio conversacional exige algumas recomendações para não gerar uma experiência negativa aos clientes. Por mais que a pessoa aceite contar com esse tipo de comunicação, ela não pode se tornar massiva, tendo em vista que o uso desses apps é preferencialmente para manter o contato com amigos e familiares. Assim, é essencial que a empresa atue somente com informações relevantes e permitidas pelos usuários, garantindo que o canal de contato junto aos consumidores não se transforme em um motivo de incômodo.
Outra receio que o varejo precisa ter em mente é quanto à segurança dessas conversas. É indispensável que as corporações atuem em conformidade com as regras da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), até para que o cliente se sinta seguro para compartilhar documentos pessoais e de pagamentos nesses canais, assegurando que a compra seja concluída sem maiores transtornos.
Tais cuidados são essenciais para o varejo potencializar as suas vendas e se relacionar de forma ainda mais próxima junto aos seus consumidores. A grande verdade é que os aplicativos de mensagens já se tornaram elementos indispensáveis em nosso dia a dia e agora também são sinônimo de novas oportunidades de negócios. Chegou a hora do varejo aproveitar.
*João Brognoli – CEO e fundador do Grupo Duo&Co
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Tráfego pago não resolve tudo — mas mostra onde estão os gargalos

*Fabricio Macias
No cenário atual do marketing digital, o tráfego pago surge como uma poderosa ferramenta para atrair visitantes qualificados para as páginas de uma empresa. É uma estratégia de marketing digital onde as empresas investem financeiramente em anúncios online para atrair visitantes para páginas específicas, como sites ou landing pages. As plataformas de anúncios, como Google Ads e LinkedIn Ads, são escolhidas com base nas necessidades de cada tipo de negócio. Esse modelo permite que os anúncios alcancem mais usuários de forma segmentada e estratégica.
Embora qualquer empresa possa investir em tráfego pago, é importante destacar que, para que o investimento seja eficaz, o produto ou serviço precisa já ter sido validado no mercado. Empresas que ainda não têm uma base de clientes sólida ou uma demanda comprovada podem encontrar desafios ao investir sem realizar testes prévios. Sem dúvida, o tráfego pago pode ser eficiente para a maioria das empresas, mas sua eficácia depende de vários fatores, como o segmento do negócio, a estratégia adotada e o público-alvo. Empresas que compreendem bem seu mercado e seu público tendem a ter melhores resultados.
Entretanto, antes de decidir investir em tráfego pago, é essencial considerar alguns pontos fundamentais como por exemplo, a segmentação do público-alvo, o estabelecimento de metas claras e um orçamento realista, além da escolha de uma plataforma adequada para os objetivos e público definido. E para saber se está na hora de investir em tráfego pago, a empresa deve considerar a validação do produto no mercado, ter um site ou landing page otimizado para conversões, dispor de um orçamento para testar e aprender com os dados, e avaliar a demanda e a concorrência no nicho de atuação.
Geralmente, a melhor estratégia de tráfego pago envolve campanhas constantes, com otimizações periódicas e ajustes no orçamento conforme a necessidade e a performance da campanha. Para negócios como e-commerce ou serviços recorrentes, campanhas contínuas são ideais.
Já para datas sazonais, como Black Friday, as ações específicas e pontuais podem ser mais eficazes. Ou seja, é preciso saber o que se deseja com o tráfego pago: mais vendas, gerar leads ou aumentar o reconhecimento de marca?
Após essa definição, avalia-se quanto pode investir sem comprometer o caixa da empresa. Por fim, é necessário garantir que sua equipe ou operação esteja pronta para atender ao volume de potenciais clientes que o tráfego vai gerar. Além disso, é preciso acompanhar métricas como CAC (Custo de Aquisição de Clientes)e ROI (Retorno sobre Investimento) a fim de garantir que o investimento está trazendo retorno.
Existem diversas empresas especializadas em tráfego pago, mas as empresas também podem optar por gerenciar a campanha internamente, porém, devem ter conhecimento técnico e tempo para otimizar constantemente os anúncios. Caso contrário, pode haver erros significativos na segmentação ou no orçamento, prejudicando os resultados. As agências, por sua vez, oferecem expertise e estrutura para analisar campanhas de forma precisa, evitando desperdícios e contribuindo com estratégias como remarketing e campanhas omnichannel. Além disso, erros comuns incluem falta de definição clara de objetivos, segmentação incorreta do público, falta de monitoramento regular das campanhas e orçamento mal planejado.
Por isso, a empresa precisa estar adequadamente estruturada antes de investir em tráfego pago. Não adianta direcionar tráfego para um site desatualizado, uma página confusa ou um funil de vendas inexistente. O tráfego pago amplifica o que já existe, e se a operação não estiver pronta para atender o cliente ou converter as visitas, o investimento pode ser desperdiçado. Assim, a melhor estratégia é combinar o tráfego orgânico — que envolve o trabalho contínuo de construção de marca, presença digital e criação de conteúdo — com o tráfego pago. Dessa forma, as pessoas podem chegar ao seu negócio de diferentes maneiras, seja buscando por soluções específicas, seja por meio de anúncios criativos e bem segmentados.
Nesse sentido, se você está começando, o primeiro passo é procurar profissionais ou agências certificadas nas plataformas em que deseja investir, como Google Ads, LinkedIn Ads ou Meta Ads. Caso o orçamento esteja apertado, uma alternativa é usar as plataformas de forma self-service, que oferecem tutoriais e suporte. E existem também ferramentas, como o ChatGPT, que ajudarão a criar as primeiras campanhas e testar sua eficácia. E, quando se trata de tráfego pago, a melhor prática é sempre testar e analisar tudo.
Ao contrário da mídia tradicional, onde é difícil saber o retorno de cada investimento, no digital é possível rastrear o desempenho de cada clique, conversão e custo. Assim, a melhor estratégia é estruturar bem os web analytics, colocando tags no seu site para monitorar o fluxo e a origem das conversões.
Além disso, ao utilizar o tráfego pago, é essencial adotar uma cultura de testes constantes. O digital permite testar com investimentos baixos e obter resultados rápidos e visíveis, o que facilita ajustes rápidos e eficazes.
Por fim, ao iniciar no tráfego pago, é importante ter a mentalidade de testar pequenos para acertar grandes. Não acredite em milagres ou gurus da internet, mas sim, em uma abordagem de curiosidade e aprendizado contínuo. Teste suas campanhas, rastreie os resultados e, com o tempo, você verá os benefícios desse investimento estratégico. Tráfego pago não é apenas uma tendência do marketing digital, mas uma ferramenta que, quando bem usada, pode gerar resultados reais e impulsionar o crescimento do seu negócio.
*Fabricio Macias – Co-CEO da Macfor
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Loja TikTok: oportunidade ou ameaça? O novo jogo do varejo digital

*Juliene Nigro
A chegada do TikTok Shop ao Brasil não é apenas uma novidade para o marketing digital: pode representar uma mudança significativa na dinâmica do e-commerce e, por consequência, na economia digital do País. Ao permitir que criadores, marcas e consumidores negociem diretamente dentro do próprio app, o TikTok reduz barreiras entre conteúdo e consumo, acelerando a jornada de descoberta até a compra.
Isso tende a democratizar o acesso ao comércio digital. Pequenos empreendedores, influenciadores locais e marcas regionais podem encontrar no TikTok Shop uma vitrine poderosa, antes inacessível nos grandes mercados tradicionais. Essa descentralização tem o potencial de movimentar a economia criativa, gerar renda para criadores de conteúdo e estimular o empreendedorismo digital, especialmente entre os jovens.
Por outro lado, grandes players como Mercado Livre, Amazon e Shopee deverão se adaptar a uma nova concorrência mais dinâmica, baseada em entretenimento e influência, e menos em busca por preço ou frete. Enquanto esses marketplaces apostam em infraestrutura logística e grande sortimento, o TikTok Shop oferece algo mais emocional e impulsivo: a compra motivada por desejo, conexão com um criador ou tendência viral.
Além disso, a própria lógica de anúncios e desempenho muda: em vez de campanhas frias, o conteúdo com viés comercial se torna mais autêntico, orgânico e integrado à rotina do usuário. Isso pressionado marca a recompensarem sua abordagem: deixar de ser apenas vendedoras para se tornarem contadoras de histórias e geradoras de entretenimento com propósito.
Em termos econômicos, isso pode aquecer ainda mais o setor de comércio social, estimular a formalização de novos negócios digitais e redistribuir a atenção (e os gastos) dos consumidores para plataformas mais sociais.
Para as marcas, o desafio é claro: não basta vender um produto — é preciso construir relevância cultural. A comunicação se torna o principal motor de vendas. As campanhas precisam ser menos “campanhas” e mais conversas. A produção de conteúdo passa a ser tão estratégica quanto ao próprio portfólio. E os criadores, que hoje já são parceiros de negócios em muitos casos, tornam-se ainda mais fundamentais nessa jornada.
Em resumo, o TikTok Shop chega como um potencial de mudanças no e-commerce brasileiro, com impactos que além das telas: ele reorganiza o ecossistema digital, desafia os gigantes do varejo e oferece novas oportunidades para quem souber usar a criatividade como motor de vendas.
* Juliene Nigro – Vice-presidente de operações da Mootag